– Mãe... – proferiu Anita com uma voz que quase não saia. - Eu sei que isso é clichê, mas não é isso que você pode vir a imaginar. – a menina disse em sua defesa, lançando um olhar medroso a mãe.

– E adianta falar alguma coisa pros dois. – Vera retrucou, em um tom carrancudo. – E se é um dos teus irmãos que entra aqui, hein me diz. –cobrou a mulher.

– Vera não é nada disso, eu estava saindo aí a Anita veio e sem querer eu esbarrei nela e ela derramou o café da xícara em mim. – Ben tentou argumentar.

– Desiste Ben, ela não vai acreditar. – verbalizou Anita constatando, devido ao jeito fechado que Vera esboçava com as mãos a cintura.

– Realmente como eu posso acreditar em você, não é, e pra ser sincera eu estou ficando cansada dos desmandos dos dois, principalmente os teus, minha filha. – declarou ela, dando as costas aos dois.

– Mãe espera, eu to falando a verdade, custa você pelo menos tentar me ouvir. – falou Anita saindo atrás dela. – Mãe. – chamou a menina quando entrou dentro de casa e a viu lavando louças na pia como se nada estivesse acontecido.

– O que houve gente. – questionou Marta, percebendo a ar tenso que transparecia entre as duas.

– Nada Marta, só estou tentando adiantar a louça. – Vera afirmou deixando um sorriso sereno no rosto.

– É, a vida toda nunca aconteceu nada de mais nessa casa mesmo. – disse Anita chateada saindo para o quintal novamente.

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No colégio.

– Me conta o que tá passando nessa cabeça aí. – perguntou Ben, enquanto os dois tomavam um suco na lanchonete da escola.

– Adivinha. – disse Anita sorrindo, levantando olhar para encara-lo. – Você não diz que sempre me entende como ninguém. – murmurou ela divertida.

– Bom o que, realmente acho que eu não sei. – respondeu ele sincero. – Mais com certeza tem algo a ver com a Vera. – afirmou.

– É você não tá tão errado. – expôs ela. – Acho que alguma coisa muito séria tá acontecendo entre a gente, pior é que não é por tua causa somente, pela gente, é tudo, que veio antes, depois, não sei, virou uma enorme bola de neve de coisas mal resolvidas e agora ela só se dissolve quando o limite dessa situação se der. – declarou a garota com um tom decepcionado. – Eu acho que... – Eu não era pra ter adiado essa conversa com ela Ben, quando eu descobri de você e da Sofia eu fui pra Barra, e sinceramente eu não estava com a mínima vontade de ouvir o que ela iria dizer, ela sempre protegeu e acobertou a Sofia mesmo. – pronunciou Anita um tanto quanto enraivada. – Vai ver a Sofia sempre teve razão, eu sou a recalcada, sempre fui, a desajeitada que tinha inveja da irmã perfeita. – acusou a si mesma impaciente.

– Anita, princesa eu não estou gostando desses teus pensamentos, você sabe que você não é Anita, mesmo que a Vera protegesse mais a Sofia, você não ligaria pra isso. – Ben quis repreendê-la. – Eu não to gostando disso sabia, depois de tudo que você passou, pensar dessa forma não vai te fazer bem. – afirmou ele, percebendo que talvez mesmo não querendo Anita estava ficando abalada com a situação de alguma forma.

– Fica tranquilo, eu acho que eu estou muito longe de chegar ai nível de baixo astral que eu desenvolvi durante tudo a que houve, eu não pretendo também chega disso. – afirmou Anita querendo esquecer.

– Então para com isso né, porque eu não quero te ver assim. – ele pediu, sorridente apertando a bochecha dela.

– É quem sabe um milagre na acontece também. – caçoou ela.

– Mais é claro que acontece. – garantiu o garoto rapidamente, roubando um beijo dela.

– Bom dia. – falou Julia os abordando.

– A gente pode sentar ou vocês querem exclusividade. – brincou Serguei que acompanhava a amiga.

– Para né Serguei, claro que pode. – Anita deu risada do garoto.

– Amiga você não vai acreditar quem me mandou e-mail ontem. – Afirmou Julia sentando na cadeira ao lado dela.

– Quem? – Questionou Anita em um tom de exagero.

– A Monique, disse que tá voltando pro Brasil em breve pra ver a família. – comunicou ela.

