Era Uma Vez... Uma Ilusão

37. Vale tudo no amor e na guerra.


02|09|1807 Copenhagen, Dinamarca

O sol nasce e, cercada tanto na terra quanto no mar, Copenhagen é uma cidade completamente sitiada. Está bloqueada desde meados de agosto, mas nenhuma reação foi tomada pela frota dano-norueguesa. O que não faz sentido. Não foram os próprios dinamarqueses que pediram isso?

O único incidente foi em agosto, quando uma insignificante milícia tentou quebrar o cerco. Mas o general Wellesley facilmente a derrotou no riacho de Køge.

Copenhagen não tem mais salvação. A cidade sofre e o governo dinamarquês encontra-se sem saída. A única opção é a diplomacia, e a diplomacia britânica exige a entrega da frota dano-norueguesa...

— Você cometeu um grande erro ao nos desafiar, Peymann. Copenhagen está cercada; não há salvação — o general Lord Cathcart fala ao ser notificado da recusa dinamarquesa pelo diplomata Francis Jackson. — Vejo que só nos resta uma alternativa.

— O ataque — concluiu o almirante James Gambier, deixando Cathcart e Jackson e marchando rumo à saída da cabine.

— Sem pena alguma. — Cathcart volta-se então ao confuso Jackson. — Seus serviços foram muito úteis, mas são desnecessários por agora.

E Lord Cathcart também deixa a cabine. Francis Jackson fica para trás confuso, perplexo... perturbado. Ele não consegue entender o que foi dito, e nem deseja, porém...

— Um ataque!? — O diplomata vai atrás dos oficiais, parando-os no convés. — Canning não mencionou nada sobre ataque!

— Mas ordenou que capturássemos a frota a qualquer custo — o almirante Gambier lembra, desviando-se de Jackson em seguida. — Homens! Preparar canhões!

A ordem de Gambier é o bastante para causar um rebuliço no Prince of Wales, com os marinheiros obedientemente acatando a ordem do almirante. Não tardará muito e logo toda a frota britânica estará preparada para atacar a cidade.

— Já viu um foguete Congreve em ação, Sr. Jackson? — O diplomata franze o cenho para Lord Cathcart, que suspira na direção da cidade. — Copenhagen será bombardeada até a total rendição.

Depois disso, o general parte para preparar seus homens, bem como os foguetes incendiários. O destino de Copenhagen é certo, nada pode ser feito contra; a salvação foi rejeitada pelo comandante Peymann... Até que dá 20:30 e...

*****

Setembro|1807 Castelo de Ocenia, Cornwall

— Uma revolta em massa? — Richard repete consigo mesmo e, fechando os olhos, suspira. — Parece-me, de fato, a melhor solução, mas... Tenho medo das consequências.

O príncipe e a princesa von Herrlich se entreolham com as palavras do marquês, enquanto Cathrine se afasta do piano e segue para uma janela. Essa conversa já se estendeu demais! Abraçando o próprio corpo, ela observa o portão pela janela.

— Consequências? — a princesa von Herrlich fala, franzindo o cenho. — E quais seriam essas consequências?

— Impostos exorbitantes, alistamento em massa, execuções desnecessárias e... — Fechando novamente os olhos, Richard suspira. — Só Deus o que se passa naquela cabeça distorcida do usurpador.

Embora o mesmo possa ser dito dos britânicos. O que se passa na cabeça distorcida deles!? A Dinamarca jamais se tornaria aliada da França, principalmente com as ameaças de Bonaparte! É um crime tamanha desconfiança.

— Bonaparte está ocupado demais com Portugal — garante von Herrlich, pensando um momento e assentindo — Mas o senhor está certo, todo o cuidado é pouco.

E a conversa deles continua. Mas isso não importa para Cathrine; o desejo dela é apenas um: receber informações da Dinamarca... Até que, sentindo a respiração momentaneamente parar, ela avista um mensageiro... com a libré real!

Torna-se impossível para ela manter-se composta, principalmente quando o mensageiro entrega algo para um dos criados. Então Cathrine apóia-se na janela, tentando ao máximo acalmar o coração.

— Tenho certeza que logo uma salvação virá. — A atenção dela volta-se à porta, bem como a princesa. — Napoleão Bonaparte não poderá vencer para sempre.

— Oro a Deus todos os dias para que um Brutus traía aquela miniatura de César — o príncipe comenta, bebendo uma xícara de chá.

— Ou que uma bomba finalmente consiga matá-lo — Richard acrescenta, no mesmo momento que Lady Wilmington entra... Cathrine corre até a condessa e pega a mensagem. — Não seria muito mais fácil planejar a morte dele ao invés de uma revolta?

— Seria um favor para a humanidade...

Antes, porém, que a princesa possa acabar, Cathrine grita com total horror e lágrimas nos olhos. O que ela acabou de ler... Ela apóia-se em Lady Wilmington, que encara confusamente os outros, cujos olhares são assustados. Mas Richard logo se aproxima de Cathrine, tentando abraçá-la.

