Entre beijos e paixões

Teste de parentesco, conversas e discusões...


Ao chegar no hospital, Bia logo encontrou Edgar, seu suposto tio, na recepção do local.

– Oi Bia! – Cumprimentou Edgar.

– Oi. – Respondeu Bia.

– Tá preparada pra fazer o teste? – Perguntou.

– Um pouco nervosa… – Disse a garota.

– Princesa, vem aqui. – Chamou Carol.

– Oi Carol. – Atendeu Bia, indo até Carol.

– Mantenha a calma princesa, vai dar tudo certo. – Disse Carol.

– Tá. – Disse Bia.

– Mas olha Bia, se por acaso ele não for o seu tio, não fique triste. – Disse a mulher.

– Relaxa, não vou ficar. – Disse Bia, confiante.

Nessa hora, Fernando a chamou junto de Edgar, para que os dois fizessem o teste.

– Vamos? – Perguntou Edgar.

– Aham. – Disse Bia.

– Me acompanhem. – Pediu Fernando.

***

Depois…

Após o teste de parentesco ser feito, dr. Fernando explicou que, como era um teste simples, os resultados deste sairiam na manhã do dia seguinte. Então, depois de saírem do hospital, Edgar pediu permissão a Carol para levar Bia a sorveteria, para que os dois se conhecessem melhor, e que ele contasse mais sobre sua mãe e sua família. Bia aceitou o convite, indo com o suposto tio à sorveteria próxima ao orfanato.

Na sorveteria, Edgar conversou bastante com Bia, sobre a mãe da garota, e sobre os problemas que passou, após a morte da mesma, o que dificultou sua disposição em criá-la. Depois de ouvir tudo com calma, Bia resolveu fazer algumas perguntas também.

– Você fala bastante da minha mãe, tio. Mas, e o meu pai, onde ele tá? – Perguntou Bia. Nessa hora seu tio ficou tenso.

– O seu pai? – Perguntou Edgar. – Faz tempo que eu não vejo aquele mal caráter! – Explodiu. E por mim, espero que ele esteja bem longe daqui.

– Por que essa revolta toda contra ele? – Perguntou Bia. – Ele é má pessoa? – Perguntou.

– A pior que já pôde existir! – Disse Edgar. – Ele abandonou sua mãe quando ela mais precisou, a deixou sozinha com os filhos, e doente. – Contou. – Se não fosse por mim…

– Pera, como assim “Com os filhos”? – Perguntou Bia, curiosa. – Eu tenho irmãos?! – Perguntou. Edgar demorou um tempo para responder a pergunta, até que...

– Sim, você tem… – Respondeu. – Um irmão mais velho. – Respondeu.

– Sério?! – Perguntou Bia, chocada. – E quantos anos ele tem? Qual o nome dele? Ele mora com você? – Perguntou a garota.

– Ele é mais velho que você três anos, portanto, tem 16. – Iniciou. – Se chama Carlos. – Respondeu. – E sim ele mora comigo, mas nem sempre foi assim...

– E quando você pretendia me contar isso? – Interrompeu Bia, irritada.

– Ia contar, quando achasse conveniente, mas já que você perguntou, não tive escolha. – Disse.

– Tá, mas por quê? – Perguntou Bia.

– Se você me deixar continuar, eu explico. – Disse o homem.

– Tá, foi mau. – Disse Bia.

– Então, como eu ia dizendo, nem sempre foi assim… – Iniciou. – Quando a sua mãe morreu, eu realmente não tive escolha, então decidi que levaria vocês, para um orfanato. Eu procurei o melhor da cidade, mas lá só aceitavam meninas, mas, mesmo assim, eu decidi mandar você pra lá, pois, eu queria o seu melhor. Mesmo que tivesse que separar você do seu irmão. – Explicou. – Depois disso, eu passei a procurar um lar para seu irmão, mas antes que conseguisse, o garoto desapareceu. Ele não entendeu o motivo da sua ida, e se revoltou contra mim, fugindo de casa. – Contou.

