"Ela saiu correndo. Eu sou um babaca. Ela saiu correndo. Eu sou um babaca. Ela saiu correndo. Eu sou um babaca. Ela saiu correndo. Eu sou um babaca. Ela saiu correndo. Eu sou um babaca. Ela saiu correndo. Eu sou um babaca. Ela saiu correndo. Eu sou um babaca."

Arthur havia se trancado em seu quarto e essas duas frases eram a única coisa que lhe passavam pela mente. Ela havia saído correndo. Ele era um babaca.

— Querido, posso entrar? – Marina entrou pela porta com um copo de suco e uma tigela lotada de rosquinhas em mãos.

— Oi mãe – Arthur responde a contragosto.

— Quer me dizer o que aconteceu – a mulher sentou-se do lado dele na cama e ajeitou seu cabelo.

— Eu e a Scar... a gente... a gente se beijou e agora eu não sei o que fiz de errado porque ela saiu correndo e tudo o que eu consigo pensar é que eu sou um babaca e...

Soltou tudo de uma vez sentindo um peso enorme deixar seu peito.

— Meu bem – apaziguou Marina trazendo o filho para os seus braços – a Scar está assustada tente olhar as coisas pelo lado dela meu filho, a tia dela acabou de morrer, ela descobriu que tem uma tia desconhecida e você sabe que a revelação será feita muito em breve. Te beijar pode ter sido a melhor coisa que aconteceu com ela, mas agora é só mais uma coisa para se preocupar. Tente dar tempo a ela, tenho certeza de que ficarão bem.

Arthur ainda tinha sua cabeça doendo muito, precisava tomar um pouco de ar, então despediu-se da mãe com um beijo em sua testa e saiu, não precisava explicar nada para Marina, ela o entendia.

O vento frio de fim de tarde acariciou-lhe o rosto, desde pequeno ele sempre adorara o fim de tarde principalmente quando – como hoje – elas traziam um ar de tempestade, fazendo seu cabelo voar em todas as direções, sempre aproveitara essas ocasiões com Scar quando eram menores, fingindo que eram piratas no meio de uma furiosa tempestade no oceano.

— Por favor, moço me deixe ir, eu não tenho nada aqui, eu só tinha ido até a casa de um amigo e eu preciso voltar para casa, por favor, me deixe voltar para casa – ouviu ao passar perto de um beco, mas essa era... como poderia ser possível? Era a voz de Scar!

Voltou para poder ver direito o que acontecia, um homem alto, tremendamente alto andava na direção de sua garota, e de qualquer forma, Sombrio ou humano aquilo não era boa coisa, e de qualquer forma não podia deixar a raiva cegá-lo precisava pensar antes de agir.

— E quem disse que eu quero dinheiro Escarlate? – As favas com pensar.

Em uma velocidade anormal se pôs a frente de Scar protegendo a garota com seu corpo.

— Fica longe dela – sibilou sentindo a raiva profunda sair por seus lábios.

— Ar...Arthur? – Sussurrou Scar.

— Ah um Caçador isso vai ser mais divertido que eu pensei – o homem continuou avançando até a garota.

— Você não ouviu o que eu disse, é para você ficar longe dela! – Avançou contra o homem que apenas deu um sorrisinho e preparou o punho para socá-lo.

— NÃO – Ouviu o grito agudo de Scar e então como algo com o formato de escuto vermelho feito de energia se formou logo a frente de seu rosto impedindo que o homem acertasse o soco.

— O que?...

A garota olhava para sua mão que ainda brilhava com a luz vermelha.

— Nunca. Toque. Na. Minha. Escarlate – Arthur desferiu vários no homem que mesmo assim pareceu não se abater e voltou apenas com um pouco de sangue e jogou Arthur no chão com um soco que dessa vez Scar não teve tempo de impedir.

— Sai da minha frente moleque – se voltou novamente contra Scar e jogou-a no chão com força, aquela imagem fez Arthur começar a ver tudo em vermelho e com disposição tirada de um lugar desconhecido ele pegou uma garrafa de vidro jogada por ali e a quebrou na cabeça homem que caiu no chão desacordado.

Se voltou para Scar que também se encontrava desacordada, seu nariz sangrava um pouco mas o que mais preocupada Arthur era um rasco feio que cobria todo o antebraço da garota.

