Serguei, Julia e Anita conversavam no salão depois de almoçarem juntos.

– Então quer dizer que você Jujuba é a mais nova desencalhada. – Serguei brincou, com a amiga que confidenciava seus pensamentos a respeito de Fred.

– Ai Serguei credo! – Coisa desagradável isso. – Disse Anita, que não se conteve em achar graça das palavras dele.

– É e também não abri pra ninguém da minha história com ele, vê se não vai sair por aí falando. – Julia afirmou.

– E você pelo jeito volto as boas com o Ben, depois de ter brigado com ele, deixa eu ver pela milésima vez. – Serguei retrucou sem perder a piada. – O que eu tenho que dizer que foi um alivio pra mim, fiquei bem culpado pela briga de vocês. – Ele declarou, mais tranquilo.

– Mais olha Anita ele tá todo soltinho hoje, cheio de graça. – Julia implicou com o amigo.

– É né isso é a convivência com a Flaviana, ele fala da gente, mas quem transborda amor é ele. – Riu Anita.

– Hahaha, muito engraçado. – Ele lançou uma careta para as duas. – Ai nem me fala. Flaviana foi ao banco pegar o dinheiro que os pais dela mandaram pra ela, pra visitar eles nos Estados Unidos. – Serguei contou, um pouco aflito. - Ai gente muito medo de perder a minha maluquinha, pras grifes de Nova York , e se ela não voltar. – Disse o garoto com uma cara de tristeza. – Como eu fico. – Questionou ele.

– Mais ela não te disse que volta, então, preocupar pra que. – Anita confortou o amigo, ao ver toda aflição dele.

– Disse gente, mas e se não voltar. – Serguei contrapôs preocupado.

– Aqui, tocando a tua vida, e depois eu duvido que a Flaviana faça isso, mas hoje em dia com tanta tecnologia vocês podem arrumar um jeito de irem se falando. – Julia quis dar uma força a ele.

– É mais ainda não da pra entrar dentro do computador e sair lá, onde ela esta. – Falou Serguei pouco confiante.

– É gente, vamos parar né, Serguei a Flaviana nem viajou ainda, e depois vocês se amam, se adoram, acredita nisso, que o resto vira nada. – Anita tentou desviar a conversa ao perceber que o amigo estava sentido com a situação.

– Vamos falar de coisas animadas vai. – Julia deu uma ajuda. – Que eu to juntando forças pra contar do meu namoro pra minha mãe, nem quero pensar em problemas. – Julia confessou também.

– Vocês tem razão eu não posso impedir a Flaviana de ver os pais. – Serguei entrou em concordância. – Ela sente muitas saudades deles. – Ele foi compreensivo. – E você dona Julia para de bobagem, tua mãe vai ficar é muito feliz por você. – Afirmou ele sorrindo.

– É já falei pra ela parar de pirar não é. – Anita pronunciou brincalhona.

– Ai gente eu to tentando mais eu estou uma pilha de nervos por isso. – Julia fez seu desabafo.

– Chefinho vem chegando cliente. – Gritou Vanessa, enquanto fazia as unhas de uma moça.

– To indo já. – Respondeu ele. – Bom gente eu vou ter que ir lá, fiquem a vontade. – Falou o menino ao levantar-se.

– Já estamos. – Rebateu Julia, arrancando risadas de Anita.

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– Oi filha, chegou tarde do colégio. – Vera falou ao vê-la entrar pela porta.

– Eu almocei com a Julia e o Serguei. – Anita respondeu, vindo até ela. – O que vocês estão fazendo aí. – Perguntou ela, ao observar o jeito compenetrado de Vera e Bernadete.

– Ah a gente tá terminando uns relatórios de preços, porque eu estou indo na sexta pra São Paulo pra terminar de oficializar um enorme acordo com uma empresa de lá. – Bernadete contou em total animação.

– Nossa bacana, parabéns, vocês merecem. – Disse Anita contente por elas. – Você sabe que eu ontem li uma matéria incrível sobre uma feira de artes e arquitetura que vai ter lá, eu adorei só de ver algumas fotos de como seria. – Comentou a garota desinteressada.

– Ué vem comigo então, o Abelardo iria comigo mais não vai poder, a mãe dele tá meio adoentada. – Convidou ela.

– Eu? – Não, imagina. – Anita pronunciou incrédula.

– Bom se não for te atrapalhar no colégio, eu não me aponho. – Vera respondeu.

– E eu acho mesmo que você precisa ocupar e muito essa cabeça, pra não pensar em nada do que aconteceu. – Bernadete afirmou.

