10th January, 2013

A música alta invadia meu quarto e abafava o som da forte chuva lá fora. Tinham objetos espalhados por todo lugar, cacos de vidro, papéis e roupas rasgados. Me olhei no espelho e por um segundo achei que tinha encarnado um monstro, meus olhos estavam avermelhados, a maquiagem borrada e um corte visivelmente profundo na boca. Eu tinha me destruído na noite passada. Não sei quem batia na minha porta, eram duas ou três pessoas, ou mais, eu não iria abrir.

- Alice, pelo amor de Deus, abre essa porta! - Escutei a voz de Edward pela primeira vez.

- Não! - Gritei a plenos pulmões, deixando minha garganta um pouco irritada.

- Só eu vou entrar, prometo, vamos conversar. Depois te deixo sozinha. - Ele acalmou a voz, sabia que uma hora ou outra eu ia abrir só por causa disso.

Abaixei o som e caminhei lentamente até a porta. Abri bem devagar, olhando desconfiadamente, mas só estava Edward ali. Ele sorriu e me abraçou, ficamos assim por alguns minutos.

- O que aconteceu? - Ed falou quando já estavamos deitados na cama, um ao lado do outro.

- Eu quero morrer. - Falei e logo após me 'derreti' em lágrimas.

- Não fala isso Alice, por favor, você não vai morrer.

- Eu não aguento mais, Ed. Tá difícil continuar.

- Mas você tem a mim, tem a Harriet, o Harry, todos nós estamos com você. E em breve você terá ao Tomás também.

- Eu não vou contar a ele.

- Tá bom, ele vai chegar aqui, ver essa barriga do tamanho de uma montanha e você vai dizer que engoliu uma melancia? - Perguntou rindo e eu o acompanhei.

- Sabe que eu tava pensando nisso?

- Alice e suas ideias maravilhosas. Já pensou em algum nome para ela?

- Em alguns. Pensei em Anne, Camila, Louise, Perrie, Heloisa, Julie, Claire, Sophie, Charlotte - Ele me olhou fazendo careta. - Que foi? É francês! Catherine, Cecilie, Madeline, Marie, Caroline, Nicole...

- Chega! - Ele berrou e depois riu. - Gostei de todos, e você?

- Sei lá. Eu ainda tem mais quatro meses para pensar.

Ed riu e me puxou mais para si. Começou a acariciar meus cabelos e em pouco tempo adormeci.

-x-

Tomás.

As árvores passavam rapidamente na janela do carro. Eu tentava me concentrar no pouco trânsito que existia, porém não conseguia, ela não saia da minha cabeça logo agora que eu ia revê-la. Lorena, que estava ao meu lado, falava sobre ter esquecido algo na casa mprestada pela faculdade em Cardiff. Já estava cheio da voz dela, não por ser chata, mas eu não estava prestando atenção.

- Chega! - Berrei e Lorena se encolheu no banco.

- Ai que susto, grosso!

- Desculpa, Lô, mas eu não tô prestando atenção então não adianta ficar falando sozinha.

- Ah, tudo bem. - Ela sorriu animada. - Eu só tava falando que deixei minhas maquiagens em Cardiff e que com certeza Collet vai mexer, aquela...

- Lorena!

- Meu Deus me perdoe, esqueci que você não gosta mais dela.

- Ok, encerra-se o assunto, certo? - Ela assentiu e eu liguei o rádio para ver se ela se intertia.

A cada minuto que se passava eu ficava mais nervoso. Minhas mãos escorregavam no volante e a qualquer momento eu podia por o carro a capotar. Deixei Lorena na casa da mãe dela e segui para a minha, que não era muito longe. Parei o carro em frente e fiquei alguns minutos parado, pensando em como encarar ela novamente.

Depois que saí, a familia buscapé veio me abraçar. Finalmente entrei em casa e após a sessão interrogatório tomei coragem e perguntei onde estava Alice, até ali ela não tinha aparecido.

- Tá dormindo... A umas quatro horas, por aí. - Peter falou-me e eu arregalei meus olhos, Alice nunca foi de dormir muito.

Caminhei até seu quarto, a porta aberta em uma pequena brechinha, que deu para ver que ela estava coberta dos pés a cabeça. Entrei bem devagar para não acordá-la, sentei-me ao lado da cama. Alice tinha as bochechas coradas e mais gordinhas, ela tava parecendo um bebê. Mexi em seus cabelos e ela não reagiu, continuei com o ato e alguns minutos depois ela finalmente abriu os olhos. Alice se sentou na cama rapidamente assim que me viu, e eu me levantei dali.

- Está aqui a muito tempo? - Perguntou.

- Não, acabei de chegar. - Ela murmurou algo e virou o rosto, encarando o nada. Toquei seu queixo a fazendo olhar para mim.

- Alice, o que eu te fiz?

- Nada, Tomás, você não fez nada. Parei para pensar e percebi que você não tem culpa. Era seu sonho ir para essa faculdade, fizeste o certo em ir. Eu também tinha meus sonhos, mas você não queria que eu fosse embora para a França e eu não fui, lembra? Eu não queria que você fosse para Cardiff...

- Mas eu fui, esse é o problema?

- Isso. Mas tudo bem, agora a merda já tá feita.

- O que aconteceu? - Ela negou e eu a fiz olhar para mim de novo. - Fala, Alice.

- Não foi nada! - Gritou visivelmente alterada.

- Você não sabe mentir, garota, eu te conheço.

- Porra Tomás eu tô grávida!

Sabe quando você sente algo como se fosse uma faca sendo enfiada no seu peito? Alice não seria capaz disso, ou seria? Tudo bem, eu fiquei com algumas meninas e ela podia ficar também, mas ir pra cama com outro já era demais.

- Grávida? Alice você tem noção do que é isso? Você só tem 16 anos, Alice, 16! Qual o seu problema? Mal me deixa e já vai transando com outro?! Que va... - Ela me interrompeu.

- A minha filha também é sua, idiota!