Aparou a garota em seus braços, em sua opinião lembrava terrivelmente Peter Parker segurando o corpo de Gwen Stacy, mas Scar estava bem, estava bem, finalmente pegou-a no colo e correu para sua casa agradecendo pela cidade estar vazia e vendo horrorizado a cor deixar o rosto de sua garota devido a perda de sangue.

Quase não pode acreditar ao ver o portão de sua casa aparecer m sua frente como um sonho.

— Mãe! – Chamou sua voz saindo mais estrangulada do que seu planejado.

Marina apareceu na porta olhando horrorizada para o filho coberto de sangue carregando a amiga desacordada, abriu espaço para o garoto passar e finalmente depositar Scar no sofá.

— O que aconteceu? – Perguntou tremendo por completo.

— Um Sombrio a atacou eu consegui acabar com ele, mas ela eu não sei.

— Ela vai ficar bem – Marina estendeu o braço machucado de Scar e movimentou seus dedos de forma delicada sobre ele fazendo finos jatos de luz vermelha sair deles e atingir o machucado da garota fazendo-o desaparecer.

— O que fazemos agora? Ela usou os poderes, o Sombrio a chamou de Escarlate, o que fazemos?

— Pelo visto teremos menos tempo que o planejado, vou ligar para Clara chegou a hora de contarmos toda a verdade para Scar.

Sua cabeça doía. Foi a primeira coisa que conseguiu registrar ao recuperar a consciência e doía muito, tentou abrir os olhos mas isso somente piorou sua situação.

— Shhh calma Vermelhinha, não se esforce demais.

Aquela voz, somente uma pessoa a chamava daquela forma. Arthur.

E repente todas as lembranças lhe atingiram de uma vez, o beijo, o homem que queria lhe matar, Arthur aparecendo como um cavaleiro de armadura brilhante, o escudo criado magicamente seu braço queimando como o inferno e finalmente o escuro, o nada.

— O que aconteceu? - Balbuciou.

— Espere você precisa descansar um pouco, logo vamos contar tudo para você, tudo mesmo.

— Tudo o que? Ai...

Tocou o ponto dolorido em sua cabeça.

— Calma meu bem, tome, chá de maçã e rosquinhas vai te ajudar com a dor de cabeça.

— Scar! Querida! Você acordou – Tia Clara se ajoelhou em sua frente e afastou seus cabelos do rosto.

— Tia... o que você está fazendo aqui?

— Me contaram o que aconteceu eu vim correndo.

— Por quanto tempo eu apaguei? – Começou pela pergunta mais fácil.

— Cerca de duas horas meu bem.

Respondeu Marina, Arthur não falara mais nada apenas se mantinha afastado olhando nervoso para a garota.

— E meu bra...

Olhou para o braço imaginando encontrar um corte feio, mas pelo contrário estava limpo, sem sinal de que havia sido machucado alguma vez em sua vida.

— Mas como? – Sussurrou.

— Scar querida, beba seu chá, vamos explicar tudo agora, mas precisamos que você tenha a mente aberta. Não será a coisa mais fácil de se acreditar.

— Do que vocês estão falando? – Tudo ficava cada vez mais confuso.

— Scar, lembra que na Idade Média todos os ruivos eram queimados na fogueira por serem considerados bruxos?

— Lembro – disse com um sorriso – eu tinha medo disso quando era pequena – soltou uma risada mas ninguém a acompanhou.

— Eu nem sei por onde começar isso – Marina parecia perdida.

— O cara no beco – tentou ajudar a garota – me chamou de Escarlate e o Arthur de Caçador isso tem algo a ver?

— Escarlate é o que você é – foi direta Clara, Marina lhe lançou um olhar acusador – se temos que contar que vamos de uma vez! É o seguinte querida, existem três raças além dos mortais, os Caçadores, os Sombrios e as Escarlates. E você é uma Escarlate, o Arthur seu Caçador.

— Tá mas o que isso significa? – Tudo apenas ficava mais confuso e sua cabeça ainda doía mas o chá de Marina ajudava a aliviar, porém ela ainda sentia que podia desmaiar a qualquer momento.

— Tudo bem as Escarlates podem curar e proteger quem elas amam por isso você criou o escudo e volta do Arthur, e é por isso que você não tem mais machucado nenhum, eu sou uma Escarlate também e te curei.

