Os raios de sol chegaram ao Vale da Paz passando por janelas e cortinas para iluminar os quartos de todos os moradores. Os que deveriam trabalhar se levantaram antes do gongo soar para se prepararem.

No Palácio de Jade não era diferente. Os guerreiros foram despertados pela luz do sol e se levantaram antes de o mestre aparecer pelo corredor.

O panda vermelho não pôde dormir a noite toda, apenas algumas horas, as outras, passou meditando para não correr ao quarto de hóspedes onde estava certo tigre e evitar de ameaçá-lo. E por quê? Para que esse mesmo tigre não levasse sua filha para sempre.

Já havia perdido um filho, não perderia outro.

Já estava caminhando para o corredor da ala dos alunos para saudá-los e então parou pensando que talvez agora, com os outros junto a ela, Tigresa não voltaria a ficar longe sem necessidade. Completaria a missão e voltaria, não é?

O gongo soou e Shifu se apressou. Em milésimos de segundo ele estava cumprimentando seus alunos. Chegou justo no momento em que saíam de seus quartos.

– Bom dia, mestre.

– Bom dia, alunos. Vão tomar café para sair.

Apenas assentiram e o panda vermelho se foi.

Po, antes de se dirigir para a cozinha para preparar seu café e de seus amigos, deu um beijo de bom dia em Tigresa junto a um sorriso, que foram retribuídos. Olhou para os amigos que já iam fazer graça e correu dali deixando os amigos parados.

– Ah, que nojinho.

– Nojinho do que, Macaco? – Perguntou Vet confuso.

– Esses dois, todo dia eu brinco assim com eles – o primata sorriu – o Po fica vermelho e ela fica com raiva.

Tigresa revirou os olhos e seguiu rumo à cozinha seguida pelos outros.

– Mas, eles estão juntos não é?

– Sim, e o Macaco, o Garça e o Louva-a-Deus tem inveja que o Po tem alguém e por isso implicam – disse Víbora.

– Isso é uma mentira! Eu namoro uma linda borboleta – disse o inseto juntando as pinças e sorrindo.

– Eu teria inveja por quê? Ainda tenho muita brincadeira pra fazer antes de me enroscar – disse Macaco – e o Garça não vai namorar mesmo.

– Hey!

– Tô mentindo? Você não tenta, você só fica pintando e desenhando.

– Mas se até o Po, que é o Po e só queria saber da história do kung fu e da nossa, namora, por que eu não poderia? – Perguntou a ave, recebendo um grunhido de Tigresa.

– É verdade. Tigresa – a felina olhou para Macaco por cima do ombro – como que você consegue namorar com o Po?

– Acho que não entendi sua pergunta e nem penso em entender.

Chegaram à cozinha onde o panda estava de costas no fogão terminando seu macarrão. O cheiro era inconfundível e delicioso, já dava água na boca e quando as narinas captaram o aroma, os estômagos começaram a grunhir de fome e foi quando Po notou a entrada dos outros guerreiros. Iria terminar para servir a comida.

O panda ouviu a conversa porque eles estavam falando alto, tanto que riu sem deixar que eles percebessem.

– E você Vet? Namora?

– Ah, não, não tenho tempo pra isso.

– Ela dizia a mesma coisa – o inseto, já em cima da mesa, apontou para a felina.

– Tá, agora chega, o café da manhã tá pronto – disse Po servindo os bolinhos recém tirados do forno e algumas porções de macarrão – já que já vamos viajar, achei melhor a gente comer bastante agora.

Tomaram café da manhã entre brincadeiras e ameaças aos meninos.

Um pouco antes de sair, Macaco teria que lavar a louça e os outros foram pegar suas coisas. Po apanhou a mochila dele para levar até a saída.

Ali, esperaram o primata e depois o Grão-Mestre, que veio o pessegueiro para se despedir dos guerreiros e instruí-los, mas antes, passou em seu quarto e tomou uma sacola.

– Bem, aguardo informações sobre a localização de outras joias – disse o panda vermelho e virando-se para Vet – e também sobre os seus companheiros – cuspiu com um olhar severo que não passou desapercebido.

– Sim, mestre – responderam todos em uníssono.

– E antes que vão embora, levem isso. Vão precisar, caso haja necessidade de espionar – entregou a sacola à Tigresa que a colocou dentro da mala.

– O que que é? São armas?