– Nossa… – Disse Bia, tensa com a história. – Mas então quer dizer que ele voltou depois? Já que tá morando com você. – Perguntou.

– Sim, ele voltou. – Disse Edgar. – Anos depois. – Completou.

– Caraca! – Exclamou Bia. – Então faz pouco tempo?

– Quase um ano. – Disse Edgar.

– Uau! – Exclamou Bia. – E onde ele tava esse tempo todo? – Perguntou.

– Não sei, ele não me disse. – Mentiu Edgar. O homem sabia que Paçoca havia virado menino de rua, pois sempre trombava com o mesmo uma vez ou outra pela cidade.

– Ah, então ele deve guardar rancor de você ainda… – Deduziu Bia. – Mas, ele sabe que você me encontrou? – Perguntou.

– Não, ele ainda não sabe. – Mentiu novamente, Edgar. A pedidos de Paçoca. – Eu não tenho visto ele esses dias, ele não é muito de ficar em casa, desde que voltou, passa dias sem aparecer, e também não dá notícias. – Isso era verdade, tanto que todos pensavam que Paçoca continuava sendo menino de rua. (Se enganaram meu povo! e.e)

– É uma pena, eu adoraria conhecê-lo… – Lamentou Bia.

– E você vai, assim que ele der notícias, eu contarei tudo a ele. – Afirmou Edgar. Bia assentiu, e sorriu.

Depois…

Após o sorvete, Bia voltou para o orfanato, e Edgar foi para casa. Como a sorveteria era na mesma rua, Bia voltou caminhando sozinha. Enquanto caminhava Bia avistou Janjão com os amigos do outro lado da calçada, este ao vê-la, fechou a cara e fingiu que não a conhecia, Bia fez o mesmo.

– Nossa, Janjão, você tá dando gelo na Bia mesmo, né? – Notou André.

– Quem é Bia? – Perguntou Janjão, dando a entender que havia esquecido da garota. O que era mentira.

– A menina do orfanato que você era afim. – Lembrou Tatu, do óbvio. Nessa hora Janjão revirou os olhos e deu um tapa na testa.

– Ele sabe disso, imbecil! – Falou André, dando um tapa na cabeça de Tatu.

Quase chegando na entrada do orfanato, Bia avistou uma cédula de 20 reais, presa no portão.

– Caracas! 20 reais! É o preço do Super-Gibi da Capitã Frenética, preciso pegar! – Exclamou. Porém quando ia pegar a nota, esta saiu voando pelo asfalto. – Ah não! Volta aqui! Eu preciso de você! – Dramatizou, correndo atrás do dinheiro feito louca. Bia correu tanto que chegou no fim da rua, quando finalmente o dinheiro parou de voar e caiu no chão, então, quando a garota se preparava para pegar alguém pisou despercebidamente, ficando com a nota pregada no chinelo.

– Ai não! – Exclamou Bia ao ver de quem se tratava. – Tinha que ser você! – Resmungou, era Paçoca. O garoto ao vê-la nada disse, apenas a encarou, tenso.

– Qual foi? – Perguntou, saindo do transe.

– Nada! Deixa! – Exclamou Bia. Nessa hora o garoto notou a nota pregada em seu chinelo.

– É isso que você tá procurando? – Perguntou, desgrudando a nota, e entregando-a.

– Não. – Disse Bia, prevendo que Paçoca não lhe daria o dinheiro.

– Tó, é seu. – Disse o garoto, estendendo a mão.

– Quê? Tá me sacaneando? – Perguntou Bia.

– Não, é sério, eu não vou te roubar. – Disse Paçoca.

– Hum… – Murmurou Bia. – Não acredito em você. – Afirmou, rudemente.

– Tá. – Disse o garoto, se afastando.

– Tá vendo, eu sabia… – De repente, Bia foi interrompida pela atitude de Paçoca. O garoto pegou uma pedra, e colocou em cima do dinheiro, no chão. – O que você tá fazendo?

