pov. Damon.

Senti as unhas de Isabella em meu braço. - Minhas costas ainda doíam por causa das arranhadas de ontem (?) á noite. Agora, ela passava a unha devagar, bem de leve. Eu me arrepiava todo e suspirada.

– Ficou vermelho. – Sua mão passou delicadamente em minhas costas que ardiam, suave. Eu estremeci e ela parou.

– Continua. Isso é bom.

Ela riu fraco, e sua mão ficou deslizando por minhas costas. Sentia que iria dormir de novo, mas a fome não deixava.

– Já são 10 horas e o povo dorme mais que criança. – Bella disse baixo, se apoiando em mim. – E eu quero comer pavê antes que todos acabem com ele.

– Então vamos nós acabar com o pavê. – disse me virando para ela. – Descabelada.

– seu rosto tá com marca de travesseiro. E o travesseiro tá babado.

Fiquei envergonhado com o fato de babar no travesseiro, ela apenas riu e se levantou, vestindo um short jeans claro meio rasgado e uma regata preta.

Eu não tinha roupas aqui comigo – estavam tudo na casa de meus pais – então coloquei a mesma de ontem – sem gravata ou paletó – e saímos descalço pela casa, atacando a geladeira.

No fim, enchemos uma bandeja com os mais variados doces, Sentamos no sofá e colocamos um filme para assistir. Ela tinha suas pernas em cima de mim, e com a mão que ficou no encosto do sofá, brincava com meu cabelo enquanto me fazia por comida na sua boca – eu fazia questão de sujá-la.

– Bom dia, casal feliz. – Rose disse rouca e com a cara toda amassada.

– EI, princesa do horror. – Disse Bella sorrindo, Rose foi até ela e bateu em sua cabeça, depois me deu um beijo na bochecha. – Sinto ciúme. Por que ele ganha um beijo e eu um tapa?

Rose apenas lhe bateu mais uma vez e foi para a cozinha.

– Ela vai xingar. --Bella sussurou

–-Seus putos desgraçados! Cadê meu pavê!- Ela veio irritada até a sala, eu ri e a Bella ergueu a blusa, mostrando a barriga achatada dela pela comida.

– Estava uma delícia loura.

– Argh! – Rosálie saiu batendo o pé atrás de Emmett. Bella riu mais e se concentrou no desenho Natalino da TV aberta.

Não importava se acabou o natal, ainda continuavas com esses malditos desenhos de “ho ho ho”

(…)

O dia em família foi agradável. Churrasco, doces, conversa vai conversa bem, e Emmett ainda me queria em sua empresa, tentando me convencer – e eu estava a ponto de ceder. Trabalho, família, meu país onde nasci e a minha garota perto de mim.

O final do dia, cada um foi para seu canto. Bella voltaria para seu apartamento e eu iria para casa de meus pais, até Alice conseguir, de sua forma espoleta, me fazer ir para a casa da Bella – o que eu mais queria, afinal, amanhã á tarde eu já iria embora.

– Bom.. Lar Doce Lar. – Bella disse em português ao entrar em seu apartamento. Eu ri fraco e soltei as malas em um canto da sala. – Bem, ou você dorme na sala ou..

–-Acha mesmo que não vou dormir na mesma cama que você? – A encostei na porta, beijando seu pescoço. Ela riu.

–-Eu sei que você vai dormir comigo, mas era só para fazer um charmezinho.

Eu ri.

– Sem charme. – a fiz passar as pernas por minha cintura, segurando suas costas, eu fui até o quarto com ela me instruindo no caminho, até jogá-la na cama e ficarmos ali por um bom tempo apenas nos beijando.

(…)

–-Eu quero pizza. – ela resmungou em meu ouvido pela quinta vez.

– Então vá você ligar, é você que conhece tudo por aqui.

–-Não, vai lá ligar. – ela me empurrou. Eu ri e, convencido, sai da cama atrás do telefone.

Encontramos uma pizzaria funcionando. O pedido demoraria quase duas horas por estar uma fila ENORME e até cobraram mais caro.

Enquanto esperávamos, ficamos assistindo filme. Jantamos a pizza (duas horas e dez minutos depois que pedimos) e acabamos por dormir na sala mesmo. - E ela se agarrava em mim de tal forma que nem precisei de cobertor para me esquentar. E foi uma delícia dormir agarrado a ela. - Era a ultima noite que eu tinha com ela, amanhã eu partiria... Ela não me pediu para ficar. Eu também não ficaria.

(…)

O sol fraco entrava pela janela sem cortina. Bella estava deitada de barriga para baixo e ao meu lado.

Havia acordado a dez minutos e sequer me mexido, apenas observando suas costas se moverem conforme ela respirada. Tão frágil e delicada..

10h45 era o que o relógio marcava, e eu não queria perder mais tempo e ficar meus ultimos minutos com ela – embora minha mãe insistisse para que eu fosse visitá-la antes de partir e levar Isabella junto. (Por mim, colocava Isabella numa mala e a levava comigo até São Paulo, a prenderia na cama ela nunca mais sairia de lá)

Beijei o ombro dela, que estava descoberto por causa da regata. Fiquei fazendo-lhe uma massagem enquanto, carinhosamente, eu tentava acordá-la.

