... Meu coração havia parado naquela hora. Como poderia alguém fazer mal a meus filhos? - Julio, deixe eu falar com eles. Eu preciso saber que estão bem. - Eu digo a ele que não responde nada me deixando nervosa, o investigador está ao meu lado e tenta rastrear o celular que ele está ligando.

— A primeira dica é... Madeira, pá e caça. - Julio diz ao telefone e Carlos Daniel ouve já que estava no viva voz para a polícia tentar rastrear onde ele estava.

— Ok, por favor Julio deixe-me ouvir a voz deles. - Eu replico novamente num ato de desespero.

— A segunda dica é... 7.619 hectares. - Julio diz novamente e eu anoto e peço por mais uma tentativa de tentar falar com um de meus filhos. Ele para de falar comigo por um momento e ouço o grito de minha filha Paola ao telefone "MAMÃE" uma lágrima cai de meu rosto e eu respiro fundo e Sebastian fica ao meu lado gesticulando para eu me acalmar.

— Mamãe? - Era Gabo. Eu desabo querendo chorar muito e estava muito nervosa com tudo aquilo.

— Filho, meu amor. Mamãe e papai vai buscar você e sua irmã, ok? Cuide da Paola.

— Eu estou com fome e dor mamãe. - Gabo me diz e eu sento na cadeira e tento acalma-lo.

— Eu te amo filho. Estamos preocupados e já vamos buscar vocês. Me diga algo que você viu, qualquer coisa.

— Eu vejo o sol. - Ele responde. Mas, como assim eles estavam num lugar sem teto? E estava escurecendo.

— Você quis dizer a lua meu amor? - Eu digo e não a tempo de Gabo responder pois Julio toma o telefone de sua mão.

— 19°12′N. Boa sorte! - E desliga o telefone, eu anoto aquilo também ao papel e olho para Carlos Daniel que está com uma aparência de ódio, ele me olha e abaixa sua cabeça e eu olho para o investigador que espera respostas do rapaz que tentava rastrear Julio. O rapaz faz um não com a cabeça e logo olha para mim e tenta explicar o porquê dele não ter conseguido.

— Não dá para rastrear pois o celular que ele usou é descartável. Ou seja um chip de um celular descartável, de qualquer forma o celular deve estar ao lixo ou quebrado. - NÃO PODERIA SER. Agora eu deveria ver as coordenadas e ir atrás. Enquanto os policiais conversavam na sala eu fui atrás de Carlos Daniel que estava na escada sentado olhando um mapa.

— Eu vou atrás de meus filhos Paulina. Você fica! - Ele me diz nervoso. Eu não aceito o que ele diz e então discutimos.

— Ou você vai comigo ou nada feito. Por favor, são os meus filhos Carlos Daniel.

— Você está doente Lina, eu não posso perder você e nem posso perder eles. Entenda isso. Seria o fim para mim.

— Carlos Daniel meu amor, me entenda eu vou com você. Você não vai me perder, eu te amo e vamos juntos. Minha doença não importa agora, são os meus filhos. OS MEUS! Droga. - Eu digo a ele e coloco minha cabeça em seu ombro chorando e ele me dá um abraço bem forte e então nos levantamos entramos ao carro e vamos atrás de meus filhos. Eu não tinha muito tempo, eram 48 horas apenas.

Carlos Daniel saiu as pressas da nossa casa com os policiais gritando onde estávamos indo, mas não demos importância saímos sem nos preocupar, a não ser com nossos filhos. No carro enquanto acabamos de sair meu pai me liga todo preocupado querendo saber o porquê de tal ato.

— Me perdoe por isso. Mas, amanhã seria a festa do meu casamento com Carlos Daniel e não terei, e estou sem meus filhos há 2 dias. Eu quero eles! E não vou me preocupar com mais nada, a polícia não sabe de nada e eu preciso de respostas pai. - Eu respondo e desligo o celular, e ao carro Carlos Daniel pega em minha mão e continua dirigindo com a outra mão, eu coloco meus olhos atentamente no mapa e penso nas coordenadas que Julio me mandou. 19°12′N. Demorei longos minutos eu confesso pois minha cabeça estava muito confusa. - Carlos Daniel, amor eu já sei. Floresta de Ajusco, é lá. Corre agora!

— Como você descobriu?

— Mapeie o próprio mapa, é só você ligar, Julio não é tão inteligente assim. Ele tem alguma casa, fazenda por lá? Você se lembra?

— Ele não tem nada, qual é... É uma floresta apenas não se pode ter uma fazenda.

— Fazenda não, mas uma cabana por perto deve ter. É uma floresta imensa, tem que ter algo. Gabo disse que viu o sol, o que ele quis dizer com isso? Não dá para ver sol em florestas.

— São 7.619 hectares e somente 48 horas, vamos chegar na floresta provavelmente amanhã a tarde se corrermos como agora. - Carlos Daniel me diz e dá um sorriso depois de tanto tempo, era como se a fé dele estivesse renovada, um ar de esperança ali com a gente. E eu tento disfarçar mas minha cabeça começa a doer muito, sinto dores extremamente fortes. Olho para ele e digo algo antes que ele perceba.

— Preciso tanto deles, não consigo comer ou dormir.

No dia seguinte...

Adormeci uns minutos enquanto Carlos Daniel continuava dirigindo e ao despertar pois tive um pesadelo, sonhei que Julio apontava a arma para mim e meus filhos choravam me segurando escondidos atrás de mim e Carlos Daniel estava desacordado ao chão.

— O que foi? Um pesadelo? - Carlos Daniel me pergunta e dá um bocejo grande.

— Sim. Mas, não quero falar sobre isso, na verdade eu... - Quando tentei terminar minha frase coloquei minha mão em minha boca, queria vomitar, Carlos Daniel encostou o carro perto de uma pedra grande com a entrada para a floresta. Eu abri a porta e saí dali correndo indo para trás de um arbusto e vomitei, o que era estranho já que eu não comia nada.

— Você precisa ir ao médico. - Carlos Daniel grita a mim me esperando ao lado do arbusto.

— Não! Primeiro vou pegar Paola e Gabo.

— QUE DROGA PAULINA, VAI LOGO PARA O HOSPITAL E VAI SE CUIDAR. EU VOU ATRÁS DA PAOLA E DO GABO.

— QUE DROGA? QUE DROGA? PARA COM ISSO CARLOS DANIEL, EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU EMBORA. ELES SÃO MEUS FILHOS E NÃO OS DEIXAREI.

— ELES NÃO SÃO SOMENTE OS SEUS FILHOS, SÃO MEUS TAMBÉM. EU SOU PAI! - Carlos Daniel gritava a mim e minha cabeça doía ainda mais, passei ao lado dele e ele pegou em meu braço com muita força e eu não me viro permaneço forte olhando para o carro, mas Carlos Daniel também não diz nada, e eu me solto indo em direção ao carro e encosto na porta antes de abrir e ainda sem me virar ouvindo o barulho das folhas se batendo e o som de um dos pássaros.

— SE VOCÊ NÃO VIR VOU PROCURA-LOS SOZINHA. EU SEI QUE ESTOU DOENTE, MAS NÃO VOU MORRER OU ME CURAR SEM SABER QUE ELES ESTÃO AO MEU LADO, OU AO SEU. ONDE DEVERIAM ESTAR! - Eu grito e logo ouço passos largos atrás de mim, abro a porta do carro e pego o mapa, pois agora iríamos seguir caminho andando para procurar algo.