continuação...

O casarão continuava vazio, e o silêncio era até angustiante, Vera desde que foi para o quarto lá continuara, remoendo a situação que envolvia seu atual marido e Caetano, que nunca se entendiam, mas parece que as desavenças até sem motivos, estavam prestes a piorar e a mulher mal sabia o que faria diante do fato, apesar de Caetano ser quem era, também sentia que não podia virar as costas para o pai de suas filhas, não se perdoaria por isso, e mesmo conhecendo o temperamento de Sofia bem como o de sua primogênita, sabia que as duas poderiam sofrer e muito caso o homem fosse escorraçado de vez do seio da família.

– Anita, Anita... – Anita. – na sala Ben tentava pela milésima vez atrair a atenção da namorada, que andava de um lado paro o outro, com a expressão e gestos de alguém que estava pra lá de nervosa. Os dois ainda continuavam na sala pesando os últimos acontecimentos e a cena ocorrida logo que chegaram em casa mais cedo, agradeceram veemente por todos os outros irmãos terem ido aproveitar o dia de sábado mesmo um pouco nublado e até com algumas pancadas de chuva calmas, em outro lugar que não fosse o casarão, e que nem o cair da noite se aproximando tinha os trazido de volta ainda.

– Anita, olha pra mim. – Ben caminhou com destreza até ela, despertando sua atenção quando olhe puxou por um braço.

– Hãmm? - O que, onde? – a garota mal escutou o que ele dizia além de sua voz a chamando de tão dispersa que estava.

– Para um pouco né, ou se não quem vai ter um treco desse jeito é você. – explica Ben, a encarando, com as mãos repousadas em seus ombros.

– Ai príncipe. – Anita murmurou finalmente o entendendo. – É que minha mãe, ela vai ficar lá no quarto trancada, esperando um milagre acontecer, eu não sei, eu não gostei muito do jeito do Ronaldo. – afirmou ela diante da situação de pura tensão que o pai havia deixado depois de sua visita intempestiva.

– Eu sei, liguei lá pro restaurante, Omar disse que ele saiu, sem hora pra voltar. – respondeu Ben tendo sua tentativa de conversar com o pai, abortada.

– Cadê ele, cadê Caetano, fala Anita. – Bernadete entrou apressada e nervosa pela porta que estava aberta decidida a acertar as contas com o ex.

– Ai já foi Bernadete. – Anita suspirou sem muita reação enquanto encarava a mulher.

– Eu devia de matar teu pai Anita. – Bernadete se senta no sofá, desolada com as mentiras do homem.

– Mais mano, ele já não tava morto. – Luciana tenta fazer brincadeira para descontrair.

– Lu, menos né. – argumenta Ben, constatando o jeito atônito e perdido da Bernadete.

– Anita, oh Anita. – balbuciou Bernadete confusa.

– O que? – indagou Anita se aproximando dela querendo ajudar de alguma forma.

– É verdade, verdade que a Zelândia, tá grávida. – ela questionou não escondendo estar impactada com a notícia.

– Nem vem, falei, porque alguém tinha que dizer pra ela né, nesse caso notícia ruim, é que nem depilação com cera, tem que ser rápido pra doer menos. – Luciana se desculpa diante do olhar irado que recebe da sobrinha por ter revelado o fato.

– É verdade sim Bernadete, ele e a Zelândia fizeram questão da contar pra mim e pra Sofia. – Anita mesmo prevendo uma reação negativa de Bernadete acaba confirmando.

– É né e pela barriga da Zelândia, encontrei ela aí fora, já tá chocando a um bom tempo a criança lá. – Luciana conta falante.

– Porque teu pai é assim Anita, casou com aquela piriguete em questão de dias, já até vai ter um filho com ela... – Porque comigo ele nunca quis nada, quando eu falava em ter um filho, casar com ele, ele dizia primeiro eu preciso fechar aquele contrato, fazer aquela viagem, ele só me enrolava Anita, e eu, eu continuava apaixonada, fazendo qualquer coisa pela felicidade daquele homem gente, como eu sou burra, meu deus. – Bernadete lamenta os anos que se deixou ser enrolada pelo homem.

