– Então minha gente quem vai explicar. – Ronaldo levantou da ponta do sofá e caminhou para mais perto de Vera. – E aí Ben, bora, porque ou eu estou muito enganado meu filho, ou você tem também alguma coisa com isso. – Ronaldo cobrou do garoto. – Ah não ser que a Anita esteja namorando o Vitor, porque eu não tenho outro filho. – O pai encarou o filho, esboçando uma cara não satisfeita.

– Então Anita vai explicar, ou você nem sabe se defender. – Ordenou Vera, parecendo ainda em choque.

– Eu vou. – Afirmou Anita de cara amarrada. – Mais antes, eu vou arrancar o coro, dessa imbecil. – Esbravejou ela, avançando contra Mariana.

– Anita. – Vera a repreendeu em um tom arbitraria, enquanto Ben tentava conter a menina.

–Para, Anita. – Pediu ele a segurando pela cintura. – Não adianta nada isso. – Alegou ele.

– Ben me solta. – Disse Anita tentando se desvencilhar das mãos do garoto.

– Para, acredita não vai adiantar você sujar as tuas mãos, só vai piorar as coisas. – Ben afirmou pedindo que ela se acalmasse.

– Você tá ficando louca Anita, me diz onde foi que você deixou o teu senso de realidade. – Vera a achincalhou.

– Devo ter perdido no mesmo lugar que você, não é mãe. – Anita respondeu não poupando Vera também.

– Eu, eu ainda estou esperando uma explicação. – Ronaldo cruzou os braços fitando o chão. – Anda moleque, to esperando Ben. – Ele disse desapontado.

– Eu, eu. – Ben gaguejou desconexamente, soltando Anita devagar. – Tá bom chega dessa palhaçada. – Ralhou ele, cansado de tanta confusão.

– Anita você não esta fazendo isso comigo, pelas minhas costas, me diz que isso é um erro Anita. – Vera se aproximou da menina lhe lançando um olhar de decepção, que contribui para ela ficar ainda mais paralisada.

– Pois é, parece que a mentirosa aqui, não sou eu. – Ironizou Mariana.

– Cala a boca, sua nojenta. – Sofia gritou em direção da garota. – Anita anda logo, desmente isso agora, não cabimento isso, essa sem noção aí só tá fazendo isso pra evitar que alguém me de razão, tá na cara que isso é mentira. – A loira pronunciou, nem sabendo o que a movia em defesa da irmã, mesmo pressentindo que Mariana podia estar falando a verdade.

– É verdade. – Informou Ben, segurando a mão de Anita. – Tirando a parte de que tem gente aqui, que pelo visto não aprendeu a cuidar da própria vida ainda. – Alegou o garoto sem paciência.

– Meu deus do céu. – Disse Vera, pondo as mãos no rosto com dramaticidade.

– Vera calma. – Ponderou Ronaldo. – Ben, Anita, vocês estão querendo dizer que, vocês os dois. – Interviu.

– A gente tá junto Ronaldo, e namorando. – Anita comunicou calmante.

– Caraca mano! - É agora que a casa caí. – Se manifestou Luciana percebendo o tamanho da encrenca que o casal se encontrava.

– Só que diferente do que você pensa Mariana, você não me atinge nem um pouco, e pra uma péssima pra você, a noticia é velha, ela não foi dada em primeira mão. – Anita disse a garota de cara fechada.

– Eu não sei realmente o que pensar. – Vera ficou espantada. – As duas, Sofia e Anita, o que vocês querem de mim, me enlouquecer, uma acusa sem mínima noção de verdade, e a outra mente pra mim, mente descaradamente. – A mulher pronunciou, não escondendo que sua decepção era grande.

– Não mete essa mãe, não usa os erros anteriores da Sofia, pra se justificar agora, pra fechar os olhos ao fato de que ela pode ter razão, já que você é tão esperta me diz quem foi que teve a estupidez de gravar a conversa dos dois, você, eu, o Fulano. – Soltou ela contra a mãe, já estressada com tamanha passividade de Vera.

– E você Anita, desde quando, desde quando você me esconde esse namoro, porque eu não posso dizer que é surpresa pra mim, se você já fez isso antes, porque agora agiria diferente. – Retrucou a mulher.

– Satisfeitos os dois, agora você deve estar feliz Ben. – Vitor disse insatisfeito e prevendo que sobraria para todos lidar com o desapontamento do pai e da madrasta.

– Vitor faz um favor cuida da tua vida. – Devolveu Ben de volta.

