E Se?

What I’m trying to say is not to forget


Giane foi acordada por beijos delicados em sua cabeça. Piscou os olhos, sentindo o noivo entrelaçando seus dedos. Sorriu largamente, enquanto erguia a cabeça na direção dele.

_ Bom dia. – desejou com a voz rouca de sono.

_ Bom dia, futura Sra. Campana. – Fabinho sorriu, beijando a mão dela, que riu para ele – Como está se sentindo?

_ Honestamente? Dolorida. – ele gargalhou alto – Acho que você me trombou com todas as paredes desse apartamento, não é possível.

_ Peço desculpa por isso. – ele pediu – Acho que tem Dorflex na gaveta do banheiro.

_ Bom saber. – Giane sorriu – Mas quanto ao fato de estarmos noivos... Eu estou muito feliz. De verdade.

_ Você acha que foi precipitado? – perguntou Fabinho, temeroso – Eu não quero que você ache precipitado, nem que tenha aceitado no susto ou...

_ Fraldex. – ela tampou a boca dele, rindo – Não foi precipitado, porque nós já somos “casados” desde a nossa primeira noite. E eu fiquei surpresa sim, mas podia ter sido em uma conversa particular, que eu diria sim do mesmo jeito. Eu diria sim, em qualquer situação. Entende isso.

_ Então nós podemos marcar o casamento para mês que vem? – a corintiana gargalhou alto, acompanhada do noivo – Tá bom, mês que vem não. Mas no máximo em três, tá bom?

_ Tá com medo do que? – perguntou ela – Eu não vou fugir fraldinha, relaxa.

_ Eu sei que não, mas eu quero aproveitar logo nossa vida de recém-casados, para poder começar a encher teu bucho. – ela não conseguia parar de gargalhar – É sério tranqueira, nós vamos ter uns cinco ou seis, precisamos começar logo.

_ Tenho cara de chocadeira? – perguntou a corintiana, se sentando. Ela deixou o lençol cair, mostrando o corpo nu – Pensa assim... Quanto mais filhos, mais deformado vai ficar.

_ Tá, eu posso me contentar com dois. – Fabinho se sentou – Mas só se você deixar eu me aproveitar de você... O quanto eu quiser.

_ Bom, já colocou uma coleira no meu dedo. – ela observou o anel no dedo anelar direito – Acho que tá no seu direito.

~*~

_ Pai? – Bento bateu à porta do escritório de Wilson – Posso entrar?

_ Pode meu filho, pode. – o homem suspirou cansado, enquanto o rapaz adentrava o cômodo – Algo errado?

_ Não, apenas vim avisá-lo que irei me atrasar amanhã. O Felipinho me ligou, dizendo que a dona Glória está piorando. Vou vê-la e levarei a Amora comigo. – contou o mais novo – Não sei se ela viverá o bastante para ver Kim nascer, mas deixarei que ela desfrute disso. Quem sabe acalme um pouco seu coração em relação ao que fez comigo, e assim ela possa descansar em paz.

_ É bom ver que ainda existe um pouco do garoto doce que você foi. – o pai sorriu – Me lembra muito sua mãe, sabe disso.

_ Você acha que ela teria orgulho? – perguntou Bento, se aproximando da janela – De mim e da pessoa que eu me tornei?

_ Ela teria, assim como eu tenho. – garantiu Wilson, o segurando pelos ombros – Eu apenas estou preocupado com o caminho que você está tomando, em relação a esse relacionamento com a Amora.

_ Eu tenho medo de estar errando. – sussurrou Bento, secando os olhos compulsivamente – Pai, por mais que eu tenha raiva e nojo de tudo que a Amora faz, existem aqueles pequenos momentos em que eu a vejo como a Mayara que eu conheci.

_ Ela é a mãe do seu filho. – o pai sorriu – Eu entendo como você se sente, às vezes isso acontecia comigo e com a Damáris.

_ Você acha que eu estou errando por não tentar? – perguntou Bento, preocupado – Que eu deveria dar uma chance para nós, para ver o que acontece?

_ Bento, você já é um adulto, casado, responsável por suas escolhas. Se algo der errado, não vou poder concertar seus erros. Essa é a pior parte de crescer. – Wilson suspirou – Quem tem que saber se está fazendo o certo ou errado, é você. Porque as consequências disso serão inteiramente suas.

_ Preferia continuar criança. – o rapaz admitiu, fazendo o pai rir – Quando meus maiores problemas eram os joelhos ralados, que você curava com um beijo e um chocolate.

_ Nunca estamos velhos para o carinho de nossos pais. Ou para um chocolate. – Wilson garantiu – Se não me engano, temos alguns na dispensa. Quer?

