Entre beijos e paixões
O que tiver de ser, será...
No orfanato...
Bia revirava suas coisas no quarto das meninas.
– Ai não, era só o que faltava! – Bufou, furiosa.
– O que foi Bia? – Perguntou Cris, entrando no quarto.
– Eu não acho a minha carteira! – Respondeu Bia.
– Que carteira? – Perguntou Cris.
– A que eu sempre ando junto, com o meu CPF e RG! – Falou Bia.
– Eita caralho! – Exclamou Cris. – Não acredito que você perdeu sua documentação! – Completou.
– Assim você também não ajuda! – Reclamou Bia, deixando Cris com cara de tacho. – Ai meu Deus eu já sei – Exclamou.
– Sabe o que? – Perguntou Cris.
– Devo ter perdido hoje mais cedo na praça. – Deduziu Bia. – Na hora em que o imbecil do Paçoca me deu um esbarrão, só pode ter sido isso… – Afirmou.
– Xi… Então vai ver que foi ele quem te roubou e você não percebeu! – Afirmou Cris.
– Impossível! – Afirmou Bia. – Tava no meu bolso, deve ter caído. – Deduziu.
– Tendi. – Concluiu Cris. – Então é melhor você ir falar com a Carol, e avisar.
– É, vou fazer isso… – Disse Bia, saindo do quarto.
Na sala…
Ana aguardava sua mãe na sala. Enquanto Teca e Tati usavam os computadores.
– Olha só, é muito linda essa cidade que o Fábio tá morando. – Dizia Teca admirando as fotos de Fábio passeando pela cidade de Xangai, na China.
– Uau! – Exclamou Tati, admirada. – É lindo mesmo! Vem ver Ana. – Chamou. Ana foi em direção as garotas.
– Nossa, que paisagem linda! – Afirmou Ana.
– Quem sabe um dia ele não te convide pra visitar a China, Teca! – Afirmou Tati.
– Acho meio difícil. – Disse Teca.
– Ué, mas você não tá mantendo o contato com ele? – Perguntou Ana.
– Mais ou menos… – Disse Teca. – Eu mando mensagens e ele me responde, mas nunca encontro ele online, por causa do fuso horário.
– Tenta hoje, é fim de semana, é só você ficar acordada até tarde e falar com ele. – Sugeriu Tati.
– Tem razão! Como eu não pensei nisso antes? – Perguntou-se. Nessa hora Thiago desceu as escadas e foi em direção de Ana. Ao chegar perto da garota, a agarrou por trás, e beijou seu pescoço, fazendo com que a mesma se arrepiasse.
– Ai Thi… – Disse Ana, sem jeito.
– Eita hein, já tão assim? – Perguntou Teca.
– Tá com inveja? – Perguntou Thiago abraçado a Ana.
– Não mesmo, eu já tenho namorado. – Disse Teca.
– O Fábio? – Perguntou Thiago rindo. – Nossa que gostão, namorar alguém que não pode abraçar, nem beijar, nem nada. – Zombou.
– Para Thiago… – Pediu Ana.
– Pelo menos ele é mais maduro do que você! – Exclamou Teca, saindo com raiva.
– Nossa Thiago, que insensível! – Afirmou Tati, irritada, indo atrás da amiga, Thiago apenas riu da situação, então Ana o encarou.
– O que foi amor? – Perguntou Thiago.
– Qual a necessidade disso, Thi? – Perguntou Ana.
– Foi só uma brincadeira. – Falou Thiago.
– Mas tocou na ferida da Teca. – Afirmou Ana.
– Não tenho culpa se a verdade dói. – Falou Thiago. – A culpa não é minha se ela namora alguém que mora no outro lado do mundo. – Completou.
– Ah, e se fosse eu? – Perguntou Ana.
– Você o quê? – Perguntou Thiago.
– Se eu me mudasse pro outro lado do mundo, quer dizer que você não me namoraria mais? – Perguntou Ana. Thiago ficou em silêncio por alguns segundos. – Responde Thiago! – Pediu.
