Estupidamente Apaixonados

Capítulo 16, segunda parte.


Pov Tokiya on:

Todos nós estamos na varanda na parte da frente da casa, bom não são exatamente todos, pois a Rin foi se deitar cedo porque estava com “sono”, o que eu duvido muito, e a Taiga entrou para ir ao banheiro há algum tempo e até agora não voltou. Após a janta decidimos vir para a varanda, alguns estavam cantando outros estavam apenas observando as estrelas e eu não me encaixei em nenhum dos grupos eu estava olhando para a areia pensando em como faria para falar com a Rin, pois sei que ela não está dormindo, não depois do que ela passou hoje e pelo jeito que ela estava olhando para o Kurosaki antes de ir para o quarto eu sei o quanto ela não está bem.

Quer saber, não vai adiantar nada eu ficar aqui sentado pensando em como vou falar com ela, o melhor é eu ir logo lá antes que seja tarde demais. Eu sei que ela vai querer me bater quando eu entrar no quarto, mas eu preciso ver ela... Afinal eu sou o único que sabe como ela deve estar nesse exato momento. Levantei-me e fui para dentro da casa, Otoya estranhou, mas foi fácil convencê-lo de que estava com sono e iria me deitar. Quando estava subindo a escada alguém me chamou.

— Tokki! Até que fim você entrou! Já estava ficando desesperada ao ponto de ir lá fora e arrastar você aqui para dentro.

— O que foi Taiga? Por que você não voltou lá para varanda? Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu, mas não foi comigo. Foi com a Rin-chan.

— Rin? Droga! – Apressei o passo para subir a escada e correr até o quarto dela. – Taiga acalme-se, assim que eu ver ela eu chamo uma ambulância.

— Me acalmar? Chamar uma ambulância? Espera Tokki! – Ela me alcançou e me impediu de prosseguir até o quarto da Rin. – Quem tem que se acalmar é você Tokiya, pra quê esse alvoroço? Ficou maluco foi? Pra quê chamar uma ambulância?

— Para a Rin, você não me disse que aconteceu alguma coisa com ela?

— Foi, mas... Hahahaha aiaiai Tokki! Que coisa mais fofa essa sua reação, apesar dela ter sido um pouco exagerada ela foi super fofa. Desse jeito eu vou shippar você e a Rin-chan cada vez mais. Enfim cortando o meu ataque de momento kawaii, eu falei que aconteceu alguma coisa com a Rin-chan, mas não falei o que tinha acontecido. Não faço a mínima ideia de onde você tirou que teria que chamar uma ambulância para o simples fato dela ter saído sozinha e à surdina pela porta dos fundos.

— Espera.... Ela saiu sozinha pela porta dos fundos?

— Sim e levou o violão com ela.

— Ela não te viu?

— Não.

— Para onde ela foi?

— Não faço a mínima ideia. Até onde eu consegui ver pela porta, ela estava indo para o lado extremo da praia.

— Claro indo pra lá ninguém iria conseguir ver ela. Obrigado Taiga, vou atrás dessa idiota agora mesmo. Ah e se alguém perguntar alguma coisa diga apenas que você me viu entrando no meu quarto. – Ela ficou me encarando esperando por alguma coisa, suspirei e falei o que ela queria. – Por favor.

— Muito bom garoto Tokki! Continue assim e na próxima vez vai ganhar um petisco.

— Já vou indo Taiga, não tenho tempo para perder com os seus delírios.

Saí pela porta dos fundos e segui na direção de onde a Taiga tinha falado. Cheguei ao lado extremo da praia e nada da Rin, por favor, que ela não tenha feito nenhuma besteira. Minha preocupação já estava querendo virar desespero, quando comecei a escutar uma música, a segui e finalmente encontrei a Rin. Para o meu alívio e felicidade ela estava sentada tocando o amado violão e cantando.

“Though the pressure's hard to take
It's the only way I can escape
It seems a heavy choice to make
But now I am under all

And it's breaking over me
A thousand miles onto the sea bed
I found the place to rest my head

Never let me go, never let me go
Never let me go, never let me go

And the arms of the ocean are carrying me
And all this devotion was rushing out of me
And the crushes are heaven for a sinner like me
But the arms of the ocean delivered me

And it's over
And I'm goin' under
But I'm not givin' up
I'm just givin' in

Oh, slipping underneath
Oh, so cold but so sweet…”

Ela subitamente parou de cantar, pelo jeito tinha percebido a minha presença. Apesar de ter ficado fascinado com a voz dela, aquela música não me agradou... Ela era triste e deprimente, a forma como a Rin estava cantando dava de perceber que ela estava exatamente se sentindo daquela maneira. Aproximei-me dela e me sentei ao seu lado.

Ela permaneceu quieta com os olhos vidrados no mar, aquilo não era um bom sinal. Principalmente porque ela não falou nada sobre a minha presença lá, ela continuou calada, isso realmente não é nada bom, pois da ultima vez em que isso aconteceu assim que cheguei perto dela ela falou comigo. Fiquei observando ela por um tempo esperando ela ceder, falar alguma coisa... Nada aconteceu. Então já estava na hora de quebrar aquele silêncio.