– Assim não vai voar, quando você vier pegar ele. – Disse o garoto, a encarando. Em seguida este tomou seu caminho. Bia ficou surpresa, porém nada questionou apenas pegou o dinheiro e, tomou seu caminho.

No orfanato…

Mosca e Pata haviam acabado de chegar, estes ficaram na sala conversando junto de Mili, Rafa, Binho, Cris, Samuca e Thiago.

– Ai gente, até agora eu to passada com esse aparecimento do tio da Bia. – Afirmou Cris.

– É mesmo, eu também, foi muita coincidência logo o tio, encontrar a carteira dela. – Disse Mosca.

– Coincidência nada, foi destino. – Afirmou Mili, sorrindo.

– Será mesmo que ele é tio dela? – Perguntou Binho.

– É isso que o DNA vai responder, bobão! – Afirmou Thiago.

– Eu sei. – Disse Binho. – É que ainda não caiu a ficha, que a Bia pode ir embora a qualquer momento. – Falou o garoto prendendo o choro, logo este saiu correndo em direção as escadas, a caminho do quarto dos meninos.

– Nossa! – Exclamou Cris. – O Binho tá mau mesmo… – Reparou.

– Porque ele ama demais a Bia, e não quer ficar longe dela. – Compreendeu Mosca. – Eu entendo ele, é ruim querer um carinho do seu amor, num momento e não poder porque tá morando um pouco longe. – Afirmou, segurando a mão de Mili, que sorriu. Nessa hora Pata se levantou e saiu de uma vez, em direção ao pátio. Mili estranhou a situação, então resolveu ir atrás dela. Os outros nem perceberam e continuaram conversando.

No pátio…

Pata chorava discretamente, quando Mili chegou.

– Pata? – Chamou. Nessa hora Pata enxugou as lágrimas.

– Oi amiga. – Atendeu Pata, sorrindo discretamente.

– Por que tá chorando? – Perguntou Mili.

– Chorando, eu? – Perguntou Pata. – De onde você tirou isso? – Se fez de desentendida.

– Pata… – Falou Mili, erguendo uma das sobrancelhas.

– Tá, não dá pra esconder nada de você… – Disse Pata, voltando a chorar.

– O que houve? – Perguntou Mili, sentando ao seu lado.

– É o Duda… – Iniciou Pata. – Ele vai voltar a morar com a mãe, na Bélgica. – Revelou, aos prantos.

– Como assim?! – Exclamou Mili, surpresa. – Por isso você saiu, quando o Mosca falou sobre ser ruim morar longe de quem ama… – Lembrou.

– É… – Confirmou Pata. – Mas o pior não é isso… – Completou.

– Não? – Perguntou Mili, confusa. – Então o que é pior? – Perguntou.

– Que ele me chamou pra ir junto. – Revelou Pata, surpreendendo Mili.

– Caracas! – Exclamou Mili. – Então ele te ama mesmo. – Afirmou.

– É o que parece… – Falou Pata, desanimada.

– Ah, já saquei tudo… – Disse Mili. – Por ele você iria, mas, não vai, porque tem o Mosca. – Deduziu, acertando em cheio.

– É isso aí… – Disse Pata, dando um suspiro lamentador. – Não quero abandonar o Mosca sozinho com a Graziela, e não quero me afastar dos meus amigos, dos meus costumes. – Impôs a garota. – Mas, também não quero me afastar do Duda, eu o amo… – Completou.

– Bom Pata, em tudo isso que você disse, você mencionou os amigos, o irmão e o namorado. – Disse Mili. – Mas em nenhum momento mencionou você. – Acrescentou. – O que você quer? O que você realmente gostaria? – Perguntou.

– Mas esse é o problema. – Afirmou Pata. – Parte de mim quer ir, e outra parte quer ficar… – Contou.

– E quando o Duda vai embora? – Perguntou Mili.

– Assim que terminarem as aulas. – Respondeu a garota.