– Oh Bernadete, porque meu pai é um traste, é aquele tipo de homem que a gente não aceita nem se vir com brinde junto. – se solidariza Anita diante do desespero da mulher.

– E o que eu faço então Anita, me mato, ou ganho o titulo da idiota do ano, ou melhor, do século. – a mulher sussurra entre lágrimas abraçando a Anita.

– Ai Bernadete, fica assim não. – Anita se chateia.

– É mano, e depois pra que ter um filho do Caetano, reza porque você se livrou dele a tempo, imagina ter um filho daquele picareta, aquilo deveria ser proibido de proquiar mano, imagina ser filho daquele ali, e pra desgostar qualquer um. – Luciana procurou ajudar, mas acabou falando o que não devia. – Desculpa doidinha, não tava querendo ofender não, há exceções né, você e a Sofia deram sorte. – se retrata Luciana com a sobrinha.

– Deixa pra lá tia, há coisas piores né, bem piores. – Anita ignorou praticamente o comentário desajustado de Luciana, preocupada mesmo com Bernadete. – Bernadete esquece essa história, esquece meu pai principalmente, tia Luciana tem razão, meu pai não é exemplo de figura paterna Bernadete, eu ia adorar que você me desse um irmão, muito mais do que sendo a Zelândia como mãe dele talvez, mas acho que você não merece mesmo esse carma né. – ela quis animá-la. – Você vai ter um filho um dia, você ainda é jovem, e melhor se for com alguém que te ame, que te valorize, que te ajude a criar essa criança, né melhor nem se lamentar. – aconselhou Anita querendo que ela esquecesse as decepções que teve com o pai.

– É e depois você tá namorando, um cara muito mais firmeza que o Caetano, Abelardo mano, quem sabe agora não engrena. – Luciana quer ajudá-la.

– Mais eu briguei com ele gente, por conta do traste do teu pai Anita. – se entristece Bernadete com a lembrança, e se desespera ainda mais, deixando os outros presentes sem saberem como agir.

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– E aí Ben, cadê todo mundo. - Sofia entra apressada pela porta e estranha só encontrar o garoto a sala.

– Sério que você nem imagina Sofia. - Ben retruca não muito paciente, com a passividade que Sofia parecia demonstrar.

– Sem drama né gente, só porque o papai apareceu, fala sério. – a loira rebate o criticando em um tom óbvio.

– Até porque não é, essa família de desocupados não tem nada a ver com minha vida. - Caetano entrou logo atrás carregando algumas sacolas.

– Oi pra você também Caetano. - Ben devolveu com ironia, ao perceber o homem lhe ignorando.

– Mais o que tá havendo aqui. - Anita desce a escada e não entendendo o circo que se passava na sala.

– Ah Anita você tá aí, achei que não tivesse chegado. - Sofia responde em um tom indiferente.

– Pois é, pelo visto você já tá toda entrosada com a novidade, que monte de coisa é essa. - Anita quis saber quando se aproximava.

– Ah eu fiz uma comprar pro bebê Anita, até agora não tinha comprado nada. - Zelândia explica se apoiando a Caetano.

– É eu garanti minha parte, não vou agora ficar dividindo herança, mas também não admito ser deixada de lado. - Sofia disse mal se importando com o que a irmã diria. – Cadê a mamãe. - ela indaga sentando ao sofá se vendo um pouco cansada de andar pelo shopping.

– O que você acha Sofia, depois que meu pai veio aqui e armou mais alerde. - Anita rebateu suspirando insatisfeita, não sabendo de onde tiraria paciência para lidar com as loucuras do pai.

– Eu não tenho culpa, se o Ronaldo, não engole que eu ainda continuo sendo pai de vocês, assim como a Vera, ele devia de ter feliz mesmo achando que se livrou de mim. – comemora Caetano sorrindo altivo.