— Rin. Você está bem? – Estiquei minha mão para tocar nela.

— Não! – Ela se afastou e se encolheu. – Por favor, não me bate! Eu sei que vocês não gostam quando eu canto, desculpa eu não vou mais fazer isso. Por favor.... Por favor não me machuque!

— O quê? Rin, se acalme. Eu não vou te bater, você sabe que eu não sou capaz de fazer isso com você. O que está acontecendo? Por que você está agindo assim? Rin... – Me aproximei.

— Não! Para! Por favor, não chega perto...

— Rin... – Segurei o rosto dela e percebi que seus olhos estavam opacos, sem aquele brilho que eles possuíam. – Eu sabia que você não estava bem. – A abracei e ela começou a se debater pedindo para eu não a machucar. – Rin, se acalme, eu não sou quem você pensa. Sou eu o Tokiya, eu não sou os...

— Tokiya... – Ela se aconchegou nos meus braços, alguns minutos depois seu corpo ficou rígido como se tivesse acordado do devaneio e se afastou. – Por que você está aqui? Como você me encontrou? Você não viu quando eu saí. – Ela parecia confusa e não estava falando com ignorância.

— A Taiga viu quando você saiu e me avisou. Rin, se você não estava se sentindo bem era só ter me falado, eu teria te ajudado. Foi perigoso você sair sozinha essa hora da noite.

— Não me importa, eu só queria ficar sozinha. Eu quero continuar sozinha.... Isso.... Sozinha, me deixa sozinha. Vai embora, eu quero ficar aqui sozinha.

— Não vou.

— Eu não quero ninguém aqui, não preciso de ninguém. Só preciso do meu violão. Tudo o que eu preciso agora é ficar sozinha. – Ela voltou a olhar para o mar. Os olhos voltaram a ficar meio opacos, meio desfocados.

— Olha para mim Rin. – Segurei o rosto dela e virei para que ela me olhasse. Ela piscou e os olhos que antes pareciam desfocados agora estavam focados em mim. – Eu estou aqui e vou permanecer aqui. Não vou te deixar sozinha, você não pode ficar sozinha.

— Eu aguentei por tempo demais Tokiya. Já estava cansada de usar aquela máscara e fingir que estava tudo bem para os outros, por isso eu precisei vir escondida pra cá. Para ficar do jeito em que estou realmente me sentindo sem me preocupar com o que os outros vão pensar. Só por isso eu quero ficar sozinha, não precisa se preocupar eu não vou tentar me matar ou fazer algo do tipo. – Finalmente ela resolveu falar como estava se sentindo.

— Tudo bem Rin, eu entendi. – A puxei para mim e a abracei de forma reconfortante. – Você realmente conseguiu aguentar tudo bravamente Rin, parabéns. Eu sei o quanto isso é difícil para você, mas obrigado por ter resistido tão bem.

— Você queria que eu fizesse o quê? Ninguém pode saber. Eu não quero ver nenhum deles me olhando com pena, isso é a pior coisa que pode acontecer.

— Eu sei, eu sei. – Afaguei a cabeça dela e a aconcheguei mais em meus braços. – Foi difícil ter encontrado com eles depois de todo esse tempo, e a forma como eles fizeram aquelas mulheres apedrejarem você foi o ápice, mas tenta entender Rin, a culpa não foi sua. Eu até entendo você estar triste e deprimida, mas culpada? Rin você não tem culpa de nada. Os únicos culpados são os...

— Os meus pais. – Ela se desvencilhou dos meus braços e se afastou de mim. – Eles são os únicos culpados por me espancar e fazer tudo o que fizeram comigo, disso eu sei muito bem. Mas eu tenho motivos sim para me sentir culpada, eu me sinto culpada porque... Espera como você sabe que eu estou me sentindo assim?

— Só de olhar para você eu pude perceber isso.

— Hum... – Ela baixou o olhar, colocou a mão na nuca e começou a rir baixo. – É tão engraçado.

— O quê?

— Perceber o quanto fraca, inútil e hipócrita eu sou.

— Por que você... – Ela permanecia com a mão na nuca... Agora entendi. – Para com isso Rin! – Puxei a mão dela. – Para de tocar nessa cicatriz.

— Desculpa, eu faço isso inconscientemente. – Ela olhou para o pulso esquerdo. – Hein Tokiya, você sabe por que eu fiz essa tatuagem no pulso?

— Para esconder a cicatriz que tem nele.

— Você sabe por que eu não fiz o mesmo na cicatriz do pescoço?

— Não.

— Porque eu percebi que é inútil. Eu até pensei em fazer, mas de quê iria adiantar? A tatuagem só iria cobrir a cicatriz, não me fazer esquecer de como e porque eu a ganhei. Por isso que eu estava tocando a cicatriz, para não me esquecer. – Ela me olhou e deu um sorriso triste.

— Não se esquecer de quê?

— Da minha culpa.

— Ai Rin... – Respirei fundo e segurei o queixo dela. – Já falamos sobre isso antes. – Encostei minha testa na dela e olhei fundo em seus olhos. – Você não tem culpa de nada.

— Eu... Eu... – Ela balançou e cabeça e em seguida a deitou no meu ombro. – Por que você não entende e não aceita que eu estou certa?