– Ah Ana, mas esse não é o nosso caso, e você nunca vai se mudar pro outro lado do mundo, vai se mudar pra casa da sua mãe que é aqui na vila. – Desconversou Thiago.
– Hum… – Concluiu Ana. Nessa hora a campainha tocou. – É a minha mãe. – Disse Ana, indo abrir a porta. – Oi mãe! – Exclamou ao ver sua mãe.
– Está pronta, querida? – Perguntou Madame Esmeralda.
– Sim estou, mãe! – Afirmou Ana, sorrindo. – Tchau Thi… – Despediu-se. – Volto mais tarde.
– Tchau Aninha… – Despediu Thiago. – Será que ela ficou brava por eu não ter respondido? – Perguntou-se, confuso.
Na comunidade…
Pata encontrava-se pensativa no sofá de sua sala. Quando Mosca aproximou-se e sentou ao seu lado.
– Ta tudo bem mana? – Perguntou Mosca.
– Tá… – Respondeu Pata, suspirando. – Por quê? – Perguntou.
– Precisa eu falar? – Perguntou Mosca. – Eu percebi que você tá estranha, desde que chegou do encontro com o Duda. – Afirmou. – É como se tivesse refletindo sobre algo. – Deduziu. Nessa hora Pata o encarou.
– Ah… Não é nada, é besteira. – Disse Pata.
– Ah então aconteceu algo! – Deduziu Mosca. – Óh Pata, se o idiota do Duda tiver feito algo, me fala que ele vai se ver comigo! – Afirmou, cerrando os punhos.
– Ai Mosca, não é nada disso! O Duda não fez nada. – Afirmou Pata.
– Pata, eu te conheço, só pode ter acontecido alguma coisa pra você tá assim. – Disse Mosca.
– Ai Mosca, me deixa! – Exclamou Pata, saindo com raiva.
Perto dalí…
Após descobrir a verdade, Paçoca pediu que o tio fosse ao orfanato e se aproximasse de Bia, para ganhar sua confiança, e então pedisse a guarda da garota, porém o homem não deu certeza, dizendo apenas que pensaria no caso. Em seguida o garoto decidiu sair um pouco, e andar pela comunidade, este parou no sambão, e sentou-se numa das mesas, pensativo. De repente, vários flash backs, de momentos com Bia vieram a sua mente.
Flash Back on
( Ocorrido no cap 7)
– Ora, ora, ora se não é uma das amiguinha do Mosca... – Disse o indivíduo se aproximando. Bia se virou para ver quem era, então logo viu que se tratava de Paçoca e seus comparsas.
– Sai de perto de mim! – Ordenou Bia levantando-se.
– Olha só… Ela é valentona galera. – Zombou Paçoca, fazendo os amigos rirem. – Agora chega de papo, passa logo a grana aê!
– Eu não tenho dinheiro! – Exclamou Bia.
– Coé? Cês são riquinho que eu sei! Passa o celular então! – Gritou.
– Eu não trouxe nada comigo, porque você não dá o fora daqui, seu mendigo de merda! – Gritou Bia.
– Comé que é? – Nessa hora Paçoca se enfureceu. – Cê me chamou de quê? – Perguntou aproximando-se da garota. De repente Paçoca segurou Bia fortemente pelo braço.
– Me solta! Você tá me machucando! – Gritou a garota.
– Olha aqui sua patricinha marrenta, ninguém fala assim comigo e sai de boa! – Sussurrou Paçoca ao ouvido de Bia. Este continuava apertando o braço da garota.
– Me solta, seu viado filho de uma puta... – Ordenou Bia mais uma vez. Porém Paçoca dessa vez tirou um canivete do bolso e apontou pro rosto da garota.
– Peça desculpa pelo que você falou, se não quiser ter esse rostinho lindo cortado! – Avisou Paçoca.
(Ocorrido no cap passado)
– Ai, olha pra frente otário! – Exclamou Bia, sem olhar quem era.
