E Se?

You became a part of me


_ Pivete, eu preciso que você ache sua certidão de nascimento. – avisou Fabinho, entrando no quarto – A gente precisa ir ao cartório, dar entrada na documentação. Leva uns quarenta dias para ficar pronta, e eu acho que podemos casar no civil antes do religioso.

_ Nós nem decidimos quando vamos nos casar, relaxa aí. – ela riu, colocando o notebook de lado.

_ Ótimo, então liga pro Miguel e o Felipe, avisa que você não vai. – avisou o publicitário – Nós vamos à igreja marcar a data.

_ Você quer mesmo casar na igreja? – perguntou Giane, surpreendendo o noivo – Digo... Eu não fiz primeira comunhão ou crisma, só fui batizada. E além do que, tem que fazer curso preparatório de noivos, pra marcar data é um porre...

_ Me esqueci disso tudo. – Fabinho fez careta – Acho que nem batizado eu fui, porque meu pai me adotou com nove anos. Pra gente conseguir regularizar tudo isso, vai demorar um bom tempo.

_ Nós podemos fazer uma celebração na casa do seu pai. O juiz de paz, assinamos os documentos... Até coloco um vestido cheio de fru-fru, pra você ficar feliz. – o rapaz riu, sentando ao lado da esposa.

_ Você pode usar o que quiser. Menos uniforme do Corinthians. – ela fez bico, enquanto Fabinho lhe dava um selinho – Mas precisamos ir ao cartório, de todo jeito. Pelo menos para dar entrada na papelada.

_ Que tal no dia em que completarmos oito meses de namoro? – perguntou Giane, vendo o noivo cogitar – Fica no mesmo dia, só em meses diferentes.

_ Até porque eu gosto do dia oito. – o rapaz sorriu – Muito bem... Dia oito de junho, você será oficialmente Giane de Sousa Campana.

~*~

_ Bento, que ótimo vê-lo. – Rosemere sorriu para o rapaz, abrindo a porta da casa dos Paes – Nós ficamos muito felizes quando você avisou que viria. Dona Glória até saiu da cama hoje.

_ Fico feliz de saber disso. – o empresário entrou de mãos dadas com a esposa – Onde ela está?

_ No quintal. Ela pegou algumas caixas do sótão ontem e está lá separando. – explicou a mulher – Podem ir lá. Vou pedir para providenciar um lanche para vocês. Mayara, você está com alguma restrição?

_ Nenhuma Rosemere, só evitando coisas mais pesadas. Você entende. – sorriu a gestante, acariciando a barriga – O Kim já mexe muito, se eu estiver com azia então...

_ Claro que sim. Com licença. – Rosemere saiu em direção à cozinha, enquanto o casal ia para os fundos da casa. Lá chegando, encontraram Glória sentada em uma namoradeira, com diversas caixas ao redor. Felipinho estava com a avó, ajudando-a a tirar as coisas da caixa.

_ Interrompemos? – perguntou Bento, atraindo a atenção dos dois. A senhora alargou o sorriso, os olhos brilhando.

_ Bento, meu filho. Que bom vê-lo. – a mulher tentou se levantar, e Felipinho correu ajudá-la – Obrigada meu querido.

_ A senhora parece animada. – comentou Bento, se aproximando.

_ Ora, você veio me ver, isso é motivo para alegria. – a mulher segurou o rosto dele – Fazia tanto tempo que você não dava notícias.

_ As coisas estavam meio corridas. – Bento se desculpou – Eu teria vindo antes, mas...

_ Não precisa se desculpar. – garantiu a senhora – Eu fico muito feliz por você estar se sentindo preparado para vir e me ver.

O jovem sorriu de lado, deixando que a avó o abraçasse. Se afastou delicadamente, estendendo a mão para Amora.

_ Hã, dona Glória... Essa é a May... Digo, Amora. Minha esposa. – Bento apresentou a morena – E esse aqui dentro é o Kim, nosso filho.

_ Kim? – os olhos da mulher brilharam – Foi sua mãe que escolheu esse nome, sabia?

_ Meu pai me disse. Era um personagem de um livro, não era? – a mais velha assentiu – Ele só não lembra o nome do livro.

_ E nem eu me lembro. – suspirou Glória – Sua mãe levou o livro quando fomos embora, e eu não trouxe nada depois que ela...

_ Tudo bem. – garantiu Bento, segurando os ombros de Glória – Bom, o que está vendo?

_ As coisas que sua mãe e seu pai compraram quando esperavam você. Pensei que algo ainda poderia ser usado. – explicou a senhora – Isso se você e a Amora não se importarem.

_ Eu vou adorar. – a voz de Amora estava trêmula – Podemos ver?

Eles tornaram a se sentar, Bento e Amora em cadeiras de ferro. Logo, Felipinho se despediu, deixando os três imersos nos itens de bebê.

_ Olha isso. – Glória pegou um par de sapatinhos – Foi a primeira coisa que seu pai comprou para você, logo que sua mãe ficou grávida.

_ Ele me entregou os brinquedos que ele fez para mim. – suspirou o rapaz – Eles estavam muito ansiosos, não é?

_ Diga-me você. – sorriu a avó – Não está contando as horas para ver seu filho?

_ Ele vai negar, mas está. – Amora entregou, sorrindo de lado – Ele adora ficar batendo papo com o Kim.

_ E você? Está muito ansiosa? – perguntou a senhora, colocando a mão na barriga de Amora. Elas começaram a conversar coisas de mulher, rindo uma para outra.