– Bom vamos ver então, quem sabe. – Falou Anita sorridente, vendo outros pensamentos lhe rondarem. – Eu vou subir gente, terminar um trabalho, bom trabalho pra vocês. – Anita desejou saindo em seguida.

– Ah oi. – Falou Mariana ver Anita entrar no quarto.

– O que você tá fazendo aqui. – Anita perguntou como semblante sério.

– O Pedro e a Giovana que estava aqui, eu fiquei pra trás porque meu celular caiu e eu não estava encontrando, ai por acaso ele tava debaixo da cama, deve ter escorregado, e olha que eu achei sem querer. – Explicou ela, estendendo a mão a Anita, e lhe alcançando algo.

– Uma foto, e dai. – Anita respondeu de forma natural, ao ver os sorrisos dela e de Ben estampados no papel.

– Nada mesmo, vocês estavam lindos, da pra ver a grande amizade que vocês tem. – Mariana afirmou de forma simpática.

– Um diria um laço pra toda vida mesmo. – Disse Anita inquieta.

– Eu vou indo, tchau. – Falou ela.

– Tchau. – Anita disse, fechando a porta depois que Mariana saiu por ela, a menina sentou a cama e ficou observando a foto com melancolia, ao se dar de conta de como a vida dos dois tinha sido tomada por acontecimentos avassaladores nos últimos tempos.

Mais tarde...

– Ai droga trabalho chato, não consigo escrever nada que preste. – Resmungou Anita para si mesma, ao não conseguir começar um trabalho. – Anita você já foi mais inteligente, mais esperta, mais criativa. – Murmurou ela, arrancando a folha do caderno e jogando amassada ao chão. - E mais rápida, daqui pouco eu não termino esse trabalho hoje. – Percebeu ela, ao visualizar a hora na tela do computador que estava deixando de lado. – Eu preciso terminar esse trabalho. – Reclamou ela, escorando a cabeça na guarda da cama e descansando as mãos nos cabelos.

– Ai nossa! – Como você entrou aqui, nem te vi. – Disse Anita com uma risada travessa, ao abrir os olhos e dar de cara com Ben sentado a sua frente.

– Entrando, você é que tava aí viajando e nem se deu por conta. – Afirmou ele, sorridente.

– Tava mesmo, não consigo escrever nada que se aproveite por trabalho de Português. – Confessou ela. – Você terminou o teu. – Ela perguntou.

– Terminei ontem, por que. – Respondeu Ben.

– Então deixa eu copiar, ou faz outro pra mim. – Anita retrucou as gargalhadas.

– Ah que lindo. – Disse ele de volta. – Você já foi mais dedicada sabia. – Brincou o garoto puxando o pé dela.

– Para, a brincadeira foi estupida, mais eu realmente não to tendo boas ideias. – Respondeu Anita, as risadas. – Que foi, olha aqui eu não tava falando sério não, não que a falta de ideias não me domine nesse instante, mas eu ainda tenho algum tipo de dignidade sobre aquilo que é feito por mim, nem que seja a coisa mais mal feita do mundo né. – Falou a menina ao vê-lo paralisada a olhando.

– Não é isso, é eu acho que você não tem ideia de como você fica mais linda quando tá assim, rindo, serena. – Afirmou ele, encantando.

– É né, pena que as vezes fique tão difícil não se estressar com tudo que se passa, e tem se passado nas nossas vidas. – Anita repensou. – Juro que eu queria nunca mais pensar em tantos dilemas. – Confessou Anita.

– E porque não. – Perguntou Ben, sentando ao lado dela.

– Difícil, não é, ah amor a gente vive numa corda bamba com tudo e todos sempre, você já processou isso. – Anita justificou. – Hoje mesmo eu tive uma discussão no mínimo esquisita com a Sofia, preciso falar com ela depois, sei lá talvez eu tenha pegado meio pesado. – Ela contou.

– Por quê? – Ben indagou, querendo entender.

– Sofia e eu, não é Ben, e a nossa relação confusa, que as vezes nem a gente entende. – Anita disse. – Alias que história é essa que você ainda tem algo com ela. – Anita proferiu a Ben, que se viu surpreso.

– O que, a Sofia te disse isso, como assim. - O que você almoçou, não é possível. – Falou ele um tanto irônico.

– Disse e muito, Sofia sempre gostou de usar de pequenos detalhes pra disseminar a intriga e a insegurança nos outros, e eu acho que se eu não estivesse com você eu iria até ficar tentada a acreditar nisso. – Anita esclareceu.