– Qual é tá cega mina?! – Perguntou o garoto, também sem olhar quem era. Nessa hora Bia reconheceu a voz, então o encarou, e levantou-se bem rápido. – Ih! A lá quem é! – Exclamou.– A gostosinha de cabelo colorido! – Completou aproximando-se.
– Sai de perto de mim seu delinquente! – Exclamou Bia, empurrando o garoto.
– Qualé? Tu me derruba e ainda quer dá uma de durona, tá me tirando mina? – Perguntou Paçoca. – Passa logo uma grana aí! – Ordenou. Nessa hora Juca e Mili correram em sua direção.
– O que tá pegando? – Perguntou Juca. Bia e Paçoca passaram a falar ao mesmo tempo. – Um de cada vez, né? – Pediu.
– Ele esbarrou em mim, e agora tá querendo me assaltar! – Afirmou Bia.
– É mentira! – Afirmou Paçoca. – Ela que ficou me xingando, essa marrenta!
– Isso é verdade? – Perguntou Juca para Bia.
– Claro que é! – Exclamou Bia.
Flash back off
– Como eu pude te tratar assim maninha? Era você o tempo todo e eu não reconheci… – Lamentou Paçoca. – Como pude ser tão otário… – Completou, em lágrimas. Nessa hora Cícero, o pai de Tati e de Vivi, aproximou-se.
– E aí Paçoca, tá tudo bem aí? – Perguntou o homem.
– Oi qual é Cícero… – Cumprimentou Paçoca. – Tô de boa. – Afirmou.
– Tem certeza? – Perguntou Cícero.
– Sim… – Respondeu.
– Ok. – Concluiu Cícero. – Mas se tiver precisando de algo, é só falar. – Acrescentou.
– Ah, na verdade… – Iniciou Paçoca. – Só uma coisa… – Disse. Cícero esperou que o garoto prosseguisse. – O que a gente faz quando magoa alguém, e depois descobre que aquela pessoa é importante na nossa vida? – Perguntou.
– Você tá falando de alguma namorada, é isso? – Perguntou Cícero.
– Não. – Respondeu Paçoca. – Na verdade é, alguém da minha família. Nessa hora Cícero ficou surpreso, e ao mesmo tempo se familiarizou, pois lembrou de sua situação com Vivi.
– Veja bem Paçoca… – Iniciou. – Se você magoou alguém da família, converse e peça uma chance de se redimir, e aos poucos mostre que mudou, afinal família é família.
– É mais no meu caso, a pessoa não sabe que eu sou da família dela, e foi alguém que eu já tratei muito mau. – Explicou o garoto.
– E quem seria essa pessoa? – Perguntou Cícero.
– Minha irmã caçula. – Respondeu Paçoca. – Você conhece, porque ela mora no mesmo lugar que as suas filhas. – Afirmou Paçoca. Nessa hora, alguém que chegava no sambão teve a atenção voltada para a conversa.
– No raio de Luz? – Perguntou Cícero, ainda mais surpreso. – E quem é a garota?
– Se chama Beatriz, mais conhecida como Bia. – Respondeu Paçoca. Surpreendendo não apenas a Cícero, como a alguém que estava sentado atrás. – A que tem o cabelo colorido.
– O que tem a Bia? – Perguntou Pata, de surpresa. Esta apesar de ter escutado parte da conversa, não ouviu a parte principal, sobre Bia ser a irmã de Paçoca. Paçoca nada disse, mas a expressão em seu rosto já dizia tudo: FODEU! – Vamo ver, fala logo! – Ordenou Pata.
– O que você ouviu? – Perguntou Paçoca.
– Ouvi o suficiente pra saber que você tava falando sobre a Bia. – Disse Pata. – Diz logo, oque você quer com a minha amiga?! – Ordenou a garota irritada.
– Ah, então foi só isso? – Perguntou Paçoca aliviado.