– Espera aí você também sabia, então era só eu que não. – Giovana cobrou ao irmão, atônita.

– Não, eu descobri há pouco tempo, eu não contei porque eu tive ojeriza ao imaginar onde essa história iria acabar. – Desdenhou o garoto.

– Vamos parar com isso. – Ronaldo se intrometeu na falação exasperada de todos. – Todo mundo pra suas camas, por favor, que eu quero conversar a sós com o Ben e com a Anita. – Exclamou ele firme.

– Ah não né, agora é que as coisas iriam ficar mais interessantes, porque melhor que protagonizar barraco é assistir um de camarote. – Sofia falou bem-humorada.

– Sofia, pare. – Vera repreendeu, impaciente para escutar as piadas da loirinha.

– Só você mesmo né mãe, que vai escorraçar a própria filha pra ficar do lado de uma, uma... – Sofia se calou ao constatar os olhares raivosos de Vera para ela. – Esquece. – Declarou à loira, indo em direção da escada.

– Não acredito que eu coloquei a gente nessa roubada. – Se puniu Anita.

– Hei calma, a gente já sabia que um dia isso ia acontecer, tudo bem que não precisava ser dessa forma, mais agora paciência. – Disse Ben querendo tranquiliza-la de algum jeito.

– Então por onde os dois vão começar, ou nem sabem como agir em defesa dos dois. – Ronaldo falou um tom meio sarcástico, cruzando os braços para fitar o filho e a enteada.

– Que tal eles começarem pela parte em como os dois traíram a nossa confiança, quando a gente achou que os dois poderiam conviver aqui dentro dessa casa novamente. – Vera acabou sendo irônica, movida por um impulso. – Pelo menos pra nossa família ter um pouco de paz Ronaldo, mais os dois não devem estarem preocupados com isso. – Proferiu ela.

– Não foi assim que as coisas aconteceram mãe. – Garantiu Anita.

– Quando eu vim morar aqui, nós não tínhamos nada Vera. – Esclareceu Ben, recebendo um olhar de desaprovação de volta.

– Então os dois vão alegar o que, desculpem mais dessa vez eu tenho que concordar com a Vera, que a culpa foi nossa quando decidimos colocar os dois debaixo do mesmo teto novamente confiando em ambos. – Ronaldo rebateu.

– Eu só quero saber a quanto tempo isso vem acontecendo. – Cobrou Vera.

– Já tem um tempo. – Respondeu Anita sincera.

– Quanto tempo Anita. – Vera pressionou taxativa.

– Não sei, sei lá, uns dois, três meses. – Disse Anita atrapalhada devido ao nervosismo.

– E você diz isso assim Anita, como se fosse à coisa mais normal do mundo, com essa cara. – Vera se exaltou. – Eu to começando a achar que o Caetano tinha razão quando me dizia que eu dei liberdade demais pras duas, passei a mão na cabeça, conversei demais. – Esbravejou.

– É a única que eu tenho mãe, você quer que eu faça o que, e não mete meu pai no meio disso, que você ainda pode se arrepender. – Retrucou Anita, não permitindo que Vera a intimidasse.

– Anita, você não me provoque, porque eu realmente. – Vera revidou, vindo mais para perto dela

– Você vai fazer o que mãe, me bate. – Acusou ela. – Não vai resolver nada, não vai adiantar, não vai mudar o que tá acontecendo. – Afirmou Anita.

– Anita, não provoca. – Aconselhou Ben, segurando firme em uma das mãos de Anita, parando um pouco a frente dela.

– Eu não consigo acreditar que esse pesadelo esteja vindo à tona, já não basta tudo que houve até aqui. – Se perguntou Vera. – Como que os dois tiveram coragem. – Acusou.

– Do mesmo jeito que você tem coragem, de dizer isso na nossa cara depois de tudo que houve, como se não fosse nada, como se fosse algo que se apaga com uma borracha e não se toca mais no assunto. – Disparou a menina.

– Anita. – Ben encurralou a menina com os braços em volta dela, procurando uma forma de acalma-la.

– Chega Ben, chega eu já cansei dessa passividade de vocês, cansei de ver vocês tocando a vida de vocês, enquanto a idiota aqui arca e assume, e se culpa pelos erros que segundo vocês ela cometeu sozinha, e que eu tenho que aceitar isso numa boa, me calar e me entregar pras próprias desgraças do destino, só pra vocês terem paz, serem felizes. – Anita não se conteve. - E a minha vida fica onde no meio disso tudo mãe. – Questionou ela exasperada. – Me ver feliz não muda em nada, a tua visão das coisas. – Alegou.