– Pois eu não entendo Anita, foi mal, na verdade eu sempre tive vertigem de perceber que uma pessoa age dessa forma, sempre colocando detalhes sutis onde não tem, vendo as coisas de uma verdade totalmente equivocada da real, e o mundo é minado de pessoas assim, não é, eu acho que eu não consigo criar nada que não exista simplesmente pra me sentir bem com a situação, ou pra mesmo contar uma vantagem que não há. – Afirmou Ben.

– É mais as pessoas na maioria das vezes são assim Ben, e na nossa idade isso é, mais comum ainda, vai ver é isso que move todo mundo achar que tudo é como elas querem. – E a Sofia sempre teve esse hábito, distorcer tudo da maneira que fosse conveniente pra ela, se ela encontrava uma pessoas hoje, a amanha era melhor amigo, no meu caso seria conhecido, ela vê as coisas de um ângulo muito diferente do meu, com certeza. –Disse Anita. – Mais de repente ela tem razão você poder sim ter unido o útil ao agradável, e estar ficando com as duas. – Alfinetou Anita travessa.

– Vou preferir achar que você tá brincando, não é. – Respondeu ele desconcertado.

– Não, eu não tenho motivo pra duvidar de você, fui eu que te julguei mal, não você que estava errado. – Garantiu ela.

– Prefiro acreditar nisso mesmo. – Falou ele, se aproximando para um beijo.

– Você não tem muito opção, meu caro. – Riu Anita.

– Sabe que, enquanto eu esperava meu pai chegar pra gente conversar lá no Enbaixada eu melembrei de uns lugares que sem dúvida vaelria muita a pena conhecer do teu lado. – Exclamou ele com um sorriso.

– O que o Ronaldo queria com você mesmo. – Perguntou Anita, intrigada.

– Nada queria que eu ajudasse a descarregar umas coisa, porque ele iria tirar a tarde pra falar com o advogado, acho que tem alguma coisa a ver com aquela história da casa. – Ben se justificou.

– Ah bom, mamãe anda bem nervosa por causa disso também o problema que ela não fala. – Anita afirmou. – Mais e o lugar e fala, onde é. – Ela pediu sorrindo.

– Não depois, agora eu tenho uma ideia melhor. – Disse ele, depositando beijos no pescoço dela.

– O que não acaba com minha curiosidade, deixar claro. – Anita respondeu, os dois embarcaram em um beijo com empolgação.

– É já me acostumei, tua curiosidade nunca acaba mesmo. – Implicou Ben voltando a beija-la.

– Anita desculpa entrar assim, mais eu preciso muito falar com você, eu não to bem. – Falou Julia entrando apressada pela porta.

– Ai Julia, podia ter avisado que era você. –Anita argumentou com nervosismo.

– Desculpa, eu não queria atrapalhar vocês, mais eu não conseguia mais esperar. – Afirmou ela, tensa.

– Bom eu vou deixar vocês falaram. – Disse Ben levantando.

– Não pode ficar, até porque o meu proposito mesmo é contar pra todo mundo, mais tá me faltando coragem. – Rebateu ela perturbada.

– O que, Ju, calma, e me explica o que houve, se tá estranha. – Perguntou Anita querendo entender o que se passava.

– Eu não consigo falar pra minha mãe do Fred, engasguei, agora eu não sei como conto pra ela, como conto pra ele, que eu não contei, o que eu faço gente, eu to mal. – Julia desabafou, Anita e Ben se viram perplexos. – Ai acho que eu vou embora, eu nem devia de ter vindo aqui, encher a cabeça de vocês, vocês já tem tantos problemas, desculpa gente, esqueçam, eu vou pra casa e vou fazer o que eu tenho que fazer. – Pronunciou Julia, saindo pela porta apressada novamente.

– Julia. – Anita ainda quis impedir a menina, mas em vão.

– Eu nunca vi ela assim. – Disse Ben, extasiado.

– É, normalmente quem tem esses tipos de surtos sou eu, e não ela, ai mais ela tem razão, porque do mesmo jeito que ela não se vê com coragem pra falar com a mãe, eu também não conseguia dizer pra mamãe da gente, travava. – Anita falou, a entendendo. – Bem eu vou falar com ela tá, foi mal, depois a termina, eu não posso deixar ela na mão. – Afirmou Anita, preocupada com o descontrole de Julia.

– Vai, melhor, porque sei lá, ela deve tá precisando e muito de uma ajuda, e nada melhor que você. – respondeu ele, compreendendo a situação.

– Tá bom, eu vou então, tchau, mais tarde a gente se fala, beijo. – Afirmou Anita, dando um beijo em Ben, e saindo atrás de Julia em seguida.