— Meu pai detonou com o jantar de todo mundo. - Anita comenta frustrada, sentando ao sofá, a noite definitivamente havia acabado da pior forma possível.

— Bom amor, tecnicamente isso é o de menos que teu pai fez. - Ben retrucou, olhando para ela quando tira o olhar da televisão.

— Como assim, não entendi a ironia. - Anita o fita com a cabeça distante, sem compreender o porque da indireta da amado.

— Ok, talvez porque eu não fui irônico. - afirma Ben com um sorriso suave no rosto. - Você jura que não notou a cara do meu pai quando saiu daqui. - ele procurou explicar.

— Aff... - Você não acha mesmo que o Ronaldo, ele não vai agora entrar no jogo do meu pai né. - Anita respondeu contrariada, mas não podendo evitar de concordar com Ben.

— Olha se eu tivesse o Caetano como desafeto, é acho que eu piraria um pouquinho mais do que sair batendo a porta intempestivamente. - devolveu Ben, dando total razão ao pai. - Aliás, eu tenho não é, não com tantos anos a finco, mais acho que eu também não quero nem ver quando teu pai descobrir a verdade. - ele corrige-se meio sarcástico, era melhor se preparar pra o pior do que esperar algo boa inutilmente.

— Verdade de que Ben, eu hein. - Anita especula meio impaciente, sem encará-lo enquanto usa sua atenção para zapear pelos canais da televisão sem muita vontade de prestar atenção em nada, talvez nem conseguisse.

— Aham, ah tá Anita, você não é tão ingênua assim, e nem tão otimista eu arriscaria. - Ben retruca com certo deboche. - Ou você acha o que? - Teu pai vai adorar saber que a gente tá namorando e de novo. - explicou a olhando.

— Hum, e você espera o que de mim. - Anita meche os ombros indiferente. - Ben eu não vou perder meu tempo pensando nisso não tá, sinta-se a vontade pra fazer isso se você quiser, mais não conte com minha companhia. - ela desdenha, já havia todo o resto a preocupando, Caetano que fosse se danar se ele quisesse, não seria ela que o impediria de nada e nem tentaria evitar.

— Fácil você falar isso, não vai ser você que vai ser insultado de todos os adjetivos possíveis. - Ben a contraria, já havia destinado boa parte de seu senso de tranquilidade para não cair na atitude de surtar por o que estaria por vir.

— Como se tua mãe me amasse não é, se bobear a Cícera foi daqui me odiando também Ben, ou você acha que ela achou um máximo você sair de casa por minha causa, infelizmente eu tenho que admitir, a maioria dos teus problemas se remetem a mim. - revidou ela.

— O que não me interessa também, já estou crescido demais pra dar tanta importância pra qualquer coisa que venha da minha mãe Anita. - Ben se desinteressa pelo alerta. - Bom se você realmente tiver disposta a contar sobre nós dois pro Caetano, se prepara viu. - o garoto relembra.

— Porque realmente? - Anita rebateu com a expressão meio irônica.

— Ué não sei de repente você queira evitar conflitos como tua mãe. - diz ele em um tom ameno.

— Tá bom Ben, pode até ser que eu não queira ver minha mãe sofrer por causa dele, só que isso também não incluiu a gente, eu não vou abrir mão de você. - ela desfaz qualquer pensamento errôneo dele. - Mais não vem com essa também tá, como se tudo fosse minha culpa, porque você também piorou muito as coisas quando ficou com a Sofia, e pra ser exata se eu quisesse mesmo pensar somente nos outros a minha volta, eu nem teria voltado a ficar com você. - destaca Anita, ao perceber o ar sério dele, e não acreditando no tamanho de sua criancice por dizer aquilo.

— Hum admite vai, você nunca vai me perdoar por isso. - Ben pergunta com ar de riso para disfarçar a tensão enquanto a encara.

— Porque devia? - Anita responde querendo provocá-lo. - Talvez uma parte de mim vai sempre sentir ciúmes disso. - ela confessa sem perceber. - Tá isso foi idiota, eu sou idiota. - Anita o olha entre suspiros impacientes, sem que Ben esboce qualquer reação.

— E eu já te disse hoje, que você é o amor da minha vida. - Ben declara, para por um fim na quase discussão dos dois.

— Assim não vale. – mesmo sem querer ela derreteu-se em sorrisos.

— É hum hum... – Pedro chegou até os dois os interrompendo.

