Esmeraldas

Olhos de Esmeraldas - Parte 2


Ela não parecia ter gostado do quarto. Não que eu tivesse gostado. Quer dizer, sou homem não gosto de rosa. Ela parecia não ter gostado, mas estava dando o melhor de si tentando deixar sua mãe feliz. Andy estava ao meu lado, a mãe – eu não tinha descoberto seu nome ainda – estava na frente da cama e a garota Suze um pouco na frente da porta. Ela olhava tudo, cada detalhe. Até seu olhar parar em mim, ela arregalou os olhos e olhou para Andy depois olhou para a mãe.

- Ah, suze, outra vez?!...
Não estava entendendo. Outra vez? Outra vez que ela fazia uma cara engraçada? Outra vez que ela fazia uma cara de ‘ meu Deus, isso não está acontecendo... ‘? Ela ficou paralisada com aquela cara, olhando a mãe, mas certamente ela não estava enxergando. Quando acordou de seu devaneio falou olhando para sua mãe:

- Deixa pra lá, mãe. Está tudo bem. O quarto é maravilhoso. Obrigada mesmo.

Ela estava mentindo, nem mesmo à mãe estava com cara de quem acreditava. A garota Suze parecia ter percebido que sua ‘ mentirinha’ tinha fracassado.

Andy olhava como se não entendia nada. Bom, pelo menos eu tinha alguém para me acompanhar no desentendimento....

- Que bom, que bom que você gostou- disse a mãe. – Estava meio preocupada. Isto é, sabendo como você não gosta... Bem, de lugares antigos.

Bom então certamente ela não vai gostar desse quarto. Não que eu vá assustá-la. Isso não.

- Na boa, mamãe- disse a garota Suze. – Muito bom. Adorei.

Ouvindo isso, Andy começou a zanzar pra lá e pra cá. Mostrando tudo que o quarto contém. “Como se ela já não tinha visto tudo”, pensei. Ele mostrou que a luz acendia e apagava num bater de palmas (legal) e outras coisinhas de garotas. Ela ia atrás dele tentando se mostrar encantada com as coisas que ele havia providenciado. Mais tarde quando não havia mais o que mostra á garota Suze ele saiu e me deixou sozinho com a mãe e Suze.

- Está tudo bem mesmo, Suze? – a mãe quis saber. – Eu sei que é uma mudança muito grande. Sei que é pedir muito de você...

Suze tirou a blusa de couro. São extremamente perturbadoras as roupas que as pessoas usam hoje em dia... Só agora tinha percebido que tipo de roupa ela estava usando. Mi Dios, ela estava com uma calça jeans toda rasgada nos joelhos uma blusa de seda preta e aquela jaqueta de couro que ela havia tirado. Acho que descobri por que ela não gostou muito do quarto... Dios o que aconteceu com as damas?

- Estou bem, mãe – Suze respondeu. – Mesmo.

- Estou querendo dizer que pedir que você se separasse da vovó, de Gina, de Nova York... Foi egoísmo meu, eu sei. Sei que as coisas não tem sido... Como dizer, fáceis para você. Especialmente desde que papai morreu.

O pai dela morreu? Ah, com certeza ele deve fazer uma ‘visitinhas’ para ela... Não que ela o visse. Certamente eu iria trombar com ele por ai. Comecei a suar frio, não que eu suasse claro.

Suze entrou em devaneio novamente. Em que será que ela pensava tanto? Suze. Esse nome é realmente vulgar. Ou será que é um apelido? Se for qual seria o nome dela? Susan talvez...

- Bom – fez a mãe de Suze, já meio sem fôlego por causa de seu discurso – Então, se você não quer ajuda para desfazer as malas, acho que ver como é que o Andy está se saindo com o jantar.

Andy além de saber reformar casas sabe cozinhar? Homens sabem cozinhar? Acho que nessa época sim...

- Isso aí, mãe. Faça isso. Vou só me ajeitar um pouco aqui e daqui a pouco desço.

A mãe se levantou da cama onde tinha se sentado. Suze parecia aliviada. Mas quando a mãe ia passar pela porta se virou para Suze com lagrimas nos olhos.

- Eu só quero que você seja feliz, Suzinha. É a única coisa que sempre quis. Você acha que vai ser feliz aqui?

Elas se abraçaram. Elas me lembravam o dia em que conversei com a minha mãe.

Flashback

- Você tem certeza disso, Jesse? – Perguntou minha mãe – Certeza absoluta?

Claro que não. Não queria fazer isso. Mas eu fui obrigado. Então vou fazer. Vou honrar minha família fazendo o que o meu pai mandou.

- Claro mãe. Tenho certeza.

Nessa hora ela me abraçou e beijou minha testa. Ela não queria que eu fizesse isso. Nem minhas Irmãs. Mas era preciso.

Ela começou a chorar. Eu também. Eu não queria fazer isso. Já tinha pensado em tudo que poderia fazer aquilo não acontecer. Matar-me, fugir, reclamar, falar a verdade para todos... Mas não isso iria desonrar minha família.

- Eu te amo, Jesse.

- Eu também te amo, mãe...

Fim do Flashback

- Claro mãe – respondeu Suze. – É claro que vou ser feliz aqui. Já estou me sentindo em casa.

Ela estava mentindo. Como eu naquele dia. Ambos mentimos para nossas mães para fazê-las feliz...

- É mesmo? – Perguntou a mãe – Jura?
- Juro.

Mentiu novamente. Como eu. Mas de certa forma era verdade. Como eu, novamente.

A mãe saiu e fechou a porta do quarto. Dios, agora era só eu e ela.

Ela virou na minha direção me olhou com cara de Brava.

-Ok – ela Falou olhando na minha direção – Quem diabos é você?

Ela não podia estar falando comigo.

Não era Possível.