— Está sentindo algo...?

— Não ouse tocar em mim, inglês! — Mas Cathrine se afasta e, com uma furiosa expressão, estende a carta ao confuso Richard. — Veja só o que sua maldita Inglaterra fez!

É o suficiente para Richard entender do que se trata, tanto que ele arregala os olhos assim que pega a carta e abre. Mas Cathrine se afasta e, tentando ao máximo não chorar, senta num sofá. É impossível para ela manter alguma ordem nos sentimentos ou...

— Mas o que houve, minha princesa? — a princesa von Herrlich pergunta, aproximando-se com receio da marquesa. — Se pudermos ajudar de alguma forma...

— Vão embora! — Essa é a ajuda que eles podem dar! A princesa recua assustada para junto do príncipe, mas Cathrine novamente grita: — Saíam da minha frente! Agora!

Até mesmo Lady Wilmington, nada acostumada com essa face dela, recua para trás. Mas Cathrine não se importa! Na verdade, nada importa para ela! Permitindo-se agora derramar suas lágrimas, Cathrine esconde o rosto no sofá.

Richard observa tudo em total silêncio, sentindo pena e… frustração. Mas ele suspira e volta-se aos von Herrlich, ainda na sala, e à condessa de Wilmington.

— Obedeçam, por favor; é um assunto muito delicado. — Todos os três imediatamente fazem uma mesura e deixam a sala. Novamente suspirando, ele retorna a carta. — Mas que desnecessário isso... tudo isso.

E Cathrine volta-se a Richard, franzindo o cenho com imensa confusão e ofensa. O que exatamente é desnecessário!? Mas a atenção dele continua na carta...

*****

Windsor Great Park, Windsor

Sentada numa carruagem aberta, Sophia observa aos risos a pequena Charlotte brincando com George Keppel, um dos netos da baronesa de Clifford. A própria Lady de Clifford, por sinal, também observa as crianças, embora de uma distância mais próxima. É uma visão encantadora...

— Belas plumas. — Mas não para o príncipe de Gales, aparentemente. Sophia sorri para o irmão, que cavalga na direção dela. — Como adivinhou que nos veríamos hoje?

— Intuição. — Sophia dá os ombros e, arrumando as plumas negras do chapéu, lembra que... — Imagino que tenha vindo visitar Charlotte.

— Também, mas não principalmente. — Claro, ele nem olha para a filha mesmo! Sophia nega, embora logo tendo a atenção capturada pelo irmão: — Sabe dizer se sua cunhada já... Você sabe...?

— Descobriu que bombardeamos implacavelmente Copenhagen? — Exibindo um irônico sorrisinho, George assente para Sophia, que bufa. — Cornwall é longe, mas nem tanto assim; ela com certeza já sabe.

Notícias e fofocas correm extremamente rápido, principalmente quando numa magnitude dessas. Sophia volta a negar e vira-se na direção de Charlotte. Onde já se viu uma coisa dessas!? Bombardear uma capital europeia!? Isso é tão baixo que... parece até do usurpador!

— Tem medo da reação dela? — Sophia franze o cenho para George, cujo sorriso continua irônico. Medo... de Cathrine?

— A raiva de Cathrine é insignificante, banal até. — Apesar de composto, o tom dela beira ao desdém. Mas Sophia ainda aponta: — Tenho medo da reação internacional, isso sim.

Ou até da própria Dinamarca. Uma violação dessas dificilmente será desconsiderada, principalmente agora que o continente inteiro está contra a Grã-Bretanha. Pode parecer até pessimismo, mas Sophia não é falsa o suficiente para ignorar tudo isso.

— Fique tranquila, Sophia, Canning é Tory, não idiota. — O príncipe ri com suas próprias palavras, fazendo Sophia revirar os olhos. — Não seja como Kendal, que se diz independente, mas senta com os Whigs.

E George ri mais ainda, certamente achando-se um grande piadista. Mas não passa de um grande tolo! Há um motivo para Robert se aliar aos Whigs: é o melhor partido, e isso em todos os aspectos.

— Pergunto-me quais as consequências desse ato — comenta Sophia, voltando-se na direção de Charlotte e suspirando. — É sobre isso que veio falar com papai? Aviso que ele está agitado.

— Caroline... — ele sussurra, também encarando a filha... carrancudo. — Ela não para de me perturbar, principalmente agora que papai voltou a recebê-la!

— Claro, você continua impedindo o contato dela com Charlotte. — É o bastante para irritá-lo verdadeiramente, mas Sophia apenas nega. — Não seja infantil, George! Caroline é uma mãe...

— Por que, ao invés de se preocupar com a filha alheia, você não se preocupa com o seu bebê!? — retruca George, profundamente grosseiro. — Desse assunto cuido eu, Sophia. Boa tarde.