— Pedro que foi, você não foi dormir não. – Anita estranhou a expressão do caçula.

— E quem consegue dormir com o clima dessa casa. – o garotinho respondeu em um tom de impaciência pelos dois não notarem, pareciam tão tranquilos ele julgou sentando ao lado de Anita.

— Vem cá você não tá muito novo pra dizer que tá com insônia não. – Ben riu da forma séria como ele falava. - É se for assim eu não vou dormir nunca mais então. – completou Ben brincalhão.

— A mamãe está estranha, acho que ela tá triste. – Pedro rebateu, olhando para os dois.

— É eu vou lá falar com ela. – Anita disse, olhando para Ben com preocupação, mas preferiu disfarçar para Pedro.

— Eu vou junto. – declarou o caçula.

— Não, não, você vai ficar aqui comigo, e depois cama não é, já ta ficando tarde. – Ben alegou o interceptando.

— E vocês são chatos. - Pedro jogou-se no sofá, com os braços cruzados e a face sisuda nada satisfeito, Ben riu do garotinho, enquanto viu Anita caminhar até a cozinha.

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— Mãe, oi. – Anita chegou na porta vendo Vera em sua cama pra lá de pensativa.

— Oi filha. – a mulher sorriu, forçando um sorriso como maneira de disfarçar o desânimo.

— Eu trouxe, um prato, esquentei pra você, você não comeu nada toda tarde né. – Anita revelou pondo a bandeja sobre o móvel perto da cama.

— Não precisa, eu nem tenho fome Anita, mais eu agradeço a preocupação. – Vera respondeu meio exausta.

— Ah não, você não vai definhar por conta do meu pai né, sério que vale a pena. – Anita a critica sem aprovar.

— Anita, eu só não quero abalar ainda mais nossa família. – explicar ela.

— Mãe, é como dizem o que não tem conserto remediado está, não é fugindo dos fatos ou distorcendo a verdadeira verdade, que você vai amenizar nada, talvez seja até pior. – Anita fala a alertando. – Ronaldo tem razão, meu pai fez o que fez, só que isso vai ter uma consequência. – ela é sincera.

— É você está pronta pra ela. – Vera retruca não se convencendo.

— Eu não sei, mais você não vai conseguir fugir, e nem por remendo nas coisas, simplesmente porque não dá mais. – acrescenta Anita. – Come um pouco, não é o melhor risoto do mundo, e nem está perto de ser igual ao teu, mais acho que não tá tão desprezível assim. – brinca Anita se referindo ao prato. – Obrigada filha. – Vera agradeceu tocada pela atitude da menina. – Mais eu posso te pedir uma outra coisa. – ela pergunta até um pouco sem jeito.

— Fala, o que você quer. – Anita assente ,mas não imagina o que pode ser.

— Você não deve ter dito ainda que está namorando o Ben pro Caetano, ao menos ela teria falado algo a respeito a mim e ao Ronaldo. – inicia ela.

— É não, não deu na verdade, mais eu vou falar, assim que der, não vou perder tempo, mas não se preocupa com isso, eu vou assumir, você e o Ronaldo, não tem porque se preocuparem com qualquer coisa. – ela garantiu.

— Mais você sabe que teu pai não vai gostar disso não é, você e o Ben. – Vera é realista.

— E eu não estou nem aí, quem tem que gostar do Ben sou eu mãe, não meu pai, ele não vai se meter na nossa vida, isso eu te garanto. – Anita é taxativa.

— Filha não conta, por favor, não por enquanto, deixa teu pai ir na delegacia, falar... – Falar resolver isso, aí depois você assume que está com o Ben, até pras coisas não se misturarem desse jeito. – Vera suplica praticamente.

— Pera aí, num dia você me acusa de mentir, no outro você me pede pra mentir. – Anita não consegue compreender a mãe.

— Eu sei, mais eu sei que o Caetano vai vir com quarto pedras nas mãos, pra cima desse namoro, e o Ronaldo não vai aceitar isso, ele vai querer defender o filho, não é Anita. – Vera explica suas suposições. – Eu temo que as coisas que já não são calmas entre os dois piorem. – ela justifica aflita, querendo que Anita lhe ouvisse.