— Porque você não está. – A envolvi novamente com os meus braços. Eu sabia que ela não estava bem e aqui está à prova, nós estamos abraçados e ela está me chamando por Tokiya. Ela está do mesmo jeito quando eu vi o que eles faziam com ela. – A única pessoa que tem que entender alguma coisa aqui é você Rin, tem que entender de uma vez por todas que você não tem culpa.

— Quando os meus pais me espancavam ou me torturavam eles sabiam o ponto exato para parar, pois se continuassem eles iriam deixar cicatrizes e com as cicatrizes eles deixariam provas de que eu era maltratada. As únicas duas cicatrizes que eu possuo não foram deixadas por desleixo ou por falta de controle deles, eles deixaram para me fazer entender que se aquilo que eu tinha feito se repetisse as coisas iriam ficar pior do que já estavam.

— Você era uma criança Rin, nada do que você fizesse era motivo para eles te tratarem daquele jeito. Novamente você não tem culpa.

— Você não entende mesmo não é Tokiya? Então eu vou te explicar porque me sinto culpada. Se eu não tivesse denunciado eles quando morávamos em Kazuno na província de Akita, eu não teria ganhado a cicatriz do pulso. Se eu não tivesse aceitado ajuda para voltar para casa, eu não teria ganhado a cicatriz no pescoço. Se eu tivesse me ajoelhado quando meu pai mandou hoje mais cedo na praia, Ranmaru não teria se machucado e é isso o que está me deixando mais culpada ainda... Ele se machucou por minha culpa... Tudo isso aconteceu por minha culpa.

— Eu não acredito nisso! – A afastei e me levantei. – Você tá assim por que o Kurosaki se machucou? Era só o que me faltava... Você não colocou uma faca no pescoço dele e o obrigou a ser seu escudo das pedras, ele fez isso porque ele quis. Você só pode ser mesmo uma completa idiota para se sentir culpada por isso! Os únicos culpados pelas suas cicatrizes são os seus pais, você não fez nada de errado para merecer isso. Quem cortou o seu pulso foi a sua mãe e quem quebrou uma garrafa de vidro no seu pescoço causando o corte profundo que deixou a cicatriz foi o seu pai. Sabe por que eles fizeram isso? Porque eles são uns monstros Rin, uns monstros!

— Eu concordo com você Ichinose, eles são uns monstros e disso eu sei melhor do que ninguém. Mas sabe o que é engraçado? Que você também sabe disso e mesmo assim você acreditou neles quando eles falaram que eu só queria te dar um golpe, engravidar de você só por causa do seu dinheiro. Sério? Mesmo você sabendo de tudo o que eles fizeram pra transformar minha vida em um inferno, as mentiras, os espancamentos, as torturas... Você preferiu acreditar neles a acreditar em mim. – Ela pegou o violão e também se levantou. – Agora eu sou uma completa idiota por que eu me sinto culpada com o que aconteceu com o Ranmaru? Eu me sinto culpada porque eu não gosto quando pessoas que eu gosto se machucam por minha causa... Eu também me senti culpada quando você me salvou naquele dia e nós sofremos aquele acidente, porque você se machucou por minha causa, para me salvar exatamente como o Ranmaru fez hoje. Eu não sou uma completa idiota por causa disso Ichinose, eu sou uma completa idiota porque ainda há pouco eu achei que aquele Tokiya que eu amava realmente existia e estava do meu lado me ajudando a me recompor, mas eu me enganei novamente. Porque ele não existe, o único Ichinose Tokiya que existe é esse que está na minha frente e esse ser que está na minha frente não me agrada nem um pouco. – Ela passou por mim.

— Espera Rin. – Tirei o violão dela, a impedindo de prosseguir. – O que você falou?

— Que você não me agrada nem um pouco.

— Não é disso que eu estou falando. Você disse que me amava?

— Sim, pra você ver o quão idiota eu sou. Eu não gostava de você como melhor amigo se bem que no inicio era, mas depois eu percebi que eu gostava de você mais do que amigo. Eu te amava. Eu não sei quando eu comecei a te amar, quando exatamente eu me apaixonei por você, só sei que quando eu percebi, eu já tinha me transformado em uma garota tola apaixonada que ficava toda boba observando você dormindo. Ah! E não pense que eu aceitei ir morar com você porque eu já estava gostando de você dessa forma, eca isso teria me tornado naquele tipo de garota nojenta. Justamente quando eu percebi os meus sentimentos por você eu dei um jeito de comprar o meu apartamento e ir morar nele. Hahaha... Viu no quão imbecil eu me tornei? Pois é, bem patético isso. Graças a Kami-sama eu não me tornei uma garota tapada e grotesca que não percebe que os sentimentos não são recíprocos. Eu sempre soube desde o início que você não sentia e que nunca iria sentir o mesmo por mim, foi por isso que eu tomei a decisão de não deixar você saber e agia normalmente para você não desconfiar de nada. Sabe, quando nós gostamos de uma pessoa e conhecemos bem essa pessoa nós conseguimos perceber quando essa pessoa está apaixonada por outra e foi isso o que aconteceu comigo. Eu soube que você estava apaixonado pela Nanami assim que eu olhei pra você, e eu fiquei feliz por ver que você finalmente tinha se interessado por alguém.