Dito isso, o príncipe de Gales volta a cavalgar pelo Great Park rumo ao Castelo de Windsor. Pois bem, Sophia suspira cansada e acomoda-se no assento, ela deixará o assunto nas mãos do rei e da rainha. Mas, quanto a Dinamarca... É bom Robert ter alguma ideia.

*****

Castelo de Ocenia, Cornwall

O silêncio entre Richard e Cathrine é profundo, extremamente frio. É como se houvesse um grande e fundo Atlântico os separando. Mas Cathrine continua no sofá, chorando copiosamente pela sua Copenhagen, enquanto Richard...

— Que Deus tenha misericórdia dessas pobres almas — ele simplesmente fala, chamando a atenção de Cathrine. — E de nós também, claro.

— É apenas isso que você vai dizer!? Que Deus tenha misericórdia!? — Cathrine exclama e, negando veemente, levanta do sofá. — Esse é o seu consolo!?

Franzindo o cenho, Richard nega. Cathrine está sendo muito injusta com essas palavras; na verdade, ela está atacando ele. Mas o marquês apenas dobra a carta e coloca numa mesa.

— Raiva e choro não mudarão o fato de que Copenhagen foi...

— Não! Recuso-me a ouvir isso! — Tampando os ouvidos e negando veemente, Cathrine se afasta. — Por que minha vida é tão sofrida!?

— Porque é assim que funciona. — O tom dele é ríspido, mas Richard suspira e nega. — Será que os civis sofreram muito?

E Richard ri consigo mesmo; claro que sofreram! Essas pessoas perderam casas, negócios... vidas. Ele acha-se extremamente insensível, mas fazer o quê? Essa risada, porém, acaba chamando novamente a atenção de Cathrine.

— Sua frieza me ofende — ela acusa com desgosto.

— Frieza? Isso que você chama de frieza é racionalidade. — Agora Richard não foi paciente, e nem conciliador, tanto que ele nega: — Não podemos fazer nada, Cathrine; ouça bem, nada!

— Você mente! — Numa furiosa rapidez, ela avança na direção dele. — A voz do marquês de Bristol pode até ser inútil, mas a do príncipe de Niedersieg... Ela jamais seria desconsiderada!

— O que você está querendo dizer com isso? — questiona Richard, franzindo o cenho.

— Condene publicamente o bombardeio britânico a Copenhagen. — Os olhos de Richard arregalam, mas Cathrine ainda acrescenta: — Diga que foi uma infâmia, um ato vil e desonroso... Um crime!

É o suficiente! Richard se afasta de Cathrine. Condenar a Grã-Bretanha!? O país onde eles moram!? O que abriu as portas para o governo exilado de Niedersieg!? Tudo por que bombardearam um possível inimigo?

Sob o atento olhar de Cathrine, Richard nega veemente. A raiva dela é perfeitamente aceitável, mas não essa... ordem.

— Ficou louca!? Perdeu o juízo, Cathrine!? — ele exclama, aproximando-se novamente. — Um ato desses e Niedersieg perderia todo o apoio britânico! Seria o fim!

— Mas algo deve ser feito! — insiste Cathrine, semicerrando os olhos, em seguida. — Ou você prefere fechar os olhos para essa injustiça!?

— Sim! — Arregalando os olhos, Cathrine arfa em horror para Richard, que ainda acrescenta: — Mil vezes sim, se isso significa manter meu Niedersieg!

Porque, no final, a única coisa que importa é o maldito Niedersieg. É a herança dele, o povo dele, o resto é insignificante! Cathrine vê a firmeza nos olhos de Richard, o que a deixa furiosa.

— Niedersieg, Niedersieg e Niedersieg! Sua boca é esse maldito principado! — aponta Cathrine, aproximando-se tanto dele quanto a física permite. — Não duvido nenhum pouco que, entre mim e Niedersieg, você escolheria Niedersieg!

É uma acusação, e uma bastante séria... Mas Richard fica em silêncio, encarando-a com uma expressão profundamente fria. A raiva de Cathrine começa a ceder.

— Não me faça escolher — ele fala, negando com profunda frieza —, porque a resposta é óbvia e você não deseja escutá-la.

Os olhos de Cathrine arregalam em horror, tanto que ela recua e, negando veemente... sai correndo da sala. Fechado os olhos, Richard tenta buscar alguma calma... Até que ele sai atrás dela.

A discussão do marquês e da marquesa ecoa por todos os corredores do castelo, onde os criados fingem não escutar, as damas companhia continuam bordando e os cavalheiros lendo e bebendo. São imperturbáveis, mesmo que escutando até os passos na escadaria.

— Sua reação é desnecessária! Hipócrita, até! Quantas outras capitais já não foram destruídas!? Povos!? — Richard exclama logo atrás de Cathrine, que nega. — Ninguém condenou os espanhóis por aniquilar os nativos americanos!

No topo da escadaria, Cathrine continua com rapidez rumo ao corredor do quarto, onde Richard continua atrás dela. Até que...

