Em Chamas

Capítulo 15 - Luz no fim do túnel?


O som do sinal revelando o término das aulas foi a única coisa que fez eu me mover naquela manhã. Como um zumbi. Como um zumbi eu me arrastava para a saída.

-Diih!!! – ouvi Amanda me gritando ao longe. Os passos dela em minha direção tocavam rápido o solo.

Parei, sem vontade de me virar.

-Espera! – ela parou, apertando os dedos ao redor do meu ombro. A garota arfava. – Felipe me contou o que houve. Se bem que só pela sua cara já dava pra saber que algo tinha acontecido.

Me virei, encarando-a nos olhos. Eu sabia que às vezes eu não era nada brilhante quando tentava fingir.

Abrindo um sorriso de vitória, a garota disse:

-Tenho uma coisa que vai te deixar feliz, ou pelo menos eu espero.

Existia ainda alguma coisa que pudesse me deixar assim?!

-O que é? – minha voz saiu fanha e estranha.

-O número do celular da Samanta.

Me deixei afundar naquelas suas palavras. Ela estava realmente falando sério...?!!

Me recompus, pela primeira vez atento.

-C-como conseguiu o número?

-A Camila tinha.

Uma das “amigas” de Samanta. Por que não pensei em perguntar a nenhuma delas?! Me senti o maior estúpido do mundo.

Estendendo-me uma tira de papel, Amanda foi minha luz no fim do túnel.

-Obrigado, Amanda. De verdade. - sem perceber, eu estava sorrindo.

A garota sorriu também, e em seguida, me abraçou depressa, sussurrando no meu ouvido:

-Vai lá e conversa direito com ela. Não quero te ver com essa carinha triste mais.

Minha mão tremia com aquele papel repousando ali. O telefone estava ao meu lado, há míseros centímetros de distância, porém, como um idiota, eu não conseguia alcançá-lo. Imaginar nenhuma boas-vindas a mim quando Samanta atendesse a ligação era um dos piores obstáculos que me impedia de discar aqueles números.

Ser idiota tem limites. Eu só não sabia qual era o meu.

“Anda logo, seu imbecil.”, falei de repente comigo mesmo. Se eu não começasse a conversar – mesmo que fosse sozinho – eu enlouqueceria.

Engoli em seco e prendi logo a respiração. Não durou nem um segundo. Peguei o telefone, comecei a discar os números, parando no último por um momento a mais antes de enfim ouvi-lo chamar. Aquela foi a maior e mais torturante espera da minha vida.

Eu não respirava mais. Já havia me esquecido o que era isso.

E então, como uma onda que lentamente me envolvia, aquela voz, que eu imaginei que nunca ouviria novamente, chegou até mim.

-Alô? Quem fala?