— Rin...

— Não me interrompa! Doeu quando eu soube dos seus sentimentos por ela? Sim, doeu. Mas a compensação foi perceber que você iria ser feliz e pra mim isso já estava de bom tamanho. Não me senti mal com isso, eu me senti mal quando vi que os outros garotos da Starish também possuíam os mesmos sentimentos. Nesse momento eu vi o fim da Starish e vocês se digladiando por ela, foi aí que eu passei a ter raiva de você porque logo você que tem experiência com o show business deveria ter o mínimo de noção do que poderia acontecer com vocês. – Ela pegou o violão de volta e começou a ir embora, de repente ela parou e virou de frente pra mim. – Ah! E eu não sei se você percebeu, mas eu falei o verbo amar no passado. É eu não sinto mais nada desse tipo por você, na verdade o que eu sinto é pena e raiva, só que estou tentando transformar a raiva em indiferença. Sabe por que eu não te amo mais Ichinose Tokiya? Porque eu posso ser idiota sim, mas não ao ponto de ouvir da pessoa que eu amava tudo aquilo que eu ouvi no hospital e continuar amando. Você me decepcionou muito e você não faz ideia da dimensão desse muito. Agora você entende porque eu fiquei com tanta raiva quando soube que você caiu na ladainha dos meus pais e ainda por cima acreditou fielmente neles.

— Rin... – Eu estou petrificado com tudo isso que ouvi. Não sei o que falar, mas o mínimo que posso fazer é me desculpar. – Desculpa Rin, não fazia ideia disso tudo principalmente que você gostava de mim dessa forma. – Não sei por que, mas falar isso doeu. – Eu não queria te fazer chorar... Eu... Eu não sei mais nem o que devo falar.

— Não fale mais nada, não preciso dessas palavras clichês e desse olhar de pena. E sobre você não saber dos meus sentimentos, essa era a intenção. Depois de você ter acreditado naqueles dois, eu senti que era impossível permitir que um dia você soubesse disso, pois fiquei com medo de você interpretar errado. Mas agora você sabe de tudo, e eu tô me sentindo bem por ter conseguido falar porque isso tirou um enorme peso das minhas costas. – Ela virou de costas pra mim e começou a ir embora de volta para a casa. – Ah! Você não me fez chorar Ichinose, sabe por quê? Porque eu não choro mais. Já faz alguns anos que eu não sei o que é chorar, eu já te contei isso. Eu tomei a decisão de que não choraria nunca mais na frente dos meus pais e foi o que aconteceu, eu parei de chorar. Só que isso se abrangeu para não chorar mais por nada nem por ninguém, não importa o que acontecer eu não vou chorar. Pode tirar esse peso das costas, eu não chorei por você.

Ela foi se afastando e quando ela sumiu da minha vista eu sentei novamente no chão. Aquilo tudo que ouvi foi demais para mim, o pior foi o que a Rin disse por último ela não parecia estar mentindo ou atuando. Tudo aquilo era verdade... Rin o que você tem guardado dentro de você é bem maior e pior do que eu pensava. Eu sei que esse é o momento no qual eu deveria me afastar dela, mas não dá eu não posso fazer isso. A Rin está caminhando para um lugar que vai acabar com ela, se eu não estiver do lado dela e a ajudar o menor dos problemas será ela perder o juízo e ficar realmente doida, sim esse vai ser o menor dos problemas. Como vou fazer isso? Após tudo o que aconteceu aqui a Rin vai querer distância de mim e vai rejeitar cada vez mais a minha companhia. O problema agora é que eu não sei se vou ser capaz de fazer isso, tudo o que ela falou fica rodando na minha cabeça. Eu não sei mais nem como vou falar com ela sem que ela pense que estou falando por pena... Que droga Ichinose Tokiya, isso vai ser difícil.

Pov Tokiya off.

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Finalmente vamos embora dessa praia. Eu até gosto de praia, mas a minha experiência nesses dias aqui não foi nada bom. O primeiro dia foi um desastre de magnitude baixa, o segundo foi um desastre mais tormento mais catástrofe de magnitude elevada. Já o terceiro dia até que foi normal, não aconteceu muita coisa, eu apenas quis ficar em casa enquanto os outros foram para a praia e o Ranmaru ficou comigo. Rei-chan disse que foi o típico programa de casal caseiro e anti-social, ficar em casa deitados no sofá jogando conversa fora dormindo sem se preocupar com a vida, tomando sorvete e banho frio para se refrescar quando o calor apertava. Quando começou a escurecer eu fiquei entediada e chamei o Ranmaru para andarmos um pouco pela praia.... Se bem que esse terceiro dia até que foi bom, eu aproveitei bastante o tempo em que fiquei com Ranmaru.

