"Você não aguenta me ver brilhar

Melhor comprar uma viseira

Eu nunca pensei em você

O que é uma ovelha para um tigre?

Em seu cavalo, tão alto

Jure por Deus, estou mais alto

Agora você está implorando por um centavo

Vou te jogar cinco"

(Toxic, Ashnikko)

Elia estava conversando com Ashara, feliz por ter a amiga consigo depois de tanto tempo.
Falavam amenidades uma para a outra quando Rhaenys apareceu correndo, assustada.

—Filha o que houve?

—Mamãe o bebê está ficando roxo!

Elia e Ashara foram correndo atrás de Rhaenys até o berçário.

Elia tomou um susto ao ver Aemon com o rosto roxo e inchado, se debatendo em seu berço.

—Ashara segura o Aegon!

Elia pegou Aemon, o colocou de barriga para baixo e com a cabeça inclinada para o chão e começou a bater nas costas, no meio, entre os pulmões.

Depois do sexto tapa Aemon cuspiu uma noz e respirou profundamente, chorando em seguida.

—Consegui!

—Isso aí é uma noz? Quem deu noz para o bebê?

Ela o colocou de volta no berço.

O rosto do menino voltava ao normal.

—Mais um pouco e o filho da Lyanna morre!

Ashara e Elia estranharam a situação, mas chamaram um meistre para ver se ele estava bem.

Nervosa com a situação, ficou mais tranquila quando recebeu o aviso de que os soldados de Dorne que pediu a seu irmão viriam hoje.

—Eu não deixo nunca mais meus filhos naquele berçário! -Elia diz, tremendo.

—Você acha que alguém...

—Não posso descartar a possibilidade. Matar bebês em Porto Real não é nada para algumas pessoas.

—Você suspeita de alguém.

—Eu suspeito de todos, Ashara. Depois de tudo o que passei e de não poder confiar no meu marido para proteger meus filhos eu não nunca mais vou duvidar da maldade do ser humano. Aerys jogou Rhaenys na fogueira e ela era sua própria carne e sangue!

Ashara tremeu só de pensar no velho rei, ainda tinha pesadelos com o que foi obrigada a passar na capital, e nem imaginava como Elia e rainha Rhaella aguentaram tanto tempo sendo alvos da ira de Aerys, principalmente a última, que sobreviveu mais de vinte anos desse jeito.

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Era o dia da coroação e Elia estava animada.

Apesar dos pesares, ela ainda estava de pé, ainda estava viva e mantendo seus filhos seguros, contra todos os que a puseram em perigo.
Rhaella a abraçou, feliz.

Elia pôs um vestido de cor vermelha bem chamativa. Queria que a vissem assim, poderosa, sem medo de chamar a atenção, cegando a quem visse como se olhassem para o próprio sol.

—Jaime meu querido, o que acha? -perguntou Rhaella.

—Eu não sei qual das duas está mais bela. -ele disse, em tom galante.

—Mas que cavalheiro bajulador, não é Elia?

—Bem bajulador.

—Mas que calúnia, digo a verdade.

Os três riram, Jaime ofereceu seus braços para elas segurarem.

Ele as guiou para finalmente até a sala do trono.

Rhaella e Jaime ficaram um pouco para trás, a incentivando a entrar sozinha.

Elia endireitou a coluna e entrou.

Os olhares foram atraídos a ela.

Elia sorria e cumprimentava a todos.

Estava acostumada a parecer confiante, se não tivesse uma coluna de aço não teria sobrevivido a toda destruição que quase derrubou os Sete Reinos.

Sentindo os olhos de todos nela, manteve a postura e o sorriso firmes.

Sentou-se do lado direito de Rhaegar enquanto Lyanna se sentava no esquerdo.

—Que o Pai o julgue merecedor, que a Mãe lhe conceda misericórdia, que a Velha lhe dê sabedoria, que o Ferreiro o dê determinação, que a Donzela o abençoe, que o Guerreiro lhe dê forças e que o Estranho demore, salve Rhaegar da Casa Targaryen, Primeiro De Seu Nome, Rei Dos Ândalos, Dos Roinares E Dos Primeiros Homens. Que reine por muito tempo.

—Que reine por muito tempo.

—Salve rainha Elia da Casa Nymeros Martell, que reine por muito tempo.

—Que reine por muito tempo.

—Salve Lyanna da Casa Stark, que reine por muito tempo.

—Que reine por muito tempo.

Aplausos foram ouvidos. Alguns animados, outros com olhares frios e desconfiados.

Era evidente para Elia que o reinado de Rhaegar teria tempo difíceis.

"Eles não confiam em Rhaegar. Nem em Lyanna. Eu vejo nos olhos deles, o ódio e a suspeita. Eles realmente não serão um rei ou rainha amados."

Elia, acompanhando os dois, foi até a sacada do castelo para que o povo pudesse vê-los.

O povo gritou e vibrou.

—Viva a rainha Elia! -uma voz na multidão gritou.

—Viva!

Eles começaram a gritar o nome dela com mais força.

—Rainha Elia! Rainha Elia! Rainha Elia! Rainha Elia! Rainha Elia!

Ela acenou graciosamente e jogou um beijo para eles, fazendo com que gritassem ainda mais.

Elia percebeu que seu plano estaca dando certo.

Enquanto a reputação de Rhaegar e Lyanna estava na lama, Elia passou a fazer trabalhos de caridade pela cidade, cuidando dos pobres, ajudando os órfãos e garantindo o sustento das viúvas, doando até uma parte de suas economias para o povo.

Salvos da fome por Elia, a pobre esposa abandonada e maltratada, o povo se pôs totalmente ao seu lado, e a nobreza insatisfeita com as estripulias de seu marido e a inaptidão de Lyanna para fazer qualquer coisa em favor da sua posição como consorte de um governante também começou a olhar para ela como o único adulto pensante e racional que estava fazendo algo para limpar a bagunça feita pelos últimos homens da Casa Targaryen, também graças a suas sugestões sobre onde investir dinheiro para aumentar um pouco os lucros do reino.

Elia poucas vezes gostou de estar na família Targaryen ou na capital.

Mas naquele instante, vendo a garantia do quanto era amada e apreciada, ela se sentiu nas nuvens ai ouvir cada um grintado seu nome.

Rhaegar e Lyanna saíram discretamente. Ela ficou um pouco mais.

Era muito bom ouvir.

—Rainha Elia! Rainha Elia! Rainha Elia! Rainha Elia! Rainha Elia!