– Sinceramente, eu vou resolver umas coisas. – Ben resolveu respirar ar puro bem longe dali, antes que não tivesse mais paciência para a situação.

– Não pai, o que você fez se chama desonestidade, esse é o nome correto. – Anita o ataca sem cerimonias.

– Pois eu ainda sou sei pai Anita, eu fiz o que tinha que ser feito, você já ficou presa nesse país minha filha, eu podia morrer de verdade. – justifica ele. – Aliás, o que esse moleque faz aqui, não desistiu de bancar o filho pródigo ainda, e não voltou pra onde ele nunca devia de ter saído. – esbravejou ele não muito satisfeito em ter que lidar com a presença do garoto ali.

– Ele mora aqui, essa casa é do Ronaldo , você esqueceu. – Anita se estressa ainda mais. – Na realidade tá com medo de que, das tuas inocentes filhas serem desencaminhadas. – ela dissimula com irônica. – Sinto muito pai, mas você já é um ótimo exemplo pra isso, à gente não precisaria de mais. – ela o acusa cheia das loucuras do pai. – E vê se não vão acorda nossa mãe Sofia, eu volto mais tarde pra preparar o jantar. – ela informou não muito cordial. – Agora eu preciso realmente de ar fresco, antes que fique intoxicada por tanta hipocrisia, com licença. – Anita alegou levando a mão a maçaneta da porta e saindo com pressa, sem dar tempo de ninguém lhe responder nada, até para evitar que ela se estressasse ainda mais e ficasse pra retrucá-los.

– Anita né pai, mais ela sempre volta. – Sofia sorriu audaciosa sem se preocupar com o temperamento da irmã.

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– Ah não Sidney, você não vai, hoje não. – Sofia desgostou quando o viu entrar pela porta.

– Ai Sofia na boa, só vim procurar a prima, ela tá aí. - o loirinho fingiu não ligar para ela.

– Não sei, já foi eu acho. – ela disse nem o encarando.

– Tá querendo o que, fingir que não quer me ver, se eu não te conhecesse não é Sofia. – Sidney zomba. – Aliás, você deve estar bem feliz né, teu pai voltou, todo desonesto né mais... – ele provoca a patricinha que se aproxima dele enraivada.

– Hum não se esquece, que tua prima mau caráter e vigarista, casou com ele. – ela ironiza, com um ar de deboche que ele também não podia negar que era encantador.

– Não fala assim da Zelândia tá bom, até por que. – o garoto se perde no que falava quando Sofia põe seu rosto extremamente perto do dele.

– O que, você continua o mesmo né. – Sofia ri provocante, feliz pelo jeito tonteado do loirinho de olhos azuis quando olha para si.

– Não, não, e não, já falei que eu vou me livrar desse encosto. – Sidney teima ao se afastar. – Comemora Sofia, você fez a Meg me deixar, quase me matou com aquela história de filho falso, agora me deixa tá bom, eu não quero mais, não quero, entendeu, acabou essa babaquice. – ele retrucou suspirando incomodado, risonha a loira nem lhe responde nada a respeito.

– Mentira, mentira, você nunca vai conseguir, Sidney, você é louco por mim, não é você que decide mais. – Sofia garante as gargalhadas.

– Não, Sofia. – protesta ele, mais não consegue recusar o beijo oferecido por ela, que apaixonado e voraz, até os faz esquecer do resto.

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– E aí gata, bora mudar o visual, oh aproveita que eu to inspirado hoje, já fiz tanto cabelo diferente, que acho até que estou no automático. – brincou Serguei quando viu Anita surgir na porta e entrar pelo salão, enquanto ele aproveitava a pouca folga que teve para organizar algumas escovas e cosméticos sobre a grande mesa onde preparava as tintas e fazia quase milagres nos cabelos das clientes.