– Sério, o Virgílio não comentou nada. – respondeu Anita, tomando um gole de suco em seguida.

– É não, mas ela disse que tá terminando semestre de faculdade dela, aí ela resolveu fazer uma visitinha pra gente. – afirmou a morena animada. – Ela te mandou e-mail também, foi o que ela disse. – Julia informou.

– É eu não vi meus e-mails ontem, quando chegar em casa vou responder, acho tão legal ela ter continuando falando com a gente né, até porque ela tá lá em Portugal, e continua lembrando da gente, pessoa como ela são raras. – falou Anita.

– Pera aí, você não viu o teu e-mail, e o trabalho que eu mandei. – Serguei questionou exasperado.

– Dãããã! - Você mandou pro e-mail do Ben, esqueceu. – Anita zombou do jeito atrapalhado do ruivo.

– Ai caramba gente, eu ando com a cabeça na lua. – Serguei percebeu. – Mais e aí vocês conseguiram terminar. – questionou ele preocupado.

– Sim, sim, agora só falta uns detalhes da apresentação, mas a gente vê isso na sala. – informou Ben.

– O que é a pior parte né gente, nessas horas eu juro que eu queria ser uma formiguinha. – falou Anita ansiosa.

– Ah não, não quero que você vire uma formiga. – disse Ben docemente, com um sorriso de implicância a ela

– Pelo menos, você se sai sempre bem, e eu que fico horas tentando ensaiar a melhor forma de me expressar e na hora sai tudo errado. – Julia rebateu.

– Ah mais você quer ser uma grande jornalista, e eu somente uma relhes arquiteta. – ponderou ela. – E nem vem não tá, porque você também se dá muito bem pra falar em público. - elogiou Anita. - Eu ultimamente não consigo nem me defender mais gente, quando me acusam. – zombou Anita.

– E quando for faculdade, não quero pensar não. – afirmou Serguei se apavorando com tantas responsabilidades.

– Isso você deixa pra pensar ano que vem, pode ser. – riu Anita.

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– Gente a gente podia combinar um cinema né, tem um filme ótimo passando. – convidou Julia empolgada, enquanto disfrutava da companhia os amigos no pátio do colégio após o fim das aulas.

– Ah legal, vê direitinho que a gente vai sim. – Anita gostou da ideia.

– Vamos Serguei. – Julia procurou chamar a atenção do ruivo que olhava a tela do celular parecendo distante.

– Hãm que. – perguntou o rapaz disperso.

– A Julia Serguei tava convidando pra um cinema. – falou Anita, se erguendo para encarar o amigo que estava sentado ao chão, levantando sua cabeça do colo de Ben.

– Eu ir no cinema com vocês. – repetiu ele descrente. – Só uma pergunta você vai convidar o Fred também. – Serguei indagou para Julia.

– Vou porque, não tem nada de mais nisso, ou tem. – Julia devolveu desconfiada.

– Não mais, você o Fred, mais esse dois aqui. – argumentou ele apontando para Anita e Ben. – Eu vou segurar vela até cansar né. – afirmou ele.

– Fala por você, não por mim. – Anita se defendeu.

– Ai Serguei você bancando o carente abandonado já tá chato sabia. – alfinetou Julia. – Até porque né Anita, ele já esqueceu de quando ele ia pros lugares com a gente, aí no meio da noite ele sumia subitamente, pra paquerar alguma desajustada e nos abandonava. – reclamou ela.

– Também né vocês duas e essa mania de sempre ficarem na de vocês, a Anita mesmo o último coitado que tentou paquerar ela, ela quase vomitou em cima do garoto, cara vocês lembram disso. – implicou Serguei achando graça da situação.

– Claro né, quem mandou eu seguir os teus conselhos. – devolveu ela debochando. - E ainda por cima teve aquela confusão no restaurante envolvendo o Martin, olha ainda bem que algumas coisas mudam, porque se continuam na mesma, eu já nem sei o que acontece. – previu Anita.

– Meu pai ligou mais cedo, disse que é pra gente passar no restaurante que ele quer falar coma gente. – anunciou Ben em um tom ameno para Anita.

– Ele disse o que era. – Anita indagou ficando apreensiva, já imaginava o que poderia ser, mas preferiu achar que estava errada.