— Mãe você tira a ilusão de que eu vou deixar meu pai me enlouquecer por isso como ele tentou lá atrás, ele não vai me afastar do Ben, ou você acha o que? – Anita cobrou impaciente a encarando firme. – O que eu vou obedecer como eu tentei talvez, quando você me despachou pra casa dele, só pra me afastar a gente lá atrás. – Anita esbravejou. – Não vou, sabe qual é o problema do meu pai e também talvez o teu mãe, vocês não admitem que eu cresci, e como talvez vocês achassem, eu não sou somente aquela menininha boazinha que estava disposta a ouvir e ajudar a todos, sempre se sacrificando, fazendo tudo que vocês queriam, eu dei contra as imposições de vocês, eu nem me dei ao trabalho de ouvi-las, foi isso... – afirmou Anita tentando ao máximo segurar sua impaciência, mais estava difícil não perder o controle.

— Filha. – Vera suplicou resignada.

— Vocês descobriram, que eu posso não ser tão inocente, ingênua e complacente com tudo e todos... – teima ela em continuar. – E que eu não to mais disponível mãe, e mais eu não vou mais deixar as pessoas usarem as burrices que eu fiz no pior momento da minha vida, pra justificar de que eu não posso estar com o Ben, eu não vou mais pensar no que foi, no que eu podia ter evitado, em como eu sou culpada por tudo, passei dessa fase quer saber, eu já enfrentei todo mundo me julgando uma vez mesmo, se eu tiver que enfrentar outra que se dane. – Anita levantou da ponta da cama e caminhou nervosamente pelo quarto.

— Nada é tão simples Anita, nós somos uma família, e não dá pra renegar o fato do Caetano ser teu pai. – Vera quis traze- la a realidade.

— Ah não, pode até ser, mais você sabe né, não seria ingênua de nem desconfiar, se eu tivesse que escolher ente cortar relações com meu pai, e estar com o Ben, você sabe o que eu iria escolher. – retruca Anita a fitando nada cordial.

— Talvez Anita. – Vera não esconde.

— Mãe, você, meu pai e todo mundo, subestimaram a gente, essa é a verdade, vocês preferiram achar que não era amor, que nem tinha como agente saber o que era isso não é, vocês pediram pra gente desistir, tentaram de todas as formas fazer isso. – ela não deixou Vera esquecer dos fatos. – Agora mãe, não me pede mais nada, porque você mesmo sabendo que o Ronaldo tinha três filhos, um casamento terminado, e você tinha essa relação nada amigável com meu pai, eu a Sofia, que você faz questão de dizer que não é assim tão ruim, vocês ficaram juntos não ficaram, contra tudo, agora não me pede pra fazer a boazinha e desistir do Ben, porque eu não te pedi isso, ao contrário quis te ver feliz sempre. – Anita cobrou uma posição ao menos imparcial da mãe.

— Eu sei disso filha, mais você conhece teu pai, ele vai entrar em surto quando souber. – Vera continuou com o alerta.

— O que meu pai tem medo hein. Perguntou-se Anita. - Se eu tinha alguma coisa pra perder eu já perdi, agora você quer o que, que eu faça pra ele a santa virgem ingênua, que foi seduzida pelo filho do padrasto, você pode estar falando com a filha errada quem gosta desse tipo de joguinho de vitimada não sou eu. – enfureceu-se Anita. – Eu sempre soube o que eu tava fazendo, o Ben não tem culpa de nada sozinho. – deixou claro Anita.

— Anita não seja dissimulada, que eu realmente estou preocupada. – Vera ficou com um semblante desacreditado.

— Mãe meu pai não está nem aí pra mim, ele só fica implicando por causa do Ronaldo, sério que você ficar preocupadinha agora, não perde teu tempo. – Anita pediu em suplica. – Olha eu vou dormir tá, o dia foi cheio, o cozinha tá uma bagunça, a tia Luciana ficou arrumando sozinha, vou dar uma força pra ela antes, agora esquece isso e vê se dorme né, porque talvez amanhã tudo piore né. – aconselhou Anita, saturada do papo que não saia nunca do lugar que tinha com a mãe. – Boa noite, fica bem tá. – Anita lhe pediu se despedindo com um beijo. – E me desculpa, mas eu acho melhor você encarar as coisas do jeito que elas são. – sugeriu ela antes de sair.

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— Ai acho que eu queria dormir, umas dezesseis horas será que tem como. – Anita confessava estar esgotada de tudo e todos.

— Jura é, lamento te dizer mais se bobear nem oito você dorme, a julgar pelo horário. – Ben ri dela, escorado em sua cama, finalizando a leitura de um capítulo na apostila de geografia.