– Você esta sendo leviana Anita, e inconsequente. – Disse Vera não se atendo as palavras da filha.

– Não, porque pra você, eu era incrível e ótima filha, enquanto eu fazia o que você queria, não tinha motivo pra questionar nada, só que a partir do momento que eu tive, eu só passei a ser a filha torta, errada, você é capaz até de esquecer dos erros da Sofia, mais os meus ,você nem para pra pensar. – Afirmou ela, com o descontrole se fazendo presente. – Fala, fala o que você não tem coragem, nem de admitir pra você mesma, você tem medo do que você pensa de mim, nem isso, você não admiti, só que eu não vou fazer o que você quer, antes lá atrás você quis fazer na marra que eu desistisse, só que não vai adiantar, é a minha vida que você tá tratando dessa forma. – Anita cobrou uma posição dela. – Eu não to dizendo que eu to certa, tá legal, mais para de achar que as pessoas tem que fazer o que você quer, pela paz de todos, pela tua paz, e na felicidade dos outros você não pensa, não pensa no que eles também tem que abrir pra ti ver Ben, e você não pode negar que muitas vezes eu me sacrifiquei, me anulei por vocês. – Disse a garota.

– Eu já vi que nada que eu te diga, vai mudar, você já decidiu Anita, e eu realmente to muito triste com isso tudo, e com você, que me esconde tudo e pior acha normal. – Vera afirmou não escondendo sua mágoa.

– Eu não falei que era normal, você esta torcendo as coisas. – Anita quis argumentar, percebendo o jeito rude de Vera.

– Pois eu não aceito, não vou achar sensato que você minta pra mim desse jeito, e queira receber um sorriso de tudo ótimo de volta. – Respondeu Vera estarrecida. – Eu vou me deitar, trabalhei o dia todo, estou exausta, e quando chego em casa sou atropelada pela minha própria filha, com coisas que eu até pensava que tivessem sido esquecidas. – Declarou Vera.

– Não é me virando a cara que você vai concertar algo, você tá fazendo de novo, qual é o próximo passo afastar um de nós dois. – Anita retrucou. – Só que dessa vez você pode ver os dois saindo por aquela porta. – Soltou ela, desapontada com a forma que Vera estava ignorando as coisas.

– Afinal do que vai adiantar mesmo não é Anita, se não é de hoje que você fez questão de deixar muito claro, que o que os dois têm ou tiveram não é um simples namoro de adolescentes. – Vera falou em um tom meio sarcástico. – Eu vou indo, até porque hoje ninguém tem condições de resolver nada, eu preciso processar isso tudo primeiro, minha cabeça parece que esta dando voltas apenas. – Declarou ela, se retirando da sala a passes firmes nos degraus da escada, que podiam ser ouvidos.

– Então o que os dois pretendem fazer agora hein, já que são tão sabidos. – Ronaldo os indagou com um olhar sério para os dois, que continha também uma certa aflição contida.

– Você pode ter certeza pai, que só tem uma coisa que a gente sabe que não vai acontecer, a gente desistir. – Respondeu Ben convicto, puxando Anita pela mão até o sofá, onde os dois se sentaram.

– Mesmos cientes de que isso pode se transformar um pesadelo diário, que a os dois vão ter que arcar com as consequências, sozinhos. – Ronaldo tentou ser racional, ocupando a poltrona a frente do casal.

– Você poder ter certeza que a gente já lidou com consequências piores Ronaldo, e nós não morremos por isso. – Afirmou Anita.

– E eu tenho que admitir, que eu me sinto muito mal em não ter ajudado os dois, de uma forma mais significativa com isso tudo. – Disse ele, em tom de lamentação que era evidente. –Os dois sabem mais também, sabem da admiração e do respeito que eu sempre tive pelas atitudes dos dois, da forma como vocês sempre ajudaram eu a Vera com tudo, com os irmãos de vocês, com a casa, com a união de todos, até com problemas que não cabiam a vocês, que eram de responsabilidade minha e da Vera, os dois sempre procuravam intermediar de alguma forma, só que agora os dois parecem que colocaram isso tudo em segundo plano, pra lutar pelos interesses um do outro, e de uma forma decidida eu não posso negar. – Proferiu Ronaldo, tentando colocar seu ponto de vista. – Eu não vou mentir, eu não posso passar a mão na cabeça dos dois, eu não faria isso, e acho que os dois sabem, e também não dá pra mim não dizer que eu não estou chocado com isso, com a situação. Mais... –Ronaldo fez uma pausa para refletir.