— M-mas como?

— Assim – Marina abriu a mão e finas luzes vermelhas dançavam em sua palma Scar olho para aquilo maravilhada era simplesmente a coisa mais linda que já havia visto.

— Todas as Escarlates são reconhecíveis por um detalhe – finalizou a mulher lançando um olhar aos cabelos de Scar que imediatamente tocou os fios vermelhos escarlate.

— Agora os Caçadores são os guardiões das Escarlates – continuou a ruiva mais velha e involuntariamente o olhar de Scar pousou sobre Arthur que continuava observando tudo em silêncio apenas a observando – eles tem a força maior que a de um homem comum e protegem suas Escarlates sobre tudo, cada Caçador tem uma Escarlate e cada Escarlate tem um Caçador. Geralmente os dois acabam se apaixonando.

Um flash do beijo atingiu Scar e ela sentiu o olhar de Arthur sobre sim mas ao invés de retribuir abaixou a cabeça sentindo seu rosto ficar extremamente vermelho

— Mas se eles são mais fortes que um homem comum do que eles nos protegem?

— Dos Sombrios – Clara tomou a palavra que ecoou pela sala como uma maldição – Sombrios são como vampiros, mas só bebem sangue Escarlate o que vocês encontraram no beco é um deles.

— Então é isso, eu sou uma Escarlate, o Arthur é um Caçador e nós somos caçados por Sombrios, então ta, wow, minha cabeça vai explodir, vocês devem ter ficado desse jeito também, afinal descobriram isso enquanto eu dormia, a o que duas horas?

— Scar nós sempre soubemos – Arthur finalmente se pronunciou – só estávamos procurando o momento certo para te contar porque nós dois somos mais especiais que o normal, os Caçadores e as Escarlates raramente se encontram e quando o fazem não costumam sobreviver tempo o suficiente para conseguirem ter filhos, você é filha de Escarlate e Caçador e eu também, somos raros.

— Então quer dizer que vocês esconderam isso de mim o tempo todo? – Scar torcia de todo o coração que houvesse uma boa explicação para tudo aquilo, que as pessoas que ela mais amava, em que ela mais confiava não tivessem mentido para ela sua vida inteira.

— Seus poderes são uma incógnita, achamos muito poucos registros sobre Escarlates Puras e eu passei os últimos treze anos atrás de mais – desabafou Clara – mas não consegui, e os que achamos não são animadores.

— E o melhor a fazer era me esconder tudo? – Scar se esforçava para deixar sua voz em um tom baixo mas o gosto amargo da raiva e da decepção queimavam em sua garganta.

— Se te contássemos seus poderes estariam fora de controle, por isso também escondemos fotos de seus pais sabíamos que no momento em que sentisse a conexão com a sua mãe eles começariam a aparecer com os sonhos que teve, sua mão brilhando, lembra que me contou? – Arthur disse em um to calmo que fez Scar ter vontade de socar-lhe o rosto.

— Então meus pais não morreram em um acidente de carro? – Sua voz era baixa e venenosa.

— Não querida um Sombrio matou os dois.

— E vocês esconderam meus pais de mim?

— Foi pelo seu bem meu amor.

Marina tentou lhe tocar os cabelos mas no momento em que suas mãos chegaram perto uma luz forte explodiu e Scar levantou o rosto seus olhos brilhavam mais que o normal e pequenos fios de luz vermelho saiam dos poros de sua pele.

— VOCÊS ESCONDERAM MINHA VIDA DE MIM! – Gritou sua voz atingindo uma altura alta demais para uma garota de dezesseis anos – E EU CONFIAVA EM VOCÊS! EM CADA UM DE VOCÊS!

— Vermelhinha eu sempre fui contra esconder tudo de você por favor me escuta.

— TE ESCUTAR ARTHUR?! TE ESCUTAR?! EU TE AMAVA! EU CONFIAVA EM VOCÊ! VOCÊ É O QUE MAIS ME DECEPCIONOU!

— Scar querida – Clara tentou chegar perto.

— SAI! – Gritou Scar e outra forte onda de luz transpassou a sala.

Todos a olhavam assustados, e de uma forma quase doentia Scar adorava aquilo, mas como fora no beco em um momento ela sentiu toda o poder que tinha se concentrar em volta dela mas em um piscar de olhos tudo o que viu foi preto.