Hoje é o quarto dia que estamos na praia, era para termos ido embora ontem, mas a Taiga e os garotos quiseram passar mais uma noite aqui e mesmo alguns tendo compromisso hoje, a Taiga conseguiu convencer o Shining de nós irmos apenas de tarde. Só que para a infelicidade dela e dos garotos alguns seguranças chegaram aqui quando estávamos no café da manhã e trouxeram uma ordem do Shining para que voltássemos agora na parte da manhã, pois parece que vai haver um festival aqui na praia e com isso seria “perigoso” para os idols permanecerem aqui. Eu até imaginei a confusão e a gritaria quando alguém os visse aqui, então para o bem de todos nós vamos voltar agora.

Enquanto eles arrumam suas malas e se disfarçam, pois já tem certa quantidade considerável de pessoas na praia, eu estou sentada na escada tomando meu quinto sorvete esperando a Taiga ficar pronta para irmos embora. Como sou uma anônima eu pude transitar pelo meio das pessoas na praia sem que nenhuma me reconhecesse, por isso já consegui comprar cinco vezes sorvete com um tiozinho que estava vendendo na praia justamente para lucrar com o pessoal que tá organizando o tal festival.

— Meu sorvete já tá acabando e nada desse povo terminar de se arrumar. Pela situação era pra eles serem os primeiros a ficarem prontos, não a minha pessoa que comparada a eles é um nada. Daqui a pouco eu vou deixar o tiozinho rico de tanto comprar sorvete. Para falar a verdade eu já tô é entediada de ficar aqui tomando sorvete e assistindo aquele pessoal na praia trabalhando, tô tão entediada que comecei a falar sozinha. Quer saber? Se meu sorvete acabar e nenhum ser sair de dentro dessa casa eu vou ajudar aquele pessoal na preparação das barracas.

— Você deveria era ficar bem calma e quieta aqui nesse mesmo local, porque se você voltar sozinha novamente para a praia os seus pais irão conseguir te punir como eles queriam fazer antes de ontem. – Ele sentou do meu lado.

— Não fala isso alto seu imbecil! – Com o susto derrubei meu sorvete no chão. Mas isso não era importante, o mais importante nesse momento é me certificar de que ninguém ouviu isso. Levantei-me e fui até a porta, graças a Kami-sama não tinha ninguém lá. Voltei para a escada e me sentei novamente, só que claro longe do idiota. – Cada dia da minha vida eu me arrependo amargamente de ter deixado você saber tudo sobre mim. Sério qual é o seu problema hein? Você realmente só tem merda nessa cabeça! Você fez isso de propósito não foi?

— Eu não teria falado nada se tivesse alguém aqui além de nós dois Rin.

— Ai meu saco de paciência que eu não tenho... Olha aqui Ichinose. – Olhei pra ele e percebi que ele estava usando o óculos... Uou, já tinha me esquecido de como ele ficava usando ele. – Eu já cansei de falar que é Ryouta, eu não sei se você percebeu, mas nós não temos mais intimidade, afinidade, amizade ou o caralho que a gente tinha antigamente por isso vê se me respeita um pouco e me chama da forma correta.

— Tá bom Rin, quando eu quiser te chamo por Ryouta. – O fuzilei com o olhar e virei o rosto, já estava cansada de olhar para esse panaca. – Eu quero aproveitar que todos estão ocupados lá dentro e que nós estamos sozinhos aqui para ter uma conversa séria com você.

— Conversa séria? Eu e você? Sério mesmo que você acha que isso vai acontecer? O que foi que você fumou Ichinose?

— Ontem, após tudo o que você me falou eu pensei muito e quero falar com você sobre...

— Nem pensa em continuar, pode ir parando por aí. Não sei se você percebeu, mas está muito cedo para você começar me encher a paciência, ao invés disso você deveria estar lá dentro apressando aquele bando de lesos.

— Ontem você me disse que você não chorava mais, que parou de chorar faz muito tempo por causa dos seus pais. Rin, isso não vai...

— Já chega! – Me levantei. – Escuta aqui Ichinose Tokiya, se você não quiser que eu te odeie para o resto da minha vida você não vai voltar a tocar nesse assunto nunca mais entendeu? Você já se meteu demais na minha vida, principalmente na parte relacionada ao que falei na noite passada.

— Eu só quero te ajudar.

— E eu já cansei de falar que não preciso da sua ajuda.

— Sinceramente, eu não entendo por que você não...

— Ichinose-san! – Nanami apareceu interrompendo ele. Primeira vez em que a aparição dela foi útil. – Até que fim te encontrei.

— Pois não? O que você quer Nanami-san?

— Todos já terminaram de arrumar as malas, nós já vamos partir por isso como você era o único que não estava lá dentro resolvi lhe procurar para avisar.

— Ah, tudo bem. Obrigado Nanami-san. – Ele sorriu para ela. Bom, vou aproveitar a distração e vou sair sem que me vejam.

— Por nada... Uah... Ichinose-san, esse óculos!

— Hum?

— Você estava usando ele naquele dia não é mesmo? Quando eu estava passando mal, você me ajudou e logo depois fomos juntos para o festival e nos encontramos com os outros. – Espera um segundo, ele ousou usar o óculos para se aparecer para ela? Que patético!

— Ah sim, é ele mesmo. Você ainda se lembra Nanami-san?

— Sim, não tem como esquecer, aquele dia foi muito especial. – Ela ficou ruborizada.

