Estou sentada no balanço nos fundo da casa que eu e Mike há pouco tempo conseguimos nos mudar. Estou segurando Rose, que agora mais crescida podia se reparar seus leves cachinhos e seus olhos castanhos um pouco mais claros que os meus.

A guerra finalmente acabou, os nazistas acabaram e sinto que está começando a surgir uma certa paz mesmo que o mundo inteiro tenha que ser reconstruído. Continuo balançando com Rose em meu colo até que vejo Mike saindo de casa e vindo em nossa direção. Ele se aproxima e segura cuidadosamente Rose no colo. Depois começa a joga-la para o ar brincando. O observo e um leve sorriso se forma em meu rosto. Mike sempre cuida muito bem de Rose, mas às vezes penso que Rose para Mike é como o filho que ele nunca conheceu, e tenho certeza que Rose o vê como um pai também.

Com o passar do tempo, conseguimos nos adaptar com esse nosso “novo mundo”. Eu continuei com os trabalhos de meus pais aqui nos Estados Unidos e Mike começou a trabalhar como policial. Algumas vezes, eu tinha o pressentimento ruim que me atormentava de que o exercito poderia se apoderar novamente da vida de Mike ou que algum dia os ressentimento do passado que Mike guardava consigo simplesmente o enlouquecessem. Com o tempo Mike começou a criar o péssimo habito de ter uma bebedeira em excesso. Mesmo que toda vez que exagerasse eu tentasse o convencer que parasse com esse maldito habito, ele me ignorava. Eu sabia o que ele queria esquecer. Ele queria usar a bebida para matar aquelas lembranças do passado que o atormentavam. Mas como matar algo que ele mesmo protege? Ele e Rose me deram a esperança que eu precisava para não desistir de tudo quanto perdi minha família. Agora eu tento lhe fazer o mesmo, mas é como dizem: Um homem de consciência própria é um dos mais perigosos, e um dos mais perdidos.

Conforme Rose ia crescendo eu a levava algumas vezes para a floresta. Não pude impedir, foi o modo que cresci. Enquanto ia crescendo na floresta eu a ajudava a aperfeiçoar suas habilidades. Acho que este meu “eu” ainda vivia forte em mim. Rose era ágil, mas não tão rápida quanto eu, mesmo assim conseguia perceber que tinha herdado a força de Luke, mesmo que não no mesmo nível. Eu consegui fazer com que Rose crescesse sabendo tanto o inglês quanto o Polonês, pois era minha língua natal. Rose cresceu falando o inglês muito mais fluente que eu, afinal, nunca realmente precisei usar o inglês, sempre usei o Polonês e Alemão. Assim acabei por ficando com um leve sotaque que com o tempo conseguiu se adaptar com o país. Não cheguei a lhe ensinar Alemão. Nunca tinha aprendido por vontade própria, era mais como uma necessidade. Só quando conheci Luke que comecei a usa-lo de um jeito que eu gostasse.

Robert e Patrícia nos visitavam algumas vezes, ora para ver Rose, ora por simplesmente conversar, mesmo que eu não ficasse tão à vontade com o último. Mas eu tenho que admitir, eles sabem alegrar o dia. Com o tempo Rose acabou pegando o habito de chama-los de “tio Robin” e “tia Paty”, eles simplesmente adoravam.

Conseguimos viver bem desse modo por dezesseis anos, até que por infelicidade do destino um incidente que ninguém preveria somente meus pesadelos, aconteceu.