– Não, panda, são roupas negras especiais, com máscaras e cobrem totalmente o corpo. Elas esticam, não se preocupe. Tem para os seis, se me lembro bem, Vet e os outros tem as próprias.

– Tudo bem, até mais, mestre. Enviarei um pergaminho assim que acharmos Liang pra saber onde estamos – disse Tigresa abaixando-se para abraçar o pai que correspondeu.

– Vá com os deuses, filha – sorriu e ficou no topo das escadas vendo como os guerreiros se afastavam.

Enquanto eles desciam, o sorriso do mestre desapareceu. Estava sim muito preocupado, mas agora, haviam mais do que obrigações que poderiam fazer sua filha pensar bem antes de não voltar.

Já no vale, os mestres e Vet passaram pelo restaurante para pegar a mala de Po e para que ele pudesse se despedir do pai. Vet olhou com curiosidade aquela cena e perguntou à Víbora sobre isso e ela explicou a história do guerreiro para ele.

Assim que Sr. Ping se despediu de seu pequeno panda, começaram à caminhar rumo à uma cidade, além da vila dos músicos. Era em um vale também e ficava algumas horas depois do Vale da Paz. Era o primeiro lugar onde deveriam procurar por Liang, onde o deixaram há anos atrás.

Vet sabia que seu amigo queria se estabelecer e trabalhar, e que local melhor do que uma cidade?

– Bem – disse o tigre olhando um mapa – nos vamos ter que passar por uma ponte acima de um rio e será depois que passarmos o vilarejo dos músicos.

– Tá, vamos logo. Talvez a gente chegue ainda hoje.

Caminharam por um longo tempo até chegar ao rio. Era largo e profundo, seguro, tanto que por ali passavam embarcações de médio porte, mas a correnteza era fraca. Por via das dúvidas, era melhor não cair na água.

A ponte, além de estreita, parecia tão velha que poderia arrebentar à qualquer momento e por isso, decidiram passar um de cada vez. Louva-a-Deus e Garça não tiveram problemas, assim como Víbora.

Garça levou a mochila de cada um e depois os levou ao outro lado e voltou para buscar Macaco. Tigresa, já sem o peso de sua mala, começou a passar e as cordas da ponte faziam barulho. Ela tentou ir suavemente pelas tábuas despendidas pela ponte, sem quebrar absolutamente nenhuma.

Depois dela, foi Vet avançando pela madeira que rangia pelo atrito entre uma e outra peça, já que estavam velhas e pareciam mal pregadas. A ponte começou a balançar mais um pouco e então ele parou com ambos os braços abertos para evitar um desequilíbrio do peso.

Os guerreiros o olhavam atentamente e assim que a ponte parou de balançar, ele terminou seu caminho. Assim que Vet atingiu a margem, Tigresa ficou tensa olhando para o panda do outro lado.

“Ótimo, agora é minha vez”, pensou Po.

– Garça – chamou Tigresa sem tirar os olhos arregalados de Po.

– Sim.

– Vai ajudar ele.

– Mas como assim? A corda nem arrebentou... – não pode terminar de responder.

Garça ouviu a corda estourando quando Po estava na metade do caminho. O lado direito estava a pouco de soltar de onde estava preso. Então o mestre do estilo garça levantou voo e foi até o panda perguntando se ele precisava de ajuda.

– Não, acho que não... é melhor eu ir logo antes que arrebente.

Po chegou ao final e quando colocou o primeiro pé em terra, a corda cedeu, fazendo-o perder o equilíbrio. Foi segurado por Macaco antes que pudesse cair de costas na água.

Continuaram andando e no fim da tarde chegaram à uma cidade. Tinha prédios altos, casas grandes e chegando ao centro, havia muitos pontos de comércio. Lojas de roupas, sapatos, comidas.

– Ali, uma loja de armas, precisamos ver se ele está lá.

– Mas, Vet, ele não ia ser músico? – Perguntou Tigresa.

– Também, mas você se lembra que ele é quem fazia as armas, não é? – Ele olhou para ela, que assentiu – então, pode ser que ele esteja trabalhando lá.

Todos seguiram até a loja e tudo que encontraram foi um javali que estava forjando uma espada fina num canto da loja.

Ao ouvir os possíveis clientes entrarem deixou o trabalho para terminar depois e foi até eles.

– Boa tarde, procuram alguma arma?

– Na verdade, gostaríamos de saber se você conhece um tigre-do-sul chamado Liang. Precisamos falar com ele – disse Vet ao fabricante.