— Com licença, sem querer interromper, mas já interrompendo. – Arranquei o óculos do rosto dele, quebrei e joguei nele. – Pronto, lembrei que tinha que ter feito isso há muito tempo, mas sempre esquecia.

Me virei e fui para dentro da casa me encontrar com os outros, deixei Ichinose e Nanami para trás ambos paralisados sem entender a minha atitude. A única pessoa que tem que entender a minha atitude sou eu e mais ninguém. Além do mais quem ele pensa que é para usar o meu óculos para tentar seduzir a Nanami? Que ridículo! Se ele ia usar essa tática imbecil, pois que usasse com algum óculos dele, não com o meu! O que me irritou não foi ele ter tentado seduzir ela, porque pouco me importo com isso, quero mais é que ele prossiga com essa estupidez e depois quebre a cara quando a Starish acabar e todos eles fiquem se odiando até a morte, pois quando isso acontecer eu vou estar sentada assistindo tudo, comendo pipoca e rindo da desgraça alheia. O que me irritou foi ele ter a ousadia de usar o meu óculos! Enfim, encontrei os garotos na sala, mas nada da Taiga, por que raios ela estava demorando tanto?

— Alguém sabe o motivo da Taiga ainda não estar pronta?

— Não. – Todos responderam.

— Bom, só me resta esperar. – Me joguei no sofá.

— Você estava esse tempo todo lá fora? – Ranmaru se sentou do meu lado.

— Sim, como as princesas aqui resolveram demorar séculos para arrumar as malas eu resolvi ficar lá fora vendo aquelas pessoas arrumando tudo para o festival. Vem cá, por que vocês demoram tanto hein? Era só jogar a roupa na mala e pronto!

— Não é tão simples assim...

— Rin! – Ichinose entrou bufando. – Por que você fez isso? – Ele mostrou o óculos quebrado. – O que você tem na cabeça para fazer uma droga dessa? Para a minha sorte nenhuma daquelas pessoas na praia viu aquela cena, senão no exato momento em que você arrancou o óculos do meu rosto eles iriam me descobrir.

Taiga tinha acabado de chegar na sala e não estava entendendo nada. Os outros ficaram apenas me encarando e Ranmaru estava me olhando de um jeito que dizia “ por que você quebrou o óculos desse cara? ”. Respirei fundo e revirei os olhos para demonstrar que aquela expectativa deles era um saco.

— Eu só fiz o que tinha que ser feito.

— Desde quando quebrar o meu disfarce é algo que tem que ser feito?

— Disfarce? Quer dizer que agora já é um disfarce? Que interessante. Eu vou te fazer uma pergunta Ichinose, quem comprou esse óculos mesmo?

— Você.

— Pois é, creio que isso significa que esse óculos pertence a minha pessoa, logo o que eu decidisse fazer com ele não seria do seu interesse.

— Rin, você tinha me dado esse óculos, então ele era meu.

— Ai que saco! Vê se entende caramba, eu comprei esse óculos com o meu suado dinheiro, sim eu havia te dado ele mas e daí? Naquela época nós éramos amigos, e eu tinha comprado ele justamente para te ajudar, mas agora nós não somos mais amigos e você não precisava mais dele, então o justo seria que a verdadeira dona fizesse o que quisesse com ele. Agora para de me perturbar e vai arrumar um disfarce que presta, porque usar um óculos como disfarce é pura idiotice. Ah! Quer saber de uma coisa? Já cansei de ficar aqui, quem vai embora primeiro é Ranmaru, Rei-chan e Ai-Ai né? Pois bem, será que posso ir com vocês? Por favor.

— Ahn... Mas você não ia com a Taiga, Rin-chan? – Rei-chan perguntou confuso.

— Iria, mas agora que ela conseguiu arrumar uma mala. Eu já cansei de ficar esperando, além do mais eu tenho um compromisso relacionado ao Quartet Night e não vou poder me atrasar.

— Tudo bem então Rin. Você pode vir conosco.

— Obrigada Ranmaru!

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Pov Tokiya on:

Assim que a Rin foi embora com o Kurosaki e os outros, todos ficaram me olhando sem entender nada daquela confusão. Se bem que nem eu entendi direito tudo aquilo, a única coisa que entendi foi que a Rin resolveu reivindicar os direitos dela pelo óculos quebrando ele. Sinceramente estou começando a ficar mais preocupado com ela, ela está piorando no quesito “foda-se o mundo eu faço o que eu quero”. Essa forma dela deixar a personalidade dela mais forte como meio de proteção já está ficando um pouco sem limites. Finalmente resolvi jogar o resto mortal do óculos fora e me sentei na poltrona, aquela situação com a Rin acabou com as minhas energias.

— Tokiya, acho que já está na hora de irmos. Você vai vir com a gente?

— Não, ele vai comigo. – Taiga finalmente se pronunciou. – Como a minha companheira resolveu me abandonar, o Tokki vai voltar comigo né?

— Por que eu faria isso? – Já não bastou o que passei com a Rin, vou ter que lidar com a Taiga.

— Por que querido Tokki, eu sou uma dama e não consigo carregar todas as minhas malas sozinha e também tem uma mala que não consigo fechar, sem contar que não quero e não vou voltar sozinha por isso você vai voltar comigo.