– Então sabe o que você faz? – Perguntou Mili. Pata esperou que a mesma prosseguisse. – Conversa com o Mosca, e viaja com o Duda pra Bélgica, mas fala pra eles dois que vai passar só as férias. – Sugeriu Mili. – Aí se você gostar você fica, se não você volta no tempo determinado. – Concluiu.

– Nossa Mili, você é genial! – Exclamou Pata, chocada. – Como eu não tinha pensado nisso antes? – Perguntou. – É a ideia perfeita! – Afirmou, sorrindo. – Vou falar com o Mosca hoje mesmo. – Concluiu.

Na sala…

A galera conversava, quando Bia chegou ao orfanato, esta levava seu Super-Gibi da CF, em mãos.

– Bia! – Exclamaram todos.

– Oi gente. – Respondeu a garota, sentando-se no sofá, ao lado de Cris.

– E aí, como foi no hospital? – Perguntou Cris.

– Normal. – Respondeu Bia.

– E o seu tio, é legal? Você conversou com ele? – Perguntou Rafa.

– Sim. – Respondeu Bia.

– Tá tudo bem com você, Bia? – Perguntou Thiago. – Você parece estranha.

– Verdade, você tá meio estática. – Concordou Samuca.

– Ah gente, desculpa, é que eu não tô muito bem, por causa de uma notícia que acabei de ter. – Explicou Bia.

– E que notícia foi essa? – Perguntou Cris.

– É que eu não tenho só o meu tio de parente. – Disse Bia.

– Tem mais alguém?! – Perguntou Rafa.

– Tem. – Respondeu Bia. – Meu tio me contou que eu tenho um irmão, de 16 anos, que mora com ele. – Revelou, deixando todos chocados.

– Caracas! – Exclamou Mosca.

– Uou! – Exclamou Thiago.

– Será que ele é bonito? – Perguntou Cris.

– Cris!!! – Repreendeu Samuca.

– Tô brincando muquinha! – Disse a garota sem graça.

– Quando você vai aconhecer ele? – Perguntou Thiago.

– Não sei, ele ainda não sabe que meu tio me encontrou. – Explicou Bia.

– Foda… – Concluiu Mosca.

– Pois é… – Disse Bia. – Cadê o Binho?

– Subiu chorando pro quarto não tem muito tempo. – Afirmou Cris.

– Ah… – Disse Bia. – Bom, depois falo com ele. – Esta já estava com a cabeça cheia demais para ter que aguentar os dramas do namorado. – Da licença gente, vou subir, descansar um pouco. – Finalizou, subindo ao quarto das meninas.

– Nossa gente, interessante isso, né? – Disse Rafa.

– Né, depois de anos em branco você descobrir que tem um tio, e um irmão! – Afirmou.

– A Bia deve tá com os neurônios a mil. – Afirmou Thiago. – Receber tanta informação assim de uma hora pra outra.

– Pode pá. – Concordou Mosca. – Sorte que é notícia boa. – Completou. Nessa hora Mili e Pata voltaram a sala.

– Notícia boa? Do que vocês tão falando? – Perguntou Mili.

– Da Bia. – Disse Cris.

– É que além do tio, ela descobriu que tem um irmão. – Informou Thiago.

– Sério?! – Perguntaram Pata e Mili.

– Sim, mas parece que ele ainda não sabe que o tio encontrou ela. – Completou Mosca.

– Nossa, que surpresa… – Disse Mili.

– Chocante… – Afirmou Pata. – E cadê a Bia agora? – Perguntou.

– Acabou de subir. – Falou Rafa.

– Bom, eu vou lá falar com ela. – Disse Pata. – Você vem Mili? – Perguntou.

– Depois, agora vou ficar um pouco com o Mosca. – Disse Mili, abraçando o garoto.

– Tendi. – Falou Pata, rindo. Logo esta subiu ao quarto das meninas.