– Mais... – Quis uma resposta Anita, com a ansiedade lhe consumindo.

– Mais que os dois, são meus filhos, você já passou quase uma década longe de mim Ben, e bom você Anita, você é minha filha sim, até que provem ao contrário, mesmo sabendo que você tem um pai, com defeitos, mas que sempre se fez presente apesar de tudo nunca de todo ausente, você é minha filha e agora que o Caetano não esta mais por aqui então. – Discursou ele. – Eu quando conheci a Vera, você era toquinho de gente, eu vim você crescer, se desenvolver, amadurecer, e virar essa pessoa de caráter indiscutível que é hoje. – Afirmou Ronaldo emotivo, com tantas lembranças. - Mesmo errando, me desafiando com isso tudo, você é minha filha, assim como a Sofia, sé que você resolveu se apaixonar e namorar, bancar uma relação, que ao meu ver hoje não é mais um simples namoro, ficou sério, eu não quis perceber isso, talvez lá na frente, e quando eu comecei a pesar isto, você já não estavam mais juntos, mas, agora vocês, aqui na minha frente de novo me dizendo com todas as letras que estão juntos, e quem realmente o que a gente pensa não faz diferença, me traz ter que lidar com isso de volta, só que o rapaz em questão é eu filho, irmão de sangue do Pedro, assim como você Anita. – Anita e Ben, encaram o chão aos seus pés, perdendo as esperanças que dissesse algo positivo. - O que realmente traz um laço confuso, que eu preferia que não tivesse ocorrido, não vou ser hipócrita em dizer que não. – Ele preferiu ser sincero com os dois.

– Então você sugere que, que agente você faça o que Ronaldo. – Anita pressionou o padrasto em busca de uma resposta que fosse mais objetiva. - Se envolva em alguma tragédia de tipo shakespeariana, foi mal, mais na primeira gota se sangue que eu visse já desistia, não tenho vocação pra sofrimento auto -regado. – Anita desdenhou ironizando.

– Pai o que você quer dizer com tudo isso, porque eu quero deixar claro desde já que, muita coisa mudou, se desfez e se refez, mas meu discurso de lá atrás ainda esta de pé, nada vai me fazer desistir de ficar com Anita independente do que vocês pensem, e na boa isso me importa muito menos hoje, depois de tudo que a gente já passou. – Bem quis entender.

– Que como pai, e matriarca dessa família, não vai ser virando as costas para os dois que eu vou mudar minha realidade, e acreditem eu aprendi isso da pioro forma possível, eu tenho consciência disso. – Explicou ele. - Vocês não são dois irmãos postiços apenas, são um casal de namorados, não é isso. – Os dois se olharam arredios, mas acabaram assentindo com a cabeça positivamente. – E bom isso não foi meu sonho de família, porque realmente uma situação dessas desconfigura meu ideal de família, que eu, a Vera queríamos tanto construir, e achamos que tínhamos construídos, quando não notamos que o carinho que unia vocês dois, estava longe de ser um carinho de dois irmãos, mais que na verdade ia muito além disso, e bom eu não vou mentir, eu achei que se não dava pra ser desta forma mais, já que os dois tinham se envolvido e as coisas se desfizeram da forma que se deu, mas, que pelo menos os dois se respeitassem e se tratassem de uma forma amigável em nome de nós todos. – Afirmou Ronaldo tencionado.

– Pai o que tá em discussão aqui, não é o respeito que a gente tem ou não um pelo outro, o que, aliás, nunca faltou. – Ben tentou faze-lo a concentrar no que importava.

– Não mesmo Bem. – Ele respondeu em um tom negativo. - Eu nunca achei que você pudesse estar sendo movido por algum pensamento leviano, ao delegar essa história aqui em casa, se fosse a troco de nada, você sendo meu filho e a Anita tão próxima de mim, eu teria então que tomar uma atitude, mesmo sabendo que você complicou este pensamento quando teve um namoro relâmpago, por assim dizer com a Sofia, eu nunca mudei esse pensamento. – Ponderou Ronaldo, tentando mantar sua serenidade. - Só que coloquem-se no meu lugar, no da tua mãe Anita, o Pedro é nosso filho, irmão dos dois, se vocês vierem a ficaram juntos, como pode acontecer, e eu não descarto mais essa possibilidade, acho que os dois me provaram que não estão sendo lavados por uma relação de dois adolescentes, como que eu explico a ele que um suposto filho de vocês dois, será sobrinho dele pelos dois lados, que eu a Vera seremos avós de uma mesma criança, sendo que você Anita tem outro pai. – Argumentou Ronaldo, deixando um enorme silêncio se espalhar pelo ar.