– Ah bem que eu queria, mas com tanta coisa me acontecendo a última coisa que me preocupa, é os meus desleixos com meu cabelo, e olha eles pioraram gradativamente no último mês, admito que sou culpada. – ri Anita se declarando réu confesso, permitindo-se levar pelo ar de brincadeira, do amigo.

– Olha, o que eu acho uma pena, não é, teu cabelo é lindo. – afirma ele, virando para lhe dar atenção. – Mais a senhorita não cansa de maltratá-lo não é, vive bancando a gata borralheira mesmo. – alfineta o garoto a amiga em total bom humor.

– Pois é, e digamos que minha situação tende a ficar um pouco pior. – Anita nem tenta argumentar.

– Eu fiquei sabendo, o Ben passou aqui e me contou, teu pai hein, com perdão da palavra que picareta. – revelou Serguei a conversa que teve há poucos instantes atrás com o namorado da amiga.

– Nem me fala Serguei, meu medo é o Ronaldo, não suportar a passividade da minha mãe, e isso acabar mal pra eles, por mim eu já nem sei o que pensar, nem sei. – desabafa Anita sem perceber.

– É, eu nem sei muito o que te dizer né, também não tenho a melhor relação do mundo com meu pai, você sabe, ele nunca foi nada presente, mais é pai assim mesmo, não dá pra renegar. – Serguei se solidariza.

– É meu amigo, não há nada que não esteja ruim o suficiente, que não possa ficar um pouco pior. – debocha Anita dos próprios dilemas.

– Ok, ok... – Mais agora senta aqui, porque eu estou disposto a fazer a minha boa ação do dia. – o ruivo sorriu empolgado, indo até Anita, e praticamente a obrigando a sentar na cadeira de frente para o espelho.

– O que? - reluta ela ao perceber a intenção dele. – Não Serguei, não inventa moda, eu vim aqui pra gente falar do aniversario da Julia, tá aí já e eu nem organizei nada. – Anita acha graça, se contorcendo na cadeira enquanto reluta aceitar o pedido do garoto.

– Não, não, eu vou fazer um fazer pra você, pra mim como futuro cabelereiro de renome, pro teu namorado também não é, porque no pique que vai, se você arruma mais problemas pra administrar, vai acabar careca, porque esse pobre cabelo aí está vendo xampu e no máximo condicionador que eu sei. - Serguei dá risada a impedindo de levantar.

– Tá, tá bom, eu já entendi que você não vai desistir, mais hoje não, outro dia. – Anita ria atrapalhada tentando se livrar da proposta dele. – Serguei é sério, deixei minha mãe dormindo, meu pai ainda tava lá em casa, e daqui a pouco a molecada chega ansiosa pra jantar, não vai dar tempo. – alegava ela, fitando o garoto pelo espelho atrás de si já com uma escova em mãos.

– Nem adianta, e depois você sabe que comigo não tem enrolação. – Serguei ficou sem se dobrar. – Olha você não lutou, enfrentou, se reinventou, deixou pra trás aquele monte de coisa maluca que houve, enterrou até aquela Anita sombria, que não estava nem aí pra ela, então agora chegou a hora de se livrar do cabelo daquela Anita. – ele fez de tudo para coagi-la.

– Ai meu santo cristo, mais olha, pelo amor de deus, olha o que você vai fazer hein. – Anita percebeu que não adiantaria, Serguei não lhe deixaria sair dali por nada.

– Deixa comigo, você sabe que eu sou o fado madrinho perfeito. - zombou ele rindo.

– Ai essa é boa. – Anita implicou as gargalhadas.

– Vou emparelhar aqui nas pontas, até porque teu cabelo tá comprido demais, dá uma repicada aqui na frente, ajeitar essa franja, e pra aturar isso tudo com muita pose só ficando muito loira. - Serguei disse todo empolgado e cheio de ideias.

– Não, não muito não, ai Serguei você não vai clarear demais meu cabelo não, porque as chances deu querer voltar ao normal depois são grandes. - Anita se impressionou com os devaneios do amigo.

