Passavam das oito da manhã de sabádo quando eu ouvi pequenos barulhinhos, vozes e ruídos vindos do andar de baixo. Coloquei o travesseiro sob um ouvidoe tapei o outro com a mão, mas não adiantou. Me levantei quase não acreditando que tinham me acordado naquela hora da mad... manhã. Antes mesmo que eu abrisse a porta, uma menina maluca de cabelos laranjas brilhosos invadiu meu quarto gritando 'bom dia!' e em poucos segundos ela estava pulando inúmeras vezes na minha cama.

- Harriet! - Gritei com todas as minhas forças e ela caiu no chão.

- Ai, o que foi menino? - Ela falou se levantando meio desengonçada.

- Você entra e faz essa algazarra toda no meu quarto a essa hora da manhã.

- Desculpa, então, mamãe mandou te chamar porque nós vamos para Bolton!

- E? O que eu tenho a ver com isso?

- Você vai ué.

- Deus me livre! Não quero ver aqueles caipiras tão cedo.

- Não fala assim deles, eles são legais.

- Suas primas pequenas por acaso vivem lhe seguindo pedindo para brincar? - Ela negou. - Então você não tem direito de falar bem deles.

- Elas não tem culpa se você brincava com elas a um tempo atrás.

- Já falei, eu não vou!

- Ok. - Ela deu de ombros e foi indo para a porta. - Vou avisar pra mamãe.

Assenti e Harriet saiu do meu quarto. Eu suspirei e me joguei de volta na cama, porém meu sono já tinha ido embora. Dei três murros na cama fingindo ser a cara de Harriet, ela sempre me atrapalha quando estou tendo sonhos maravilhosamente estranhos ou quando meu sono está bom, raridade na minha vida.

Uma hora havia se passado e eu estava na mesma posição que antes, esperando que meu sono caísse do céu ou algo do tipo. Minha mãe tinha vindo uns dez minutos atrás mandando eu me levantar porque queria falar comigo. Resolvi me levantar antes que eu criasse raízes ali e não me levantasse nunca mais.

- Tomás querido a Alice não vai. - Minha mãe falou assim que cheguei a cozinha.

- E...?

- E daí que você vai ficar com ela, ué. - Ela me lançou um olhar mortífero.

- Certo. - Dei de ombros. Tomei meu café da manhã calmamente e minha mãe mal falava comigo, ela não tinha gostado da ideia que eu e Alice ficariamos sozinhos por uma semana.

Mais ou menos meia hora depois eles foram embora. Minha mãe me falou durante dez minutos sobre festas na casa, que eu não deveria ter brigas com Alice e muito menos deixá-la sozinha em casa. Ou seja, eu serei babá de Alice, brincadeira, eu não ia ser louco de sair de casa sem ela. Eles foram embora e eu voltei para meu quarto, antes parando na porta do quarto de Alice que estava aberta. Ela dormia calmamente, fiz alguns barulhinhos para ver se ela acordava, mas não obtive resultado. Eu esperava dormir bem muito como ela, porém acabei terminando minha manhã jogando vídeo-game.

-x-

Alice.

Era praticamente duas da tarde quando eu acordei. Estava mais cansada que o normal, porém, não queria ficar muito tempo deitada. Resolvi ir pra sala e acabei encontrando apenas Tomás assistindo a um filme infantil. Me aproximei bem devagar e dei um susto nele, como fazia á alguns anos atrás.

- Ai que susto Alice!

- Era apenas um teste pra ver se você não é gay. - Me joguei do seu lado e ele deu um peteleco na minha orelha. - Cadê o povo?

- Viajaram.

- E não me levaram? - Falei indignada.

- Era pra Bolton, você não gosta de lá.

- Ah, ainda bem. E porque você não foi?

- Alguém tinha que ficar com você e só sobrou eu.

- Obrigada, não espera, obrigada não. Você fala como se eu planejasse te matar.

- Você disse que ia sumir Alice, imagina se você tenta fazer isso e eu vá impedir, aí você pega uma faca e enfia no meu pesoço?

- Exagerado. Eu não faria isso porque senão minha filha iria ficar sem pai. - Vi seus olhinhos brilharem.

- Mas você deixou bem claro que aquele tal de Harry assumiria e que eu não podia tocar em vocês. Do not touch me, I'M FAMOUS! - Gargalhei.

- Eu estava fora de mim... Estava com cíumes Tomás? - Perguntei olhando bem em seus olhos e ele virou o rosto.

- Não.

- Ah tá! Você não me engana, sabia? - Falei rindo.

- Eu não estava com cíumes!

- Vira o rosto e repete isso. - Ele virou e desistiu de falar, eu comecei a rir e ele ficou vermelho.

Tirei as almofadas de cima dele e coloquei minha cabeça em seu colo. Podem me achar muito estranho e bipolar, e sou mesmo, ontem eu tinha falado que ficar sem ele me fazia bem, tudo mentira. Ele pôs as mãos nos meus cabelos e começou a acariciá-los, sabia que dali a pouco eu iria adormecer se alguma coisa não me despertasse antes. Tomás sussurrou um 'posso?' e apontou para minha barriga.

- Do not touch me, I'm famous. - Ele riu e começou a passar a ponta dos dedos na minha barriga. - Ela mexeu! - Tomás sorriu.

Tomás abaixou a cabeça e eu sabia que o intuito dele era beijar minha testa, porém não foi muito bem o que aconteceu. Nosso lábios se enconstaram apenas por alguns segundos, eu me sentei no sofá rapidamente, ele abaixou o olhar meio envergonhado. Numa atitude meio tarada e o 'puxei' mais para mim e o beijei.