– Ah Pata, não foi nada. É que o Paçoca veio me dizer que viu a minha filha discutindo com uma das colegas do orfanato, eu perguntei quem era e ele me respondeu que era a Beatriz. – Mentiu Cícero, para ajudar o garoto.
– Ah, sério? A Bia e a Vivi brigando? – Perguntou Pata, admirada. – Hum, pode ser, a Bia briga com todo mundo mesmo. – Acrescentou, logo esta sentou-se longe.
– Nossa Cícero, valeu! – Agradeceu Paçoca, pela ajuda. – Não sei como agradeço, tu é firmeza! – Sussurrou.
– Eu não ia deixar que um mau entendido estragasse seus planos. – Disse Cícero. – Mas olha, espero que você tenha mudado mesmo, pra que não decepcione a sua irmã, quando ela souber a verdade.
– Eu sei. – Disse Paçoca. – E eu mudei. – Respondeu. – Vou fazer de tudo pra que ela me perdoe pelas coisas que fiz. – Afirmou.
– Vai querer alguma coisa? – Perguntou Cícero.
– Ah, hoje eu quero, tenho uma grana boa. – Disse o garoto. – Traz ae um prato caprichado de baião de dois, com carne-seca! – Pediu.
Na casa da madame Esmeralda…
Ao chegar Ana foi com sua mãe até o quarto que seria seu, e ao chegar lá teve uma grande surpresa.
– Nossa mãe! – Exclamou. – Você já decorou o quarto, e tá do jeito que eu tinha pensado! – Afirmou. – A não ser pela cor da parede… – Acrescentou observando a parede branca.
– Na verdade foi proposital. – Disse Madame Esmeralda. – Pois você quem irá pintá-la com o desenho que quiser. – Revelou.
– É sério?! – Perguntou Ana, animada. – Obrigada mãe!!! – Exclamou abraçando sua mãe.
– Você está animada, querida? – Perguntou Sua mãe.
– Sim, muito, não vejo a hora de me mudar, na semana que vem. – Disse Ana.
– Não está triste porque vai deixar o orfanato? – Perguntou Esmeralda.
– Bom, eu vou sentir falta, de dormir no quarto junto com as meninas, das brincadeiras, da Pipoca, do Thiago… – Afirmou Ana. – Mas por sorte aqui é pertinho de lá, e vou ver eles todo dia na escola. – Completou. – Né? – Perguntou.
– É sim, querida. – Disse Esmeralda. Porém o tom de sua voz pareceu um tanto inseguro.
***
Mais tarde…
Era tarde da noite, quando Teca resolveu descer até a sala para usar o computador. Logo esta entrou em sua rede social e procurou Fábio.
– Entra Fábio, por favor, entra… – Disse olhando o perfil do garoto. Teca esperou mais ou menos uns 15 minutos, e nem sinal de Fábio, a garota já estava desistindo, até que… – Não acredito, ele entrou! – Exclamou, sorrindo.Conversa on Teca: Oi Fábio! Nem acredito que você entrou.
Fábio: Oi Teca, nossa que horas são aí?
Teca: 23:28, e aí?
Fábio: 10:28 da manhã. O que faz acordada a essa hora?
Teca: Bom, como eu não vejo você online por causa do fuso horário, eu decidi ficar acordada até tarde, pra verse conseguia falar com você.
Fábio: Sério? Fez isso apenas pra poder falar comigo?
Teca: Sim, você não gostou?
Fábio: Claro que gostei! Quer conversar por vídeo?
Teca: Claro! :)
Fábio solicitou uma chamada de vídeo*
Ao ver Fábio por vídeo, Teca se emocionou.
– Fábio! – Exclamou.
– Teca! – Exclamou o garoto. – Não sabe o quanto eu senti falta de te ver…
– Eu também amor… – Afirmou a garota, em lágrimas.
– Tá chorando? – Perguntou Fábio.
– Um pouquinho… – Disse Teca.
– Bùyào kū, wǒ zài zhèlǐ. Wǒ ài nǐ… – Disse Fábio, em chinês.