– Clama, até parece que não confia em mim. – respondeu Serguei com um sorriso empolgado, deixando um beijo na testa de Anita. - Só um pouco, vou fazer um tipo de mecha que vai ficar linda. – garantiu ele, comtemplando os reflexos risonhos dos dois ao espelho.

– Tá e a festa da Julia, você prometeu me ajudar, ouviu, meu cabelo não era urgente. - ela cobra lhe recordando.

– Essa é a Anita que eu conheço, tudo antes dela, e depois me fala que mudou. - Serguei a critica debochado.

– Tá me criticando é, eu só digamos não faço mais isso por quem não merece, somente, você não está nesta lista óbvio. - disse Anita, sem lhe dar muita razão.

– A gente pode ir conversando, enquanto eu faço teu cabelo, não tem mais clientes hoje, e antes que a senhorita diga que eu estou cansado, é estou... – Mais também eu faço de tudo por você, que eu amo muito, aliás, por tudo mundo que faz parte da minha vida, e pra você é pra Ju, eu sempre arrumo um tempo mesmo. - ele tratou de garantir.

– Hãmm eu também te amo, só não conta pra Flaviana, vai que ela leva pra poutro lado. – brinca Anita.

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– E aí aprovado. – Serguei indaga mostrando o resultado para a amiga.

– Acho que sim, não mentira tá lindo, só não sei até que ponto eu contribuiu pra isso, acho que o teu talento ajudou muito mais. – Anita disse com um sorriso brincalhão, mexendo nos cabelos em frente ao espelho.

– E óh não quero saber da senhorita prendendo esse cabelo aí não, vem aqui que eu dou um jeito. – Serguei a intimou.

– Como se meu cabelo não fosse bipolar o suficiente, hoje tá cacheado, amanhã acordo liso, você sabe disso. - acusa ela.

– Mais olha modéstia a parte, ficou muito melhor assim, tá estonteante. – falou o cabelereiro, empolgado com sua criação, fitando os fios do cabelo de Anita levemente cacheados e mais claros.

– Tá bom Serguei muito obrigado, eu vou ficar te devendo essa, mais eu tenho que ir, aliás nem era pra estar aqui, as coisas lá em casa estão pra lá de feias. – Anita argumentou, pressentindo que precisava voltar pra casa.

– Ok, e nem precisa agradecer, você sabe que por você, eu faço qualquer coisa. – ele disse a abraçando.

– Eu também viu, pode contar comigo sempre, mesmo que as vezes eu necessite de proteção muito mais do que te ajudo. – respondeu sorridente. – E quando você quiser receber pelo serviço, passa lá em casa tá. – Anita alegou travessamente, quando constatou que tinha saído de casa de mãos vazias.

– Óh fica de cortesia, mais eu te intimo a voltar viu. – brincou Serguei.

– Tá bom, vou tentar. – pondera ela. – E mais uma vez muito obrigada, não só pelo cabelo, mas também por tudo que você já fez por mim viu, eu nunca vou esquecer, sempre vou ser muito grata. – garantiu ela, dando um beijo terno na bochecha do amigo.

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– Ninguém chegou ainda. – Ben questionou, chegando a cozinha quando voltava da rua.

– Não. – Anita afirma enquanto mexe uma panela ao fogo dispersa.

– Mais teu pai, tá aí na Maura. – Ben revela.

– Ah não, será que ele vai voltar aqui. – Anita se incomoda com a hipótese.

– Olha eu não sei, eu não falei com ele óbvio né, eu fui falar com o Sidney e ele estava lá. – Ben reafirmou.

– E o Hernandez, a Maura não se ligou não. – Anita percebe que as confusões inventadas pelo pai só aumentavam.

