Era Uma Vez... Uma Ilusão

36. Melhor a dúvida da ignorância a agonia do conhecimento.


Final de junho|1807 Palácio de Mármore, São Petersburgo

São quase três da madrugada quando a imperatriz Maria chega no Palácio de Mármore, e a visão que ela encontra é a de mais profundo pânico. Os criados mostram-se temerosos, as damas de companhia alertas e...

— Oh, mamãe, é um horror! — A grã-duquesa Anna abraça desesperadamente a mãe aos pés da escadaria. — Nós tentamos, realmente tentamos, mas é impossível!

— É uma louca! — Ekaterina também desce a escadaria, porém muito mais calma. — Certamente que deseja apenas chamar atenção.

E está conseguindo, aparentemente. A imperatriz olha para Anne em seus braços, depois para Ekaterina à sua frente... e suspira. Ela foi acordada para isso!? Com certeza não passa de mais outra briga.

— E seu irmão? — Ekaterina aponta para cima, fazendo a imperatriz, soltando-se de Anne, fala num suspiro: — Pois bem, digam-me agora o que exatamente está acontecendo.

As duas grã-duquesas trocam um preocupado olhar e falam tudo para a mãe, cujos os olhos arregalam em total horror. Então Mary...? A imperatriz corre com as filhas para os aposentos da tsesarevna.

— Mas o que você pensa que está fazendo, Mary!? — a imperatriz exclama assim que entra no quarto, chamando a atenção de Konstantin e Nicholas. — Ficou louca, por acaso!?

— Recuso-me! Recuso-me a aceitar essa situação! — grita furiosamente Mary... em pé no parapeito de uma janela. — Jamais serei aliada do demônio! Jamais!

A convicção nessas palavras é imensa, quase suicida. E o som do vento, somado às cortinas e robe de Mary voando, apenas aumenta a tensão no quarto.

Nicholas, sendo o mais próximo da janela onde está Mary, olha com lágrimas nos olhos para a mãe e irmãs, mesmo que Ekaterina e Anna prefiram apoiar o desdenhoso Konstantin. Mas a imperatriz não se amedronta.

— Você está grávida! — Mas ela não recua, fazendo a imperatriz lentamente se aproximar. — Tenha algum juízo...!

— Não ouse chegar mais perto ou meus filhos ficarão órfãos e seu filho viúvo! — Mary ameaça e, olhando com fúria para trás, nega veemente. — Não estou blefando! Prefiro morrer a estar com o demônio Bonaparte!

— Faça algo, Konstantin! — suplica Nicholas ao encarar furioso o impassível irmão.

— É sua esposa e filho! — Anna acrescenta, murmurando em seguida: — Os loucos não ameaçam em vão.

Mary escuta isso, e também fica profundamente ofendida, mas simplesmente volta-se para frente e estende um pé para fora do parapeito. É o bastante para causar algum pânico, até mesmo gerar gritos... Ekaterina grita, pelo menos. Mas ela não recua em seu teatrinho.

Porém, para o desprazer dela e horror de todos os outros, Konstantin começa a rir. A importância franze o cenho para o filho, enquanto Ekaterina e Anna se afastam do irmão, cujo riso morre bruscamente.

— Ela não pulará, está mentindo! — Mary semicerra os olhos na direção de Konstantin, que sorri com desdém. — Não sei o que é mais engraçado: você nos ameaçar ou acreditar que Alexandre não fará a paz com Bonaparte só por sua causa.

— Não me subestime, Ceto. — O tom dela é ameaçador, mas Konstantin sorri.

— Então pule. — Os olhos de Mary arregalam com as palavras de Konstantin, que aproxima-se. — Vamos, esposa, pule da janela se tiver coragem!

Mary mataria Konstantin se tivesse coragem! Mas a única coisa que ela faz é encará-lo com profunda raiva. Os outros assistem em total silêncio, com a imperatriz agarrando os ombros do furioso Nicholas e as grã-duquesas abraçando umas às outras.

— Você deveria ter morrido em Heilsberg! Não, melhor ainda, em Austerlitz! — A diversão de Konstantin imediatamente morre, principalmente quando Mary grita: — Deveria ter morrido... Perdido a batalha e morrido!

Agora são os olhos de Konstantin que arregalam, mas de completa raiva e violência. É o suficiente para gerar um grande medo em Mary, medo esse que prova-se necessário quando...
— EU VOU MATAR VOCÊ!

Konstantin avança furioso na direção de Mary, que grita com horror e, nesse ato, acaba se desequilibrando da janela... Mais gritos, correria e olhares amedrontados. Não tarda muito e todos estão com Konstantin na janela, observando Mary gemendo de dor na grama.

— Eu odeio você, Konstantin! — Mary geme, sentindo todo o corpo doer e o bebê... — Odeio... mais que tudo... na vida...!

