Uah! Depois desses desastrosos dias na praia finalmente voltei para a minha humilde e segura residência. E hoje após trabalhar arduamente o dia inteiro poderei descansar tranquilamente de todo o estresse que passei recentemente. Muito obrigada Kami-sama por ter feito a noite chegar, pois tenho certeza que nessa maravilhosa noite irei repousar e esquecer de todos os problemas que vivenciei na praia... O que com toda a certeza me deixou traumatizada e com isso sinto que terei problemas em voltar a ficar de boa em qualquer praia. Enfim! Agora chegou a hora de tomar banho, jantar e depois dormir porque é disso que estou super necessitada, uma boa noite de sono. Oyasuminasai Kami-sama!

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— Ryouta-san?

— Hai!

— Por favor venha a minha sala após o termino da aula.

— Hai sensei.

Todos da sala estão me olhando, alguns demonstram curiosidade, outros demonstram pena, já aqueles que possuem má língua ficam me difamando, dizendo que serei punida por coisas que não cometi. Coitados, se soubessem que não me importo nem um pouco com o que pensam de mim, já tenho problemas demais em casa para ter que me preocupar com o que pensam ou falam de mim. Assim que a aula terminou fui a sala do Fuji sensei, já sabia exatamente sobre o quê ele queria falar comigo, por isso já estava bolando na minha mente qual seria a mentira que usaria dessa vez.

— Pois não sensei? O que o senhor quer comigo?

— Ryouta-san, mais uma vez você não devolveu o formulário com a assinatura dos seus pais. Você poderia me informar o motivo disso ter ocorrido novamente?

— Sensei, já falei para o senhor que não poderei ir a viagem que a classe vai fazer. Preciso de um motivo melhor do que esse para não entregar o formulário?

— Tudo bem, eu já entendi que você não irá, mas posso saber por que você não poderá ir? Esse é o evento que todos os alunos esperam para participar e você é a única que não parece estar entusiasmada com isso.

— Meus pais irão viajar nesse mesmo dia e justamente por causa disso não poderei ir junto para a viagem escolar.

— Entendi. Mesmo assim, o formulário deverá ser entregue com a assinatura dos pais e uma justificativa do motivo deles não autorizarem a sua participação.

— Não creio que isso seja realmente necessário. Eu já expliquei porque não poderei ir, então não há razão para que eles assinem o formulário.

— Ryouta-san, isso são normas da escola. Quer você queira ou não, o formulário deverá ser entregue até amanhã.

— Argh! – Calma Rin, respire fundo. – Tudo bem sensei, entendi. Amanhã o formulário será entregue. Mas o senhor poderia me dar outro formulário, por favor?

— Você perdeu o formulário?

— Não.... Mais ou menos. Enquanto eu estudava ontem a noite eu acabei derramando água no chão e no meu desespero de enxugar aquilo acabei pegando o primeiro papel que estava perto de mim e o utilizei para secar o chão. Só depois eu percebi que era o formulário. – Me curvei. – Gomennasai Fuji sensei.

— Aiai... Tudo bem, pegue esse outro formulário aqui e cuide muito bem dele pois não lhe darei outro.

— Arigatou Sensei, cuidarei muito bem desse aqui. Com licença, voltarei para a minha sala agora. – Saí da sala dos professores, mas antes que fechasse a porta Fuji sensei fez um sinal para que eu esperasse.

— Ryouta-san, por favor dê o seu máximo para convencer os seus pais de deixarem você ir conosco tá bom? Tenho certeza que se você pedir adequadamente eles irão dar permissão. E não se esqueça, sempre que precisar da minha ajuda estarei aqui.

— Hum... Ok. – Maravilha, o sensei não acreditou no que falei. Tsc, por isso que não gosto desse professor intrometido ele me causará problemas.

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Assim que cheguei em casa os encontrei na sala e como sempre fiz o sagrado ritual: fiz a janta, depois tomei banho, limpei a cozinha e os quarto e somente após isso pude falar com eles. Fui até a sala e me ajoelhei perante eles esperando pela próxima ordem ou pela permissão para que eu pudesse me pronunciar.

— Estranho você pedir permissão tão cedo. O que aconteceu dessa vez?

— Perdão, mas preciso que vocês assinem isso... Mestres.

— Não acredito! Novamente esse maldito formulário? Nós já falamos que você não irá pra essa viagem, o que será que teremos de fazer para que você entenda isso?