— Não me importa! — Cathrine abre a porta do quarto e encara furiosamente Richard. — O fato é que sua Grã-Bretanha é um MONSTRO DESTRUIDOR! Eu odeio esse lugar!

Dito isso, ela fecha e tranca a porta do quarto, deixando Richard igualmente furioso, tanto que ele bate com força inúmeras vezes na porta... Mas não adianta, e talvez nem palavras belas adiantariam. E ele desce para o escritório, enquanto Cathrine continua trancada, chorando.

*****

Final de outubro|1807 Josephean Hall, Plymouth

Josephean Hall é, com certeza, uma das mais belas "casas grandiosas" da região. Não tão impressionante quanto Saltram House, claro, e nem tão elisabetana quanto Mount Edgcumbe House. Mas a forte presença palladiana em Josephean Hall tem seu charme.

Talvez sejam as rústicas e lisas pedras pentewan no exterior, ou o conforto interno... Ou talvez não...

— Aquilo são... andaimes? — Seguindo o olhar de Sophia, Robert franze o cenho na direção da casa.

Sim, são andaimes na fachada principal de Josephean Hall. Os dois se entreolham, mas tudo fica ainda pior à medida que a carruagem se aproxima da casa.

— Não posso acreditar nisso... Não quero acreditar nisso! — Novas janelas... Mais colunas jônicas adicionadas ao pórtico... Um frontão curvo! Robert só consegue negar. — Como ele pôde!?

— Realmente, uma decepção! — acrescenta Sophia, negando tristemente. — Poucas casas palladianas são tão fielmente palladianas quanto Josephean Hall.

— Não me refiro a isso, mas sim aos gastos! — Que é o mais importante. Sophia franze o cenho para Robert, que não recua. — Reformas são caras, Sophia, e não temos mais Niedersieg para bancá-las.

Principalmente depois de Goldenhall, que custou metade da fortuna inglesa deles e ainda sobrecarregou Niedersieg. A carruagem logo para e novamente Robert nega. Essas coisas custam caro e Richard ainda se dá a esse luxo!?

Entrando na casa, os Kendal são conduzidos até a sala damasco por Lord Maus, que sai logo em seguida. O interior continua intacto, pelo menos... Canaletto não saiu do lugar.

— Seria bom visitarmos o Royal Hospital. — A atenção de Robert volta-se a Sophia, que senta num sofá e tira as luvas. — Fomos impedidas de acompanhar mamãe e papai na última visita.

A solidão deles, porém, não tarda para acabar; logo Cathrine entra na sala e, num significativo atraso de segundos, Richard vem em seguida. Parecem tão... Robert e Sophia se entreolham, distantes.

— Que lindo chapéu, Sophia! Foi presente do príncipe de Gales? — Sentado no sofá com Sophia após os cumprimentos iniciais, Cathrine volta-se ao cunhado. — E como foi a estadia em Orange Hall?

— Espero que a viagem tenha sido agradável — mas Richard pergunta, atropelando qualquer resposta. — Desculpe pelo convite repentino, mas sei que já esperavam por ele.

— Desejávamos ter vindo antes, mas fomos necessários na Ilha de Wight — Sophia explica e, sorrindo docemente, aperta a mão de Cathrine. — Mas tenho certeza que você teve todo o apoio necessário.

E Sophia, junto com Robert, olha com expectativa para Richard... que cruza os braços e desvia o olhar. Robert franze o cenho para Sophia, cuja expressão é igualmente confusa.

— Sim — Cathrine fala, num tom irônico —, Adam é o único apoio que preciso.

— E em Londres? — novamente pergunta Richard, aumentando a desconfiança. Mas torna-se pior quando ele acrescenta na direção de Cathrine: — Imagino que os Tories tenham aplaudido o que houve na Dinamarca.

— Fizeram o que é próprio deles: apoiar a repressão e a violação da paz. — Segundo Canning, toda a Europa já odeia os britânicos. Mas Robert logo questiona: — O que está acontecendo nesta casa?

— Ociosidade — prontamente responde Cathrine, referindo-se a reforma. — Afinal não existe mais Niedersieg para Richard... bem, cuidar.

Há um claro tom de provocação nas palavras de Cathrine, que ainda direciona um irônico sorrisinho para Richard. Mas que estranho! Robert olha com horror para Sophia, que nega igualmente horrorizada. Até que Richard zomba:

— Como podem ver, alguém não ficou nada feliz com o...

— Não ouse! — Cathrine levanta furiosa do sofá. — Já não me feriu o suficiente, Richard!?

É claramente visível a raiva e decepção nos olhares de Richard e Cathrine. Mas não dura muito... Logo Cathrine deixa a sala, com os olhos cheios de lágrimas, enquanto Richard...

— Preciso analisar as obras, com licença. — Ele dá ele às costas e sai, mas não sem antes avisar: — Venha depois ao meu escritório, Robert; desejo informações sobre Portugal.

