Emma

Capítulo 2 - Internato


Acordei cedo naquela manhã de segunda-feira. Ouvi batidas na minha porta. Era meu pai. "Acorda, Emma! Você vai se atrasar". Uma raiva matinal incomum correu por minhas veias, rosnei e deis uns socos no travesseiro. Ele deu uma risadinha, abrindo a porta do meu quarto.

—Em, desça com as malas, preciso colocá-las no carro.

—Tem certeza de que ainda não dá tempo de me colocar em outra escola? Por favor! Ninguém merece internato! - me lamentei.

—Anda, Em. Até parece que você vai ficar lá pra sempre. Só durante um mês. Depois volta no fim de semana - ele disse pegando a primeira mala.

—E depois eu volto para aquela porra! - dei outro soco no travesseiro.

Ele riu.

Sentei na cama, senti meu rosto amaçado e meu cabelo desgrenhado.

—Anda - ele disse, colocando o resto das malas no corredor. - coloca seu uniforme e desce pra tomar café. Fiz o seu preferido.

—Waffles com nutella? - abri um sorriso. O ânimo voltando aos poucos. –Você é o melhor - falei, quase dormindo de novo, com um sorriso gigante no rosto.

Ele sumiu no corredor. Só pude ouvir seus gemidos descendo e subindo as escadas carregando minhas duas malas e uma bolsa gigante. Levantei-me da cama e fui até meu armário - que àquela altura estava praticamente vazio. Peguei minha camisa branca e abotoei-a, deixando meus seios ligeiramente à mostra. Coloquei a minissaia xadrez, suas cores puxadas para o azul. Depois, vesti meu paletó azul marinho. Por fim, após as meias 3/4 brancas, calcei os sapatos pretos - horrorosos - da escola. Depois de dar um nó na minha gravata, me olhei no espelho e pensei “puta que pariu”.

Desci com a minha bolsa marrom escura nas costas - um presente de aniversário de uma de minhas grandes amigas, Bella. No café, eu só conseguia sentir falta da minha ex-escola, Forks High School, onde eu tinha minha total liberdade. Enquanto eu saboreava meus waffles, meu pai só sabia me confortar com frases positivas, falando para aproveitar ao máximo e que logo eu iria para a faculdade, então não faria muita diferença. Era fácil para ele falar.

No carro, fomos ouvindo o CD da minha banda preferida. Ele queria fazer de tudo para que eu gostasse da escola nova. Prometi a mim mesma que iria tentar tendo em vista a dificuldade que foi para me matricular nesse colégio australiano. Por ele ser australiano, tive que fazer muitas provas para poder pular o último semestre do 11o ano (2o ano do ensino médio), já que o ano letivo deles começa em Janeiro. A viagem foi razoavelmente curta, a escola não era tão longe da minha casa, porem, indo de táxi, sairia bem caro.

—Consegue se virar sozinha? - ele me perguntou, enquanto eu saltava.

—Claro, pai! Só abra o porta-malas - disse.

Fui para atrás do carro, puxei minhas malas e minha bolsa. Enfiei minha bolsa dentro da maior, tendo menos coisas nas mãos. Tentei ignorar o peso e voltei para despedir-me do meu pai.

—Adeus, pai - sorri.

—Adeus, pequena - ele sorria. - juízo.

Sorri como resposta. Um carro atrás do nosso buzinou, um toque para meu pai acelerar. Fiquei parada do lado de fora do campus, vendo meu pai ir embora. Suspirei, tentando expulsar as lágrimas que ameaçavam cair. Observei outros alunos saindo de seus carros também. Não eram tão mauricinhos quanto eu pensava, bem menos para falar a verdade. Respirei fundo e entrei no colégio. Passei pelos seguranças, que me fizeram bilhões de perguntas muito esquisitas. Uma mulher que não estava muito em forma, baixa e com os cabelos curtos, me revistou.

—Posse de algum objeto cortante? - ela perguntou, seu tom era sério.

Neguei com a cabeça, enquanto seu parceiro, revirava a minha mala. Ele era bem alto, um físico atlético.

—Algo que se assemelhe ou possa ser usado como uma arma? - ele perguntou. Sua voz era estranhamente grave.

—Não, eu juro - falei. Eu ainda não entendia porque aquilo era necessário. - por que estão me perguntando isso?

Eles se entreolharam, depois ela deu uma risadinha. Não fora uma risadinha carinhosa, e sim uma rígida. Estranhei também.

—Pode ir - ela fez um sinal.

—Obrigada? - respondi alguns segundos depois.

No campus, procurava a recepção, enfurecida comigo mesma por não ter trazido um par óculos de sol. Andei por mais ou menos uns três minutos sem achar nada, até que um garoto esbarrou em mim.