— Na-Nada! E-Eu entendo perfeitamente, mas...

— Sem mas! Anda logo e rasgue esse papel antes que eu mesmo faça isso. – Ele esticou a mão para pegar o formulário e eu escondi o papel atrás de mim.

— Ma-Mas pai o sensei ele... – Antes que eu terminasse de explicar senti duas mãos apertando meu pescoço e me suspendendo no ar. – Gah...

— Quantas vezes eu já lhe disse para não me chamar de pai hein garota imunda!

— Gah... Go-Gomen... nasai... não... farei... isso... de novo... – Ele começou a apertar com mais força e eu já estava sufocando. – Pa-Pare... por favor... sem.… ar!

— Hum.... Espero que tenha aprendido realmente a lição dessa vez, porque da próxima vez que isso acontecer o castigo será mais severo. – Antes de me soltar ele deu mais um aperto forte e me jogou no chão. – Agora vá para o seu quarto e só desça quando nós não estivermos mais na cozinha.

— Cof, cof cof.... Hai.

Peguei o formulário e corri para o meu quarto, como tinha certeza de que não me deixariam tocar no assunto novamente peguei um papel e escrevi o que queria dizer para eles. Alguns minutos mais tarde escutei batidas na minha porta e ao abrir minha mãe estava lá parada com cara de bons amigos.

— O que a senhora deseja?

— Vim aqui apenas para dizer que por sua culpa amanhã fará frio, por isso trate de ir vestida adequadamente a escola.

— Sim, senhora.

Após olhar alguns segundos para o meu pescoço e dar uma risada de deboche ela se virou e foi para o covil dos demônios mais conhecido como o quarto deles. Tranquei a porta do meu quarto e fui ao banheiro, assim que me olhei no espelho entendi o significado de vista-se adequadamente, marcas roxas no formato dos dedos daquele homem começaram a surgir no meu pescoço.... Devo cobrir as evidências para que ninguém desconfie do que se passa nesse inferno onde moro, porque senão... Bom não quero nem pensar nas consequências disso.

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De acordo com a minha obrigação, acordei antes dos meus pais e fiz as preparações matinais. Após ter terminado de preparar o café da manhã, fui para o meu quarto para me arrumar para ir à escola e assim que terminei desci as escadas e cheguei na cozinha, eles já estavam sentados tomando café... Maravilha, irei novamente para a escola sem ter tomado café. Percebi que eles estavam me olhando, me curvei e fui buscar o jornal para eles, aproveitei para entregar as correspondências e no meio delas coloquei a carta que havia escrito na noite anterior e em seguida me retirei da cozinha e os esperei sentada no chão após ter calçado meu sapato. Quando escutei um arquejo de surpresa seguido de um resmungo de indignação me levantei e me despedi indicando que já estava de saída para a escola, assim que abri a porta meu nome foi chamado.

— Rin. Pare imediatamente onde você está e no explique que merda é essa que acabamos de ler.

— Hai. Creio que Fuji sensei esteja desconfiando de algo, pois ele está insistindo bastante para que eu vá a essa viagem ou que vocês assinem esse formulário explicando devidamente porque não me permitiram ir na viagem escolar. Me perdoem, mas vocês poderiam assinar o formulário? Hoje é o prazo final que ele me deu para devolver o formulário assinado por vocês.

— Era só o que me faltava, um maldito professorzinho querendo se intrometer nos nossos assuntos. Koji querido, o que faremos?

— Bom, já que essa garota inútil não consegue fazer nada por si mesma teremos que ir até a escola e convencer esse professor intrometido. Aiko meu amor, você sente-se bem o suficiente para conseguir enganar mais um otário hoje?

— Claro. E qualquer coisa, se não conseguirmos é bem comum professores serem demitidos por causa de escândalos envolvendo abusos infantis.

— Ah meu amor.... Como sempre você consegue ler perfeitamente a minha mente, é por isso que eu te amo. – Droga, desse jeito mais um professor será prejudicado por minha causa. Só de ouvir esses dois eu fiquei enjoada. – O que foi garota? Está com pena do seu professor? Pois pensasse nas consequências antes de não conseguir fazer o que lhe mandamos fazer. Agora saia da minha frente, não aguento mais olhar para essa sua cara. E antes que eu me esqueça, coloque uma máscara hoje.

— Hai.

— Vamos logo para o carro! Ah e tenha em mente que você nos pagará mais tarde pela gasolina que gastaremos para ir até a sua escola, entendeu minha garotinha?