_ E eu lá sou homem de recusar chocolate? – perguntou Bento, enquanto ele e o pai saiam do escritório aos risos.

~*~

_ Amor, você tá esperando alguém? – Giane saiu da cozinha, indo em direção a porta da sala. A campainha soava insistentemente, anunciando que alguém havia ido visitá-los – Fabinho?

Ela abriu a porta, encontrando Malu e Maurício ali. O casal deu um sorrisinho torto, enquanto ela arregalava os olhos, surpresa.

_ Fabinho não avisou que viríamos? – perguntou Malu, e a moça negou – Bom... Surpresa.

_ Ele adora fazer surpresas. – a corintiana riu, dando passagem para os cunhados – Mas entrem. Sintam-se a vontade.

_ Ah, maninha. Mané. – todos riram – Chegaram cedo. Achei que só vinham daqui uns 40 minutos.

_ E custava me avisar? – perguntou Giane, fazendo careta.

_ Relaxa pivete, eles só vão almoçar com a gente. – Fabinho deu um selinho na noiva – Agora o que, isso é um impasse. Eu não sei nem fritar ovo, a Malu muito menos. Ou você vai pra cozinha, ou nós vamos comer em algum lugar.

_ Tá começando a folgar. – Giane colocou as mãos na cintura, se fingindo de brava – Olha que eu revogo esse noivado.

_ Tecnicamente, ainda não noivamos. Eu te pedi em casamento, a festa de noivado é outra história. – Fabinho corrigiu, fazendo a morena rir – E se ficar nessa preguiça, eu mesmo revogo essa história. Vou lá querer uma esposa preguiçosa?

_ Adoráveis. – riu Maurício – Bom... Tem um restaurante italiano há algumas ruas daqui. É o melhor que eu já fui.

_ É aquele que tem o ravióli de frango? – perguntou Giane, e Maurício concordou – Você me levou lá no nosso terceiro aniversário.

_ Ok, tá excluído da lista. – gritou Fabinho – Vamos comer yakissoba na Liberdade. E depois a Malu pode fazer quantas compras quiser nas lojinhas típicas.

_ Fabinho, molho shoyo me dá azia, esqueceu? – Giane gargalhou, enquanto o noivo fazia careta.

_ Cêis acreditam que ela peida na minha frente? – ele perguntou, fazendo a irmã e o cunhado rir, enquanto Giane corava.

_ Já te vi cagando. – ela rebateu, indo para o quarto pegar a bolsa – E não é uma cena bonita.

_ Gente, intimidade fica entre vocês, por favor. – Malu implorou, enquanto Maurício gargalhava.

_ Já dizia o ditado “intimidade é uma bosta”. – Fabinho deu de ombros – A partir do momento em que você divide o teto com alguém, isso é parte do pacote.

_ Isso, toalha molhada na cama, cueca suja na maçaneta do banheiro, pasta de dente aberta... – Malu começou a enumerar, enquanto os rapazes davam de ombros.

_ Não se esqueça de quando eles derrubam os cremes, maquiagens e afins. – Giane completou – No caso do seu irmão, quando ele isola minha bola de futebol.

_ Nem todo mundo é moleque de rua e joga futebol bem. – Fabinho resmungou – Essa daí passa o dia jogando na Toca, aí chega de noite e ela resolve ir para o campinho do prédio. E fazer apostas de teor sexual.

_ Fabinho, in-ti-mi-da-de. Se não sabe o que é, procura no dicionário. – Giane beliscou o rapaz – E vamos logo, que eu to ficando com fome.

_ Tá vendo porque preciso apressar o casamento? Tá comilona, comilona... Daqui a pouco vai estar uma rolha e vai entrar na igreja rolando. – o publicitário sorriu.

_ Tirou o final de semana para me irritar, não é possível. – Giane o puxou pela mão, enquanto os cunhados riam – Antes de me pedir em casamento, era só “amor pra lá, amor pra cá”. Agora é só na patada.

_ Ninguém mandou já viverem como casados. – brincou Maurício – O encanto já foi pro brejo.

_ Pelo menos podemos transar na casa toda depois de casados, e dizer que é inédito. – Fabinho deu de ombros, enquanto Giane corava – Se bem que já fizemos isso.

_ Sei como é. – o Vasquez concordou, fazendo o cunhado franzir o cenho.

_ Cara, cê tá falando da minha irmã. Dobra essa língua aí. – rosnou Fabinho, enquanto todos riam – Melhor ir comer mesmo. Antes que eu saiba de mais coisas que não quero.