– Não sei, acho que ela só se ligou no cara rico que casou com a sobrinha dela, entendeu. – Ben retruca apanhando um copo com suco na geladeira e sem dispersar a ironia. – Mais pelo que o Sidney disse, ele saiu pra viajar com a Tita e com o Antônio, Hernandez sempre gostou de fazer isso lá nos Estados Unidos, tirar um tempo pros filhos. – ele explica.

– É, só que você foi meio excluído disso né, depois que... – Anita alega se virando para a mesa, apanhando alguns tomates para picar.

– Até é melhor, não dá pra ficar perto do Antônio, brincando de família unida né princesa, e eu nem conseguiria também. – Ben esclareceu sem paciência para cinismo. – O que você fez? – ele perguntou fugindo do assunto inicial sem perceber.

– O que? – Além de já ter visto todo mundo se lamuriar hoje, por tudo que meu honesto pai aprontou, pior é que a Sofia, pelo visto esqueceu né. – Anita respondeu tensa com a situação, só prestando atenção no que fazia.

– Não, quer dizer isso também... - tenta explicar ele. – Mais, não sei tem alguma coisa diferente em você. - ele deduz.

– Hum, será mesmo que você é tão detalhista assim. - Anita acha graça dele.

– Não sei, mais você tá tentando me enrolar. – Ben a distrai do que estava fazendo.

– Foi coisa do Serguei, pronto satisfeito, deu já olhou. – Anita revelou, soltando os cabelos que estavam amarrados. – Agora me deixa terminar esse jantar, antes que eu queime tudo aqui, ih aí sim que coisa vai tá ficando perdida. – afirma ela rindo encabulada, enquanto o rapaz apenas a encara deslumbrado.

– Não, não, primeiro eu me sinto na obrigação de dizer uma coisa, você tá ainda mais linda sabia, se é que isso e possível. - Ben diz indo até ela.

– Tá bom agora que você já fez tua graça, me deixa terminar o jantar, por favor. – ela argumentou, mas não resistiu em não lhe abraçar.

– É. – Ben também riu, acrescentando ao abraço um beijo.

– Boa noite gente. – Ronaldo proferiu da sala, quando avistou a conversa alegre e a troca de caricias dos "filhos" na cozinha.

– Oi Ronaldo. – Anita respondeu constrangida se afastando de Ben, apreensiva por achar que poderia levar uma bronca, a cara do padrasto não parecia muito cordial.

– Eu vou lá em cima pegar uns papéis. – ele disse forçando um sorriso sereno.

– Você não vai esperar o jantar, já tá quase pronto. – Anita alega para intervir.

– Ah Anita eu to cheio de coisa pra fazer no restaurante, o movimento tá grande. – Ronaldo coça a cabeça não querendo muito aceitar o convite, preferia mergulhar em seu trabalho do que ficar remoendo o que não deveria.

– Ah não Ronaldo, eu não creio que isso seja argumento, até porque você sempre tenta arrumar um jeito de vir jantar com todo mundo, e poxa hoje, eu que to pedindo. – afirmou ela com um olhar pidão de quem queria coagi-lo.

– Olha pai acho melhor você aceitar logo, ela não vai te deixar em paz, só acho. – Ben tenta ajudar a namorada na tarefa que não parecia nada fácil.

– Ok, eu vou avisar pro Omar que eu vou me atrasar um pouco. – Ronaldo acabou se dobrando, mais pra fazer a vontade dos dois.

– Perfeito, eu vou só terminar aqui e já ponho a mesa, a Giovana e os meninos já ligaram dizendo que já estão chegando. – Anita sorria mais aliviada por conseguir ao menos em parte amenizar o clima ruim que rondava a casa da família.

– Eu vou te ajudar com a mesa. – sugeriu Ben, observando Ronaldo que já se afastava pelas escadas.

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– Vem cá o que a gente vai comemorar hein. – Giovana pergunta animada enquanto espera o jantar.

– Ou melhor qual é a revelação bombástica. – zomba Vitor.