Não aguentando mais, Mary desmaia, embora bem no momento que a ajuda chega. No final, essa foi uma triste tragédia que em nada impediu a Paz de Tilsit e a aliança franco-russa.

*****

Julho|1807 Palácio de Hampton Court, Londres

— Eles disseram o motivo? — Lord Irvington nega ao marquês, que franze o cenho e aperta o corrimão. — Curioso, não vejo motivo algum para essa visita.

— Algo me diz que envolve Tilsit? — Lord Maurs fala, deixando Richard pensativo.

Tilsit... Faz um certo sentido... Não, faz todo o sentido, afinal envolve os russos e, se envolve os russos, também envolve Mary, cujo casamento com o herdeiro russo foi planejado pelo próprio governo britânico. Mas nada no tratado ataca claramente a Grã-Bretanha.

Na sala de visitas, onde apenas ele entra, Richard é recebido pelo príncipe von Herrlich e o novo secretário dos negócios estrangeiros, George Canning. Ambos os homens fazem imediatamente uma mesura ao príncipe.

— É bom vê-lo saudável novamente, Sua Alteza Sereníssima — von Herrlich fala, encarando penosamente o príncipe. — Não sabe como o imperador ficou preocupado com sua... Eh...

— Meu surto psicótico? Já passou. — Mas as lembranças não, e nem as consequências... Richard aponta para o sofá. — Desejam beber algo? A marquesa não está, então temos apenas whisky e conhaque.

— Desejo xerez — Canning responde ao sentar no sofá. Xerez... Richard sorri, irônico.

— E como não poderia? — O secretário franze o cenho, mas Richard apenas segue para a adega. — Não fique acanhado, Canning, não sou tão partidário quanto meu irmão. Whig ou Tory não me importa, apenas Niedersieg.

O apoio de Richard estará naqueles que apoiarem a independência de Niedersieg e a total derrota de Napoleão Bonaparte. É tão simples, não? Richard entrega a bebida ao sério Canning, que levanta o copo em sinal de brinde. Nisso, porém, von Herrlich ainda tenta falar:

— O imperador garantiu que moverá o mundo para...

— Conheço as garantias do imperador e agradeço — mas Richard logo corta o príncipe e o encara de forma questionadora —, mas que provas tenho de que são reais?

Nenhuma resposta é dada pelo príncipe, que arrogantemente cala-se. Richard nega e serve um pouco de conhaque para si mesmo. Se realmente quisesse ajudá-lo, Franz teria feito algo para impedir os bávaros, nem que fosse invadir Niedersieg primeiro. Mas nada, absolutamente nada, foi feito.

— O príncipe está certo, Herrlich, quais as provas? — Quem se diverte com isso é Canning, que ainda provoca: — O rei e o duque de Portland também esperam por elas. Seu imperador já nos decepcionou bastante.

— E o governo britânico também. — Canning franze o cenho para Richard, cuja expressão torna-se acusatória. — Seu antecessor, o visconde Howick...

— Foi demitido junto com todo o ministério Grenville — o secretário do estrangeiro fala, profundamente irônico, apenas para sorrir conciliador, em seguida. — Não viemos discutir sobre a Alemanha, mas sim sobre Tilsit.

Claro, exatamente como Maurs suspeitou. Richard bebe do seu conhaque e, suspirando, encara os dois cavalheiros sentados. Eles desejam falar sobre Tilsit, não é? Pois bem.

— A Rússia aliou-se à França e, confiando nas promessas francesas de ajuda militar, entrou no Bloqueio Continental — Richard fala e, tomando novamente do conhaque, continua: — Enquanto a Prússia perdeu metade do seu território e foi condenada a pagar tributo. Como vê, sei o necessário.

Mesmo que nenhum dos dois tratados mencione Niedersieg ou diretamente a Baviera. Para todos os efeitos, principalmente pela lei da Confederação do Reno, Niedersieg foi mediatizado pela Baviera. Bebendo novamente do conhaque, Richard começa a vagar distraidamente pela sala.

— Belo resumo, meu príncipe, digno de um professor! — Richard, porém, não dá atenção alguma a Canning, que sorri de lado. — Mas e quanto aos termos secretos.

— Termos secretos? — o marquês repete e, parando de andar, franze o cenho na direção do secretário. — O barão Linzmain não...

— Tememos que parte dessa aliança franco-russa seja um complô contra a Grã-Bretanha — Canning fala, encarando fixamente o marquês —, um complô envolvendo a Dinamarca.

Os olhos do marquês arregalam. Um complô... com a Dinamarca!? Que benção Cathrine ter saído, por que... Richard nega para Canning.

— Que verdade pode haver em simples rumores? — O secretário apenas bebe o xerez, e quando Richard encara von Herrlich... O príncipe assente. — A Dinamarca é neutra!

— Meu príncipe bem sabe que a neutralidade não impede invasões. — O tom de Canning é calmo e seu sorriso imperturbável. — Certos relatórios mostram que os franceses planejam usar a Dinamarca, bem como sua frota, contra o nosso comércio no Báltico.