— Hai, Ojou-sama.

Quando chegamos na escola, fomos imediatamente para a sala dos professores. Fuji sensei pediu para que o acompanhássemos até a enfermaria, pois ele queria conversar a sós com os meus pais e como a sala dos professores estava ocupada pelos outros professores ele preferiu ir à enfermaria pois lá ainda estava vazio. Assim que entramos na enfermaria o sensei fechou a porta, se sentou na mesa e pediu desculpas por não ter um lugar adequado para que os meus pais pudessem sentar.

— Senhor e senhora Ryouta, agradeço que vocês acompanharam a senhorita Rin hoje, pois eu estava querendo mesmo conversar com vocês.

— Que coincidência, nós também gostaríamos muito de conversar com o senhor sensei, creio que seja pelo mesmo assunto.

— Sim. Nossa escola irá fazer uma viagem escolar no final desse mês e gostaríamos que todos os alunos participassem, mas infelizmente a filha de vocês é a única que não poderá ir. Nós entendemos que vocês dois irão viajar nesse mesmo dia e por isso não a autorizaram de ir conosco, mas em nome do diretor Shuichi, nós gostaríamos de pedir que vocês tenham confiança na nossa responsabilidade e permitam que a senhorita Rin venha conosco nessa viagem, nós prometemos que ela ficará em segurança, não acontecerá nada de ruim com ela. – Ele se curvou para os meus pais.

— Hum. Muito bem, eu entendo que a escola tem a intenção de que haja interação entre todas as crianças para que elas se deem bem e com isso não ocorra bullying. Agradeço o esforço de vocês em querer que nossa filha vá junto nessa viagem, mas realmente é impossível que ela vá. Não é por falta de confiança em vocês, mas a minha linda garotinha é nossa única filha e nós nos preocupamos muito com ela, principalmente por causa do mar. E nós também já temos em mente de deixá-la com a minha irmã.

— Tudo bem, entendo a preocupação de vocês. Peço perdão pela minha insistência, mas eu peço encarecidamente que vocês permitam que ela venha conosco nessa viagem, pois desde quando ela começou a estudar aqui ela nunca participou dos eventos escolares, de passeios entre outras coisas. E como essa será a última viagem que a nossa escola proporcionará aos alunos, nós estamos insistindo tanto para que ela vá.

— Peço perdão se parecer que estou sendo grossa, mas meu marido já disse que entendemos e agradecemos a intenção de vocês. Então o senhor pode, por favor, parar de insistir tanto e aceitar que a minha filha não irá nessa viagem?

— Calma querida, não precisa se exaltar assim você acabará assustando o professor da Rin. Perdoe a minha esposa sensei, mas é que na gravidez os hormônios se alteram bastante e por isso ela acabou agindo dessa forma. – Gravidez? Essa é a mentira da vez? Pobre sensei, mal sabe que a minha mãe não pode mais ter filhos.

— Tudo bem, eu entendo não precisa se desculpar. Mas eu gostaria que o senhor me esclarecesse mais uma dúvida Koji-dono, o real motivo de vocês não permitirem que a sua filha viaje conosco é realmente pela viagem de vocês mais excesso de proteção? Ou é pelo mesmo motivo dela não poder participar da educação física, de clubes e estar usando cachecol em plena época de verão?

— Como? O que você está insinuando? – Ai caramba... Sensei realmente desconfia do meus pais.

— Não estou insinuando nada, apenas acho incomum ela ser privada dessas coisas e de estar de cachecol no calor que está fazendo hoje. Aconteceu algo para que ela precise esconder o pescoço?

— Ainda não estou conseguindo entender onde você quer chegar com isso Fuji-san. – Vi meu pai estremecer e esse era o sinal de que ele estava a ponto de explodir. – Mas mesmo assim irei lhe dizer o que aconteceu ontem. A minha filha ficou até tarde da noite brincando de jogar água nos amigos dela, os filhos dos nossos vizinhos, e por causa disso essa manhã ela acordou gripada. Não queríamos que ela viesse para a escola hoje, mas ela insistiu que precisava vir pois precisava entregar o formulário assinado para o Fuji sensei hoje. Por esse motivo nós cancelamos nossos compromissos no trabalho para trazê-la até aqui, conversar com você sobre a dispensa da viagem e principalmente levá-la ao hospital para que minha irmã a atendesse e passasse um remédio para gripe. Satisfeito? Ou você prefere nos acompanhar para confirmar a nossa agenda do dia?