— Ai eu to um trapo. – não esconde ela, saindo da cadeira onde estava sentada aos pés da cama, se esgueirando para perto dele. – Não, mentira já passei desse estágio. – ria ela, se esgueirando devagar por cima dele.

— Detesto te chatear, mais amanhã pode até ser pior. – recordou-se ele, ajeitando os fios de seu cabelo que estavam bagunçados.

— Não, não, não fala, porque aí eu não vou nem me dar ao trabalho de sair da cama. – Anita choraminga, puxando o livro das mãos dele e o beijando com ternura.

— Ah você vai ficar aqui é, olha que não vai prestar hein. – Ben acaba rindo da maneira como ela fala.

— Ah mais como ele é engraçado. – Anita age implicante, o enchendo de cocegas em sua barriga.

— Óh parou hein, que seu revidar vai ficar feio pra você. – Ben deu gargalhadas, segurando as duas mãos dela.

— Minha mãe, veio me pedir pra não contar pro meu pai que a gente ta junto. – Anita soltou despretensiosa, o que fez o semblante leve do namorado sumir aos poucos.

— Hum tá, e o Caetano não iria ficar sabendo, tá todo mundo sabendo Anita. – Ben fica sem saber o que fazer com frustração.

— Pois é, foi o que eu disse pra ela. – Anita também concordou se esgueirando para o lado apoiando sua cabeça no travesseiro. – Você ficou chateado né. –suspirou tensa ao perceber.

— Bom se eu te disser que fiquei feliz também vai ser exagero. – Ben rebateu.

— Eu sei, acho que eu não vou fazer isso Ben, minha mãe vai ter que entender que... – Não dá, é pra frente que se anda, e depois ela nem pode me exigir isso, não depois de tudo que aconteceu. – apesar da não se sentir um pouco mal de chatear a mãe, Anita não estava disposta a ceder.

— Se a gente for pensar em tudo que houve né, parece que nos momento em que se deseja somente um pouco de paz, é aí que tudo desanda, já rolou tanta coisa, eu sei que você também pensa que.... – Ben desabafou a encarando preocupado.

— Só que eu não quero pensar, quero você. – interrompeu ela sorrindo, e o calando com um beijo.

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—Chá de camomila pra você não diz que a calma então. - Ben diz chegando com uma xícara em mãos.

—Hum sério, então vou ter que mergulhar numa piscina príncipe, depois de hoje. - Anita ri apanhado a xícara o olhando sorrindo.

— Não fica assim né. - Ele pediu fazendo um carinho no rosto dela.

— Difícil, minha mãe tá fazendo tudo errado. - Anita diz contrariada jogando o peso de seu corpo para trás na cama.

— É mais isso ainda é ela que decide. - ele pondera sentando a seu lado.

— Eu sei amor. - Anita concordou com um sorriso todo alegre. - Obrigado viu. - Ela afirma o fitando.

— Pelo que, pelo chá, agradece muito mesmo viu, deu muito trabalho colher as flores de camomila fresquinha, encontrar então nem se fala. - Ben rebateu exibido.

— Ah é, ai tadinho dele, se esforçando pra agradar alguém tão exigente como eu. - Anita dissimula.

— Não mentira, eu queria confessar a verdade mais tava morrendo de medo, é de caixinha mesmo qualquer supermercado tem. - ele ri fingindo preocupação.

— Palhaço, sorte tua que eu te amo demais. - Anita finge não gostar, mas dá risada sem querer.

— Ah é bem lembrado sou muito sortudo mesmo. -Ben a beija entre um sorriso de pura alegria.

— Mais também eu nem estava falando de chá algum, era mais que isso. - ela explica sorridente. - Era por ter você sempre e sempre do meu lado quando eu preciso. - declarou Anita enquanto Ben a encara sério. - Tudo fica menos difícil quando eu tenho você. -Percebe ela contente, que mesmo apesar de tudo ainda teria o seu grande amor ao seu lado. Com ele por perto nada seria somado, mas sim dividido, um fardo nunca seria tão pesado.

— Sabe aquela frase, "eu não seria nada sem você." - Não é besteira, eu não sou nada sem você e nem nunca serei, te amo princesa. - ele revelou deixando Anita com o olhar lacrimejante, apenas o conseguiu puxa-lo para um forte e emocionante abraço.

— Mesmo que muitas coisas ainda deem errado você vai ser, sempre... - O maior presente que a vida poderia ter me dado. - Anita garantiu tentando negar a lágrima que se formava no canto de seu olhar.