E, novamente, os Kendal são deixados sozinhos, embora agora em total horror e confusão. Quando as coisas ficaram desse jeito? Mas o torpor deles logo chega ao fim quando Adam entra timidamente na sala e os encara.

— Eu quero ajudar! — Adam chora, correndo na direção de Robert e o abraçando.

Robert e Sophia conseguem apenas se encarar. De fato, as coisas não estão nada normais entre os Bristol.

*****

Novembro|1807 Josephean Hall, Plymouth

— Não foi particularmente desagradável — responde Sophia, fechando os olhos e negando. — Dou graças a Deus que não vi nenhum ferido ou... Sinto um mal estar só de pensar.

Com Lady Wilmington e Lady Carlisle logo atrás, as duas princesas caminham de braços dados pelos jardins. Na verdade, Cathrine preferia estar no quarto, mas uma princesa precisa "mostrar-se". De qualquer forma, ela suspira...

— Nunca estive no Royal Hospital e confesso que não tenho interesse algum em estar. — É maldoso da parte dela? Cathrine encara Sophia e nega. — Desculpe, Sophia, mas sua marinha destruiu minha casa.

— E esse é um crime do qual nunca nos perdoaremos. — Voltando-se para frente, Cathrine ri com escárnio... Irritando Sophia. — Culpe os Tories, não a mim, minha família ou os britânicos!

Não? A expressão de Cathrine continua dominada pelo escárnio, afinal tudo que o governo faz não é com a permissão do rei? Isso o torna culpado também, não? Mas... Cathrine fecha os olhos e nega; Sophia não merece isso.

Nessa caminhada pelo jardim, elas acabam indo para a estufa, onde todas se dispersam... deixando Cathrine sozinha com suas próprias frustrações. Abraçando-se, ela nega veemente.

— Sinto raiva... Estou profundamente furiosa! — É o bastante para trazer a atenção de Sophia, até então com as gencianas roxas. — Somos uma nação neutra! Pacífica...!

— Eram uma nação neutra e pacífica — Lady Carlisle corrige, deixando as rosas de lado —; a Dinamarca declarou guerra à Grã-Bretanha.

— O que não é injusto. — E a ofensa apodera-se de Lady Carlisle, mas Cathrine apenas nega num suspiro. — E tudo torna-se ainda mais doloroso com o fato de Richard não fazer nada.

— Ele tem um dever para com os niedersiegers, minha princesa — a condessa volta a falar.

— E o dever matrimonial dele para comigo!? — porém Cathrine imediatamente rebate, tão escandalizada que... — Ele me ofendeu ao manter-se calado!

Numa outra situação, tudo bem, mas não se pode fechar os olhos para um crime tão hediondo desses! Não pode! Cansando-se de ficar parada, Cathrine começa a vaguear sem rumo pela estufa. Tão estressada que o olhar de Sophia na direção dela torna-se penoso.

— Minha princesa, entenda, por favor, que...

— Não, milady, não posso entender! — Perdendo o controle, Cathrine avança com fúria na direção de Lady Carlisle. — Metade de Copenhagen foi destruída! Igrejas e prédios históricos foram reduzidos a cinzas! Pessoas morreram...

— Chega! Esse assunto já está me cansando! — ordena Sophia num tom de censura, fazendo Cathrine dar as costas. — Lembre-se dos meus novos, Cathrine... Tenha pena do meu bebê.

Oh, Deus! Levando uma mão ao rosto e respirando fundo, Cathrine força um sorriso e assente na direção de Sophia. Por um bebê, um ser inocente, ela é capaz de esquecer até os próprios preconceitos.

Não demora muito e Sophia avisa que irá tomar um tônico receitado pelo médico, deixando-a sozinha com as damas. E quando Cathrine finalmente se distrai, Lady Carlisle e Lady Wilmington também deixam a estufa. Ela logo se dá conta disso, mas no mesmo instante que...

— Onde está Adam? — Richard entra na estufa, franzindo imediatamente o cenho.

Igualmente confusa, Cathrine nega e, tal como ele, volta-se para a porta... que é subitamente fechada. Richard até tenta abrir, apenas para descobrir que... os dois se encaram, está trancada.

*****

Castelo de Windsor, Windsor

Sentada placidamente numa cadeira, a rainha observa o rei vaguear ansiosamente pela sala de estar da rainha. Isso enquanto três das princesas se distraem — seja com moedas, bordado e desenho — e Amélia sobrevive. Mas há um motivo para tudo isso, embora nada agradável...

— Ela chegou! — E a atenção do rei, bem como das princesas, volta-se a Lady Harrington, que entra na sala com Lady Harcourt e as outras damas de companhia. — Está prestes a entrar.

Dito isso, o rei e as damas de companhia se posicionam em seus lugares — ao lado e atrás da rainha, respectivamente, enquanto as princesas deixam suas distrações e levantam. Tudo bem no momento que o coronel Herbert Taylor entra.