– Não acha que você tá se antecipando demais não Ronaldo. – Pronunciou Anita, quebrando o vazio que ficava presente no ambiente.

– Não ao contrário, eu quero que os dois entendam o meu lado também, o de todos aqui, não é fácil pra eu ter que explicar aos vizinhos, e demais parentes, que meu filho namora, minha enteada, e que os dois convivem debaixo da mesma casa, com os outros irmãos.

– Pai olha se é isso, na boa nem começa. – Interviu Ben, recebendo cutucões de Anita pedindo que ele não continuasse.

– Gente soa liberal demais, soa pra frente demais, infelizmente as pessoas não querem saber como as coisas aconteceram ou quais os motivos que os levou a isso, se vocês gostam de verdade ou não um do outro. – Ronaldo contrapôs seus argumentos.

– Ah claro pai, e logo você, que bancou uma relação com alguém que já tinha tido um casamento fracassado, vai pensar assim baseado em opiniões, sinceramente eu já parei de me importar com isso. – Ben gesticulou já estressado. – Aconteceu, acredita a gente não planejou isso, nem agora e nem antes, por mais que isso seja a alegação mais fora de hora possível, tenta entender a gente também, será que é justo nós abrimos mão da nossa vida e felicidade, pra simplesmente não causar um problema a vocês, que pra mim, na minha cabeça é só de vocês mesmo, vocês é que idealizaram uma família perfeita, vocês nunca perguntaram pra mim e nem pra Anita se a gente se sentia como irmão, com o tempo vocês se guiaram por aparências, e você não pode me acusar de ter mentido em relação isso, eu sempre deixei claro que eu não me sentia irmão da Anita. – Pronunciou ele. – E mesmo assim, você ignorou, preferiu achar que não era nada, você se guio por uma intenção errada, equivocada, que você e a Vera idealizaram. – Afirmou o garoto.

– É. – Ronaldo não diminui as verdades que poderiam estar contidas nas palavras de Ben. - Você preferiu se relacionar a espreita com ela por isso. – Cobrou ele também. – Porque você não pode dizer que eu estou de todo errado, quando te digo que você não foi maturo o suficiente pra assumir isso, você não assumiu Ben. – Alegou Ronaldo, sentindo como se estivesse dando voltas sem sair do lugar.

– Ronaldo, por favor, se a gente contar vocês fazem um escândalo , se a gente não conta vocês também fazem. – Bufou Anita nervosa.

– Então os dois iam contar ou não, aliás, porque esconderam de novo. – Ronaldo ordenou uma resposta taxativo.

– Bom, primeiro a gente não queria mais problemas mesmo, se a gente tivesse que lidar com isso nós não conseguiríamos, fechar todas as portas e gavetas pra seguir em frente, a gente queria paz Ronaldo, paz que nós nunca tivemos pra nada, aí depois eu fiquei com medo do Antônio, eu pedi pro Ben não fala nada, só que depois a Mariana e a Marta se instalaram aqui em casa, vocês tesavam já cheios de problemas, agora rolou a história com a Sofia, minha mãe tava aí choramingando pelos cantos, e bom a gente ia contar por esse dias, só que como você pode ver, não deu tempo. – Anita procurou se justificar.

– E como que o Vitor ficou sabendo, na certa pegou os dois de agarramento pelos cantos da casa. – Disparou Ronaldo, deixando um rastro de constrangimento por parte dos dois.

– Não, não, não foi assim, o Vitor é que veio tirar satisfações comigo justamente porque desconfiou da minha proximidade com a Anita, e eu contei, de raiva mais contei. – Ben exclamou.

– E o que eu faço agora com os dois. – Ronaldo devolveu, perdido com o tudo viu e ouviu naquele momento.

– Faz o que você quiser, minha mãe já tá me odiando mesmo. – Anita falou sabendo que Vera não entenderia.

– Não Anita, eu não acredito nisso, a Vera só esta confusa com essa distância das duas. – Ele defendeu a esposa.

