— Eu te amo, vamos beber algo enquanto cuidam dele. - ele olhou os enfermeiros e disse. - Se não curarem meu filho eu meto fogo nesse hospital!

— Para de dizer asneira! - Ela o pegou pela mão e saiu dali sabendo que a vida do filho nunca mais seria igual depois da morte daquela menina...

Ele estava adormecendo e chorando por ela, a morte dela era a morte dele, agora estava condenado para toda a vida, nunca mais seria um homem feliz, um homem em paz. Era só uma sombra, uma sombra do nada. Estava lá deitado e sofrendo e as horas se foram e o médico foi aos pais para conversar. Estava na recepção, olhou para os dois nervosos.

— Vocês são os pais de meu paciente?- ele disse serio com a prancheta na mão.

Sim...- Ela se levantou de imediato.- Como ele está?

— Ele precisa de repouso e por mais de quinze dias. Está com a clavícula quebrada.Ele tem escoriações e vai ficar com dificuldade nos braços uns dias!

— Ele não vai ser aleijado, vai?- Falou cheia de preconceito.

— Não, ele não vai, está bem em suas pernas, mas a sua mente não está bem! Ele está chamando pela outra jovem e isso o afeta, eram noivos?

Ela suspirou com raiva.

— Não somente uma vagabunda que virou sua cabeça contra nos ainda bem que morreu!- Falou sem nem disfarçar.

O médico suspirou e disse com paciência.

— Ele precisa de companhia e compreensão, se isso for um problema deixamos meu paciente aqui!

— O senhor já fez seu trabalho e quando pudermos levar nosso filho pra casa avise que o levamos!- o pai disse sem paciência para aquele homem que queria se intrometer em sua vida.- Se o senhor já terminou pode ir cuidar do meu filho!

— Se for assim, ele fica!- o médico se virou de costas e disse frio.- Eu já terminei, podem ir embora, ele não esta liberado para visitas.- disse com raiva daquela gente.

— Obrigada doutorzinho e se precisar nos ligue que voltamos!- O homem era mesmo um tirano e apenas queria tudo a sua maneira.

O médico seguiu para atender seus pacientes. A mãe o olhou.

— Precisa ser sempre assim rude?

— Pau no cu dele, ele está querendo me ensinar a cuidar do meu filho? Rola grossa nele! Esse queima a rosca!

— Meu Deus, você está horrendo hoje!- Ela pegou sua bolsa e caminhou para fora do hospital para irem embora.

Ele foi atrás dela e deram as mãos indo embora.

— Como vai ser agora em?- Ela falou no carro junto a ele que já dirigia.- Ele nunca vai nos perdoar...

— Ela está morta, isso é o que importa! A vagabundinha está fora de nossas vidas e nosso filho vai se casar, nos dar netos e sorrir!- disse frio.

— Assim vai ser, meu amor, assim vai ser!- Ela não era muito diferente do marido e não queria e não permitiria que o filho tomasse um caminho diferente do que eles queriam para ele.

— Vamos seguir a nossa vida...

Ela sorriu com o que pensava naquele momento e disse.

— Quero que se vista de lixeiro hoje! Meu desejo é esse para hoje...- O olhou esperando a resposta dele.

— Eu me visto, do que quiser, desde que suba no meu pau!- ele disse rindo para ela.

— Toda essa merda me deu um tesão...

— Eu tenho tesão na sua buça toda hora, toda hora com ou sem problema!

— Mais com problema pegamos ainda mais fogo porque eu fico assada e quando se veste de lixeiro, eu fico louca!-Tirou o cinto e foi até ele e cheirou seu pescoço.- É errado sentir tesão com nosso filho no hospital?- Abriu a camisa dele alisando seu peito.

— Nosso filho está no hospital porque teve tesão numa cadelinha, todo mundo tem tesão, ele está vivo e bem! Vamos rasgar essa pomba ai no pau e no dedo! Hoje não tem palavras de amor, vou chamar de tudo que é nome!