O javali pareceu um pouco nervoso e demorou alguns segundos para responder, duvidando se deveria.

– Bem... eh, não. Não conheço, senhor. Mas se estão procurando armas, eu tenho várias e posso fazer um precinho especial – sorriu – olhe esses nunchakus, que beleza!

– Não, não, obrigado. Você tem certeza que não o conhece? Que não trabalha pra você?

– Claro que sim, senhor. Digo, não conheço. Por que eu mentiria para o Dragão Guerreiro e os Cinco Furiosos? – Disse o vendedor apontando para os guerreiros.

Vet ia se virar para sair quando Louva-a-Deus foi para cima do balcão de atendimento acompanhado por Macaco.

– Senhor, quanto está aquele nunchaku? – Perguntou Macaco apontando para a arma amarela e dourada em uma das prateleiras atrás do javali.

– Ah, esse! É uma das melhores armas que... eu fiz – subiu em um banquinho e pegou o que o mestre queria – tem três partes, é resistente e as correntes são de ouro, tudo forjado à mão, até mesmo os talhados na madeira.

As correntes que prendiam a madeira eram douradas assim como os detalhes que as ligavam. Os desenhos talhados eram espirais por toda a arma, segundo o javali, era para diminuir a chance de a arma escorregar pelas patas, já que de outros materiais, os nunchakus escorregaram em meio à luta.

Macaco observou bem a arma, tocou, revirou e decidiu:

– Vou levar.

– Hm, parece que vem vindo uma tempestade agora.

Anastásia se arrastou pelos corredores até chegar a seu quarto. Na Rússia era de tarde ainda, mas uma tormenta se aproximava e deixou o céu tão escuro como se o sol tivesse abandonado aquele lutar.

– Parece que até o sol quer se esconder de mim – disse a cobra e riu maldosamente.

Ela passara toda a tarde analisando seu salão do trono. Nele, mais precisamente no chão, estavam talhados alguns símbolos do lado de fora de um círculo com pequenos buracos, cada um com um formato diferente e ela tinha com o que preencher.

Ao chegar a seu quarto, a imperatriz abriu uma caixinha de madeira com sua cauda. Dentro dela, havia um pano de veludo roxo forrando com as duas pedras em cima, as quais ela tomou da última vez que tentou seu plano.

– Ah, há quanto tempo, belas joias. Logo, eu terei suas irmãs e ninguém poderá me deter – sussurrou ela para as joias – durante anos não pude aparecer em nenhum lugar, tive que melhorar minhas habilidades para poder assumir esse trono, mas logo terei o que é meu por direito.

Enquanto isso, seu enviado para completar sua coleta de joias estava se aproximando das muralhas e teria que ser levado ao topo junto aos guardas.

Antes de ser visto, ele trocou suas roupas por uma simples vermelha. O gato montanhês então se aproximou dos guardas elefantes e rinocerontes que estavam naquela área.

– Quem é você e o que você quer?

– Sou Shing. Quero voltar pra casa. Saí para ver minha família que está num vilarejo mongol perto daqui.

– Está portanto armas ou algo do tipo?

– Não.

“Pensa que sou tão burro de ter armas pra conseguir passar pela muralha”, pensou o gato.

– Vamos, passe por aquele portão – um rinoceronte apontou para a esquerda e lá estava um grande portão de ferro que só seria aberto quando ele estivesse em frente.

– Obrigado!

Assim que passou, se dirigiu à vila mais próxima. Já era noite e ele estava cansado de tão longa viagem.

No dia seguinte, procuraria o paradeiro de ao menos um de seus “amigos”. Precisaria deles se queria as joias para sua alteza.

Os guerreiros e Vet se hospedaram perto da loja de armas daquele javali estranho. Um quarto para Víbora e Tigresa, um para Macaco e Po, outro para Louva-a-Deus e Garça e um para o tigre. Haveria uma reunião no quarto do Dragão Guerreiro onde discutiriam como encontrar Liang.

Depois de deixar suas mochilas de lado, Po e seu amigo iriam se deitar para relaxar um pouco, mas bateram à porta.

– Pode entrar – disse Macaco e assim os outros entraram e Vet fechou a porta atrás de si, já que foi o último a entrar.

– Macaco, por que você comprou esse nunchaku? – Perguntou Tigresa sentada na cama entre Po e Víbora – sei que tem alguma coisa.

– Acertou. Bem – começou o primata enquanto tomava o nunchaku -, achei que vocês gostariam de uma prova que o javali estava mentindo – mostrou arma com a assinatura uma com uma marca de garra abaixo dela.