– Não, só disse que era sério, e que a gente fosse. – ele respondeu não tendo a intenção de preocupa-la.

– Por que, que tem que ser nós dois, não só você, é que eu tenho... – Anita argumentou apavorada em pensar, em encarar Ronaldo e ainda mais ao lado de Ben.

– Ah é assim, você vai sair de fininho e me deixar com a bomba prestes a explodir na minha mão. – Ah muito obrigada, te amo. – Ben ralhou em um tom de voz alterada, mas baixa como forma de evitar que os outros escutassem.

– Você sabe que eu não levo o mínimo jeito pra explicar essas questões pra alguém. – Não que tivesse algo desse tipo né. – contornou ela ao percebeu o olhar ressabiado dele.

– Gente desculpa perguntar, mas aconteceu alguma coisa. – Julia não pode deixar de perceber, o jeito estranho do casal a julgar ainda mais pela forma impaciente que os dois trocavam sussurros.

– Meu pai, que quer falar com a gente, só isso Julia, no mais está tudo bem. – garantiu ele.

– Não, nada, absolutamente nada, ultimamente também não tem acontecido nada, não é. – Anita desandou a falar com negação devido ao nervosismo que se fez parte de si.

– Casal, fala logo, o que vocês aprontaram dessa vez. – Serguei indagou sorrindo para amenizar a tensão que unia a amiga a Ben.

– Nada seguei, a gente não aprontou nada, meu deus que mania de você e todo mundo de achar que a gente só apronta. – esbravejou Anita desconte. – Credo. – ela saiu de onde estava, jogou a bolsa no chão e deitou-se com a cabeça escorada a ela

– Gente eu acredito muito na humanidade, mas no caso de vocês, certinhos vocês são, mas vocês também não operam milagres né. – comentou ele.

– Serguei e já disse que não aconteceu nada, nada. – sustentou Anita dando de ombros para as alegações do amigo. – Ai melhor nós irmos então, não é. – ela alegou convidando Ben.

– Vamos sim. – respondeu ele concordando. – Tchau pra que fica. – despediu-se ele.

– Hei Ben e o Jogo. – Serguei questionou em um tom convidativo.

– É hoje? – Perguntou Ben em um tom confuso.

– É sim te falei na aula, onde você tava com a cabeça que não ouviu. – o ruivo devolveu.

– Cara eu devo ter perdido minha consciência hoje cedo mesmo. – Ben disse impaciente com a própria desatenção. – Mais não sei se vai dar pra mim não. – informou

– Como assim velho, desse jeito é que não temos chance mesmo. – Serguei quis argumentar.

– Serguei eu tenho trabalho depois, o jogo começa as 05h00min não é, cinco eu estou saindo a recém se eu não me atrasar. – explicou Ben calmo.

– Não acredito que eu vou terminar o ensino médio sem ver o time do Destaque ser campeão, assim não rende. – ele lamentou. – Faz um esforço Ben, por favor. – pediu Serguei.

– Vou ver se der eu apareço, mais no horário que remarcaram a partida fica difícil pra mim. – alegou Ben.

– Gente eu não quero desanimar vocês, mas difícil já está, porque você não para mais, e o senhor carente ali quase dormiu na aula, porque a noite tava era na internet com a Flaviana. – Anita falou em total sinceridade.

– É eu fiquei sim, mas também nem vou dizer quem contribui pra toda canseira do Ben. – Serguei devolveu em um misto de abuso e brincadeira. – Fala verdade vai, vocês não conseguem dormir cedo sabendo que o outro mora ao lado. – caçoou ele.

– Ai Serguei, coisa mais desagradável você. – Anita afirmou, mesmo se segurando para não rir.

– Eu sou sincero também horas. - garoto revelou entre gargalhada.

– Sincero você é um, sem noção pra começar. – acusou ela, Ben e Serguei riram da cara de brava que ela fazia. – Tchau pra você, o chatice. – Anita se despediu sorridente.

– Tchau boa tarde pra vocês. – desejou ele. – E óh você não vai ficar brava comigo não. – contrapôs ele a Anita.

– Eu brava com você, hum se eu não fiquei até agora acho que não fico nunca mais não é. – afirmou Anita, não dando importância pra implicâncias dele.

– Fico mais aliviado. – Serguei respondeu junto a um sorriso contente.