– Distância que ela cria, quando vira a cara e bate o pé, me dizendo que não aceita e ponto, que é pra eu tirar essas ideias maluca da cabeça, como se a gente tivesse falando de um tênis de marca de um vestido de grife. – Disse ela ironizando, exausta.

– Eu quero perguntar mais um coisa pros dois, que acabou me vindo na mente agora. – Afirmou Ronaldo com uma cara desconfiada.

– Ah não o que. – Ben ficou com expressão preocupada.

– Aquele final de semana que os dois saíram daqui de casa pra viajar, você com a Bernadete Anita e você com o pessoal do curso de inglês, vocês não, já que não fazia sentido os dois irem viajar separados de estivessem juntos, ao contrário iram preferir passar o feirado juntos, não iam. – Ele disse, querendo sinceridade.

–Pai eu, eu. – Ben não soube o que responder.

– Ronaldo eu acho melhor você não mexer nisso. – Anita argumentou apreensiva.

– Eu não acredito que os dois fizeram um aburrada dessas. – Ronaldo rebateu, esbravejando, os repreendendo.

– Se você quiser gente não diz pronto. – Disse Ben se calando ao fitar a cara enfurecida do pai.

– Vocês passaram de todos os limites mesmo, e pra onde os dois foram, a Bernadete que ajudou nisso, não foi. – Ronaldo os encheu de questionamentos.

– Não, fui eu que convenci ela a mentir. – Anita garantiu ao padrasto. - Quando ela se deu por conta, não pode voltar atrás, ou seja, eu enganei ela também. – Anita quis aliviar a culpa da mulher.

– Ah você a convenceu, o Ben a convenceu antes, meu deus do céu, vocês não aprenderam nada com aquela história do Antônio. – Ele ralhou irritado.

– Ronaldo, eu posso até ter coagido a Bernadete. – Manifestou Anita. – Mais acredita a culpa disso tudo não é mais minha ou do Ben, ou ao contrário, mas de nós dois, com o mesmo peso. – Expôs Anita categórica. – E aprendemos que segredo, só é segredo quando não se tem ninguém envolvido, e fica calmo que dessa vez não chegou nada nos ouvidos do Antônio, e Ronaldo calma tá, você não precisa mentir pra minha mãe, porque eu não vou te pedir isso, pode deixar que eu mesma conto, eu não sou tão mentirosa, sorrateira e leviana como ela diz não. – A garota não abstraiu sua culpa.

– Eu só peço uma coisa aos dois, muito cuidado com as ações impulsivas dos dois. – Disse ele. – Nós vamos resolver essa situação, eu os garanto isso, mas eu também peço paciência, e mais que vocês não desrespeitem essa casa, os irmãos de vocês, a mim, a Vera, dando mais motivos pra todos nós não indignarmos com essa situação, vocês esconderam uma coisa muito séria de todo mundo, não vão querer agora que todos ajam como se nada tivesse acontecido. – Pronunciou Ronaldo com tranquilidade. – E quanto essa história da viagem, eu assumo de falar com a Vera Anita. – Comunicou ele.

– Ronaldo eu sinceramente não sei se isso é uma boa ideia, eu posso contar pra ela, não to tentando tirar meu corpo fora não. – Anita ponderou, sabendo que Vera não iria gostar em nada, temendo uma briga entre os dois.

– Eu já disse que eu vou falar com ela Anita. – Afirmou Ronaldo, impaciente com a insistência da menina.

– Ok, mais depois não diga que eu não te avisei, e Ronaldo eu não quero prejudicar o casamento de vocês, jamais quis, e eu acho que nem o Ben também. – Esclareceu Anita, sentindo certa culpa pela situação.

– E o pior é que eu não posso deixar de admitir que acredito nisso. – Confessou Ronaldo sorrindo encabulado. – Bom eu vou ver como a Vera esta. – Informou ele, ao imaginar que ela podia não estar nada bem. – E chega de confusão por hoje, não é. – Alertou ele, deixando Ben e Anita sentados ao sofá, parecendo não saberem muito como prosseguirem a partir dali.

– Se tá legal. – Indagou Ben, com a face abatida de Anita.

– Acho que to, e se eu não estiver vou ter que ficar né, não dá pra voltar atrás agora não é, não tem se, tem o que é real. – Anita respondeu, esboçando um sorriso desconcertado, que foi retribuído por ele da mesma forma confusa.

– É agora é se acostumar com o tranco né. – Ben concordou, envolvendo o braço em volta dela e a aconchegando escorada nele, enquanto os dois ficavam pensativos.