No quarto das meninas…

Bia conversava com Vivi, quando Pata chegou. Ao entrar no quarto, a garota estranhou as duas amigas conversarem, pois lembrou do que o pai de Vivi havia falado, porém nada disse.

– Oi meninas! – Exclamou.

– Oi Pata, tudo bem? – Cumprimentou Vivi.

– Oi Pata, eu nem vi você quando cheguei. – Disse Bia.

– Ah é que eu tava falando com a Mili no pátio. – Contou Pata. – E aí como vocês tão? – Perguntou.

– Eu tô ótima! – Disse Vivi.

– Eu também to bem. – Disse Bia.

– Eu soube pelo pessoal, que você descobriu ter um irmão… – Comentou Pata.

– Ah é, ela acabou de me contar aqui, gente, tô passada! – Interrompeu Vivi. De repente Teca abriu a porta.

– Vivi, a Tati tá te chamando na cozinha. – Avisou.

– O que ela quer? – Perguntou Vivi.

– Ela disse que é algo importante. – Afirmou Teca, saindo.

– Licença gente, vou lá ver o que ela quer. – Concluiu Vivi, saindo. Pata e Bia continuaram conversando.

– Legal que vocês já fizeram as pazes. – Reparou Pata.

– As pazes? A quem se refere? – Perguntou Bia.

– Você e a Vivi, não estavam brigadas? – Perguntou Pata.

– Não, de onde tirou isso? – Perguntou Bia, rindo.

– Ah, não, nada demais, é que eu vi o Cícero, pai da Vivi, conversando com o Paçoca, e o Paçoca falou que viu a Vivi discutindo com você. – Comentou.

– Quê?! O Paçoca? – Perguntou. – Esse garoto só pode tá me tirando… – Disse irritada.

– O Paçoca? Por quê? – Perguntou Pata.

– É que ontem eu saí com a Mili, e acabei esbarrando nele, daí a gente discutiu e ele tentou me assaltar. – Contou Bia. – Foi até aí que eu perdi minha carteira, e pensei que fosse ele que tivesse roubado, mas, na verdade, eu perdi mesmo e meu tio quem achou. – Explicou. – E hoje, quando eu tava voltando pra cá, ele apareceu de novo, mas dessa vez ele me tratou diferente.

– Diferente como? – Perguntou Pata.

– Eu tinha achado 20 reais, e em vez de tentar me roubar, ele me ajudou a pegar. – Lembrou Bia.

– Hum, foi legal com você? – Perguntou Pata. – Que estranho… – Concluiu.

– Muito! – Concordou Bia. – Agora só não entendi porque ele mentiu, pro pai da Vivi. – Comentou, confusa.

– Não sei, por que eu não ouvi ele falando, eu só ouvi ele tocando no seu nome, e quando perguntei o pai da Vivi disse isso. – Explicou Pata.

– Tá, mas deixa não quero falar mais sobre esse imbecil. – Disse Bia. – Tenho coisa mais importante pra me preocupar. – Afirmou. – Meu irmão. – Revelou.

– Ah, sim! Me conta, como foi essa história? – Perguntou Pata curiosa. Logo Bia passou a contar tudo.

Minutos depois…

– Ah, então quer dizer que você ainda não conhece ele? – Perguntou Pata.

– É… E eu quero muito descobrir quem é, mas meu tio disse que não tem visto ele esses dias, porque ele sai muito de casa. – Contou Bia.

– Tendi… – Disse Pata.

– Pata! Você mora na comunidade! – Exclamou Bia.

– Bem observado! – Exclamou Pata, deixando Bia com cara de tacho. – Zoando! – Completou, rindo.

– Será que você não conhece meu tio e meu irmão? – Perguntou. – Eles moram lá, não sei exatamente onde, mas moram. – Acrescentou.

– Ah, bom, eu não sei, acabei de me mudar, não tá nem com uma semana… – Explicou Pata. – E mesmo assim, ainda não sei exatamente quem é seu tio, então se eu conhecer de vista não adianta né? – Completou.

