– Não sério para tudo. – Giovana sentava em sua cama atônita, escorando a cabeça na parede, em seguida. – Eu ainda não creio que o Ben, a Anita, Anita e o Ben. – Balbuciava ela toda atrapalhada com as falas. - Enfim que eles tão juntos e pior esconderam de mim isso. – Giovana dizia desapontada.

– Para de viagem Giovana. – Sofia meteu-se, com a voz exasperada. – Eles esconderam de todo mundo, não só de você, você é que tá aí querendo ser o certo do mundo, como sempre dramatizando. – A loira afirmou com desdém, enquanto arrancava o esmalte já descascado das unhas.

– Poxa eles tão juntos de novo, e me esconderam isso, cadê a confiança. –Justificou a ruiva deixando sua chateação transparecer.

– Espera como assim de novo. – Mariana indagou ficando confusa.

– Ai Giovana até parece que a Anita te deve satisfações, satisfações pra uma pirralha, meu poupe. – Sofia desdenhou caçoando. – E pra você vê, como a Anita te disse, a notícia é velha, você não conseguiu dar ela em primeira mão. – Ela soltou em direção de Mariana, sorrindo vitoriosa.

– É eles já tinham namorado antes, mas terminaram, e eu idiota, achei que eles não iriam mais voltar, já que não faziam questão de mostrar a intenção. – Exclamou a menina irritada. – E Sofia. – Giovana gesticulou na direção dela. – Não é questão do que eu sou ou não, mas é questão de confiança, transparência, cara não tá pra acreditar que eles fizeram isso. – Disse a ruiva balançando a cabeça negativamente.

– Ah Giovana não enche, você me dá sono sabia. – A loira retrucou impaciente, para tanto drama da meia-irmã.

– E você hein. – Giovana lançou um sorriso altivo para Sofia. – Porque sabe, a única coisa boa disso tudo, é saber que você perdeu, o Ben não ficou com você, mas sim voltou pra Anita. – Zombou ela satisfeita por esse lado, saber que o irmão não ficou com a loira.

– Hum e você acha que estou me importando com isso, eu sou mais eu minha cara. – Garantiu Sofia exibida. – E tá me olhando com essa cara porque, o rata de esgoto, pra você vê a Anita e eu, nós somos sim parecidas em algumas coisas. – Esbravejou Sofia estressada com a presença de Mariana.

– Deixa ela em paz Sofia, que nojo. – Giovana se pôs em defesa da garota. – Já basta os problemas de hoje você quer criar mais um. – Ralhou ela, exasperada. – Falando em problema. – Sussurrou Giovana a ver Anita entrar apressada no quarto.

– Que, que foi, pararam de falar mal de mim por que. – Anita falou, já antevendo qual era o assunto das três.

– Quem estava falando mal de você, era a tua querida amiga Anita, Giovana. – Sofia respondeu, remexendo na caixa de esmaltes em busca de uma cor.

– Até parece que dava pra ficar imune, não é Anita. – Giovana disse um tanto irônica. – Porque você não me falou nada hein Anita, to me sentindo uma ridícula sabia. – Alegou

– Giovana olha só eu acho que... – Anita procurou ponderar.

– E sabe o que eu acho, que você foi , e esta sendo uma tremenda mentirosa, continua aí como se nada tivesse ocorrido, mesmo depois de tudo que aconteceu lá em baixo. – A ruiva interrompeu dramatizando ainda mais.

– Tudo, o que, pera aí, ninguém morreu também, não tem um ataque de histeria, vamos conversar sem tanto drama, por favor. – Pediu Anita em suplica.

– E o Ben hein, poxa nem ele me disse nada. – Exclamou ela desapontada, praticamente ignorando as últimas palavras de Anita. – Cara que ódio de vocês. – Ralhou a menina, deixando Anita sem saber o que fazer.