—...– Respirei fundo. – Tá bom Taiga eu volto com você. – Não possuo energia suficiente para discordar dela.

— Muito bem, você ouviu Ittoki ele vai voltar comigo, vocês já podem ir embora. Bye bye!

Otoya nos olhou de um jeito que não consegui entender, depois ele se juntou aos outros e eles foram embora. Se a Rin estivesse aqui com certeza ela iria zoar com a Taiga e o Otoya, pude até ouvir na minha mente o que ela iria dizer e isso me fez soltar um riso abafado.

— Tá rindo do quê Tokki?

— Por nada de mais, apenas me veio à mente a voz da Rin perguntando se o Otoya estava com ciúmes e achei isso engraçado.

— Por que ela perguntaria isso?

— Talvez pela forma como ele nos olhou, com certeza ela iria tirar sarro dele e de você principalmente.

— Não tinha nada de mais no olhar dele, ele estava apenas confuso. Enfim, foi bom você ter falado da Rin-chan. – Ela se sentou na outra poltrona. – Será que você pode me explicar o que foi que você fez hein Tokiya? Porque naquela noite eu te avisei que a Rin-chan havia saído escondida justamente para você ir atrás dela e com isso vocês teriam feito as pazes. Mas pelo o que me parece o senhor deve ter feito alguma coisa errada que acabou deixando ela mais furiosa com você não é mesmo? Aiai sinceramente Tokki, assim fica difícil conseguir fazer com que vocês se reconciliem. Pode ir me falando logo o que está acontecendo com vocês!

— Você fez com que eu ficasse para voltar com você apenas para falar sobre isso não é mesmo Taiga? Não existe nenhuma mala pesada ou que você não tenha conseguido fechar.

— Você ainda tinha dúvidas disso?

— Hehe... Você não tem jeito. Desculpa, mas eu não posso te contar o que está se passando conosco.

— Por que não? Você sempre me conta tudo Tokiya!

— Tudo relacionado a mim, mas os problemas que têm acontecido entre a Rin e eu são assuntos relacionados a privacidade dela, e por isso eu não posso te contar nada mesmo que eu queira. Se eu te contar qualquer coisa ela vai me odiar para sempre e isso eu não vou conseguir suportar. A única coisa que vou te contar é que justamente por causa desses assuntos eu não consegui fazer as pazes com ela naquela noite, por pouco eu ia conseguindo, mas acabei falando o que não devia e ela ficou relutante novamente.

— Tudo bem, eu entendo. Isso é um pouco frustrante, mas fazer o que né? Também não quero que ela te odeie Tokki. Mas será que você pode pelo menos me explicar que confusão foi aquela do óculos?

— Bom, isso pelo menos eu posso te contar. Não me lembro se alguma vez já te contei, mas a Rin morou comigo uma época enquanto eu era Hayato, desde quando eu contratei ela até alguns meses antes de eu desistir de ser Hayato.

— Você nunca me contou isso. Para falar a verdade, você nunca me contou como você conheceu a Rin-chan nem como você levou ela para trabalhar com você. Poxa Tokki, eu pensei que nós éramos amigos e que você me contava tudo, mas pelo jeito você guarda um monte de segredos de mim. – Ela enxugou lágrimas imaginárias.

— Não começa com esse drama Taiga, se eu não contei deve ser porque eu devo ter esquecido. Enfim, deixe-me contar logo essa história do óculos. Certa noite nós dois estávamos no meu apartamento, era quase a hora de jantar, ambos estavam cansados, mas eu além de cansado estava um pouco incomodado. Queria sair para dar uma voltar e relaxar um pouco, mas era impossível, algumas fãs haviam seguido o meu carro e estavam na rua esperando que eu saísse para elas me atacarem. Comecei a ficar impaciente e ia de vez em quando na janela ver se o alvoroço lá em baixo havia se encerrado ou apenas para olhar para o céu. A Rin percebeu a minha inquietação que já estava começando a irritá-la e falou:

“– O que foi Hayato-sama? O que está te incomodando?

— Nada de mais, você não precisa se incomodar.

— Não preciso me incomodar? Você tá andando de lá pra cá toda hora e isso já está me incomodando e muito. Se você não me falar que merda tá acontecendo eu juro que vou dar um jeito daquelas malucas lá embaixo subirem e vir parar aqui dentro. Não ouse duvidar do que eu posso fazer quando fico irritada justamente quando estou com fome.

— Okay Rin. Eu não sei o que está me dando hoje, se é por causa daquelas fãs ali embaixo que estão me sufocando, mas eu estou com vontade de sair para dar uma volta e espairecer. Só que graças a elas eu não vou poder fazer isso e isso está me deixando inquieto.

— Hum.... Entendi. – Ela ficou me encarando por um tempo, mas parecia que ela não estava exatamente me olhando, era como se ela estivesse tão concentrada pensando que não estava enxergando nada a sua frente. – Já sei! Tive uma ideia, já volto. – Ela correu até o quarto dela e em seguida voltou correndo com algumas coisas nas mãos. – Pronto tenho tudo o que eu preciso aqui para te ajudar.

— Rin, como um óculos, um cachecol, um gel de cabelo e uma maquiagem poderá me ajudar?