— Sua Alteza Real, a duquesa viúva de Brunswick... — anuncia o coronel, virando-se logo em seguida para trás e suspirando. — A princesa Augusta da Grã-Bretanha.

E a mais velha, bem como última sobrevivente, das irmãs do rei entra na sala. Augusta exibe um largo e arrogante sorriso no rosto, que torna-se maior à medida que ela se aproxima.

— Majestades. — Chegando nos soberanos, Augusta faz uma mesura e sussurra na direção de Charlotte: — Não sabem o quão feliz estou por estar de volta. Foram...

— Os 35 anos mais felizes de nossas vidas — responde Charlotte, forçando um sorriso mínimo à cunhada. — É bom vê-la... saudável, Augusta.

— Vejo que o tempo só lhe fez bem, Charlotte. — A duquesa levanta e, voltando-se na direção das princesas, arregala os olhos. — São as crianças!? Na última vez eram oito e agora são 15... Ou melhor, 13..!

— Espero que esteja bem instalada em Montagu House, Augusta — o rei imediatamente retruca, não mostrando alegria alguma. — Não é um palácio, mas é junto de Caroline, então servirá. Qualquer desavença, compre outra casa.

Principalmente porque Augusta não está na posição de pedir um apartamento em St. James ou qualquer outra residência mais formal, afinal quem ela é além de ex-soberana de um ducado que nem existe mais?

— O importante é que estou na Inglaterra. — Mas a duquesa continua sorrindo, mesmo que agora visivelmente afetada.

Augusta nunca escondeu de ninguém o desprezo por Brunswick e pela Alemanha, mas ela com certeza despreza mais ainda a condição de destronada. De qualquer forma, logo uma cadeira é trazida para a duquesa. As princesas retornam as distrações e...

— Sabe por que a convocamos, Augusta? Não foi simplesmente para vê-la ou falar da sua desgraça — a rainha começa e Augusta semicerra os olhos. — Sabemos que conhece a situação... delicada de Caroline.

— A maçã nunca cai muito longe da árvore. — Recostando-se na cadeira, Augusta suspira afetada. — Caroline é exatamente como Auguste: uma tola inconsequente.

— E justamente por isso suplicamos sua ajuda. — A duquesa franze o cenho para o rei, que pergunta: — Já viu sua neta Charlotte alguma vez, Augusta?

Ainda mais confusa, a duquesa nega lentamente. O rei e a rainha se entreolham e assentem. Se Georgie não deseja que Charlotte esteja sozinha com Caroline, eles arranjarão uma companheira e que companheira melhor que a avó materna?

*****

Josephean Hall, Plymouth

Trancada...! Mas como pode isso!? A menos que... Arregalando os olhos, Richard arranca as trepadeiras que cobrem uma das arqueadas janelas de vidro da estufa e encontra Adam os observando de longe. O menino se assusta ao ser descoberto, mas Richard...

— Adam! Abra essa porta! — ele grita furiosamente para o filho, que arregala os olhos e sai correndo. — Eu mandei abrir a porta! Abra agora ou...! Ele se foi.

Fugiu de medo e quase certamente sem entendê-lo direito. Fechado fortemente os olhos, Richard apoia a cabeça no vidro, tentando ao máximo não perder a calma. Mas é difícil, principalmente com ela se aproximando.

— Eu também fugiria com esses gritos — Cathrine censura e nega lentamente, em seguida. — Não é assim que se fala com crianças, Richard.

— Nosso filho nos trancou numa estufa, Cathrine, isso não é motivo para raiva!? — Nenhuma resposta é dada, então ele simplesmente se afasta. — Só pode ter sido ideia de Robert... Tem muito cara de Robert.

— Embora não me surpreenda Adam ter concordado. — Richard franze o cenho para Cathrine, cujo olhar é acusatório. — Ambos sabemos o porquê disso.

De fato, ambos sabem, mas não é desejável falar. Dessa vez, porém, nenhum dos dois se afasta ou desvia o olhar, mas encararam um ao outro numa grande luta de sentimentos e culpa...

— Não desejo brigar, Cathrine — ele avisa, mas num tom longe de conciliador —, não aqui.

— Ninguém está brigando — responde friamente Cathrine, fechando os olhos e suspirando arrogantemente. — Isso... Deixe-me sofrer pelo menos por isso!

Uma arrogância que acabou antes mesmo do final. Cathrine, por mais que tente muito, nunca será tão insensível quanto eles; ela sofre demais e... Richard suaviza o olhar ao vê-la sofrer, vendo a dor na expressão dela.

Não é apenas pela Dinamarca que Cathrine sofre, mas também por si mesma. É demais para ele!

— Façamos as pazes, Cathrine — propõe Richard, estendendo uma mão na direção de Cathrine, que franze o cenho. — Façamos não por você ou eu, mas por ele.