– Ai meu deus quanta enrolação. – Sofia se intrometeu cansada da falação. – Oh Giovana, não é mais fácil você admitir na cara da Anita, que você nunca quis de verdade que ela namorasse o Ben, como todo mundo aqui nessa casa, você sempre torceu pro Ben voltar com a Meg, fazia até campanha pra isso, desde que ela chegou aqui. – Acusou a garota.

– Oh Sofia o dia que eu precisar da opinião de uma ameba, como você pra falar por mim, eu me mato tá querida. – Giovana lançou uma careta em direção da loira, que não deu importância.

– Sabe, é isso que todo mundo aqui detesta em mim, eu falo na cara de vocês, o que vocês não admitem, para de condenar a Anita, e diz logo na cara dela que o problema, é que você nunca quis ela como cunhada Giovana. – Rebateu Sofia, com certo zombamento, pela cara insatisfeita de Giovana por estar sendo entregada.

– Sofia não se mete, porque a conversa ainda não chegou no shopping. – Anita quase a ordenou. – E você hein o garota, tá com essa cara porque, tem alguma palhaça aqui, pra você estar rindo. – Proferiu Anita em direção a Mariana, que sorria debochada.

– Não sei, mais se tivesse acho que seria você. – Mariana irritou-se.

– É jura, e você pelo jeito esta mesmo decidida a não voltar com a carinha intacta pra casa. – Disse Anita com ironia.

– Ah qual foi Anita, vai bater nela, agora a culpa é dela. – Se manifestou Giovana.

– Porque se vai defender ela, então bom você começar a fazer umas aulas de defesa pessoal, porque se eu quiser mesmo fazer isso não vai ser você, e nem ninguém que vai me impedir, muito menos o Ben, aliás, você só não apanhou ali em baixo porque ele impediu. – Ela respondeu impaciente. – Melhor agradecer a ele, ou melhor, nem chegar perto, essa história ainda não acabou garota, vai ter volta, e relaxa, pressa não é problema, eu posso esperar, mas não acabou aqui. – Anita garantiu, saindo do quarto, com uma muda de roupa em mãos.

– Anita. – Chamou Ben, quando avistou a garota descendo a escada de cabeça baixa.

– Ai que é também. – Falou ela um tanto alterada.

– Nossa calma. – O garoto esboçou um sorriso desconcertado.

– Me desculpa, acho que eu não estou nada calma mesmo. – Admitiu ela, transparecendo sua chateação.

– O que pode piorar em cinco segundos. – Ben resmungou ao ver a mãe entrar pela porta.

– O Ronaldo. – A mulher tentou falar.

– Olha sinceramente, eu não quero nem ouvir. – Afirmou Ben totalmente cansado de tanto escutar as imposições de todos, em um dia que não parecia mais ter fim.

– É só isso que você tem pra dizer, porque eu te avisei. – Esbravejou ela.

– Eu já entendi tá, agora dá um tempo pros meus ouvidos, porque como você já deve de saber eu já ouvi demais. – Alegou ele.

Depois da série de confusões que Anita viveu, ela só poderia desejar mais que tudo, deitar com a cabeça em seu travesseiro e esquecer um pouco dos problemas que tiraram sua calma e lhe causaram exaustão, a garota só não contou um detalhe, que uma das irmãs, tudo levava a crer que Giovana, que a tinha tratado com rispidez, depois que descobriu seu namoro com Ben, tivesse a brilhante ideia de trancar a porta do quarto.

– Giovana, Sofia abre. – Pediu. – Não tem graça, abre alguém. – Disse Anita perdendo o controle. – Brincadeira de criança isso. – Argumentou ela, tentando se conter para não fazer escândalo no corredor. – Ah não Giovana, abre, eu tenho quase certeza que foi você que armou isso, ai quer saber, já que é assim também to nem aí, me esquece vocês. – Anita deu como últimas palavras desistindo de convencer alguém a abrir a porta.

– Aí meu, se tá com mó cara, de que tomou o maior susto do ano. – Luciana dizia a Ben, na cozinha, que segurava um copo de água em mãos.