— Como? Você verá! Não duvide das minhas habilidades Hayato-sama. Você vai sair com essa roupa mesmo?

— Não.

— Então vá trocá-la para que eu possa fazer a minha mágica. – Após ter trocado de roupa, ela começou a me arrumar e assim que terminou me virou de frente para o espelho. – Pronto, terminei o meu trabalho.

— Não estou vendo nada de diferente. A não ser o meu cabelo que você arrumou diferente do que eu costumo usar, o cachecol e o óculos. Fora isso eu estou exatamente igual. Como isso vai fazer com que eu consiga sair sem que aquelas garotas pulem sem cima de mim?

— Essa sua falta de fé chega a doer no meu coração você sabia?

— Rin, você fez isso só para rir da minha cara não é mesmo?

— Claro que não! Vou explicar tudo direitinho, então preste atenção. Você pode até estar parecendo um pouco o mesmo, mas você está diferente mesmo que você não perceba. Tudo bem que a maquiagem só serviu para tirar um pouco do brilho da sua pele, mas as armas secretas do meu truque são o óculos e o cachecol. O que fiz no cabelo foi só uma oportunidade que tive para deixar o seu cabelo de um jeito que eu pensei que ficaria muito bem em você. Enfim, isso que eu fiz em você vai servir meio que como um truque de ilusão. Com isso você vai conseguir sair daqui numa boa sem aquelas pervertidas te atacarem, simplesmente pelo fato de que elas estão tão eufóricas para ter você que você vai aparecer na frente delas e elas não irão perceber que você é você, porque a imagem que elas têm de você na cabeça é totalmente diferente de como você está agora, mesmo que você esteja usando apenas um óculos e um cachecol.

— Você acha mesmo que isso vai dar certo?

— Eu tenho certeza. Vamos fazer o seguinte então, vamos fazer uma aposta. Se você conseguir passar por elas sem nenhum problema e voltar numa boa, semana que vem você vai me liberar para que eu possa ir naquele evento cosplay que eu te falei. Se der errado eu vou atuar com você em qualquer coisa que você quiser. Fechado?

— Fechado. ”

— No fim, a ideia absurda dela deu certo, eu perdi a aposta, tive que liberar ela para o tal evento e para agradecer ainda levei ela para jantar em um restaurante que ela gostava muito. Já ela para me agradecer pelo jantar me deu o óculos e o cachecol para que eu usasse sempre que precisasse. Ela não se importou em me dar pois já tinha feito o cosplay em que aqueles itens eram necessários. Hahaha... Essa Rin já me proporcionou cada momento impossível como esse. Hahaha.

— Nossa, a Rin-chan é incrível mesmo. Mas Tokki essa sua risada me pareceu meio triste, o que você tem?

— Lembrar dessa história me deu saudade daquela época. Saudade da relação que eu tinha com a Rin e principalmente da Rin. Ela sempre estava lá do meu lado e já fez cada coisa por mim. Foi ela quem me deu a ideia de desistir de ser Hayato quando eu não estava mais feliz sendo Hayato, quando perdi a autoridade sobre minha carreira e sobre as minhas músicas, quando tinha que cantar o que eles queriam sem me importar com os meus verdadeiros sentimentos. Aquilo estava acabando comigo e foi ela quem me ajudou, ela simplesmente me falou sobre a academia do Shining e me fez correr atrás daquilo que eu estava perdendo. Ela foi quem mais me ajudou com a dupla personalidade até eu resolver desistir de ser Hayato de uma vez por todas e ser eu mesmo, Ichinose Tokiya. E agora eu percebi que nunca agradeci ela, e não vou mais conseguir agradecer porque além de ter passado tanto tempo ela não quer mais nem conversar comigo. Agora tudo que ela fazia por mim, ela vai fazer pelo Kurosaki e isso é tão frustrante.

— Aiaiai Tokki, depois disso tudo que você me falou você tem certeza de que você não sabe dos seus verdadeiros sentimentos pela Rin-chan?

— Verdadeiros sentimentos? Eu sempre tive consciência dos meus sentimentos pela Rin.

— É mesmo Tokki? Se você sempre soube que você gosta dela, então por que vocês não ficaram juntos logo? Você teve que esperar perder ela para pensar em fazer isso, isso sim que é frustrante Tokiya!

— Taiga, você entendeu errado. Eu não gosto da Rin dessa maneira. Eu gosto dela como uma amiga, como minha melhor amiga. – Senti uma pontada estranha no peito, com certeza foi pelo estresse de mais cedo. – Por isso que ela deveria ficar do meu lado não do lado do Kurosaki, porque eu sou o único que pode protegê-la e cuidar dela da forma como prometi para aquele senhor.

— Proteger a Rin do que? Promessa que você fez para um senhor? Que senhor é esse Tokiya?

— Eu não posso responder todas essas perguntas Taiga, sinto muito. Mas se um dia a Rin deixar você saber, você vai entender tudo. Até lá, por favor Taiga não pergunte nada para ela.

— Hai.

— Muito bem, agora que já conversamos vamos embora senão chegaremos atrasados e hoje nós temos compromissos importantes.

Pov Tokiya Off.