— O que será terrível caso a Suécia também entre no bloqueio — von Herrlich acrescenta, ganhando uma negativa de Richard.

Não, isso não é verdade! A Dinamarca é neutra; a Era Georgiana estava começando na última vez que eles se envolveram numa guerra. Richard continua negando, até que encara fixamente os dois.

— Por que estão me contando isso? — Nenhum deles responde ao marquês, que repete: — Não vejo necessidade alguma de saber dessas ameaças.

— Porquê sua esposa é dinamarquesa — Canning então responde, agora tão implacável como... um político. — Seria terrível uma guerra caso os dinamarqueses...

Antes, porém, que o secretário do estrangeiro possa acabar, a porta da sala de visitas é aberta... por Cathrine. O silêncio instaura-se no local, principalmente com a marquesa encarando séria cada um dos três homens... Ela terá escutado?

*****

Palácio de Ludwigsburg, Ludwigsburg

Os dourados lustres de vidro cristalino iluminam poderosamente toda a abóbada do Marmorsaal, destacando não apenas a clareza barroca do salão — com suas colunas de mármore, esculturas greco-romanas e estuque branco, mas também a extensa casa real de Württemberg, sentada numa opulentamente servida mesa separada.

Estão de frente para a corte, que aproveita alegremente do banquete, bem como dos músicos que tocam ao fundo. Não é sempre que a simplista rainha Charlotte oferece recepções desse tipo, principalmente com os irmãos do rei presentes. Mas é próprio, afinal...

— Damas! Cavalheiros! O rei pede sua atenção! — um arauto então anuncia, fazendo todos deixarem de lado a refeição e a conversa.

Toda a atenção volta-se ao soberano, que respira fundo e levanta do seu assento elevado. Ele fará agora o tão esperado discurso para a corte, cuja curiosidade é mais por zombaria que respeito. Haverá choradeira? Dizem que o rei da Baviera deixou escapar algumas lágrimas.

— Para o meu grande pesar e tristeza, a princesa Katharina, minha única filha e maior alegria, será dada em casamento ao mais digno... rei de Westphalie. — É perceptível o desprazer do rei, mas ele continua: — Uma grande tristeza para Württemberg, mas que trará uma imensa alegria a nação francesa...

Alegria essa dificilmente compartilhada por outro membro da casa real que não seja a própria Katharina, cujo sorriso é largo e cheio de expectativas...

— Pobrezinha! Mal sabe o que a espera em Paris! — comenta discretamente Anne, bebendo uma taça de água e negando. — Se eu, casando com um verdadeiro príncipe, fui submetida ao escárnio, imagine ela, com seu rei arrivista.

— Não acha que está sendo dura demais Anne? — Voltando-se a cunhada, a mesma que às vezes ela esquece da existência, Anne categoricamente nega. — O mais importante não é a felicidade de Katharina?

— Felicidade? Casando com uma máquina de problemas!? — Além de bígamo! A princesa Paul não responde dessa vez. — Faça-me o favor, Lotte! Se eu estivesse no lugar dela já teria me jogado no Neckar.

É surpreendente a própria Charlotte já não ter feito isso! Paul, tal como Fritz, é um completo canalha, e todos sabem que o casamento deles só aconteceu para aliviar o superendividado Saxe-Hildburghausen. Novamente, Lotte fica em silêncio.

Mas a atenção de Anne logo retorna ao rei, cujo discurso já está se estendendo demais... Porém logo chega ao fim:

— ... E que Deus abençoe Katharina, a rainha de Westphalie! — E a corte aplaude ao rei, bem como a nova rainha de... Westphalie.

Tão francês para um reino alegadamente alemão. Mas Anne, seguindo o exemplo dos outros na mesa, também aplaude o rei. Tão falso da parte deles, não? Porém a única que não mostra nenhuma “alegria” é a rainha Charlotte, que limpa até algumas lágrimas.

— Não sei o que é pior para ela — a duquesa Ludwig, sentada logo após a princesa Paul, sussurra ao cunhado Ferdinand —, Katharina estar casando ou Katharina estar casando com o usurpador de Hannover.

E não apenas Hannover, mas também Brunswick e Hesse-Kassel. Para todos os efeitos, Katharina está usurpando tanto a mãe quanto a madrasta... De qualquer forma, logo o banquete recomeça com toda a animação anterior. E Anne volta a sentir também alguns pares de olhos nela...

— Sabe quem não para de olhar você? — Anne olha para a duquesa Ludwig e depois para... Anton Belgärd, encarando-a no fundo do Marmorsaal. — Não ele, mas sim ele!

Seguindo o olhar de Henriette, Anne encontra Fritz olhando na direção dela... com uma desgostosa careta. Mas ela simplesmente suspira afetada e volta-se para frente, retribuindo o olhar de Anton. Causar ciúmes é maravilhoso!