—Ai! - falei levemente alto.

—Espera, é você? A menina de Forks! - era Sean.

—Sean? Você estuda aqui? - eu não conseguia acreditar.

—Na verdade sim, eu não sabia que você era uma das alunas novas - ele me abraçou. - O que está achando, por enquanto?

—Tô achando quente e muito grande - cuspi as palavras. - sabe onde é a recepção? Quero achar o meu quarto.

—Ah, eu estava indo lá agora. Se quiser eu te levo - ele sorria.

Graças a deus. Ele me poupou de mais uma hora de caminhada.

—Quero sim! - sorri. - Obrigada.

—Mas será que você poderia esperar a minha namorada chegar? Combinei de ir pra lá com ela - ele disse.

Suas palavras foram como facadas na minha esperança de ficar com ele um dia. Meu sorriso logo murchou.

—Ah, não prefere que eu vá sozinha? Não quero atrapalhar - soltei um arquejo.

—Não, tudo bem. Ela deve vir com as amigas. Mas por favor, não se ofenda, ok? Ela é meio grosseira com as pessoas à primeira vista.

—Pode deixar, não me ofendo com facilidade - fiz um sinal de "tudo bem", com a mão direita. - Ah, será que você poderia me explicar o que é aquilo na entrada? Aqueles seguranças perguntaram se eu carrego uma arma! - enfatizei minha incredulidade.

—Bem-vinda ao Los Angeles MayBeily High School! - ele sorriu.

—Como assim? - falei, quase um sussurro, quando percebi que três meninas caminhavam em nossa direção.

Elas eram super glamourosas. A do meio era loira, branquinha, os cabelos extremamente lisos, até depois dos seios. Tinha um corpo bem projetado, seios grandes, a bunda era grande também, coxas duras. A da esquerda era loira também, mas os cabelos eram menores, ligeiramente ondulados. Era mais bronzeada, com o corpo menos aparente, mas ainda assim era escultural. E a da direita estava entre as duas, no quesito cor de pele. Seus cabelos eram castanhos e ondulados. Tinha seios grandes, mas sua bunda não se destacava como a do meio. Suas coxas também eram grossas. Fiquei surpresa quando a do meio agarrou Sean e tascou-lhe um beijo de filme. Ele reagiu rápido, e a envolveu logo. Observei sua mão descendo até tocar no início de sua bunda. Virei para o lado, desejando deletar pra sempre aquela imagem da minha mente.

—Quem é essa garota, Sean? - a garota que ele beijava perguntou.

—Ah, Claire, essa é Emma. Ela é nova aqui - disse.

—Ah, me desculpe, docinho. Não quis ser rude. - ela estampava um sorriso tosco no rosto. Percebi facilmente seu tom sarcástico. - Eu sou Claire Hanover e estas são Chacity Andrews - disse apontando para a loira bronzeada. - e Holly Moore - apontou para a morena.

—Olá - sorri, uma ponta de nojo ecoou em minha voz, porem não fora notável o bastante para que elas percebessem.

—Espero que esse ano tenha candidatas melhores - bufou Holly.

—Totalmente. As do ano passado eram tenebrosas - acrescentou Chacity.

—Por favor, como se vocês, duas idiotas, tivessem que se importar com isso - a voz de Claire era doce, porem suas palavras eram amargas. Senti uma pontada de raiva por conta da grosseria desnecessária - deixem que a capitã cuida disso. Ah, você vai se inscrever, não vai? - agora ela se dirigia a mim.

—Hã? - disse, sem entender.

—Ótimo! Seria incrível tê-la em nossa equipe. Quando for a recepção se inscreve lá - Claire falou, com um imenso sorriso no rosto.

Era incrível como Claire construía os diálogos em sua própria cabeça.

—Posso saber no que me quer dentro? - perguntei confusa.

—Líderes de torcida, bobinha! - Holly disse com entusiasmo.

—Se inscreva quando for à recepção! - Claire repetiu. - Bom, foi ótimo conhecer você, mas temos que ir - ela deu uma risadinha. - Até mais.

—Na verdade, ela vai conosco - Sean intrometeu-se.

Claire fuzilou-o com os olhos.

—Por que, Sean? - sibilou ela, a raiva era eminente.

—Porque ela não sabe onde fica nada. Vamos, Claire. É só a recepção - ele fazia uma expressão com o rosto bem convincente.

—Tá - ela respirou. - tá bom!

Sean piscou para mim. Sorri em seguida. Estava claro que Claire era do tipo popularzinha, menininha e fresca. E Holly e Chacity a mesma merda. Mas até que elas pareciam interessantes. Bom, era o meu último ano, não? A oferta de líder de torcida era tentadora, mas fugia dos meus padrões naturais. Mesmo assim, por que não?