— Senhorita Rin?

— Ha-Hai sensei?

— Você está mesmo gripada? Saiba que pode confiar em mim para qualquer problema.

— O senhor não precisa se preocupar sensei, estou mesmo gripada.... Eu estou justamente usando cachecol e a máscara por causa disso, não quero contagiar os outros. – Senti o olhar fulminante da minha mãe e acrescentei. – Por favor sensei, não pense coisas erradas sobre os meus pais, eles são incapazes de fazer algo ruim para a filha deles, que no caso sou eu.

— Tudo bem, entendi. Peço perdão a você e aos seus pais, mas você poderia me fazer um favor? – Fiz que sim com a cabeça. – Você poderia por favor me deixar a sós com os seus pais?

— Ma-Mas sensei!

— Não se preocupe, eu só vou tentar convencê-los de deixar você ir na viagem. Não penso mal deles, se você me disse que eles não fazem coisas ruins com você, eu acredito.

— Tá bom então, se você diz. Com licença.

Saí da enfermaria e fui ao banheiro lavar meu rosto, a tensão pela qual acabei de passar está me deixando tonta. Pedi perdão mentalmente ao sensei por não contar a verdade a ele, mas essa é a melhor opção pois somente eu sei do que eles são capazes de fazer. Quando voltei para o corredor da enfermaria meus pais e o sensei já estavam lá me esperando... E a felicidade no rosto do sensei me deixou feliz, mas assim que olhei para os meus pais um frio percorreu a minha espinha.

— Rin! Minha filha amada, você tem um excelente professor. O poder de persuasão dele é incomparável, nem seu pai resistiu aos argumentos dele.

— Isso significa que...

— Sim, você irá para a viagem escolar.

— Sério? – Eles afirmaram com a cabeça. A sensação da breve liberdade que se aproximava me fez explodir de felicidade. – Sensei... Arigatou! Posso lhe dar um abraço?

— Claro! – Ele se ajoelhou e eu o abracei. – Mas terá uma condição, você irá com os seus pais e nós nos encontraremos lá.

— Ah.... Que bom. – Sorri para ele e me afastei.

— Rin, minha pequena. Nós já resolvemos o que viemos para resolver, agora já está na hora de irmos.

— Isso mesmo, nós temos que levá-la ao hospital agora.

— Hai. Jya ne sensei!

Não quero nem pensar no que vai acontecer comigo quando chegar em casa, pois os dois demônios estão calados demais para o meu gosto.

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Finalmente o dia da viagem chegou. Na semana passada o sensei nos disse que a viagem seria para a praia e mesmo sabendo que eu iria com os meus pais eu fiquei feliz com a notícia. Mas uma coisa me surpreendeu, meus pais possuem uma casa de praia e além de nunca ter escutado sobre ela antes, nós não somos ricos para ter uma casa na praia.... Isso me deixa confusa, mas não irei perguntar a eles sobre isso.

Meus pais estão bastante estressados, pois faz uma semana que eles não me batem, isso porque eles não querem que eu tenha marcas roxas o que seria evidente que algo de errado se passa na nossa casa. Quando eu fiquei sozinha com eles na casa da praia eles descontaram toda a raiva em xingamentos e humilhações, mas em breve ficarei sem aturá-los por um dia inteiro. É, hoje eu passarei o dia na praia com o sensei e meus colegas de classe, nada desses monstros perto de mim.

No decorrer do dia eu sentia uma pontada de agonia, pois sabia que a noite iria chegar e com ela eu voltaria para perto dos meus pais. Eu não quero voltar pra eles, eu quero ficar aqui pra sempre.... Já sei! Assim que a noite chegar eu vou fugir! Isso! Tenho certeza que conseguirei escapar da vigilância do sensei e com isso vou fugir pra bem longe dos meus pais. É, aí pedirei uma carona e contarei tudo para as pessoas que irão ajudar e com isso elas me levarão pra longe deles... Esse plano é perfeito! Hehehehe, finalmente livre!

— Rin-san? Por que você está aqui sentada sozinha?

— Ah sensei! Desculpa, eu estava tão feliz olhando para o mar que nem vi meus colegas saírem de perto de mim.

— Tudo bem, vamos nos encontrar com eles.

— Hai!