Bento tentou focar sua atenção nas roupinhas de bebê, mas não conseguia. Observava a esposa e a avó, não conseguindo evitar refletir. Glória era a única pessoa no mundo que acreditava que nunca iria perdoar, e havia conseguido. Talvez, se tentasse, conseguiria fazer o mesmo com Amora.

~*~

_ Pai? – Fabinho entrou na casa dos Campana, gritando por Plínio – Pai?

_ Tá acabando o mundo e não me avisaram? – alguém surgiu de dentro da cozinha, fazendo o rapaz rir – Vem dar um abraço da sua avó.

_ Madá, você tecnicamente não é minha avó, é avó da Malu. – o rapaz riu, indo abraça-la. A senhora o analisou de cima a baixo – Que foi?

_ Olha, essa moça tem realmente feito bem para você. – a mulher garantiu – E falando nela... Onde está?

_ Na Casa Verde. Foi buscar a certidão de nascimento, motivo pelo qual estou aqui. Precisamos ir ao cartório dar entrada nos papéis. – ele explicou – Meu pai está em casa?

_ A última vez que vi, estava no escritório. – ela apontou o corredor – Bom, eu vou encontrar com a sua irmã. Sinta-se a vontade, afinal a casa é sua.

Fabinho riu, sempre havia gostado do jeito despachado da avó de Malu. A mulher não tinha nada a ver com a filha, Bárbara Ellen, e todos agradeciam por isso.

Foi em direção ao escritório do pai, ainda aos risos. Bateu na porta, ouvindo a autorização para abri-la. O fez, encontrando o pai e Irene aos risos. Franziu o cenho, atraindo a atenção dos dois.

_ Ah, filho. – o homem sorriu, se levantando e fazendo com que a mulher se levantasse – Algo errado?

_ Hã, não. Eu só vim buscar minha certidão de nascimento. – o publicitário explicou – Eu e a Giane vamos ao cartório.

_ Decidiram a data do casamento? – os olhos de Irene brilhavam.

_ Já sim. Vamos nos casar daqui dois meses, dia 8 de junho. – explicou o mais novo, enquanto o pai ia até uma gaveta de documentos – A propósito pai, eu queria saber se podemos fazer a cerimônia aqui no jardim.

_ Claro que sim meu filho, claro que sim. – Plínio sorriu largamente, indo abraçar o filho – Vai ser uma alegria sem tamanho ver você se casando nos jardins. Você sempre gostou muito daquele lugar, mesmo não gostando das flores.

_ Me lembrava bastante da Casa Verde. – o rapaz deu de ombros.

_ E de uma certa mocinha? – perguntou Irene, fazendo o filho rir, envergonhado – Ela vai precisar de ajuda para organizar as coisas, não é?

_ Acho que sim. – concordou Fabinho – Ela vai ir à Para Sempre depois de amanhã, junto com a Malu e a Camila. Se você quiser, eu falo com ela e peço para você ir junto.

_ Eu ficaria honrada se você permitisse. – a mulher sorriu emocionada, enquanto Plínio tirava a certidão de Fabinho da gaveta – Posso perguntar uma coisa? – eles assentiram – Como está sua certidão de nascimento?

_ Com o nome do meu pai. – explicou o rapaz, pegando o documento.

_ Nós não podíamos registrá-lo em seu nome, porque não tínhamos seus documentos. – explicou Plínio – Quando eu o adotei, fizemos o reconhecimento de paternidade e refizemos a certidão de nascimento, com o meu nome como pai.

_ Tudo bem, eu entendo. – a mulher parecia triste. Fabinho suspirou, caminhando até a mãe biológica.

_ Eu vou ver o que posso fazer lá no cartório. – ele explicou – As nossas certidões de nascimento ficarão retidas, mas o nome dos nossos pais aparece na certidão de casamento. Vou ver como fazer para o seu nome estar lá, está bem?

Irene encarou o filho com os olhos rasos d’água. Ele sorriu de lado, e ela retribuiu. Se levantou, o abraçando apertado.

_ Obrigada meu filho.

_ De nada... Hã, mãe. – ele beijou o rosto dela, se afastando – Eu preciso buscar a Giane. Depois eu te ligo, avisando do horário na Para Sempre.

Ele pegou o documento com o pai, saindo do escritório com um aceno da cabeça. O cineasta caminhou até a mulher, a puxando para um abraço. Ela soluçava abraçada a ele, extremamente emocionada.

_ Plínio, você ouviu? Ele me chamou de mãe. – ela sussurrou, enquanto ele beijava sua testa.

_ É porque é o que você é. Você é a mãe dele. – garantiu o homem – Sempre foi, e sempre vai ser. E agora, vai poder recuperar todo o tempo que perdeu.

~*~

Fabinho estacionou em frente à casa do sogro, vendo Giane descer os degraus correndo. Ela abriu a porta, entrando no banco do passageiro aos risos. Ela o observou, vendo que a expressão do noivo era séria.

_ Amor, tá tudo bem? – ela acariciou o cabelo dele, atraindo sua atenção. Ele assentiu, dando partida no carro.

_ Hã, minha mãe vai com você na Para Sempre, tá bom? Ela quer te ajudar com as coisas do casamento. – ele avisou, fazendo a corintiana sorrir – E eu vou ver o que podemos fazer para o nome dela estar como minha mãe, na nossa certidão de casamento.

_ Tudo bem fraldinha, tudo que você quiser. – garantiu a moça, acariciando o rosto dele. Ele pegou a mão dela, dando um beijo, e voltou a focar na rua. Apesar da aparência, Giane tinha certeza que ele estava mais em paz do que jamais havia estado.