Tigresa o examinou junto aos outros, mas imediatamente ela e Vet reconheceram a assinatura de Liang.

– Ele está aqui, vamos voltar lá... – disse Vet com intenção de voltar à loja, mas foi detido.

– Não! Ele vai desconfiar e talvez Liang não saiba que somos nós que estamos procurando por ele, pode fugir – disse ela já e pé segurando o braço do tigre e logo o soltou – precisamos descobrir onde ele está e se ele se esconde lá.

– Bem, a gente podia dar uma volta pela cidade amanhã, separados pra ver se achamos algo suspeito – disse Víbora.

– Pode ser, temos que acordar bem cedo pra vasculhar a cidade e sem levantar suspeitas, temos que ser o mais natural possível.

Po se levantou da cama e apertou os punhos, levantando um braço ao teto.

– Pode deixar. Ninguém pode com a minha naturalizidade. Mais natural que eu, não existe – disse Po fazendo os outros rirem, menos Vet que o observava sério – que? Tão rindo de que?

– Nada. Bem, agora acho que... – antes que Garça pudesse terminar de falar, o estômago do panda roncou – ok, o estômago do Po falou por mim. Vamos descer pra jantar?

– Vamos.

Desceram até a sala de jantar. Haviam vários animais nômades ou visitantes que já estavam sentados ao redor das mesas quadradas de um grande salão ao lado do saguão da recepção.

Estava cheio de lanternas chinesas na cor amarela, para que o ambiente pudesse ser mais alegre e mais iluminado. No fundo de um salão, havia um palco de madeira com cortinas vermelhas e com flores adornando.

Foi pedida uma mesa para que todos pudessem se sentar juntos e o lagarto pediu para que esperassem, fez uma reverência e se retirou. Ordenou que juntassem duas mesas e trouxessem uma toalha vermelha maior. Os pratos e os chopsticks foram recolocados na mesa assim como as velas para iluminar.

– Podem se sentar – disse o mesmo lagarto e os levou à mesa.

Sentaram-se como costumavam fazer no Palácio de Jade.

– O que desejam comer?

– Sopa de macarrão – responderam os meninos em uníssono.

– Pra mim, pode trazer também bolinhos de feijão e um chá de jasmim, por favor – pediu Po.

– Claro e as senhoritas?

– Macarrão também e chá de oonlong – disse Víbora.

– Pra mim bolinhos de feijão e tofu – disse Tigresa.

– Sim. Já vou trazer.

Demorou um pouco então ficaram falando sobre coisas irrelevantes. A comida chegou e eles começaram a apreciá-la. Até que sobe ao palco uma ovelha que parecia que participava de algum evento da hospedaria. Estava bem elegante e chegou ao centro do palco.

– Senhoras e senhores, quero anunciar a atração de hoje. As dançarinas e os músicos da nossa hospedaria vão contar hoje com a presença de um músico local e apreciado. Aplaudam nosso querido amigo, Liang.

Os guerreiros abriram bem os olhos e procuraram pelo tigre. A ovelha saiu do palco correndo para não atrapalhar a apresentação.

Algumas dançarinas apareceram à frente do palco e atrás podiam ser vistos os músicos, em especial um grande tigre alaranjado que tocava pipa.

– Sabia, ele é apaixonado por instrumentos de corda – disse Vet com um sorriso.

Tigresa e Vet se olharam, ambos tinham boas lembranças ao lado do tigre mais novo que estava se apresentando.

Depois do show e terminado o jantar, os guerreiros e Vet foram buscar informações sobre o músico.

Na recepção anunciaram ao tigre sobre seus amigos e ele os recebeu em seu apartamento simples. Bateram à porta e Liang abriu e ao entrarem todos, ele abraçou seus velhos amigos. Ainda não acreditava que Vet e Tigresa estavam ali.

– Que saudade que eu tava de vocês – disse ele se separando depois de algum tempo.

– Digo o mesmo – disse Vet.

– Como vocês estão diferentes, crescidos.

– E você cresceu também, pequenininho – brincou Vet.

– Engraçadinho, só porque sou o mais novo.

– Então, acho que você lembra dos guerreiros do palácio de Jade.

– Claro que sim, como vão mestres – Liang fez reverência e eles retribuíram – menos, dele. Quem é você amigo?

– Eu sou Po – fez reverência.

– Ele é o Dragão Guerreiro – disse Vet.