— Quando Fritz não está olhando para mim? — Anne comenta num dar de ombros e, bebendo novamente água, sorri. — Gosto dessa tortura psicológica. Logo ele suplicará para falar comigo.

— Claro que vai, você levou os filhos dele para Baden-Baden sem motivo algum. — Lotte sussurra... mas não baixo o suficiente.

— Está me culpando por cuidar da saúde do seu futuro rei? — A princesa Paul simplesmente bebe uma taça de água. Sorrindo satisfeita, Anne suspira. — Foi bom viajar... Fracamente, eu precisava desse tempo longe.

E não apenas para se recuperar da perda de Niedersieg, mas também... Anne olha rapidamente para o outro lado da mesa e constata que Fritz ainda olha na direção dela. É impressionante como a distância e frieza apenas aumentam os desejos... Aumentam ao extremo... Anne sorri para Anton.

*****

Palácio de Hampton Court, Londres

Cathrine continua em silêncio, encarando fixamente cada um dos três homens na sala. Os rostos deles são alarmados, ou melhor, o de Richard e von Herrlich, porque Canning... Ele sorri de lado para ela.

— Interrompo? — Cathrine então pergunta, adentrando na sala e fechando as portas. — Parece algo... importante.

— Discutíamos sobre Tilsit — Richard imediatamente responde, fechando os olhos e negando —, estou muito preocupado com Mary.

E como não poderia? Ela é praticamente uma inimiga entre o inimigo. Quase como... Cathrine aproxima-se lentamente de Richard e sorri em cumprimento aos cavalheiros.

— Deus queira que os russos tomem uma atitude unicamente neutra. — Canning e von Herrlich assentem para a marquesa, que ainda acrescenta: — Uma guerra seria terrível... Como os cavalheiros bem falavam antes.

— Sua Alteza Sereníssima nos escutou? — É o bastante para Canning receber um olhar reprovador de Richard. Mas Cathrine nega.

— Pouca coisa, apenas algumas palavras. — Palavras o suficiente, na verdade. Cathrine entrelaça sua mão na de Richard e sorri fracamente. — É algo secreto?

O olhar de Richard em Cathrine é indecifrável, praticamente sem sentimentos... Mas é assim desde fevereiro, então não faz mais diferença. Porém os outros... O silêncio deles perturba profundamente Cathrine, embora não tanto quanto o sorriso de Canning.

— De fato, queira Deus que os russos tomem uma atitude neutra; verdadeiramente neutra. — Verdadeiramente? Cathrine franze o cenho, principalmente quando ele acrescenta: — Certos neutros aproveitam qualquer oportunidade para atacar.

O olhar de Canning divide-se zombeteiramente entre Cathrine e Richard, tanto que o marquês aperta fortemente o braço dela. Algo não está nada certo nessa sala. Tudo está ficando muito... conexo.

No silêncio que instaura-se, é o príncipe von Herrlich que, levantando do sofá, toma a dianteira em falar:

— Garanto que o imperador proverá uma ajuda para Niedersieg. — O príncipe estende uma mão ao marquês. — Ele não está nada satisfeito com essa humilhante situação austríaca e logo agirá.

— Diga a Franz que agradeço, apesar de tudo. — Richard aperta a mão do príncipe, que faz uma mesura. — Mas não tenho pressa, mesmo tendo urgência.

— A ajuda austríaca virá — garante novamente o príncipe, beijando depois a mão da marquesa.

— O mesmo não garanto da britânica. — Os olhares voltam-se a Canning, que bebe um resto de vinho e levanta. — Temos frentes demais para lutar: Sicília, Península Ibérica... o Báltico.

O Báltico... Cathrine percebe Richard franzindo o cenho com essas palavras da Canning, porém nada é dito. O secretário do estrangeiro também se despede do marquês e da marquesa. Logo Richard e Cathrine estão sozinhos na sala... Em total silêncio...

— E como vai Elizabeth? — até que Richard pergunta, indo para a adega. — Conseguiu ver o novo marquês de Granby?

— A duquesa de Rutland está muito bem e o menino... O duque está muito feliz. — É o tão esperado herdeiro dele. Cathrine senta num sofá e encara fixamente Richard. — Você parece tenso.

As pupilas dele dilatam com essa observação, o que aumenta essa sensação nela. Mas Richard simplesmente sorri e nega.

— É apenas preocupação. — Richard bebe então toda a bebida que acabou de colocar no copo e suspira. — Já vou me vestir para o teatro.

Dito isso, Richard deixa a sala. Mas Cathrine não é tola, ela sabe muito bem do que estão falando. É só ligar os pontos: a frota dinamarquesa, parada na entrada do Báltico, é um problema para os britânicos. Cathrine não lê jornais... Mas Lady Carlisle sim.

