Eu Quero Amar

Capítulo 17 - Orfanato


– Utau e o Kukai. – Rikka responde depois de uns dez segundos pensando.
– Utau e Kukai? Vamos a isso então! – digo animada e Rikka concorda
– Não se esforce demais, Amu. Faça isso semana que vem. – ela diz se preparando para ir embora.
– Pode deixar, mamãe. – digo brincando – Eu quero que leve um recado para o Tadase.
– Recado? Sem problemas, escreva a carta. – concordo com a cabeça e vamos até meu quarto.

“Olá, Tadase.
Parece que esse últimos sete dias foram bons para você, fico feliz. Mas não é esse o foco do recado. Estou apenas a te pedir que não faça nenhuma reunião até eu ter feito o mesmo que fiz com você e a Lulu. Somente isso, por favor.
Mande lembranças minhas a sua mulher.”

– Irei levar o recado, então. – concordo com a cabeça.
– Por favor e obrigada.
– É meu dever, fazer o quê. – ela ri – Mas é divertido esse dever. Melhor do que cuidar do Sol, eu acho... – ela mostra a língua e rimos.
– Não vou deixar de concordar com você. – ela me abraça e me beija na bochecha .
– Até breve, Amu.
– Até breve, Rikka. Cuide-se e não faça nada imprudente. – digo a ela com certo olhar.
– Não pense em besteiras sobre mim!! – ela grita corando e não evito rir.
– Sim, sim. – ela mostra a língua em ato infantil para se fingir de santa e some da minha vista em milesegundos.

Quando a noite chegou, me despedi de todos que estavam na sala e fui para o quarto, tirei minha blusa e minha barriga com certo volume surgiu.

– Vinte centímetros. – digo após conferir com a fita métrica – Esses meus poderes estão vindo a calhar... Desculpa estar te escondendo. – digo para a pessoa – que deve é estar dormindo – em meu ventre.

Com isso vou tomar um banho e vou dormir.

Uma semana já havia se passado, era hora de mover os bonecos Utau e Kukai.

Kukai é praticamente um stalker, se não gosta dessa palavra, pense em um paparazzi atrás de furos bombásticos de uma estrela, mas por quê você está dando esses adjetivos a ele, Amu? Porque ele vigia a deusa da música o dia inteiro!! Claro, há vezes que isso é impossível, mas na maioria da vezes é assim...

Eles estava dentro de uma loja de livros usados fingindo ler um livro, que escondia seu rosto também.

– Kukai. – chamei-o ao mesmo tempo que o cutucava.

Um susto não. O susto, foi o que ele levou. Apesar de que ele não gritou.

– Não me assuste assim, Amu.
– Imaginou que era a Utau, sr. Stalker/Paparazzi? – pergunto rindo do alívio dele
Stalket/Paparazzi? – ele pergunta sem entender os adjetivos.
– É o que você aparenta observando a Utau o dia inteiro. – respondo dando de ombros.
– N-Não conte a ela!! – ele gritou me implorando e seu rosto adquiriu um pouco de tom rosado.
– Não irei contar a ela. – ele respira aliviado – Utau canta bem... – comento olhando para a rua.
– Não é a toa que escolheram ela para ser a deusa da música.
– Vamos lá?
– Lá onde?
– Escutar a Utau mais de perto, é lógico.
– Mas...
– Qualquer desculpa serve! – puxo ele pelo braço até a frente da cantora.

Apreciar a melodia que Utau, é algo que não dá para descrever em palavras. Parece que seu coração se acalma, parece que ele transborda sentimentos confortantes e quentes... Desenterra as melhores memórias e... uma das minha melhores memórias... Não cora, não cora, não... Tarde demais...

A música estava acabando e quando ela abriu os olhos eu estava aplaudindo, provavelmente corada e com algumas lágrimas molhando meu rosto.