Dito isso, Richard sinaliza com a cabeça na direção da janela, onde Adam novamente os observa e, percebendo que foi "descoberto", volta a fugir. Dificilmente Cathrine esquecerá desse assunto por ele, mas Adam... Isso já é outra coisa.

— Adam não merece isso. Nossos problemas são apenas e unicamente nossos — ela sussurra tristemente e volta-se para ele, encarando-o friamente. — Não posso perdoá-lo, está além de mim, mas posso oferecer uma trégua.

— Não fiz nada de errado para precisar de perdão. — Não foi ele quem mandou bombardear Copenhagen. Suspirando, Richard fala: — Mas aceito sua trégua.

— O que não significa que estamos bem, nem que esqueci sua ofensa. — Isso é nítido. Richard dá um fraco sorrisinho, que torna-se um franzir de cenho quando Cathrine estende a mão. — Selemos nosso acordo.

Há tanta seriedade nessas palavras, e no rosto dela também. Mas Richard aceita e eles apertam as mãos... Apenas para ele puxá-la na direção dele e, após uma breve pausa, os dois iniciarem um beijo. É frio, raivoso e cheio de sentimentos conflituosos.

*****

14|04|1808 Schloss Langenburg, Langenburg

A neblina vinda do Jagsttal cobre toda a extensão montanhosa onde se encontra a cidade e a residência principesca de Langenburg. Não é uma neblina particularmente densa, afinal já passa do meio-dia, o que não significa que tenha sido fácil para Fritz cavalgar até o castelo.

— Creio que seu mensageiro tenha se perdido, Sua Alteza Real. — Cruzando o portão e descendo do cavalo, Fritz é recebido pelo príncipe e a princesa de Hohenlohe-Langenburg. — Não esperávamos sua presença...

— Nenhum mensageiro foi enviado — retruca Fritz, deixando os confusos Hohenlohe para trás e caminhando rumo ao pátio. — Cavalgo desde ontem.

— De Ludwigsburg? — pergunta a perplexa princesa, fazendo-o parar e volta-se para trás.

— Leonberg; o Schloss Leonberg, para ser mais exato. — o príncipe e a princesa se entreolham, bastante ansiosos. Fritz, semicerrando os olhos, então sussurra: — Onde ela está?

— Ela? — o príncipe repete, negando. — Não sei de quem...

—DIGA LOGO OU SERÁ SUA FAMÍLIA QUE SOFRERÁ! — Os Hohenlohe já perderam a soberania, mas e a riqueza? O olhar de Fritz é implacável. — Sei que ela está aqui.

Mas nada é dito pelos Hohenlohe, que apenas recuam para trás. Não há possibilidade alguma deles mentirem ou tentarem negar, porque é uma verdade claramente visível, vide a quantidade exorbitante de guardas reais nas ruas de Langenburg. Mas a resposta vem...

— A princesa herdeira não deseja vê-lo. — Fritz volta-se na direção da portaria do castelo, onde está a condessa Verweyen. — Ela está cansada demais e deseja a solidão. Lembre-se da condição dela, Sua Alteza Real.

— É impossível esquecer, e justamente por isso estou aqui. — Avançando na direção da portaria, Fritz tem o caminho obstruído pela condessa. — Saia da minha frente!

— A princesa não deseja...

— Não me importa o que ela deseja ou deixa de desejar! — ele exclama, fazendo a condessa recuar. — Quero a minha filha!

Tudo, absolutamente tudo, resume-se apenas nisso. E a condessa abre o caminho para Fritz, que cruza a portaria e, entrando no pátio, corre para a entrada. Ele não faz a menor ideia de onde Anne está, mas o caminho é quase instintivo, natural... principalmente com as criadas ajudando.
Essa ajuda, porém, é curiosamente estranha. Fritz chega no quarto apontado achando até que...

— Finalmente! Eu já estava começando a pensar que não viria mais. — Anne já estava esperando ele... Ela sorri arrogantemente. — Os Hohenlohe-Langenburg são tão hospitaleiros, não?

Esse sorriso... Essa arrogância... A fúria apodera-se de Fritz e ele avança na direção de Anne, cuja placidez é cínica.

— Onde está minha filha, Anne!? — questiona Fritz, fazendo-a sorrir mais ainda. — Não tente escondê-la de mim, tenho o direito de vê-la!

— Elisabeth Auguste? Bem... já ouviu falar dos Neipperg? — Os olhos dele arregalam com as palavras de Anne, que ainda acrescenta: — Ouvi dizer que o Schloss Schwaigern é lindo.

— Você não ousaria... Ela nasceu ontem!

— Mas ousei! — retruca Anne, para o horror de Fritz. Os dois se encaram fixamente. — Vale tudo no amor e na guerra, caro esposo.

Até mesmo usar os filhos como armas? O olhar dos dois continua firme, até que Fritz se afasta dela, completamente incapaz de acreditar numa barbaridade dessas. Mas, no final, tudo é culpa dele... não é?