*****

Palácio de Inverno, São Petersburgo

Pode parecer triste... É triste, mas a solidão é algo que Mary aprendeu a amar bastante. E isso não apenas para ficar longe da sufocante corte russa, ou do desprezível Ceto, mas também para ela pensar claramente nos próprios sentimentos... No que será da vida dela.

É evidente que as coisas não podem continuar assim, porque, caso o contrário, ela acabará na ruína. Algo deve ser feito; ações precisam ser tomadas... As mudanças são inevitáveis... E Mary sabe muito bem o que fará.

— Separação!? — a imperatriz Maria exclama e, afastando-se da cama de Mary, nega veemente. — Isso é inaceitável, Mary! Sua covardia não...!

— Seu filho matou meu bebê — aponta Mary, encarando fixamente a sogra —, e quase me matou junto.

Foi uma sorte ela cair, por assim dizer, sobre o próprio corpo. Mas, como resultado, o menino nasceu prematuro e morto. No dia seguinte Konstantin partiu com Alexandre para Tilsit, deixando para trás uma Mary profundamente frágil e fraca... O que foi um presente.

— Você sabe muito bem que é a única culpada disso tudo! — Mary fecha dolorosamente os olhos com as palavras da imperatriz, que ainda acrescenta: — Foram suas ameaças que...

— Mas foi o seu filho quem concretizou a minha queda! — Nada é dito pela imperatriz, que apenas semicerra os olhos. Mary não perderá assim tão facilmente. — Konstantin é um monstro! Um homem controlador e instável que se deixa levar por qualquer provocação!

— E você acha que isso é uma particularidade dele? — a imperatriz zomba, olhando para a nora com profunda pena. — Oh, Mary, até mesmo eu sofri com a instabilidade de Pavel!

Instabilidade essa que levou ao assassinato dele. O quão possível é Konstantin ter o mesmo destino do pai? Mas a imperatriz Maria não está errada, até mesmo o doce Nicholas e o alegre Mikhail já se mostraram herdeiros do autoritarismo do imperador Pavel.

Porém pouco importa para Mary isso. Ela tem apenas um desejo: viver com os filhos o mais longe possível de Konstantin.

— Não estou pedindo permissão para ir embora, nem cogito qualquer divórcio — Mary fala, encarando quase suplicante a imperatriz —, peço apenas um alívio do meu sofrimento.

O casamento não seria desfeito, nenhuma ordem canônica seria necessária da parte do clero Ortodoxo e não haveria medo algum de Konstantin contrair um outro casamento. É, com certeza, a opção mais viável e segura para ambos. Mas a imperatriz não concorda:

— Konstantin nunca está em casa, Mary! Não acha que já tem alívio o suficiente!? — Vivendo sempre com medo dele chegar? Mary ri com escárnio da sogra, que a repreende: — Não leve meu filho ao escárnio.

— Como esse que ele mesmo causou? — Toda a alta sociedade de São Petersburgo comenta sobre o acidente dele. — Meu pedido é justo; eu dei à Rússia um herdeiro homem.

— Mas não um sobressalente.

— Eu dei esse sobressalente, mas Konstantin o matou. — O tom dela é acusatório, embora faça apenas a imperatriz erguer arrogantemente a cabeça. — Farei uma última tentativa e depois, sendo homem ou mulher, terei uma casa separada.

— Embora ainda casada com meu filho — observa a imperatriz, semicerrando os olhos na direção dela. — Qual o seu objetivo, Mary?

O objetivo? Essa ação necessariamente precisa de um objetivo...? Mary sorri amplamente para a sogra e, rindo, simplesmente fala que é:

— Ser imperatriz da Rússia. — Nada mais que isso.

É o bastante para a imperatriz franzir o cenho, não pasmada ou assustada, mas sim perplexa com tamanha honestidade. Mas Mary novamente ri. Ações precisam ser tomadas; mudanças são necessárias... A humilhação chegou ao fim...

*****

Theatre Royal, Covent Garden

— Se um santo anjo fosse à Inglaterra e desse sua mensagem antes dele chegar, para que uma rápida bênção possa retornar a este país sofredor que geme sob o peso desta maldita mão!
— Enviarei com ele minhas preces.

Dito isso, Lennox deixa o palco com o outro lord, à medida que tambores são tocados e as cortinas abaixadas. De fato, Macbeth é uma unanimidade shakespeariana, quase tão melhor que Otelo e Hamlet... Pelo menos Macbeth não leva a plateia ao público como Hamlet.

Mas o importante é que o intervalo começou e, naturalmente, a maioria das pessoas deixam seus lugares para ir ao toalete ou respirar um pouco. Richard, porém, não sairá do seu lugar hoje; ele não deseja cruzar com certas pessoas.

— Tem certeza? — Cathrine pergunta, olhando preocupada para Richard da saída do camarote. — Você sabe que hora ou outra eles mesmos virão.

