– E você Julia como tá. – Anita questionava a amiga na saída do colégio.

– Olha acho que estou melhor do que eu pensei que iria estar. – Falou Julia, tentando manter-se serena.

– E você e o Fred conversaram com a Raíssa. – Perguntou Anita, querendo entender um pouco mais a situação.

– Olha eu não vou te dizer que ela não ficou surpresa com o que ouviu, mas ela prometeu manter o emprego do Fred pelo menos por enquanto, o que vai depender muito de como os alunos e os pais vão reagir. – Afirmou Julia, explicando o ocorrido.

– Vai ficar tudo certo, mesmo que alguém comente no início, depois eles arrumam algo mais interessante em tornar polemica. - Disse Anita convicta.

– Ai Anita. – Disse ela, com um sorriso.

– Eu to falando. – Refirmou Anita e as duas riram.

– E aí gente vamos pra casa. – Convidou Ben se juntando as duas.

– Ah vai você amor, sabe o que é, é que eu vou passar na casa da Bernadete, vou dar um pulo até a Barra. – Anita afirmou se explicando.

– Barra? – Anita o que você vai fazer na casa da Bernadete. – Ben indagou desconfiado.

– Nada de mais ué, vou conversar uma coisa com ela, porque não posso agora, tá me proibindo de ir e vir igual à mamãe. – Anita esclareceu impaciente.

– Não, não é, é só que vamos combinar que o teu histórico nos últimos meses em relação a confusão não é o mais favorável possível. – Disse ele, querendo se justificar.

– Ah olha quem fala, de um jeito como se tivesse ficado sentado, esperando a tempestade passar, ao invés de ter corrido atrás da Sofia como fez. – Anita retrucou.

– Eu juro que eu não sei por que eu tento. – Falou Ben revirando os olhos.

– Não tenta porque você sabe que eu estou certa, não é. – Afirmou ela de volta. – Mais deixa pra lá, não vou perder meu tempo dialogando algo, que nós nunca chegaríamos a um acordo, não um que fosse bom pros dois. – Disse Anita, sorrindo.

– Ai gente vocês não vão ficar discutindo aqui, né, por favor. – Argumentou Julia, achando graça das caras dos dois.

– Não estamos discutindo. – Garantiu Anita.

– Exato. – Falou Bem se defendendo.

– Bom vocês vão comigo até o ponto de táxi, se eu esperar ônibus não vai passar nunca nesse horário. – Alegou ela.

– É né, foi o que me sobrou. – Respondeu Ben, desapontado.

– Ah não faz drama, não vai, do jeito que a gente vive grudado, daqui uns dias você vai enjoar de olhar pra minha cara. – Brincou Anita.

– Olha acho pouco provável isso acontecer, mas também não custa evitar. – Ele retrucou, sorrindo.

– Gente bora logo, que ser candidata à vela não é algo que eu curta. – Julia falou irônica.

– Se fosse o caso, sem dúvida você seria a vela mais linda do mundo. – Disse Anita, achando graça do jeito dela, enquanto os três caminhavam a passos lentos pela rua.

Barra: Casa da Bernadete...

– Bernadete na boa, só você mesmo pra fazer comer sorvete de chocolate de sobremesa. – Falou Anita, enquanto as duas curtiam o almoço.

– Engorda né, mais eu não consigo evitar, também uma vez ou outra não mata. – Bernadete disso rindo.

– Engordar só se for eu, porque você tá linda né, quem me dera ser você daqui uns anos, porque do jeito que eu como bobagem sem me controlar, daqui uns anos eu estou lutando com a balança, e já prevendo tenho tudo pra perder essa guerra. – Anita elogiou.

– Que nada menina. – Proferiu Bernadete bem-humorada. – Mais você, fazia tempo que você não vinha aqui, sinto falta dos tempos que você morou aqui sabia, tua mãe que não me ouça mais se ela deixa eu te roubo pra cá. – Afirmou ela, contente pela visita.

– Eu sei, o tempo anda curto mesmo, mais você agora também tem o Abelardo não é, não que eu não amaria morar com você. – Disse Anita, servindo mais um pouco de sorvete em sua tigela.

– É tenho, ele vem pra cá as vezes, mas tem a mãe não é, não pode deixar ela a sós o tempo todo. – Justificou ela.

– Se tá feliz com ele não é, que bom, você sempre quis tanto ter uma relação bacana, casar na igreja, quem sabe agora não rola. – Pronunciou Anita, contente por Bernadete.

– Ah quem sabe, ele é um cara incrível mesmo, acho que eu nunca tive um namorado como ele. – Disse ela, com um olhar apaixonado. - Como que eu demorei tanto pra perceber isso, acho que eu nunca vivi algo assim. – Disse Bernadete, com felicidade.

– É e ele gosta de você, da pra ver. – Anita disse.

– Mais vem cá e você, e o Ben hein, vocês estão juntos ainda. – Perguntou ela, de maneira curiosa.

– Estamos, a gente discute às vezes, pelas coisas mais bobas, sei lá parece tem tempos que um muro se abre entre a gente, a gente se perdeu com tudo que houve. – Explicou Anita. – Mais a gente tem tentado, deixar isso de lado, até porque mexer tanto no que houve, no que não houve, não vai mudar nada do que se passou. – Anita afirmou.

– É, mais esse negócio de vocês não terem assumido pra geral, pode virar um problema, não é. – Quis alertar ela.

– Eu sei, só que a gente não conseguiu falar, quando quis, e agora, agora parece que o momento se fez pó. – Exclamou Anita, percebendo razão na alegação de Bernadete.

– Imagino, porque todo mundo colocou uma pedra, nessa história de namoro aí, tua mãe acha que nunca mais vai precisar lidar com isso. – Bernadete falou compreendendo. – Ela pode levar um tremendo susto viu. – Contrapôs preocupada.

– É eu já percebi. – Disse Anita, com o semblante frustrado.

– Mais não fica assim não, ela vai acabar entendendo. – Bernadete quis anima-la. – Adorei que você veio me ver, mas você disse que queria me pedir algo, o que era. – Bernadete perguntou ao lembrar.

– Então, aquela historia de você me levar com você na viagem pra São Paulo era séria. – Anita questionou.

– Era flor, claro que era. – Garantiu ela, parando para prestar atenção na garota.

– É que eu queria um favor teu. – Anita disse, receosa com a reação de Bernadete.

– Fala, o que é, se eu puder te ajudar. – Falou ela, curiosa já.

– Mais assim, Bernadete se você não quiser, não precisa, sinta-se a vontade pra dizer um “não”. – Anita pediu. – Mas, promete que mesmo que você não me ajude, você não vai falar pra ninguém. – Quase suplicou Anita.

– Claro, não conto pode deixar, você me conhece. – Afirmou ela.

– É que eu queria que você me ajudasse, a viajar com o Ben, no final de semana que você fosse pra São Paulo. – Anita soltou pausadamente, com medo da reação dela.

– O que. – Bernadete pronunciou, tirando os cotovelos de cima da mesa, a espalmando as mãos com certa força sobre a madeira do tampo da mesa, encarando Anita em uma mistura de espanto com susto.

Continua...