– É tem razão… – Compreendeu Bia. De repente, Mosca entra no quarto.

– Pata, vamo nessa? – Chamou.

– Já? – Perguntou Pata.

– É, esqueceu que ainda tenho que ir no sambão atrás de emprego? – Lembrou.

– Ah é. – Lembrou Pata. – Então amiga, a gente se ver na escola. – Despediu-se.

– Tá bom. – Concluiu Bia.

– Tchau Bia! – Exclamou Mosca.

– Tchau. – Respondeu Bia.

Na cozinha…

Vivi e Tati conversavam.

– Mas ele tá convidando todo mundo do orfanato pra ir jantar lá no sambão amanhã, vai o que custa Vivi? – Implorava Tati.

– Não adianta, Tati, eu não vou. – Dizia Vivi firme.

– Mas é aniversário do papai… – Lembrou Tati.

– E daí? – Perguntou Vivi. – Quer que eu te lembre quantos aniversários a gente fez sem ele tá presente? – Argumentou, calando Tati.

– Você é uma idiota mesmo… – Afirmou a garota, saindo irritada.

– Ela acabou de me xingar! Vê se pode! – Exclamou Vivi, falando sozinha. Nessa hora, Mili entrou na cozinha.

– Nossa a Tati deu um esbarrão em mim agora, que faltou arrancar meu braço! – Contou Mili, olhando para a porta. – O que deu nela? – Perguntou.

– Ela ficou brava porque é aniversário do nosso pai, e ele convidou todo mundo pra jantar no sambão, mas eu disse que não ia. – Falou Vivi.

– Tendi. – Concluiu Mili. – Mas Vivi, você não acha que té exagerando um pouco?

– Eu tenho meus motivos Mili! – Retrucou Vivi. – Quantas vezes vou ter que repetir?

– Pra mim nenhuma. –Disse Mili. – Mas devia ter cuidado, porque com essa de não querer perdoar o pai, vai acabar perdendo a amizade da irmã. – Aconselhou, deixando Vivi pensativa.– Sem falar que convidou todo mundo do orfanato, e vai ter um monte de gente, vai ser divertido. – Acrescentou quase convencendo a garota. – Vai Vivi, pra deixar sua irmã feliz… – Finalizou, fazendo chantagem emocional.

– Mas que droga Mili! – Exclamou Vivi. – Tá bom, eu vou! – Decidiu, mudando de ideia. – Mas só porque é no sambão, e vou ficar longe do meu pai.

– Ótimo! – Concordou Mili, sorrindo.

– Mas tem mais uma condição! – Acrescentou Vivi. – Vou chamar o André e os vizinhos também. – Revelou, sorrindo. Deixando Mili um tanto desconfortável.

Na comunidade…

Mosca e Pata caminhavam pela comunidade, quando avistaram Paçoca tentando arrombar uma das casas.

– Ei olha alí, aquele é o Paçoca? – Perguntou Pata.

– É impressão minha ou ele tá tentando entrar naquela casa? – Perguntou Mosca.

– Com certeza ele tá! – Exclamou Pata.

– Mas esse pilantra não muda mesmo… – Afirmou Mosca, logo este decidiu interferir, indo em direção a Paçoca, Pata o seguiu.

– Não sei pra quê leva essa droga de chave, e eu tenho que ficar esperando a boa vontade dele pra entrar em casa… – Reclamava sozinho.

– Ei parado aí Paçoca! – Interrompeu Mosca, abordando o garoto.

– Qualé Mosquito? – Perguntou Paçoca.

– Como você consegue ser tão cara de pau, a ponto de querer invadir casas da comunidade? – Perguntou Pata, irritada.

– Mas olha aí! – Exclamou Paçoca rindo. – Vocês tão é doidão das ideia! – Afirmou, deixando ambos sem entender. – Essa casa aqui, é minha! – Revelou. Pata e Mosca passaram a rir.

– A casa é sua? – Perguntou Mosca, aos risos. – Ah tá, conta outra, Paçoca! – Exclamou.