– Hã? Isso é chinês? – Perguntou Teca.
– Sim é… – Disse Fábio sorrindo.
– E o que significa? – Perguntou Teca.
– Eu disse: Não chore, eu estou aqui. Eu te amo. – Traduziu Fábio. Deixando a garota vermelha.
– Eu também te amo… – Disse, sorrindo. Ambos conversaram por tanto tempo que a conversa acabo entrando pela madrugada. (ou pela tarde, na China e.e)
***
Horas depois…
– Teca?! – Chamou uma voz distante. – Teca! – Exclamou novamente, despertando a garota, era seu padrinho, Chico. Teca havia adormecido, em frente ao computador.
– Ai, oi padrinho? – Respondeu a garota, sonolenta.
– Você passou a madrugada na internet, Tequinha? – Perguntou Chico.
– Hã? – Perguntou Teca aérea. – Ah, foi, é que eu tava falando com…
– Com quem você tava falando, menina? – Perguntou Chico.
– Ah, não, ninguém, eu tava fazendo uma pesquisa pra escola. – Mentiu. – De madrugada? – Perguntou Chico.
– E o que é que tem? – Perguntou Teca, revirando os olhos.
– Não é um horário adequado pra alguém da sua idade está na internet, mocinha. – Aconselhou seu padrinho.
– Aff, não me interessa o que você pensa Chico! – Retrucou Teca, subindo as escadas. Nessa hora, Bia e Binho desceram para tomar o café.
– Bom dia Chico! – Exclamaram. – O café já tá pronto? – Perguntou Binho.
– Bom dia crianças! – Exclamou. – Levantaram cedo! – Afirmou. – Sim já está pronto. Logo ambos direcionaram-se a cozinha. Em seguida Rafa, Tati e Vivi também desceram.
– Bom dia Chico! – Exclamaram.
– Bom dia crianças! – Respondeu Chico. Nessa hora a campainha tocou. – Podem deixar que eu atendo. – Completou, atendendo a porta. Rafa e Vivi seguiram para a cozinha, porém Tati ficou, para amarrar o cadarço do tênis, então acabou vendo quem era. – Pois não? – Perguntou Chico.
– Oi, aqui continua sendo o orfanato raio de luz? – Perguntou um homem, a porta. – Sim continua, o que o senhor deseja? – Perguntou Chico.
– Gostaria de falar com a diretora, sobre uma das crianças daqui. – Afirmou o homem. Era Edgar, o tio de Paçoca e Bia. Ao ouvir isso Tati correu em direção a cozinha, e avisou a todos que lá estavam e chegavam.
– Gente, você não sabem o que eu acabei de ouvir! – Exclamou a menina.
– Desembucha pirra! – Ordenou Bia.
– Acabou de chegar um homem pedindo pra falar com a Carol. – Iniciou.
– E o que a gente tem a ver com isso? – Perguntou Thiago chegando a cozinha, com os outros garotos.
– Tudo! – Afirmou Tati. – Porque ele veio falar sobre uma das crianças daqui! – Revelou, deixando todos tensos.
Na diretoria…
– Carol, tem um rapaz querendo falar com você. – Avisou Chico. – Ele disse que se trata de uma das crianças. – Completou.
– Sobre uma das crianças? – Perguntou Carol, curiosa. – Hum, pode mandar ele entrar Chico. – Pediu. Nessa hora Chico pediu para que o homem, que esperava no corredor até então, entrasse na sala.
– Com licença… – Pediu entrando. Chico se retirou.
– Toda. – Disse Carol. – Carolina Correa, a diretora. – Apresentou-se Carol, formalmente.
– Edgar. – Cumprimentou o homem.
– Sente-se por favor. – Pediu Carol. O Homem sentou-se, logo Carol prosseguiu. – Então, disseram que o senhor gostaria de falar sobre uma das crianças, estou certa?
– Sim, está. – Afirmou o homem.