—Você sabe que pode contar comigo sempre. - afirma Ben com um sorriso impaciente, diante da mania que ela sempre tinha de querer resolver tudo de seu jeito e só.

— Eu sei disso, nunca vou achar que você não se importa comigo, seria muito egoísmo, muita falta de agradecimento da minha parte. - ela procurou desfazer qualquer tipo de mal entendido que pudesse haver por parte dele depois de suas palavras. - Eu sei que também eu não sou a melhor namorada do mundo, eu dou trabalho, sempre desenterro uma preocupação de algum lugar. - reconhece ela rindo.

— Não, discordo, você é a melhor pessoa que eu poderia ter do meu lado. - declarou ele tratando de corrigi-la.

— Sei lá amor acho que... - Eu nunca fui à pessoa mais cheia de si de mundo, sempre tive minhas inseguranças, e mesmo assim elas nunca foram um tabu tão grande pra mim, acho que com isso tudo que aconteceu e que sim pra uma pessoa como eu que nunca quis ser o centro de nada, seria absurdo pensar, acho que eu morreria só com a hipótese, agora imagina com tudo que tava no meio ainda que seria louco só de imaginar... – Anita não escondeu ter muitas vezes sucumbido a seus problemas. - Eu descobri uma força que eu nem sabia que eu tinha, ou eu tive que ser assim, não sei. – refletiu ela. - Mais ao mesmo tempo também sustentei uma carência ou uma fragilidade não sei, que eu não tinha tanta consciência que podia ser tão grande ou nem queria admitir talvez, pra ser mais precisa. - ela disse . - Vai ver também é só fricote, pra justificar e nem fazer todo mundo viver de pena pra tentarem me entender. – sorriu ela, querendo esquecer o desabafo.

— Hei não né, não tem nada de errado nisso, aconteceu muitas coisas em muito pouco tempo... - Coisas bem ruins não é, então para de achar que você é a única errada de tudo isso, porque não é, ao contrário você foi a maior vítima, lembra. - Ben fala sério, meio contrariado com os pensamentos dela.

— Vítima, só a pronúncia já é estranha, o significado pode ser ainda mais complexo. - Acho que eu gostei desse papel, sempre preferi assumir meus atos. - afirma ela sem crer muito. . - Mais também esquece, vamos aproveitar essa calma que parece que tá rolando. - Anita lhe sugeriu entre sorrisos brincalhões esgueirando-se até o colo dele.

— É né falsa calmaria... - Ben zoou antes de beija- lá. - Daqui a pouco alguém grita, se houve um estrondo, aparece algum animal exótico, um maluco, terremoto, a casa cai, olha eu não sei não hein. - Ben da risada fazendo piada com ás peripécias que movimentam a casa da família.

— Ah não cansei só de ouvir. - Vou comprar uma casinha na beira da praia, com mar calmo e vou me refugiar por lá... - Topa? – sugere ela brincalhona.

— Óh não dá ideia errada menina. - Ben sorriu travesso a empurrando na cama.

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— Eu vou dormir sabia to podre e pelo jeito amanhã o dia vai ser longo. - disse Anita percebendo o cansaço lhe batendo.

— Fica aqui comigo, me abandona não, por favor. - Ben implora choramingando.

— Quer acordar levando bronca é. - ela acusou o namorado imediatamente. - Imagina... - Eles pegando a gente aqui vão pensar tudo menos no mais provável. - Anita ria sem parar ao tentar imaginar a cena.

— Ah eu tenho que me preocupar muito com isso. - Ben rebateu com fisionomia descontente.

— Aquela época que minha mãe cismou de me levar pra Barra, Sofia fez questão de contar pra todo mundo que a gente se encontrava aqui a noite, que eu levantava muito na madrugada, meu pai quase teve um treco, Ronaldo ficou branco, minha mãe não acreditava em nada do que eu falava foi muito ridículo na boa. – os últimos acontecimentos e a conversa com Vera a fizeram lembrar-se do fato.

— Sacanagem o que a Vera fez também hein, agiu na encolha justamente pra gente nem ter como se defender. – Ben comentou desapontado.

— Melhor né se você tivesse lá iria ser bem pior, meu pai ia querer te esganar. – Anita ria.

— É possível, e olha que naquela época eu nem tinha feito nada de mais pra merecer isso, estava totalmente inocente. - Ben faz graça de toda situação sorrindo travessamente, querendo declarar-se totalmente sem culpa desa vez.