– Quanta honra conhecê-lo, Dragão Guerreiro.

– Me chame só de Po – sorriu.

– Sentem-se – apontou para o sofá e todos se sentaram.

Louva-a-Deus permaneceu no chapéu de Garça que ficou de pé ao lado do sofá. Víbora se enrolou em cima de uma almofada, Macaco a seu lado e no segundo sofá ficaram Tigresa e Po e o panda com uma pata ao redor da felina. Vet sentou-se em uma poltrona e então Liang resolveu sentar-se ao lado do Dragão Guerreiro.

– A que devo a visita? – Brincou Liang em tom solene.

– Bem, vamos direto ao ponto porque não temos muito tempo.

– É Anastásia de novo – disse Víbora – ela voltou e está buscando as outras joias.

– Isso é mal. Mas, por que vieram atrás de mim? Deveriam detê-la.

– Sim, mas precisamos de todos do antigo grupo e mestre Shifu nos mandou vir pra ajudar – disse Garça.

– Além de que você é o fabricante de armas – Macaco mostrou o nunchaku.

– Tudo bem, quem mais falta achar? Quantas pedras a Anastásia já tem e quem foi que disse que ela está atacando?

Tigresa começou a dizer tudo que sabia, tudo que Vet contou. Teriam que buscar a pessoa mais próxima agora que era Karina.

– Eu sei exatamente onde ela está, a gente ainda mantém contato. Só que vamos amanhã, depois que eu falar com meus chefes.

– Hm, sei, sei o contato.

– Cala a boca Vet – Liang atirou uma almofada no tigre – não quer que eu fale nada, quer?

– Ah, quieto – se levantou – vou pegar água tá?

– Tá. E vocês, mestres, querem alguma coisa?

– Na verdade eu quero, se você tiver biscoitos... – disse Louva-a-Deus.

– Tenho sim, só um minuto.

Algum tempo depois ele voltou trazendo biscoitos de aveia, chocolate e baunilha. Ofereceu aos mestres que comeram alguns e começaram a conversar, colocar as novidades em dia.

– Você trabalha pra quem? – Perguntou Tigresa.

– Ah, pra um javali dono da loja onde vocês compraram a arma. Pedi que não falasse nada sobre mim porque talvez eu fosse procurado pelos capangas da Anastásia e como voltei pro meu lugar de origem, já viu. Ela poderia estar atrás de mim.

– Como vocês se conheceram?

– Em uma missão eu esbarrei com ele quando voltava para o lugar onde estava hospedada e como nunca tinha visto um tigre antes, quis conversar, Po, fiquei curiosa.

– Sou filho de um ferreiro e inventor. Eu estudava kung fu e trabalhava com meu pai. Gostei tanto das coisas que meu pai fazia que segui seus passos, mas inventando armas de kung fu para meu antigo grupo. Falando nisso, ainda lembro quando aqueles lobos quiseram arranjar briga com o Carlengo e o Vet e eu arranquei uma corrente junto com a cerca pra lutar com eles. Foi daí que tirei a ideia desse nunchaku, Macaco.

– Você é o mais novo?

– Sim, Po. Tenho 24 anos. Meu antigo mestre me levou para o palácio quando Mestre Shifu me escolheu pra ajudar a pegar Anastásia. Eu era bem novo, mas ele dizia que eu era o seu melhor aluno.

– Nossa, na frente dos outros você é quieto, mas entre amigos, você fala demais.

– Quieto, Vet. Ah, e Mestre Oogway?

Contaram sobre o ocorrido ao Grão-Mestre tartaruga.

Em seguida, se despediram de Liang e foram todos para seus quartos passar o resto da noite e descansar.

Na manhã seguinte, o tigre mais novo conversou com o dono da hospedaria e explicou que teria que ir embora por enquanto e que não sabia quando deveria voltar, assim como fez ao javali.

O javali pediu desculpa aos mestres por esconder a identidade de seu trabalhador, mas as circunstâncias já tinham sido explicadas.

– Se precisarem de armas, podem contar comigo. Não cobrarei nada por nenhum material.

– Obrigado – disseram os guerreiros.

– Obrigado, mestre. Logo eu voltarei.

Despediram-se e caminharam até o paradeiro de Karina com Liang à frente guiando-os. Logo reuniriam mais alguém do grupo e o tigre mais novo tinha uma coisa para mostrar a respeito das joias, mas só o faria quando encontrassem sua amiga.