– Do que exatamente se trata? – Perguntou Carol. – Bom, Carolina, a muito tempo atrás eu deixei uma criança aqui, a minha sobrinha. – Iniciou o homem. – A mãe dela faleceu e eu não tinha condições de criá-la, então o Raio de luz foi a única opção. – Explicou. – Até então, eu acreditava que a garota havia sido adotada, pois nunca mais ouvi falar da menina, mas, aconteceu algo que me mostrou que eu estava errado.
– O que aconteceu, quem é a sua sobrinha? – Perguntou Carol.
– Ontem andando na rua eu encontrei isto. – Disse Edgar, mostrando a carteira de Bia. – Eu decidi abri-la para ver de quem era, e procurar o dono, mas ao fazer isso me deparei com uma grande surpresa, toda a documentação da menina que eu deixei aqui há anos, ou seja, minha sobrinha. – Concluiu, mostrando a foto.
– A Bia?! – Exclamou Carol, surpresa.
Na cozinha…
– Ai gente, quem será esse homem? – Perguntou Cris, curiosa.
– Será que ele quer adotar alguém? – Perguntou Neco.
– Ou então, será que ele é pai de alguém daquí? – Perguntou Maria.
– Como era o jeito desse homem Tati? – Perguntou Mili.
– Alto, mas não muito, forte, cabelos e olhos claros. – Descrever Tati.
– Nossa não bate com ninguém daqui. – Disse Teca.
– Caham… – Pigarreou Cris. – O Samuca tem olhos claros se você não notou! – Exclamou.
– O Binho também… – Acrescentou Bia.
– Não é ninguém da minha família, porque meu pai faleceu, e meu avô. E os olhos claros eu puxei deles. – Contou Samuca.
– Eu acho que não é ninguém da minha família também. – Disse Binho, seguro.
– Ai meu Deus, então o que será que ele quer? – Perguntou Cris, dramatizando.
– Vai ver ele é um caçador de talentos! Ou um empresário da moda e veio me procurar! – Disse Vivi, animada, fazendo todos a encararem com cara de tacho.
– Aff, vocês tão fazendo um viajando. – Disse Bia, sem paciência. – Deviam esperar a Carol chamar o nome de um de nós e seguir normalmente até a sala, pra ver o que esse homem quer. – Completou. Nessa hora Carol chegou a sala. – Bia…
– Chamou. Fazendo a garota arregalar os olhos. – Por gentileza princesa, me acompanhe a diretoria. – Pediu. Nessa hora todos ficaram nervosos, principalmente Binho.
E assim, na diretoria...
– Bia, este é o Edgar. – Disse. – Oi Bia, tudo bem? – Perguntou o homem a cumprimentando. – Oi, tudo… – Respondeu Bia. – Bom, princesa, o motivo de eu ter lhe chamado foi que o Edgar encontrou sua carteira e…
– Ah! Foi só por isso? – Perguntou Bia aliviada. – Ufa! – Exclamou. – Já tava pensando que ele podia ser meu pai. – Completou rindo.
– Seu pai não Bia. – Respondeu Carol. – Seu tio. – Completou, dando um susto na garota.
– O quê?! – Exclamou Bia. Logo o homem passou a explicar toda a situação. No início, Bia desconfiou que não fosse verdade. – E se ele for um serial killer que encontrou meus documentos e resolveu vir me sequestrar e depois me matar?! – Perguntou desconfiada. O homem riu da situação.
– Eu tenho algo aqui, que talvez faça você tirar esse pensamento errado da cabeça. – Disse Edgar. Logo, mesmo lhe mostrou uma foto, de uma mulher com um bebê.
– Quem é?! – Perguntou Bia.
– Essa é a minha irmã Fabiana, sua mãe. – Respondeu Edgar. Bia passou um tempo encarando a foto, encantada com a semelhança, que havia entre ela e a mulher.
– E onde ela tá? – Perguntou Bia.
– Eu vou deixar que vocês conversem a sós. – Disse Carol, saindo.