— Sei que sim, mas não desejo perder o que me resta de ânimo falando sobre Niedersieg. — Nem Dinamarca ou qualquer outro país. Mas Cathrine continua preocupada, então Richard sorri. — Pode ir em paz, Cathrine.

Apesar de ainda hesitante, ela assente e deixa Richard sozinho no camarote. Será um bom tempo para pensar... Ou talvez não pensar, pode até ser pior. Richard pega a programação da noite e começa a lê-la, aproveitando o breve silêncio...

— A marquesa não parece gostar muito de Macbeth. — Richard sente um frio na espinha ao ouvir essa voz... Canning. — A favorita dela é... deixe-me adivinhar... Hamlet!

— Romeu e Julieta. Cathrine odeia Hamlet, é longa demais. — E uma ofensa à Dinamarca... Dinamarca... Richard semicerra os olhos para o secretário. — Já não me perturbou o suficiente, Canning?

— Infelizmente, para você, não. — Canning senta-se ao lado dele e, olhando para os outros camarotes, sorri. — Você tem sorte, Bristol, Portland gosta muito da sua família.

Gosta tanto que se recusou a ajudá-lo com Niedersieg; Richard volta-se para frente e nega. Mas o que Canning deseja agora? Melhor ainda, o que ele queria antes!? Richard não precisa saber...

— Estamos prestes a enviar navios para... garantir a neutralidade dinamarquesa — Richard franze o cenho para Canning, que sorri irônico e acrescenta: — Talvez seja bom um diplomata, o que acha de Francis Jackson?

Mas Richard fica em silêncio, tentando entender as palavras de Canning. Enviar navios para a Dinamarca? Um diplomata!? A ameaça de guerra do governo britânico é tão real assim...!? Tão fatal assim!?

— Acho que seu conhecimento sobre os dinamarqueses é falho. — O tom dele é feroz, pouco contido. — Faz quase um século que a Dinamarca não entra numa guerra, então por que entraria agora?

— Porque Bonaparte é um psicopata que já humilhou e destruiu inúmeras monarquias! — responde Canning, agora deixando qualquer ironia ou falsidade. — A fraca Dinamarca cairia tão rápido quanto... quanto seu Niedersieg.

A raiva apodera-se de Richard, embora não pela Dinamarca ou seus parentes destronados, mas sim por... Richard levanta bruscamente e se afasta de Canning.

— Não sou obrigado a escutá-lo!

— É sim, ou sua esposa o odiará para sempre! — Os olhos de Richard arregalam com a ameaça de Canning, que levanta a aproxima-se dele. — Caso o príncipe regente não acate nossas demandas, atacaremos Copenhagen e destruiremos a frota dinamarquesa.

Pode parecer o mais surpreendente, ou talvez a parte mais digna de horror, mas... Richard nega, agora ele entende agora qual o objetivo de Canning e de Portland: querem usá-los nessa empreitada contra a Dinamarca! Usar os contatos deles!

Ainda negando, Richard abre a boca e... Cathrine entra no camarote, assustando brevemente ambos os homens. Parece até uma repetição do que houve mais cedo, porém agora... O olhar de Cathrine é muito mais desconfiado.

— Eu esqueci minha bolsa — ela avisa, adentrando mais ainda e pegando a dita bolsa... sempre olhando para eles.

— Ótimo, vou acompanhá-la ao salão. — Richard pega o braço de Cathrine e a conduz para fora. — Até mais, Canning.

— Foi uma conversa muito boa. — O secretário do estrangeiro sorri e inclina a cabeça. — O que acha do general Wellesley, madame?

Arthur Wellesley? Mas Richard e Cathrine deixam o camarote antes de qualquer acréscimo maior. A desconfiança dela torna-se cada vez maior e... também torna-se mais difícil esconder.

*****

Palácio de Ludwigsburg, Ludwigsburg

Sentada ao piano, a princesa Katharina toca um dos recentes concertos vienenses do tal Beethoven. É uma composição curiosa em dó menor... os constantes acordes quebrados... É uma pena que apenas o rei, a rainha e Anne tiveram a chance de ouvir o próprio Beethoven.

— Lembro-me da noite de estreia desse concerto, foram três obras numa noite só — o duque Ferdinand comenta, observando Katharina junto dos irmãos mais velhos e Fritz. — Foi algo diferente, embora igual, de todo o resto.

— Pergunto-me se em Paris, ou Kassel, não importa, ela poderá tocá-lo. — O duque Wilhelm nega num suspiro. — Pobre Katharina, diga-me um grande compositor francês?

— Lembre-se de avisá-la sobre o arrivista, Fritz, sua irmã não merece tanta humilhação assim. — Mas a atenção de Fritz está apenas em Anne, sentada ao lado da rainha, tanto que o duque Ludwig acrescenta: — Não tente disfarçar, ela sabe que você olha.

— Mas ignora. — O máximo que ela faz é olhar descaradamente para trás. Fritz nega. — Qual o objetivo dela, hein?