— Ai príncipe credo. – Anita empurra seu ombro, sorrindo com ironia pela brincadeira.

— E isso me lembra que ele ainda pode fazer isso, e continuar atrapalhando nós dois. - Ben recorda.

— E eu já te disse que isso não vai acontecer. - Anita tratou de prometer segurando seu rosto de leve. - Confia vai. - pede ela o encarando com ternura.

— Em você eu confio, já na capacidade de compressão e discernimento do teu pai não. - Ben respondeu a olhando por um segundo de maneira arisca.

— Eu sei amor. - Anita concordou sabendo que no fundo ele tinha total razão. - Mais também não é que nem antes, eu deixei meu pai falar e falar, e até me fazer brigar com você, só que isso não vai acontecer de novo, eu não estava nem meu juízo perfeito, quem dera em relação ao resto. - ela assumiu sua parte de culpa pelos desentendimentos passados com o garoto.

— História do Hernandez foi o mais pesado disso. - Ben rebateu. - Mais... - ele a olha com leveza e um sorriso apaixonado.

— Mais o que garoto. - Anita ri da expressão do amado.

— Enquanto a gente discute isso a hora passa né, ai daqui a pouco você quer ir embora, me deixa aqui sozinho. - afirmou ele se aproximando entre beijos enquanto tenta convence- la a ficar.

— Nem vem tá, te conheço, truque velho, vou lá pra cima dormir mesmo, também mesmo não to afim de mais confusão do que já está tendo. - Anita entende de imediato o intuito dele e dá risada.

— Sério? - Ben retrucou e afastou-se de leve dela.

— Sério, agora eu vou mesmo, beijo boa noite te amo. - Anita o beijou carinhosamente e deu passes cheios de presa até a saída antes que ele a impedisse e ela realmente acabasse ficando por ali mesmo.

Ben respira um pouco frustrado a vendo parar na porta. - Eu te amo, mais você está ingrata. - acusou.

— Tchau seu chato. - ela achou graça indo embora.

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O dia amanhece bastante agitado no casarão, Ronaldo não esconde seu desconforto ainda em relação às confusões causadas pelo reaparecimento de Caetano. Vera organiza a mesa do café pensativa e ainda procurando uma maneira de se explicar, mas não chegava a um consenso.

— Bom dia. – Ben chegou na cozinha e logo avistou Anita em pé perto da pia, despejando bolachas de um pacote em um prato.

— Oi. – ela respondeu em tom calmo, quando recebeu um beijo na testa dele. Talvez não se arriscasse a dizer que seria um bom dia, não pela cara que a mãe estava desde que apareceu na cozinha naquela manhã.

— Ronaldo. – Vera chamou pelo marido, sentado no lugar de costume na cabeceira da mesa, degustando uma xícara com café, silencioso.

— O que. – o homem proferiu tranquilo mais com a face séria.

— É que... – Vera ia se explicar, mas de repente o ranger da porta abrindo-se a fez ficar calada.

— Óh eu estou entrando, a porta estava aberta não é, e já que neste muquifo ninguém bate mesmo para entrar, eu é que não vou ter este habito, minhas filhas moram aqui. – a figura carrancuda de Caetano foi logo se pronunciando espaçoso.

— O que você faz aqui Caetano, posso saber? – Não fui claro que não queria te ver mais. – Ronaldo se irritou em ter que começar seu dia tendo a presença desagradável do homem em sua casa.

— E desde quando eu recebo ordens. – Caetano não se convenceu.

— E eu também creio que você ainda não foi à delegacia explicar o que você fez, claro que não, não é... – Se não estaria preso. – Ronaldo agiu dissimulado, enquanto se erguia da cadeira.

— Pois eu vim aqui dizer que vou me entregar. – revelou o homem, Anita que ficou na cozinha apenas ouvindo tudo, por um momento pensou que poderia dizer um “amém”, uma vez na vida o pai tomaria uma atitude honrada. – Mas pra isso eu preciso de um teto, e a policia já tomou meu apartamento, então eu andei dialogando com a Vera e resolvi que vou ficar aqui por uns tempos até me reestabelecer financeiramente. – Caetano comunicava, com a maior cara de pau.

— Mais o que? – Ronaldo olhou para Vera já com ira, como assim ela havia decidido, e ele não tinha poder nenhum, e sua opinião não contava.

Continua....