– E do ano, e se bobear do século. – Ele não escondeu.

– Tá todo mundo contra tu e a doidinha velho, e a mana então achei que ela ia cai dura, ou pior fosse esfolar vocês dois. – Comentou Luciana.

– Ah sério, olha Luciana, eu nem tinha percebido. – Ben deu um sorriso cínico como resposta.

– Também tu foi se pegar com a mina na mucosa, deu nisso. – Afirmou ela.

– Você não ia dormir. – Disse Ben, ao levantar o olhar e dar de cara com Anita adentrando a cozinha.

– Eu ia né. – Anita respondeu com desanimo evidente.

– Eu pensei que visita na madruga, tivesse proibida. – Luciana falou risonha.

– Claro que não né tia. – Anita rebateu. – Quer dizer claro que não, eu não iria falar com o Ben, coisíssima nenhuma. – Anita contornou ao perceber sua frase de duplo sentido, anteriormente. – Mais acontece que uma das meninas trancou a porta, como que eu entro agora, pela janela, suponho que tenha sido a Gio, ela tava irada comigo. – Ela justificou.

– E a Giovana acha que é quem pra fazer isso. – Ben ficou desapontado com a ruivinha. – Eu vou falar com ela. – Afirmou.

– Não Ben, nem tenta, só vai dar mais confusão. – Impediu Anita.

– E a Sofia, porque não abriu a porta pra você. – Questionou Luciana.

– Simples, sei lá, deve ter dormido ouvindo música, como ela sempre faz. – Anita previu desanimada.

– E tu vai dormir onde, ah não é por nada não, mais o sofá já é meu. – Luciana defendeu seu lado.

– Não sei, não sei de mais nada. – Anita continuou emburrada.

– Faz assim Anita, dorme na minha cama, que eu ponho um edredom em algum canto mesmo, no vou conseguir dormir mesmo. – Sugeriu Ben.

– Mais isso também não tem cabimento. –Resmungou Anita.

– É mais se os dois dormirem juntos aí que tua mãe te mata. – Luciana alertou.

– Olha minha cara de preocupação. – Anita destilou todo seu sarcasmo.

– Pior é que a Luciana tem razão. – Disse Ben.

– Bom no final. – Proferiu Anita caminhando até o sofá, onde Ben estava sentado parecendo distraído. – Quem se deu bem, de alguma forma com essa confusão toda, foi à tia Lu, não é, que foi dormir na tua cama, se livrando do sofá. – Debochou ela, tentando ver algum lado bom naquilo tudo, pensando consigo mesma, se é que dava devido a tanta confusão.

– Ai princesa. – Suspirou ele, esboçando um sorriso, dando alguma razão para ela. – Eu acho que, quando Deus resolveu distribuir sorte, a gente deve ter se esquecido de passar na fila, porque não é possível. – O garoto falou irônico, ao calcular o tamanho de toda confusão que os dois haviam arrumado.

– Ou pior não é, já aconteceu tanta coisa, que sério daria um ótimo livro, só não sei, se no final, como na maioria das histórias a gente vai ter um final feliz, porque né. – Respondeu Anita acrescentando. – Minha mãe tá louca comigo, isso é mais que óbvio, Vitor já não estava nada contente com essa situação, e a Giovana pelo visto também vai se rebelar, o Pedrinho provavelmente não vai desgostar e nem aprovar, já a Sofia bom, dali pode vir tudo, já é claro isso, e tem o Ronaldo não é, que com certeza não vai ficar contra minha mãe, mesmo achando que fazer birra e ignorar, não resolva nada, e eu acho que eu também nem quero que ele interceda. – Murmurou Anita, somando algumas reações de todos.

– E quem te disse que não. – Falou Ben, colocando as mãos no rosto dela e lhe dando um beijo. – Ou você acha que depois disso tudo, de uma lista enumerada de cima a baixo, agora a gente vai dar pra trás, ah não me recuso. – Afirmou sorrindo.