— Qual o seu objetivo? — Ele franze o cenho para tio Ludwig, que volta-se a Katharina.

Fritz até tenta encontrar alguma explicação com os outros tios, mas eles também retornam a atenção para Katharina. Estão dizendo que isso é culpa dele?... Mas isso todo mundo sabe que é verdade! Ele também retorna ao concerto, embora não tire os olhos de Anne.

Não demora muito, porém, e Anne, após sussurrar algo para a rainha, faz uma mesura aos soberanos e deixa a sala. Inicialmente Fritz não faz nada, mantém-se ao lado dos tios... Mas não demora para ele ir atrás dela.

— Está fugindo de mim!? — Fritz grita ao entrar num corredor que Anne já está no final. — Eu não mordo!

Mas ela simplesmente vira num outro corredor, sem ao menos olhar para trás. É o bastante para fazê-lo parar, embora... Sorrindo satisfeita, Anne entra nos aposentos da princesa herdeira e segue para o dormitório... E o sorriso dela morre.

— Como você chegou tão rápido aqui? — Sentado na cama dela, Fritz sorri e dá os ombros. Anne adentra no dormitório. — Isso não é... invasão?

— Somos casados, eu poderia violentá-la agora mesmo e a lei ainda estaria comigo. — Afinal de contas, Anne pertence a ele. Fritz levanta da cama. — Mas fique tranquila, não preciso de força para tê-la.

Um irônico sorrisinho aparece nos lábios de Anne, fazendo Fritz arquear a sobrancelha. Ela se acha tão superior assim? Porém nada mais é dito, o silêncio instaura-se com os dois se encarando fixamente.

— Partirei amanhã com Katharina para Straßburg — Fritz então fala, sorrindo de lado e aproximando-se de Anne. — Não vai me dar um beijo de despedida?

— Suplique. — O sorriso dele instantaneamente morre, enquanto o de Anne aumenta mais ainda. — Faça uma boa viagem e, se puder, passe em Baden-Baden, as águas são maravilhosas!

Rindo com ironia, Anne dá as costas e segue para a penteadeira. O silêncio retorna, mas... Fritz não aprecia nenhum pouco isso... Não aprecia nada disso! A paciência dele acabou!

— O que você quer de mim, Anne? — Mas ela parece não escutar, aumentando mais ainda a raiva dele. — Qual o seu plano ao chamar minha atenção e depois ignorar!?

— Está falando comigo? — Anne pergunta, olhando de lado para ele.

— É uma brincadeira, por acaso!? — Marchando até a penteadeira, Fritz agarra Anne, que o encara. — Está querendo me enlouquecer!?

As palavras dele são mais que furiosas, elas mostram um desespero tão grande que é como se ele realmente estivesse louco. E a única ação de Anne é sorrir, mas sorrir de uma forma tão... Ela apoia as mãos no peito dele e sussurra:

— Suplique.

A respiração dele torna-se ofegante; Fritz encara fixamente Anne e... Ele a beija desesperadamente, abraçando-a e levando para a cama. E Anne não mostra nenhuma oposição, ela retribui tudo com um sorriso... Um friamente satisfeito sorriso...

*****

Theatre Royal, Covent Garden

É noite no Castelo em Dunsinane e o médico e a dama de companhia observam perplexos Lady Macbeth confessar, durante um momento de sonambulismo, seus crimes cometidos com Macbeth.

— Lave as mãos; vista a camisola; não fique assim tão pálido. Torno a dizer-vos: Banquo está morto; não poderá sair da sepultura.

O público “burguês” olha com encanto para Sarah Siddons, amando-a e ao mesmo tempo odiando por Lady Macbeth. Um sentimento de amor e ódio que estende-se até entre a elite nos camarotes, porém de uma forma levemente diferente.

— Para a cama! Para a cama! Estão batendo no portão. Venha, venha! Dai-me a mão. O que está feito não pode ser desfeito. Para a cama, para a cama, para a cama!

E Lady Macbeth deixa o palco, recebendo aplausos da plateia, mesmo com a dama de companhia e o médico ainda falando. E os aplausos tornam-se ainda mais intensos quando as cortinas são baixadas para a troca de cena.

— Não entendo; francamente, não entendo. — No camarote dos Bristol, Cathrine nega lentamente. — Estamos no meio de uma guerra e os londrinos preferem a trágica Sarah Siddons ao engraçado Joseph Grimaldi!?

— É tudo uma questão de carisma, Cathrine. — Isso é uma parcialidade da parte de Richard, embora correta. — Sarah Siddons é inegavelmente uma musa, enquanto Grimaldi é... um palhaço.

— Literalmente — Cathrine sussurra e, pensando um momento, sorri. — Adam gostou muito dele em Mamãe Ganso.

Mas Richard simplesmente volta-se para o palco. Ele nunca negou seu desgosto com palhaços e arlequins, e Cathrine lembra muito bem dos inúmeros comentários dele sobre a “estranheza dessas figuras”... O que também não é mentira.

