21th July, 2012


O sol forte fez com que Londres não se parecesse com Londres. Haviam crianças brincando no meio da rua sem que estivessem agasalhadas dos pés a cabeça! Isto era maravilhoso, e estudiosos diziam que aquele seria o verão mais quente dos últimos vinte anos, e segundo Alice, era a primeira vez que ela via o sol na vida. Nada exagerada.

Eu estava arrumando minhas malas. Eu, Alice, Harriet e Edward iriamos passar duas semanas em Brighton aproveitando essa raridade. Incrivelmente eu estava mais animado do que no primeiro dia de faculdade, e de quando eu fui conhecer minha irmã. Sim, uma irmã, há três meses acabei descobrindo minha mãe biológica. No começo fiquei um pouco magoado por ela ter me 'abandonado' no orfanato, até saber que ela foi mãe aos quinze anos e que meu pai tinha a deixado.


– No que tanto pensa? - Ouvi a voz de Alice.

– Na vida. - Respondi sem olhar para ela.

– Anelise está lá em baixo.

– Sério? - A olhei sorrindo.

– Sim, ela vai passar as férias na Austrália e veio se despe...


Não esperei ela terminar e sai correndo que nem um louco para o andar de baixo. Anelise estava sentada no sofá, balançando as perninhas e segurava alguma coisa. A peguei no colo colocando seu corpo sobre meus ombros e girando, ela ria e gritava ao mesmo tempo. Após alguns segundos a coloquei de volta no sofá, sentando-me ao seu lado.


– Tomáááás! Eu vou viajar de avião!

– Eu sei, está nervosa?

– Um pouquinho... - Fez o sinal de pouco com os dedos. - E você, para onde vai?

– Brighton! - Falei animado e ela me olhou estranho. - Que foi?

– O que é isso? - Ri e ela me acompanhou mesmo sem saber o porque da minha risada.

– É uma cidade na praia.

– Ah, eu também vou a praia!


Conversamos mais um pouco até o pai dela vir chamá-la. Anelise se despediu com um abraço de urso e eum beijo estalado na minha bochecha, depois disse que iria trazer um filhote de canguru para mim. Tive que voltar ao meu quarto ao me lembrar que não tinha terminado as malas e que Alice era preguiçosa o suficiente para não me ajudar. Cheguei lá e a encontrei deitada na minha cama, pensei em pular em cima e assim o fiz.


– Ai! Você é pesado, Tomás! Sai daqui!

– Molenga.

– Gordo.

– Chata.

– Anda logo, vamos sair em vinte minutos!

– Por acaso você manda em mim?

– Mando! - Falou na cara de pau e riu. Me aproximei mais dela e a beijei, por um segundo ela cedeu porém me empurrou e eu quase caí. - Seu louco, e se alguém nos pega?

– Olha quem fala, a tarada da chuva! - A apelidei assim depois do que ocorreu anos atrás.

– Certo, agora dá pra me largar? - Percebi que ainda envolvia meus braços em sua cintura, a soltei. - Obrigada, ajeite isso logo.


Retruquei que ela não mandava em mim mas ela não pareceu ligar e saiu soltando beijinhos no ar em direção a mim. O que eu sinto por ela já foi confudido com amor de irmão, apenas atração e agora eu via isso como paixão. Eu tinha medo de como nossos pais iriam reagir quando descobrissem nosso relacionamento, espero que ele nos entenda, ou como diria Alice, 'foda-se a gente foge pra Califórnia'. Louca?


– Tom, posso entrar? - Dois toques na minha porta.

– Não me chama de Tom, e sim, pode entrar Harriet.

– Oi meu amorzinho! - Ela saltitou do meu lado.

– Teus cabelos me ofuscam, sério, precisa pintar? - Harriet era ruiva por natureza, era um tom alaranjado muito forte e as vezes penso que é se mentira.

– Eu não pinto, já nasci assim!

– Ok, prende senão fico cego.

– Exagerado! Vamos logo, Ed já está lá em baixo nos esperando.


Fomos eu e Harriet até o carro, onde Alice e Ed já estavam. Coloquei minhas bagagens dentro do porta-malas e entrei no banco de passageiro na frente, junto a Edward que dirigia. Liguei o rádio e identifiquei a música, Alice logo estaria berrando em nossos ouvidos.


– HERE COMES THE SUN - Ela cantou gritando, tipíco da Beatlemaníaca, e Ed fez um tipo de beatbox. - HERE COMES THE SUUUUUUUUUUN, AND I SAY IT'S ALL RIGHT!


Fomos o caminho todo escutando The Beatles enquanto apreciávamos a voz de Alice e a paisagem. Não sei porque, mas algo me diz que essa será a melhor época da minha vida.