— Essa é sua vingança? Me separar dos meus filhos? — Porque, querendo ou não, são deles também. Fritz, semicerrando os olhos, nega. — Você é tão... baixa!

— Mas também sou a vencedora. — O sorriso nunca deixa o rosto de Anne, parece até eterno. — Você tirou minha segurança, o bem mais valioso de uma mulher... então tirei seus filhos.

— Não poderá nos separar para sempre — sussurra Fritz, ganhando dela um dar de ombros.

— Mas posso criá-la para despreza-lo — ela responde e, dando um último sorriso, dá as costas —, pense bem nos seus próximos passos, Fritz.

Ele pensa e, encontrando-se complemente perdido, simplesmente deixa o quarto. Anne é a vencedora... Ela, porém, senta em alívio numa poltrona e toca um pequeno sino. Uma vitória alcançada com muita luta. E uma criada entra no quarto com a pequena Elisabeth Auguste.

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Julho|1808 Oldenburg House, Londres

Ninguém na corte — pelo menos que não seja da realeza — tem permissão para sentar na presença do soberano, e esse protocolo estende-se até a corte menor dos Bristol. É verdade que a corte não está reunida, mas prefere ficar sentado... Não há outra alternativa.

— Novamente isso? — Nenhuma palavra é dita por von Frieden e os ministros, que observam Richard suspirar e negar. — Não existe realmente outra alternativa?

— Existem muitas alternativas, meu príncipe — responde von Eden, dando os ombros —, apenas mostramos a mais vantajosa.

— Em que lugar do mundo uma revolta popular seria vantajosa? — O povo é volátil, não se pode deixá-lo sozinho. Mas Richard assente ao barão von Frieden. — Explique-me o seu plano.

O povo é volátil, de fato, mas as últimas duas décadas também mostraram que ele é a maior força de uma nação. De qualquer forma, von Frieden sinaliza para Karinberg se aproximar... Claro que o coronel tem um dedo nisso.

— Nossa inteligência mostra que é crescente a insatisfação niedersieger contra os bávaros — o coronel fala, sem qualquer hesitação na voz —, principalmente após a reorganização administrativa da Baviera.

— Onde Niedersieg foi dividido e suas cidades reduzidas a simples Landgericht — acrescenta von Frieden, negando com horror. — Nossos privilégios especiais foram abolidos e fala-se até de um recrutamento!

— Fomos humilhados; desrespeitados como nunca antes! — Richard franze o cenho para o exaltado Carrelli, que ainda acrescenta: — E esse é um sentimento compartilhado até no Tirol e Vorarlberg.

Território anteriormente da Áustria e com um status bastante especial, principalmente o Tirol. Mas é o silêncio que domina em Richard, cuja expressão é pensativa. Olhando dessa perspectiva, de fato, parece o momento para uma revolta, mas...

— Começariamos em Smaragdberg — anuncia Karinberg, fazendo-o franzir novamente o cenho. — É menos previsível e, economicamente falando, eles foram os mais prejudicados.

— E não será nada difícil começarmos — o conde O'Ryen arrogantemente garante —, nossa presença é forte no antigo Niedersieg.

O antigo Niedersieg... Todos os ministros direcionam um olhar censurador para O'Ryen, que tensamente sorri e abaixa a cabeça. Mas é verdade, agora Niedersieg é passado... Por isso a necessidade de uma ação...

— Ainda não é o momento. — O olhar censurador torna-se horror, tanto que Richard acrescenta: — Devemos esperar e agir conforme o andamento da Europa.

— Mas já faz mais de um ano que Niedersieg...! — Mas Carrelli cala-se com o sinal de Richard.

— Vamos esperar o melhor momento, nem que seja daqui a dez ou cinco anos! — Os ministros ficam em silêncio e Richard respira fundo. — A Europa está em paz, então esperemos pela guerra.

A fórmula do sucesso é simples: derrote a França de Bonaparte e todo o resto facilmente virá depois, incluindo Niedersieg. Dito isso, sobra apenas uma pergunta: quando?

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10|04|1809 Braunau am Inn, Áustria

A Europa nunca foi um continente de paz e união, mas sim de guerra e disputas. E, numa época como essa, cheia de mudanças e incertezas, a paz nunca é duradoura. A França pode ser suprema desde a Rússia até Espanha e Portugal, mas sempre haverá rebeldes...

É na madrugada da noite que, na fronteiriça cidade de Braunau, o reformado exército austríaco cruza o Inn e, consequentemente, a fronteira com a Baviera. Nenhuma guerra foi oficialmente declarada, o próprio Napoleão Bonaparte será surpreendido, mas esse é justamente o objetivo do arquiduque Karl.

Uma nova Coalizão será formada com esse ataque a Baviera, uma nova guerra estourará na Europa... O próprio arquiduque Johann já invadiu a Itália.

A partir desse momento tudo mudará surpreendentemente na Europa e um simples fato ficará mais que claro…