– A-Amu?! Você está chorando e está vermelha!! – Utau diz desesperada e toca a mão em minha testa – Você está com febre? Qual o problema? – ela falava tudo muito atropelado.
– E-Eu estou bem, Utau... – digo tirando suas mãos de mim – Obrigada pela preocupação, mas é que sua música é incrível... Ela trouxe ótimas lembranças.
– Eu vou ter que concordar, está sendo difícil segurar as lágrimas. – Kukai diz sorrindo envergonhado.
– Aqueles que apreciam essa melodia acabam tendo esse tipo de reação. – ela diz sem graça e vira o olhar para uma caixa que estava ao seu lado, nela havia dinheiro.
– Por que está arrecadando dinheiro? – pergunto fingindo não saber.
– Eu levo esse dinheiro para um orfanato, a propósito, eu vou para lá agora, querem ir junto? – ela oferece o convite.
– Aceito, com certeza! – olho para o rapaz ao meu lado – Você também vai, né? Diz que sim.
– S-Sim... – ele diz um pouco relutante.

Sim, eu usei charme na voz. Eu tinha certeza que ele iria dizer não, não me culpe.

Quando chegamos no orfanato, fomos recebidos muito bem e quando as crianças viram Utau fizeram a festa e começaram a falar todas juntas. Ah, sim. Acho que esqueci de dizer este detalhe, mas estamos nos Estados Unidos. Utau diz que ama cantar pelo mundo e essa semana o alvo país foi os Estados Unidos.

– O que acham de uma música?! – Utau grita perguntando.
– Sim! – todas as crianças gritam em perfeita harmonia.
– O que vai ser hoje? – Utau pergunta.
– Let it go! – uma garota gritou e todos concordaram.

Lá foi ela cantar... O amor que ela tinha por aquelas crianças era visível, mas eu notei qu ela alternava os olhares entre as crianças que estava a sua frente – como um público em um show – e um garoto que estava no fundos daquelas sala. Eu via algo ao lado dele, mas tive que piscar várias vezes para entender o que era.

– Um demônio. – Kukai disse antes de mim.
– S-Sim... – concordo não gostando do que eu via.

Utau terminou de cantar e todos começaram o alvoroço novamente, mas Utau pediu um tempinho para a próxima canção e veio até nós.

– Imaginei que havia nos esquecido. – Kukai brincou.
– Eles são umas fofuras, mas tem uma grande energia. – Utau responde olhando para eles e logo muda seu olhar para o garoto no fundo da sala – Acho que já notaram o que temos aqui, certo?
– Um demônio abóbora cinza. – digo.
– Eu já ouvi falar em vários tipos de demônios, mas nunca sei o que fazer para destrui-los... Eu costumo conversar com eles e usar minha música para expulsar eles, mas não deu certo com o John... – ela diz triste.
– Eu vou conversar com ele. – digo de repente.
– Espere! – Utau agarrou meu braço – Esse demônio... Ele quando nota qual nosso objetivo, nos bate em algum lugar e surge uma mancha invisível aos olhos mortais.
– E você acha que eu não sei? – pergunto sorrindo e me solto da mão que agarrava meu braço e me sento ao lado do tal John – Boa tarde.
– Boa tarde. – ele disse se afastando de mim.
– Você não devia fugir dos outros, é falta de educação.- disse fingindo estar magoada.
– Então, poderia, por favor, sair daqui? – ele disse e eu puxei seu rosto para ver seus olhos e ver sua alma, porém não a encontrei.

Ah, sim. Todos os deuses conseguem ver a alma melhor que qualquer mortal.

– O que está fazendo?! – ele perguntou desesperado e bateu na minha mão que surgiu uma mancha.
– Amu! – Utau gritou trazendo uma garrafa de água.
– Água da fonte da casa onde nos reunimos. – ela respondeu quando a mancha saiu.
– Então eu estava certo... Vocês são deuses... – a voz da criança estava mais grossa agora e ele se levantou com certa dificuldade – Mas será que conseguirão me destruir? – um sorriso estranho surgiu em seu rosto.
– Kukai, consegue fazer uma barreira que faça com que ninguém entre nela e que ninguém no veja? – pergunto.
– Consigo.
– Ótimo. Utau, acho melhor ficar do lado de fora, as crianças ainda querem um outro show! – sorrio – É agora que eu agradeço por ter lido vários diários. – empurro Utau para fora da barreira – Agora! – a barreira é feita.
– Isso é injustiça. – escuto ela dizer antes de ser feita a barreira.
– Injustiça ou não, eu vou me livrar desse encosto. – estralo todos os dedos – Então... Qual o seu nome mesmo? – me viro para o demônio.
– Costumam me chamar de abóbora cinza, pela minha coloração. – ele diz contente.
– Que eu saiba por baixo dessa casca de abóbora você tem uma camada bem grossa feita de trevas que te impede de dar ouvidos aos outros, não é?
– Por isso eu sou um demônio difícil de matar. – ele se esnoba – Tenho mais de mil anos.
– Velho. – escuto Kukai susurrar segurando o riso.
– Bom, era isso que eu queria escutar. – digo sorrindo – Espero que tenha gostado de sua última conversa e com o privilégio de ter sido com um deus. Arrêter le temps! – o tempo parou.