–-Já são quase onze horas... – disse mordendo sua orelha. Ela me xingou de algo que não entendi. – Desde quando fala mandarim?

– É alemão, seu merda. E me deixa dormir.

– Eu vou embora ás 15h! Tenho que ir visitar minha mãe antes.

–-Então cai fora.

Me senti profundamente magoado.

– Princesa... vamos, eu sei que você não quer que eu vá embora.

– EU não quero, mas você vai de qualquer jeito. – ela deu de ombros e se virou para mim. Depois me empurrou pro chão e se sentou em cima de mim. – Posso te matar agora. Assim você fica aqui pra sempre.

– No cemitério. – falei irônico, me arrepiando quando ela raspou as unhas em meu pescoço, depois suas mãos ficaram firmes lá.

–-Tanto faz. Será no mesmo país. – Deu de ombros.

Eu segurei sua perna – sua coxa estava gelada por estar de short e no chão frio – e ergui a mão até apertar sua bunda. Ela ergueu as sobrancelhas.

– Eu tenho que ir visitar minha mãe antes de ir.

– Tudo bem, nos vamos...

– Pode ser daqui uma horinha. – a puxei para mim e a beijei. Ela riu, se soltou de mim e foi escovar os dentes. Eu a agarrei ali no banheiro mesmo.

(…)

– Oh, nem acredito que você vai embora. – Minha mãe fez drama. – sinto tanta saudade meu filho, venha trabalhar na empresa de Emmett! É um salário bom naquilo que te faz bem, que você gosta. E além de estar num ótimo lugar, você também sua família aqui, e uma bela garota a sua espera.

Olhamos os dois para Bella que conversava animada com meu pai, vendo o motor do carro antigo dele. Meu pai, que era mecânico, falava de tudo empolgado, e Bella parecia adorar tudo que meu pai dizia.

– Mas... eu não sei se...

– Filho, para de ser trouxa. – Olhei diretamente para minha mãe, ela revirou os olhos, verdes como água de um lago calmo – ela é louca por você e você por ela. E eu quero netos. – Ela me beliscou. – e você feliz.

Suspirei, embora quisesse falar tudo para Isabella, eu tinha algo mais difícil de largar : O orgulho. Eu só diria se ela dissesse. E pelo jeito, ela não diria.

– Bom. – Eu me levantei da cadeira do jardim. – tenho que ir para não perder o voo.

– Muito triste a sua burrice meu filho, vejo que longe de mim, você esqueceu tudo que lhe ensinei. – Revirei os olhos e beijei a testa de minha mãe. Fui até Bella.

– Tenho que ir.

– Mas já, Damon? – meu pai me olhou entristecido.

– Pois é... Amanhã acaba a folga.

– Crie juízo, meu filho. E por favor, volte para casa. – Eu assenti.

Me despedi rapidamente de meus pais. Bella me levou até o aeroporto e ficamos muito tempo fazendo toda a bosta que tinha que fazer, até que faltava dez minutos pro avião partir, eu a levei para um lugar mais fechado.

– Eu...

– O que iria dizer nos últimos segundos do ano passado? – Ela parecia querer segurar as lágrimas.

Que eu te amava e queria você comigo em São Paulo, ou em qualquer outro lugar. Que sentia sua falta, e que quero você comigo pra sempre. Que você é uma idiota e eu sou orgulhoso demais para dizer que te quero, preferindo sofrer do que te ter pelo maldito orgulhosos.

–-nada. Eu esqueci. – Dei de ombros.

– Hum... – ela sabia que eu não tinha esquecido.

Ela desviou o olhar, observando as pessoas no saguão. Eu suspirei e alisei seu rosto, atraindo sua atenção.

– Espero que se de bem no trabalho.

– Boa sorte pra você no novo emprego, é bem sua cara. De terno todos os dias, com reuniões importantes.

– Muitas delas serão em Nova Iorque, em breve.

– Se precisar de abrigo durante as reuniões... Você tem meu número. É só ligar. – ela sorriu fraco, sem mostrar os dentes e tão leve que nem parecia um sorriso.

– Você também, se quiser é só ligar. – Liga então, por favor.

Ela sorriu. Meio relutante, eu a beijei. Ela agarrou meus cabelos com força, como para não me deixar ir, se desprender desse beijo. EU juro que queria ficar, mas a merda do meu orgulho me alfinetava e eu tinha que ir.

A voz eletrônica chamou o voo com destino a São Paulo. Eu não falei mais nada, lhe dei mais um beijo demorado e a deixei para trás. A última olhada que lhe dei, ela tinha lágrimas escorrendo dos olhos, assim como eu.

Dormi no avião, para não chorar. Parecia que toda a alegria e todo aquele delicioso calor que eu sentia, ficou para trás, com ela, no frio de Nova Iorque.