– É assim, não quero ser chata não. – Pronunciou Anita, abraçando uma almofada. - Eu só não sei de onde a gente vai tirar tanta persistência, paciência, teimosia e por aí vai, porque o quarto eu já perdi e consequentemente a cama, não é. – Anita retrucou brincalhona.

– Ah então você sugere que nós façamos o que Anita. – Perguntou ele, expressando um sorriso curioso.

– Eu tenho uma ideia, mais você não iria gostar. – Garantiu Anita, com certa malicia na voz. – Extermínio de praga da forma mais objetiva, esmagando mesmo, essa garota não sabe com quem que ela mexeu Ben, eu vou provar pra minha mãe, que ela tem sim alguma coisa a ver com essa história da Sofia, mais nem que eu tenha que terminar essa confusão da pior forma possível. – Afirmou Anita com certa histeria.

– Ah ok, e me diz como que você vai fazer isso. – Ben revirou os olhos, preocupado com os devaneios dela. Não, né porque eu até tenho medo de saber. – Expressou ironicamente.

– Não sei ainda. – Confessou ela. – Mais o que não vai faltar é tempo pra pensar. – Previu. – Detesto mentira, e ainda mais pra prejudicar os outros, e mentira e sordidez juntas, não. – Disse a garota taxativa.

– Só pra te lembrar uma coisa, infelizmente meu amor, a tua palavra nessa casa no momento esta valendo menos do que uma nota de três reais, e Anita pra todos os feitos a mentirosa é você, sou eu. – Ponderou Ben, não vendo como ela conseguiria tal feito.

– E olha minha cara de preocupada Ben. – Rebateu Anita esboçando um semblante sisudo. – Pelo menos eu não fiz nada para prejudicar ninguém, se eu prejudiquei alguém nisso tudo foi a mim mesma e talvez a você, e que saber se ninguém chegou a perceber nada entre gente é porque no fundo ninguém para pra se preocupar ou prestar atenção em nós dois, porque sinceramente descrição não é nosso forte e nem nunca foi. – Exclamou a garota tencionada. – Ai e eu vou acabar indo pro inferno mesmo, até porque condenada eu já fui. – Esbravejou ela desapontada.

– É só que sei lá também Anita, é uma situação que chegou a um nível de delicadeza, que nem nós sabemos mais, é tanta gente falando, tanta coisa, que as vezes eu me sinto sim, um completo irresponsável, insensível e egoísta. – Ben desabafou suas frustrações.

– É só que como você mesmo disse, não dá pra voltar atrás, e nem fazendo isso a gente iria mudar alguma coisa que já passou, o que a gente podia concertar nós tentamos Ben, algumas coisas deu pra remendar e outras bom, são irreversíveis, mesmo que a nossa distância, falta de conhecimento da realidade, de noção de tudo, que tenha nos levado a comete-las, mas elas já foram não estão mais no nosso alcance. – Ressaltou ela.

– Sabe o que eu to começando a achar. – Afirmou Ben, olhando para ela com um sorriso no rosto.

– Hãm, e eu posso saber o que é. – Anita se divertiu por conta do sorriso bobo que ela a lançava.

– Que é melhor a gente aproveitar o restinho da paz que nos resta. – Ele dizia, empurrando Anita no sofá e deitando sobre ela.

– Ben, olha só, para. – Ela riu debochada, enquanto ele tentava em beija-la. – Eu não quero mais levar bronca por hoje, sério mesmo. – Anita alegou, já em exaustão pelas inúmeras confusões.

– Independentemente do que acontecer, que a gente não vai deixar nada atrapalhar o que nós sentimos. – Declarou Ben, a encarando de um jeito carinhoso.

– Bom pra ser sincera, essa é a única coisa que eu sei, que não vai acontecer. – Anita proferiu retribuindo com um beijo.