Esmeraldas

Esse quarto é meu. E eu não sou nenhum caubói!


Ela estava furiosa, mas de uma forma um tanto calma... Isso tem sentido? Eu não sei, mas de algum jeito eu sabia que ela poderia ficar mais brava que isso.

- Olha aqui – ela disse levantando da cadeira onde ela estava sentada – Você pode ficar andando por ai o quanto quiser, amigo. Vai Fundo. Não estou ando a mínima. Mas aqui, não.

- Jesse – eu disse sem mexer um músculo. Eu estava olhando o chão agora.

- O quê?

- Você me chamou de amigo. Achei que gostaria de saber que eu tenho um nome. Eu me chamo Jesse.

Eu estava olhando para ela agora. Ela Fez que sim com a cabeça.

- Certo. Faz sentido. Muito bem então, Jesse. Você não pode ficar aqui, Jesse.

Qual era essa necessidade de ficar repetindo o meu nome toda hora? Deve ser coisa do século XXI.

- E você?

Eu sorri. Quer dizer, eu tenho culpa de querer saber o nome dela? Acho que não. Eu fiquei um mês e meio esperando para poder ver como ela era, quantos anos tinhas e parecia ter 16 anos, e agora descubro que Andy a chama de Suze e a Mãe a chama de Suzinha... E eu sinceramente não classifiquei, ainda, qual é o pior. Se bem que Suzinha é bem menos vulgar que Suze.

- E eu o que?

Ela estava sendo rude. Muito rude, mas que diferença me faz? Estou morto mesmo...

- Como se chama?

Se curiosidade matasse... Bom, de qualquer forma isso não caberia a minha pessoa.

- Olha aqui. Vai dizendo o que você quer e cai fora. Estou com calor e quero trocar de roupa não tenho tempo para...

- Aquela mulher, sua mãe – Certo, eu cortei ela não me critiquem, mas pelo menos eu estou falando na foz mais amável do mundo – chamou-a de Suzinha é apelido de Susan?

- Suzannah – Ela me corrigiu automaticamente – Como naquela música, “não chores por mim”.
Eu sorri. Por dois motivos:
(a) – Esse é um nome lindo e;
(b) – Eu conheço essa música.

- Eu conheço.

- Isso ai. Provavelmente estava entre as 40 mais tocadas no ano em que você nasceu, certo?
40 mais tocadas? Não importa. Continuei sorrindo.
- Quer dizer que agora esse é o seu quarto agora, Suzannah?
- Isso mesmo – ela respondeu – isso ai, agora este é o meu quarto. De modo que você vai ter que se mandar.

De certo modo nós éramos bem parecidos... Ela queria que eu fosse embora e eu queria que ela fosse embora. Bem parecidos não?

- Eu vou ter que me mandar? – eu falei levantando uma sobrancelha – esta é a minha casa há um século e meio. Por que eu teria que ir?

- Por que, sim – ela estava brava, muito brava. Dava pra ver que ela estava com calor, ela ficava olhando pra mim e pra janela atrás de mim, não foi só uma fez – Este quarto é meu. Não vou dividi-lo com um caubói morto.

Quando fui vivo era tudo, tudo, menos caubói! Eu disse que o nome dela era lindo que os olhos dela eram perfeitos, eu não disse em voz alta, mas o que eu fiz para ela achar que eu era um caubói? Nada! Eu não fiz nada. Só tentei ser o mais amável o possível, mas fora isso... Nada!

Admito que eu fiz mais burrada que um burro quando fui vivo. Mais nunca, repito nunca cheguei a ser um caubói.
- Não sou nenhum caubói.
E o espelho em cima da penteadeira dela começou a balançar. Claro, eu sabia que quem estava fazendo aquilo era eu. Estava tão furioso, isso mesmo furioso que nem me dei conta. Se eu continuasse assim eu com toda a certeza do mundo iria acertar aquele espelho nela. Eu queria acertar o espelho nela, mas só por causa do calor da hora. Eu gostava de mais dos olhos dela para querer machucá-la. Eu acho...