Não tarda muito e o Macbeth de John Philip Kemble entra em cena, revelando a revolta contra ele em andamento...

— Você está tão calado. — Nenhuma resposta é dada por Richard, mas Cathrine continua: — Não há nada que deseja me falar, Richard?

— Há algo em específico que você deseja saber? — Ele sequer olha para ela; foca apenas no palco e no camarote... — O príncipe de Gales sorri tanto para Sophia, nem parece que Caroline foi inocentada.

— Refiro-me às suas conversas com Canning — mas Cathrine insiste e agarra a mão do marido, que finalmente a encara. — Por favor, Richard, conte-me!

— Você fala como se eu estivesse prestes a assassinar alguém. — Richard afasta o toque dela e nega num suspiro. — Por que tanto interesse nisso?

— Porque sei que está escondendo algo de mim! — Os olhos dele arregalam com as palavras de Cathrine, mas ela ainda continua: — E sei mais ainda que envolve a Dinamarca!

É nítido, claro como a luz do sol...! Bem como o bastante para chamar alguma atenção. Mas o marquês e a marquesa continuam se encarando fixamente; Cathrine está determinada a saber... Porém Richard retorna a atenção ao palco.

Um tenso silêncio instaura-se entre os dois à medida que a revolta contra Macbeth ganha força. O único que pode derrotar o tirano usurpador é Macduff, resultando assim numa “batalha” entre os dois irmãos Kemble.

— Venha, Macduff! E que maldito seja o primeiro que gritar: Estou cansado!

A luta que segue-se no palco é relativamente curta, mas feroz o suficiente, até que os dois Kemble saem do palco e suas sombras desaparecem. Todos sabem o que virá depois, mas ainda assim o público mostra-se tenso com o destino de Macbeth e Macduff.

Todos olham atentamente para o palco, talvez não o príncipe de Gales... Mas, com certeza, Cathrine não olha, tanto que Richard...

— Melhor a dúvida da ignorância a agonia do conhecimento — ele afirma convicto, voltando a encará-la. — Aceite meu conselho, Cathrine, é para o seu bem.

— Sei que é, mas meu coração não aceita. — Fecha os olhos e negando, Cathrine fala: — Você gostaria de ficar no escuro em relação a Niedersieg?

— Atenção! Peço a todos atenção! — É o príncipe de Gales, que traz os olhares de todo o teatro. — Tenho um anúncio muito importante a fazer!

E até mesmo os atores olham confusamente na direção do alegre príncipe; o retorno de Macduff com a cabeça de Macbeth terá que esperar. Richard e Cathrine se entreolham, não entendendo nada do que acontece.

— Não tomarei muito tempo, fiquem tranquilos. Mas é algo muito especial! — o príncipe garante, sinalizando para Sophia, ao lado dele. — Desejo avisar que, dentro de alguns meses, o rei terá outro neto Kendal!

Fortes aplausos imediatamente irrompem pelo teatro, onde até mesmo os atores no palco veem-se obrigados a também aplaudir. Parte de atenção volta-se ao camarote dos Bristol, que inicialmente encaram perplexos os Kendal. Mas logo também aplaudem.

A peça logo reinicia e, quando a atenção de todos retorna ao palco, Cathrine levanta e deixa o camarote. Mas que situação... Ela sente uma grande vontade de chorar, e chorar muito! Já faz quase dois anos!

No hall dos camarotes, o único destino dela é sair desse teatro e voltar para junto do filho. Isso até que Cathrine tem uma mão agarrada por Richard.

— Cathrine, por favor...

— Não quero falar desse assunto, Richard! — ela fala firmemente... fechando dolorosamente os olhos. — Dói, sabia? Dói muito, mas não quero!

— Garanto que teremos... — Garante? Cathrine nega numa triste risada. É impossível garantir... e ele sabe. — Vamos nos alegrar com eles.

— Estou muito feliz por Robert e Sophia, tenha certeza disso. — Cathrine vira-se para trás e encara fixamente Richard. — O problema é outro.

Os olhos de Richard arregalam dolorosamente com essa afirmação, mas Cathrine simplesmente segue para a escadaria. Mas, novamente, Richard agarra o braço dele, embora dessa vez... Cathrine vê uma furiosa dor nos olhos dele.

— Sua Dinamarca mostrou-se hostil demais à Grã-Bretanha. — A preocupação toma o rosto dela. Mas nada a preparou para as palavras seguintes de Richard: — O governo do duque de Portland considera a guerra inevitável.

Os olhos de Cathrine não arregalam em horror, na verdade ela grita em horror. Um horror tão grande que abraça fortemente Richard e começa a negar. Sendo tomado pelo arrependimento, ele a abraça fortemente. Cathrine é incapaz de acreditar que a Dinamarca... Será destruída!