Quando a noite chegou Fuji sensei me levou até a casa de praia e enquanto ele conversava com os meus pais eu aproveitei e fugi pela porta dos fundos. Corri pra bem longe da casa e me escondi atrás da lixeira em uma loja de conveniência e por lá eu fiquei durante algum tempo até que escutei meu nome sendo chamado. Droga, eles perceberam que eu sumi cedo demais.... Ainda não passou nenhum carro, e nenhum cliente apareceu na loja de conveniência. Eles não podem me achar…. Eles não podem me achar.... Se isso acontecer vai doer.... Vai doer.

— Rin?

— Não! – Eu gritei e saí correndo. Alguém me encontrou e não posso deixar que me levem, não posso.

— Calma Rin, sou eu. – Ele me segurou pelo braço.

—Sensei? Sensei! Socorro! Por favor me ajuda, me ajuda! Não me leve para os meus pais, eles vão me machucar.... Dói demais, dói demais. Sensei tinha razão de desconfiar deles, eles me machucam todo dia, sou obrigada a fazer tudo em casa e mesmo assim eu apanho... Na-Naquele dia que eu fui de cachecol e máscara para a escola na verdade foi porque meu pai tinha me enforcado na noite anterior e meu pescoço estava com marcas roxas, por isso eles me obrigaram a usar eles. Por favor sensei me leva pra longe deles.

— Calma, vai ficar tudo bem. O sensei vai te ajudar tá bom?

— Ha-Hai.

Fuji sensei me colocou no colo e me levou pra dentro da loja de conveniência, ele me deu água para que me acalmasse enquanto ele falava ao celular. Alguns minutos depois o pior aconteceu, meus pais entraram na loja de conveniência e eu percebi naquele momento que o sensei tinha chamado eles.

— Não.... Não... Traidor.... Traidor! Sensei disse que sempre que precisasse da ajuda dele, ele iria me ajudar e agora me entrega pra eles? Por que? Por que?

— Me desculpa Rin, mas isso é o certo a se fazer. Seus pais me contaram sobre a sua doença, por isso que eu os chamei. Você não tomou seus remédios não foi? Isso não pode acontecer, você precisa tomar eles porque senão você colocará a sua vida em perigo. Agora por favor, vá com os seus pais eles irão cuidar de você.

— O que? Vocês falaram pra ele que eu sou louca? De novo essa história? Sensei, eu não sou louca é tudo mentira deles. Eu não tomo nenhum remédio controlado é tudo mentira. – Meu pai me agarrou pelo braço, me pegou no colo e começou a me carregar pra longe do sensei. – Não! Sensei eu não sou louca acredita em mim, por favor! Sensei! Fuji sensei!

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Acordei engasgada e corri para o banheiro para vomitar. Tive outro maldito pesadelo, e como o anterior minhas memórias se misturaram com o lúdico do mundo dos sonhos e eu revivi com a minha consciência atual o que passei na viagem escolar. Que inferno! Odeio ter esses pesadelos.... Ainda bem que acordei antes do momento do castigo que meus pais me aplicaram naquele dia, pois naquela vez eu fiquei um bom tempo sem andar... E eu era tão pequena.

Tá, já chega de ficar com isso em mente. Preciso me acalmar pra poder tentar voltar a dormir, pois amanhã o dia será puxado e apesar de tudo preciso ter uma boa noite de sono. Como dormir na cama me resultou nesse pesadelo vou dormir no sofá na sala, só preciso beber um pouco de água antes de deitar. Bom, agora eu espero que seja uma boa noite não é mesmo Kami-sama?

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— Hey Rin, você já está pronta?

— Não! E nem vou ficar!

— Rin, não começa! Nós não podemos nos atrasar e você sabe muito bem disso.

— Na verdade o que eu sei é que você não pode se atrasar, Hayato-sama. É você que irá tirar fotos na praia, não eu. Agora pode sair do meu quarto, porque eu não vou com você pra essa maldita sessão de fotografia na praia!

— Hayato, pare de perder tempo com essa garota. Ela não será útil nessa sessão mesmo.

— É o que? Não serei útil? Eu sou útil para muitas coisas em sessões fotográficas tá bom? Ou você já se esqueceu das vezes que tive que ficar no lugar das modelos hein maldito megane?

— Ah, eles vão começar tudo de novo. – Hayato suspirou.

— Cala a boca Hayato-sama, a conversa ainda não chegou em você. Quer saber? Pois agora só pra esfregar na cara desse vagabundo quatro olhos eu vou pra essa sessão.

— Aleluia! Arigatou Rin, vou precisar mesmo da sua ajuda.