– Se fosse sua, você não tava aí lutando pra abrir a porta. – Afirmou Pata.

– Aff, eu tô falando sério, a casa é minha! Se não querem acreditar, vão se foder! – Concluiu Paçoca, aos berros.

– Até parece que a gente vai acreditar em você, e deixar você entrar e roubar tudo antes dos donos chegarem! – Insistiu Pata.

– O que tá havendo aqui? – Perguntou uma voz atrás de Mosca e Pata.

– Eles aí tão me tirando, tio! – Falou Paçoca.

– Por qual motivo? – Perguntou o homem.

– Você é o dono dessa casa? – Perguntou Mosca.

– Sim eu sou. – Respondeu o homem.

– Pois agradeça a gente, porque ele tava tentando arrombar a porta pra entrar. – Revelou Pata. Nessa hora Paçoca passou a rir.

– O quê?! – Exclamou o homem. – Quantas vezes eu já falei que é pra esperar eu chegar, em vez de tentar arrombar a porta, garoto?

– Eu vou bem ficar do lado de fora, sendo que tenho casa? – Retrucou Paçoca. Mosca e Pata ficaram sem entender.

– Pera aí, então era verdade? – Perguntou Mosca.

– O Paçoca mora com você? – Perguntou Pata.

– Claro. – Respondeu o homem. – Ele é meu sobrinho, tem que morar comigo. – Respondeu, abrindo a porta. Era Edgar.

– Tomem essa otários! – Exclamou Paçoca, rindo, entrando na casa em seguida. Deixando Mosca e Pata surpresos.

Na casa de Graziela…

– Eu morria e não sabia que o Paçoca tinha parente! – Afirmou Pata.

– Né?! – Concordou Mosca. – E ainda mais que morava com ele.

– Vai entender, né? – Suspirou Pata.

– É, mas mudando de assunto… – Disse Mosca. – Deixa eu te perguntar uma coisa.

– O quê? – Perguntou Pata.

– Pata, lá no orfanato, teve uma hora que você saiu tensa, e a Mili foi atrás de você. – Lembrou Mosca. – Depois eu perguntei a ela o que tinha acontecido, e ela disse que você ia conversar comigo. – Acrescentou. – O que é que tá acontecendo, hein? – Perguntou.

– Ah… – Pata, foi pega de surpresa. – A Mili falou que eu queria conversar? – Perguntou. – Que safada, me deixou sem saída. – Reclamou.

– Para de enrolar Pata! – Pediu Mosca.

– Tá Mosca, eu conto. – Decidiu Pata. – É que o Duda vai voltar a morar na Bélgica, e ele me convidou…

– O quê?! – Perguntou Mosca num tom escandaloso.

– Pra passar as férias! – Acrescentou Pata.

– As férias, na Bélgica? – Perguntou Mosca, passando a rir. – Até parece que você vai. – Concluiu.

– Mas, e se eu quiser ir? – Perguntou Pata.

– Não vai, nem morto que eu vou deixar você passar um mês na casa do namorado, onde eu não vou tá por perto pra te proteger! – Afirmou Mosca.

– Eu já sou bem grandinha, tá? – Argumentou Pata. – Sei me virar muito bem! – Completou.

– Aham, vai nessa! – Disse Mosca. – E tem mais, aposto que ele tá fazendo isso, porque é um safado, vai querer se aproveitar de você já que eu não vou tá lá pra dar uma surra nele se isso acontecer.

– Você é um egoísta Mosca! – Acusou Pata. – Porque tudo tem que ser do jeito que você acha que tá certo? – Perguntou.

– Por que eu sempre tô certo! – Afirmou Mosca.

– Tá bom então… – Disse Pata. – Mas você não se esqueça, de que por culpa das suas sábias decisões, aquilo tudo aconteceu, há dois anos! – Lançou Pata, deixando Mosca sem palavras. Logo esta saiu, indo para seu quarto.