– Ai que lindo, os bonitos tirando uma com a minha cara, enquanto eu ralava no fogão né, devia ter deixado todo mundo com fome então. – Anita só critica brincalhona, depositando a jarra com suco sob a mesa.

– Não, é só que é o tema aqui em casa, jantar em família, vem bomba por aí. – Giovana continua a rir.

– Hahaha animadinhos os dois hoje. – Ben ironiza sentando ao lado de Anita.

– Fala irmão, qual é a novidade casamento ou gravidez. - Vitor alfineta.

– Ué mais essa não foi a pauta da semana passada. – Mariana não resistiu em caçoar.

– É foi. – Anita prestou atenção na garota com ar dissimulado. – E você já contou as novidades pra resto dos meus irmãos, quem sabe eu não arranjei esse jantar justamente pra isso Mari. – implicou ela sem conter a ironia.

– Novidade, que novidade gente. – Giovana ficou confusa com o comentário da irmã postiça.

– Nada, nada não. – Mariana se calou, receando que Anita estivesse mesmo falando sério.

– Melhor jantarmos não é. – exausta de confusões, Vera procurou intervir.

– Não, não tá falando alguém. – Sofia comunicou sorrindo empolgadíssima.

– Ué quem. – Pedro sentado do lado dela não compreende, estavam todos ali, incluindo Frédéric.

– Já vão saber. – Sofia afirmou. – Óh acabou se chegar. – a loira saiu da cadeira e rumou até a porta em plena animação.

– Oi filha, demorei. – Caetano abraçou a caçula em extrema alegria, quando a viu abrir a porta.

– Você sabia disso. – Ben indagou cutucando a namorada.

– Não né. – cochichou Anita, desgostando da atitude da loira.

– Gente era seção espirita isso aqui. – Vitor olhou para o pai e a madrasta, achando mesmo que seus olhos tinham se confundido com o que via.

– Morri. – Giovana ficou pasma com o fato.

– Boa noite a todos. – Caetano desejou na maior "cara de pau".

– Posso saber o que você faz aqui Caetano, na minha casa, não fui claro o suficiente. – Ronaldo se ergue esbravejando.

– É só que acontece Ronaldo, que essa casa é também da mamãe, e eu quero jantar com meu pai. – Sofia saiu em defesa do homem.

– Que não tava morto Sofia. – o caçula de Vera e Ronaldo deduz espertamente.

– Isso é mero detalhe, aliás, acho que deve ser isso mesmo, pessoas como eu não morrem, apenas tomam atitudes de visão. – Caetano rebate em plena audácia e nenhum arrependimento.

– Não é melhor você voltar outra hora não. – Anita quis ponderar.

– Nunca mais talvez. – Ronaldo proferiu recebendo um olhar nada amigável da esposa.

– Caetano o que você tem pra falar eu posso saber. - Vera pergunta já estressada com as confusões do homem.

– Pessoal vamos ir pra quarto todo mundo, por favor, melhor encerrar o jantar por aqui. – Ronaldo alegou. – Eu e a Vera precisamos falar a sós com o Caetano. – afirmou Ronaldo categórico.

– Poxa assim fica difícil, eu quero jantar né, a gente não fez nada pra dormir com fome. – resmunga Vitor.

– Mano é, a gente leva o rango lá pra cima, é só ajudarem aí, cada um se serve e tudo resolvido. – do seu jeito incoerente Luciana tentou ajudar.

– É dá pra ser. – Giovana se rendeu, realmente achando que ouvir a conversa dos três seria pra lá de estressante. Um a um foram se dispersando sem muita pressa.

– Eu também vou tá, você sabe que seu eu ficar vai sobrar pra mim. – Sofia fala discretamente ao pai, apanhando um copo de suco apenas.

– Qual parte que é pra todo mundo nos dar licença os dois não entenderam hein. – Ronaldo retrucou rispidamente a Anita e Ben, que parados perto da mesa mal se mexiam.

– Eu vou ficar Ronaldo. – Anita teimou impaciente.