– Infelizmente ela faleceu, quando você tinha 3 anos. – Disse Edgar. Bia ficou bastante triste com a notícia, porém se manteve forte.
– Ela era linda… – Afirmou.
– Sim, era… – Disse Edgar.
Bia e Edgar passaram um bom tempo conversando, e nessa conversa o homem esclareceu todas as dúvidas da garota, como os motivos os quais levaram o mesmo a deixá-la no orfanato, e o porque da volta dele, anos depois. Logo o homem afirmou que naquela época, não tinha condições de sustentá-la, porém, que agora era diferente, pois havia se dado bem na vida. E ao achar seus documentos e saber que a garota não havia sido adotada, decidiu procurá-la. No fim da conversa ficou decidido que ambos teriam que fazer um teste de DNA, o mais rápido possível, para que fosse comprovado o parentesco.
***
– (…) Então, é isso gente, tudo indica que o Edgar é meu tio… – Concluiu Bia, após contar toda a história.
– Caracas! – Exclamou Thiago.
– Que baita coincidência, logo o seu tio encontrar sua carteira! – Afirmou Rafa. – Coisa do destino! – Afirmou Cris.
– É… – Disse Bia. – Só falta o teste te DNA pra confirmar o parentesco. – Completou.
– E quando vocês farão? – Perguntou Samuca. – Amanhã, depois da escola – Respondeu.
Todos ficaram felizes por Bia, e a parabenizaram, porém a garota percebeu que Binho ficou um tanto estranho, mesmo que demonstrasse estar feliz.
Depois, no quarto dos meninos...
Binho se encontrava pensativo no quarto quando Bia entrou, e trancou a porta.
– Binho… – Chamou.
– Oi gatinha… – Respondeu o garoto.
– O que você tem? – Perguntou.
– Nada, tava só pensando numas coisas. – Disse o garoto.
– Em quê exatamente? – Perguntou Bia. Binho ficou em silêncio. – Tem a ver com o fato de eu ter encontrado meu possível tio, não tem? – Perguntou, sendo direta. Nessa hora Binho a encarou.
– Se ele for seu tio mesmo, vai pedir sua guarda, e você vai morar com ele… – Disse Binho.
– É… – Confirmou Bia. – Mas por um período de experiência, que nem a Pata e o Mosca. – Completou.
– É… – Disse Binho, cabisbaixo. – O que significa que vai deixar o orfanato. – Disse o garoto, deixando uma lágrima escapar.
– Sim… – Disse Bia. – Mas ele não mora tão longe, ele mora no mesmo bairro da Pata e do Mosca, em Santana. – Acrescentou.
– Mas não vai ser a mesma coisa… – Disse Binho.
– Mas, nem sabemos o resultado do exame, vai que ele se enganou e não é meu tio… – Disse Bia.
– Ele é, Bia, pelo que você contou tá na cara, o exame é só pra provar. – Disse Binho. Houve um silêncio momentâneo.
– Olha pra mim Binho… – Pediu quebrando o silêncio. O garoto que até então estava cabisbaixo a encarou. – Eu te amo… – Afirmou. – E nada vai mudar entre nós, a não ser que seja pra melhor. – Completou.
– Eu também te amo Bia… – Respondeu. – E eu sei. – Completou. – Mas vou sentir saudades… – Afirmou.
– Eu também vou… – Disse Bia. Logo ambos passaram um tempo se entreolhando, e em seguida uniram seus lábios, dando início a um longo beijo.
***
No dia seguinte…
Na aula de teatro… Todos ensaiavam para a peça teatral.
– Cena 1, ação! – Exclamou o professor. Logo Vivi e Bia passaram a ensaiar seus papéis.
– (…) Alice, por… Deus, preste atenção na lição de história! Não queira ficar... Abobada? – Leu Vivi, com dificuldade.
– Xi… Tá difícil dela aprender o texto desse jeito, professor. – Zombou Janu. Alguns alunos riram.
– Vivi, um pouco mais de esforço por favor, você tá se enrolando muito nas falas. – Advertiu o professor.