— Eu quero que me foda igual uma cadela, que me bata e me diga o quanto eu sou sua...- Lambeu o peito dele.- Precisamos de uma empregada nova...

— Eu bato, mas quero passar creme ai na sua bu..inha e lamber tudo!Eu sou lixeiro e você de empregada, pode ser assim? Minha taradinha?

Ela gargalhou.

— Hum?

— Do jeito que meu catador de lixo quiser... Eu pego no seu cabo pra varrer a casa toda...- Apertou as pernas já molhada.

— Eu vou poder me afundar no buraco fundo? Hum? No buraco?

— Podemos começar por aí o que acha?- Apertou o membro dele preso na calça.

— Podemos começar com você de cadelinha chupando o pau do cachorrão! Igual você fazia no beco, em amor, eu te comia na parede era uma delicia! Adorava aquele cheiro da rua!

— Você queria novas experiências com a pobretona já que seus pais queriam você casado com aquela maldita peituda!- Se comia de ciúmes ao lembrar da vadia.- Imagina se não tivesse engravidado por acidente o que seria de mim.

— Eu não queria ela, amorzinha, eu só queria a minha chupetinha! Lembra que eu te chamava assim, de chupetinha tesuda?- ele riu alto com ela.- Eu ficava era doido quando cheirava entre suas pernas, cheiro de mulher, delicia, cheiro de sexo!

— Cheiro de mulher cuidada que sabe o que seu homem gosta!

— Bu...ta igual a sua não tem não, amorzinho, eu comi muitas, mas só a sua é perfeita e cheirosa e me dá vida!- ele a olhou.- Por isso é só minha! Só pode ser minha ou eu mato!

— Eu não preciso de outro, eu te amo sempre foi assim e mesmo quando brigamos estamos lá um em cima do outro destruindo a nos mesmos com esse amor!

— Minha mulher e dona de mim!Você sempre foi a dona deste velho tarado aqui! É a dona de meu sorriso, de meu coração e de meu pau duro!

NO HOSPITAL...

Ele estava completamente dolorido em todas as partes do seu corpo mas o que mais doía nele era o coração. Pensar que tinha perdido a pessoa que amou durante tanto tempo sem conseguir realizar sua paixão por ela era uma facada. Ela tinha morrido pela intolerância de seus pais pelo modo como eles eram com pessoas pobres...

Ele se virou na cama voltando a olhar a janela depois de um tempo dopado. Viu a porta se abrir e olhou a enfermeira.

— Pode me trazer mais analgésico?- ele disse com calma.

Ela olhou o soro dele, mediu sua pulsação e sorriu de leve.

— Eu vou trazer para o senhor.

— Obrigada...- ele disse e depois antes dela sair.- Você pode me matar?- estava sério quando disse aquilo.

Ela o olhou incrédula.

— O que?

— Veneno! Eu quero morrer...- Matei a mulher da minha vida, meus pais são malditos canalhas! Eu quero morrer!

— Não diga isso...- ela voltou até ele e o olhou com calma.- Você é tão novo ainda não deve pensar uma coisa dessas.

— A última coisa que eu quero é estar perto de pessoas que me transformaram em alguém que não sou! Eu só quero estar longe deles eu não quero um amor que me sufoca.- Ele deu o último suspiro fechando os olhos. Ele queria morrer de verdade.

— Você pode ficar longe de tudo e de todos apenas vá para longe não precisa morrer para isso, você é jovem ainda e tem uma vida toda pela frente se recupere e vá para longe de tudo e de todos que te façam mal! Você pode ser melhor do que eles pensam... você pode ser melhor para você!

Ele deu um suspiro olhando aquela mulher que estava lhe dando uma lição de moral e ele merecia. Mas no seu coração só queria morrer.

— O que eles vão ganhar com sua morte? Eles já conseguiram te destruir e você vai dar mais uma vitoria a eles?