– Anita, Ben, por favor. – Vera agiu insistente.

– Se a Anita pretende ficar, eu não saio daqui. – respondeu Ben secamente.

– Filho... – Anita sem teimosias, que a situação aqui também já não está fácil. – Ronaldo quis ficar tranquilo.

– Eu vou, mais e vou ficar lá em cima qualquer coisa é só me chamar mãe. – Anita acabou se rendendo. E sem vontade se deslocou de onde estava fazendo a vontade da mãe e Ronaldo.

– Que isso, o que você vai fazer. – Ben questionou-a sem compreender, quando ia para o andar de cima com ela, e a viu parando a sentando ao chão, quase no topo da escada.

– O que você acha, é ruim deu não escutar essa conversa, acredita minha mãe vai me agradecer depois príncipe. – Anita afirmou soltando a mão dele, enquanto caminhava ajoelhada ao chão, procurando um lugar onde não fosse vista.

– Meu deus do céu, será que esse dia vai terminar nunca não, já deu por hoje só acho. – Ben falou, indo fazer companhia a ela, também nada tranquilo com o rumo do que acontecia na sala poderia vir a ter.

– Então Caetano pode falar, eu estou esperando. – Ronaldo o pressiona com sarcasmo.

– Então realmente estou ciente de que preciso acertar alguns pontos em minha vida. – ele diz ponderando.

– Alguns, você não tem consciência mesmo do que fez, não é... – Será mesmo que você não aprendeu nada com essa história. – Vera não o poupa.

– Ah elementar, mas a questão é que eu vou ser pai de novo, não posso deixar meu filho solto à revelia, quem vai cuidar dele, vocês... – Caetano se enrola diante do olhar indignado do ex-mulher. – O que não é de muito adianto não é, tendo a quantidade de trombadinhas que vocês tem que alimentar nesta casa, não é Vera devido a família desvirtuada que você formou com este daí, seria uma tarefa difícil esta. – ele desdenhou.

– E o teu filho terá um pai morto Caetano, você realmente se supera. – Ronaldo se revolta.

– Eu vou dar um jeito, mas primeiro preciso pensar com calma, consultar meu advogado, vocês podem me dar ao menos mais um dia. – ele argumenta.

– Sinceramente faça o que você quiser, eu estou lavando minhas mãos, agora você, por favor, pode ir embora, porque já está tarde. – Ronaldo o expulsa de sua casa e nem pensa em ser educado.

– Você é mesmo um suburbano sem classe não é Ronaldo, só sendo a Vera pra me trocar por isso. – Caetano se irrita e devolve a altura.

– Melhor sem classe, do que alguém procurado pelo policia, agora com licença. – Ronaldo não lhe dá ouvidos, e apenas abre a porta para o homem.

– Boa noite Vera. – Caetano deseja a ex -esposa, ignorando a presença de Ronaldo.

– Caetano parece que não aprende meu deus. – Vera diz incomodada.

– Mas você sabe por que ele é assim não é, porque você o acoberta, aliás, fez isso toda vida. – Ronaldo lhe cobra.

– Ronaldo francamente, você quer que eu faça o que, ele é pai das meninas, eu... – a mulher não consegue se defender.

– Pois que seja, ele pode até ser pai da princesa da Inglaterra, mas se o Caetano não se entregar a policia, eu vou denuncia-lo, eu não vou mais te dar cobertura pra acobertar as sandices dele, até porque já passou dos limites não é. – ele falou taxativo.

– Ronaldo, eu não acredito que isso seja alo que dê pra resolver assim, em um repente, nós temos que ao menos entender que pra Sofia e pra Anita isso tudo... – Vera começa a argumentar mas é interrompida pelo homem.

– Pois pra mim é isso que tem que ser feito, se você quiser ser diferente não conte com meu apoio, agora eu vou ajudar o Omar a fechar o restaurante, boa noite. – Ronaldo a cortou hostil, saindo em seguida impaciente pela porta.