— Ná, para com isso cara. Cê sabe que estou aqui apenas para te servir. – Me curvei pra ele em meio a gargalhadas.

— Já começou com as palhaçadas né? Cuida, vamos logo porque não temos muito tempo.

Chegamos na praia e eu fui com o Hayato para o camarim. O ajudei a se arrumar para a sessão e momentos depois ele foi trabalhar. Em seguida eu também comecei a fazer meu trabalho e foi assim que passei a segunda vez que fui na praia. Quando o sol começou a se pôr nosso trabalho já tinha sido feito e estávamos prontos para voltar.... Até que o Hayato me chamou para andarmos um pouco pela praia, pois ele queria espairecer um pouco. Começamos a andar pela praia e ele segurou a minha mão e me levou para que entrássemos um pouco no mar e lá nós ficamos, um ao lado do outro vendo o pôr do sol.

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Argh! Qualé, porque raios tive esse sonho/memória hein? Com tantas coisas que poderia sonhar eu tive que sonhar justamente com isso? Ah quer saber de uma coisa? Não vou dormir hoje! Cansei dessas merdas, vou passar a noite acordada. Após ligar a TV para virar a noite assistindo animes meu celular tocou.

— Hai?

— Rin, desculpa te acordar a essa hora.

— De boa Ranmaru, eu não estava dormindo. Mas e aí, me conta a que devo a honra de receber a sua ligação a essa hora da noite?

— Eu saí para jantar e quando estava voltando vi o seu violão dentro do meu carro e liguei para avisar que ele estava comigo, afinal do jeito que você é apegada a esse violão pensei que você poderia estar surtando.

— Ah é mesmo? Nem percebi que tinha esquecido ele aí hahahaha. Hein, você já está em casa?

— Não, por quê?

— Tá afim de vir devolver meu violão e de quebra me fazer companhia essa noite?

— Você tá bem Rin? O que aconteceu com você?

— Por que você acha que aconteceu alguma coisa comigo?

— Primeiro, após o dia cansativo de hoje a essa hora era para você já estar dormindo. Segundo, você tá me chamando pra passar a noite com você. Ou seja, aconteceu alguma coisa porque você não está no seu estado normal.

— Hum, você tem razão. Bom é que eu tive uns pesadelos horríveis e por culpa deles não tô conseguindo dormir, aí resolvi passar a noite acordada assistindo anime, mas aí você me ligou e eu pensei que seria uma boa ideia você vir pra cá e nós passarmos a noite acordados juntos. Sei lá, só não quero ficar sozinha hoje sabe?

— Entendi. Daqui a pouco eu chego aí.

— Valeu Ranmaru, você é o melhor!

Enquanto esperava pelo Ranmaru fui para a cozinha preparar um lanche noturno pra mim e enquanto esperava a água do chá ferver duas imagens vieram à minha mente.

Urgh! Essas malditas imagens são cenas dos malditos pesadelos que tive hoje... Droga odeio isso! Odeio! Preparei chá pra mim e para o Ranmaru e momentos depois a campainha tocou, ele havia chegado. Corri e abri a porta pra ele, ele entrou e o mandei ir se sentar na sala enquanto eu pegava meu lanche na cozinha. Voltei pra sala o entreguei seu chá e coloquei meu lanche em cima da mesinha.

— Hey Ranmaru.

— Quê?

— Obrigada! – O abracei e afaguei seu cabelo. – Muito obrigada por ter vindo, se não fosse por você essa seria a pior noite. Você é o melhor sabia? Nunca se esqueça disso.

— Hum, tá bom.

— E... – Me afastei dele sorrindo. – Se você continuar assim, sendo um bom garoto vai acabar me conquistando... Pff... Hahahahaha.

— Tsi, fala sério Rin. Só você mesmo pra fazer essas piadas ridículas.

— É, você tá certo. Você não tem que mudar seu jeito de ser para que eu goste de você. Eu já gosto de você do jeito que você é.

— Claro, gosta como amigo.

— É como amigo, mas não sei por quanto tempo. Não vai demorar muito para que eu comece a gostar de você no outro sentido.

— Para de brincadeira Rin.

— Não tô brincando, dessa vez eu tô falando sério Ranmaru. – Ele me olhou surpreso, eu sorri pra ele e afirmei com a cabeça indicando que eu estava realmente falando sério. – Agora toma logo seu chá porque não sou rica para que você fique desperdiçando meus alimentos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.