– Ai professor a culpa não é minha que tem um monte de palavra estranha! – Disse Vivi, irritada.
– É que o texto é falado em linguagem formal. – Explicou Samuca.
– O que deixa a peça uma chatice. – Soltou Bia. Todos a encararam. – O que foi, eu tô falando a verdade, não tem graça nenhuma ter que falar: Óh! Para um coelho de traje a rigor está atrasado, há de ser para um baile a rigor. – Disse a frase do texto, debochadamente.
– Pior que eu tenho que concordar com a Bia, professor. – Afirmou Cris. – Com essa forma de falar, a peça vai ficar um tédio. – Completou.
– Pode pá! – Concordou Mosca.
– Mas pessoal, esse é o roteiro original da peça. – Explicou o professor.
– Bem que a gente podia personalizar, nem tudo precisa ser igual todo tempo. – Disse André.
– Boa André! – Disse Vivi.
– Bom, vendo por esse lado galera, até que vocês estão certos em pensar desse jeito. – Afirmou o professor.
– Alguém mais concorda que o roteiro está uma chatice? – Perguntou. Todos levantaram a mão, até mesmo Mili. – Então eu já sei o que nós faremos! – Afirmou o professor. Este decidiu modernizar as falas, e acrescentar comédia, e depois pediu para que os alunos colocassem um pouco de sua personalidade em seus personagens para que se familiarizassem mais.
– Nossa, se a Mili colocar a personalidade dela na rainha de copas, quem vai acabar tendo a cabeça cortada é ela! – Zombou Janjão, fazendo todos rirem, menos Mili e Mosca.
– Qual é cara, tá vacilando? – Perguntou Mosca irritado.
– Deixa Mosca. – Pediu Mili.
– Mas pior que nem tem como discordar dele, sinto muito amiga. – Disse Cris.
– Também acho. – Concordou Vivi. – A realidade é dura Mili, mas é que você é uma típica mocinha em apuros, não combina pra ser a vilã. – Completou. Todas aquelas críticas deixaram Mili desmotivada, porém…
– O que é ótimo! – Afirmou o professor. – Pois isso pra ela se torna um desafio, uma meta a ser cumprida! – Completou. – No teatro introduzir uma qualidade ou um defeito seu no personagem é ótimo, mas melhor ainda é brincar com o inverso, fazendo um personagem que é o oposto do seu! Sem sair do foco claro. – Explicou. – E então, preparada para encarar este desafio Milena? – Perguntou. Mili sorriu.
– Sim eu estou… – Disse Mili. – Não vou desistir por causa do que os outros pensam.
– Então é isso! – Concluiu o professor. – Agora vamos ensaiar, porque a peça é no sábado, e temos que está prontos! – Pediu.
Depois…
Na saída da escola…
O pessoal dava força a Bia, que aguardava a chegada de Júnior e Carol, que a levariam ao hospital para fazer o teste de DNA. Seu tio já esperava no hospital.
– Você tá nervosa, Bia? – Perguntou Ana.
– Um pouco… – Disse Bia.
– Relaxa amiga, vai dar tudo certo. – Disse Pata.
– É, pensa que o que tiver de ser será. – Disse Mosca.
– Ta bom… – Disse Bia.– Boa sorte, gatinha… – Desejou Binho, lhe dando um selinho.
– Boa sorte amiga! – Exclamaram as garotas, a abraçando.
– Bia! – Exclamou Carol de carro com Júnior. – Tá pronta princesa? – Perguntou.
– Vai lá amiga! – Disse Mili.
– A gente se ver mais tarde no orfanato. – Disse Cris.
– E a gente também vai dar uma passada lá mais tarde. – Acrescentou Pata, referindo-se a ela e Mosca.
– Tá, eu vou nessa. – Disse Bia, indo em direção ao carro.
Então os demais, exceto Pata e Mosca, foram para a van.
– O que tiver de ser será… – Disse, respirando fundo, e entrando no carro.
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