— Eu não quero saber mais nada deles!Eu só quero seguir com a minha vida o que resta da minha vida.- Ele estava decidido a não pensar em nada somente que queria estar longe dos pais.

— Você vai conseguir.- sorriu segurando a mão dele.- Vai conseguir sim, eu acredito, agora vou buscar sua medicação.

Ele suspirou ficou esperando. O ódio corroía o seu coração! Ele sabia que não tinha solução para aquela dor.Ela foi e minutos depois voltou medicando ele e ficou junto a ele até que pegasse no sono não queria e não podia deixar que ele fizesse algo contra ele mesmo.E ele adormeceu...

Ele ficou com no hospital por um tempo, mas logo foi liberado para cumprir seu repouso em casa. Estava tão triste, voltou a trabalhar e estudar sem nenhuma vontade um mês depois. Ele era um homem pela metade. O local onde estava o corpo dela era onde ele rezava e chorava as vezes.

Tinha dito aos pais de modo direto que ele estava desistindo deles, que estava com raiva deles, que queria eles bem longe de sua vida e como homem que era, foi pra sua casa. Um apartamento que ele pagava, não queria o dinheiro do pai, mas tinha deserdado eles.Estava longe de ser gentil, tinha virado um homem triste e frio.

Os pais dele não estavam nem um pouco satisfeito com aquele achaque do filho eles queriam e teriam o filho por perto sim por bem ou por mal não deixariam que a sombra de uma morta destruísse o que eles tinham "concertado" e por isso lutavam todos os dias contra os próprios sentimentos do filho para que eles pudessem ser feliz já que ele era tudo que eles tinham na vida. Mas nada foi suficiente já que ele se distanciou cada vez mais de seus pais deixando assim um vazio imenso no coração daquela família...

ANOS DEPOIS...

Os anos se passaram e tudo foi ficando mais sombrio e triste para eles, cada dia mais distantes. Eram quase cinco anos depois...e ele ainda sofria e se desesperava algumas noites quando pensava que por sua culpa. Por sua culpa ela tinha partido desse mundo!

Era uma luta diária para que se fosse seguido em frente era difícil imaginar que poderia de fato se perder quem mais amamos, mas as vezes o destino é traiçoeiro e nos prega um futuro tão ruim que chegamos a imaginar que a morte é a solução ou que viver nas sombras é ainda mais reconfortante do que olhar pra frente e seguir...

Ele andava na rua apressado naquela tarde, estava cheio de medo de chegar atrasado as suas consultas quando esbarrou forte em uma mulher.

— Babaca!- Ela gritou de imediato com ele.- Não olha por onde anda não ou cego?

Ele estatelou quase desmaiando, estava com o rosto branco como uma vela, era um fantasma?

— Você.... Você..- ele gemia as palavras como se fosse a coisa mais complicada do mundo.- Você, você!

Ela nem olhou pra trás apenas foi embora depois de deixar seu sorvete cair no chão estava com muito ódio mesmo daquele idiota. Ele foi atrás dela e sorriu com o coração acelerado. Estava tão nervoso e correu até chegar nela.

— Você esta viva!- agarrou ela louco abraçando.

— Me solta você está louco!- Empurrou ele.- Socorro, esse idiota quer me roubar!

Ele a olhou com o rosto me chamas.

— Sou eu, seu namorado, você não lembra? Não lembra?

— Você está maluco! Está me confundindo!

Ele a olhou e bateu no rosto com raiva dele mesmo.

— Meu Deus, meu desculpe!- ele disse com calma.

— Louco!- O olhou com desprezo e saiu andando dali quase que correndo.

Ele passou as mãos nos cabelos, estava doido e tinha medo de estar surtando. Saiu dali segurando o coração com as mãos e sentiu que era o começo de algo ruim se sentir assim depois de tanto tempo, disse com calma para si mesmo respirando fundo:

— Você tem que se acalmar...- Olhava as coisas a sua volta e suspirou saindo dali.