Sabiam que eu amo parar o tempo? Eu me sinto a rainha de todas as galáxias. Opa, foco! Há um espelho que eu achei naquela biblioteca de diários, quando você coloca ele na frente do coração, é possível ver a alma. E bem, a única coisa que a alma dele dizia era pedidos de socorro e uma outra parte que dizia que odiava o fato de todos os seus amigos já terem sido adotados. Por isso ele foi pego por um demônio, uma brecha no coração e você já é pego... Guardei o espelho e coloquei minhas mãos naquela abóbora ridícula.

– Em mil anos de vida, sua abóbora velha e murcha, vocÊ nunca ouviu falar de história de parentes que foram mortos por deuses do amor e do tempo? Caso não, a sua vai ser ouvida por muitos! – concentrei meu poder em minhas mãos que ao se acumularem, viram um tipo de raio, que esplode a cabeça do demônio.

A abóbora se foi, virou pó, mas a camada de trevas começou a flutuar a minha volta e ela adquiriu uma forma de um humano.

– Naoto... – a forma dele era a forma que as trevas adquiriram ao ver minha alma, eu sabia, mas mesmo assim era tão real que eu quis abraçá-lo com vários sentimentos confusos, mas uma voz ecoou em minha mente.
É por isso que eu não queria ser seu servo. Você é fraca!
Ikuto?

Claro que sou eu, quem mais você acha que é seu servo e que pode invadir sua mente por ivre e espontânea vontade?
É... Só pode ser você mesmo.
– um sorriso se forma em meus lábios.
Lembre-se que esse tal de Naoto já está compromissado e ele nem tem memórias de você. E depois, se você é tão justiceira, não devia se importar com alguém como ele.
Ele me acolheu, por isso eu me importo com ele!
– escuto um suspiro
Eu já te acordei, faça como quiser.
– Ah, sim. Obrigada. – coloco minha mão no chão e de repente um cilindro de luz rosa cobre o corpo que se desfez e começou a desaparecer – Je suis le meilleur! – sorrio convencida e o cilindro de luz some - Continuer temps. – o tempo volta e Kukai me olha confuso – O que foi? Eu sou mais útil do que aparento, tá? – olhei para o garoto, ele estava a dormir, então cheguei perto da criança e o chacoalhei de leve – John, acorde. – ele despertou aos poucos.
– Bom dia... – ele disse ainda bêbado de sono.
– Boa tarde. – digo rindo.
– Tarde? – ele cora de vergonha e me sento ao seu lado – Kukai, pode desfazer a barreira, viu? – digo sem olhar para ele – Tudo bem? – estendo minha mão – Sou Amu Hinamori.
– Sou John Anderson...
– John, qual seu maior desejo?
– Que alguém me adote. – esfrego minha mão e vou puxando a direita para cima e deixando a esquerda intacta, então vai surgindo uma flor dente de leão.
– Toma. – ele aceita e pega, mas sem entender.
– Vá lá fora, assopre ela enquanto faz seu desejo e o que o talinho verde, você enterra, seu desejo vai se realizar. – o garoto abre um enorme sorriso.
– Eu vou fazer isso agora! – ele vai até uma mulher que trabalha ali e pede autorização para ir no jardim e ela lhe é concedida.

Depois de um tempo uma mulher diz que é hora do lanche da tarde e todas as crianças saem correndo em direção ao refeitório, Utau estava indo de costas, enquanto conversava com Kukai. Só um “tropeço” do moreno – que lógico, foi causado pela pessoa que aqui narra – e voalá! Eles cairam um em cima do outro e os lábios se colaram. E acreditem, o toque de lábios foi para um beijo!