Alice

10th February, 2013

Algumas vozes e sons irritantes me fizeram acordar. Levantei-me calmamente, calcei minhas sandálias e fui até o banheiro, escovei meus dentes e depois passei uma água no rosto para tirar aquela aparência "morta". O relógio na minha parede marcava 10:40, e só então percebi o quanto tinha dormido. Peguei meu celular que estava em cima da mesinha do computador, descarregado, deixei pra lá. Desci as escadas e fui em direção a cozinha, onde todos estavam sentados à mesa.

- Resolveram acordar tarde hoje? - Perguntei enquanto me sentava.

- Hoje é Domingo, querida! - Minha mãe falou comigo. Ela me chamou de querida? Estou chocada. Dei de ombros e não olhei para ela, devolvendo a mesma frieza que ela vem me dado a meses.

- Ela está assim porque o pai desbloqueou o cartão dela. - Edward sussurrou em meu ouvido, me segurei para não rir. A mãe sempre fora gananciosa.

Terminei de comer depois que todos já haviam terminado - claro, porque eu cheguei depois... não, é porque eu tô comendo muito -, me levantei e voltei para meu quarto. Peguei meu celular e fui procurar o carregador, assim que achei o coloquei na tomada. Antes que eu fosse esperar uns cinco minutos para que ele carregasse pelo menos 2%, a demência em pessoa entrou correndo em meu quarto, tropeçando nos próprios pés e dois segundo depois eu vi Harry estirado no chão. Me contorci na cama enquanto gargalhada, eu nunca tinha presenciado uma cena tão hilária como aquela. Harry era realmente ridícularamente atrapalhado.

- Não ri de mim! - Ele reclamou.

- Desculpa! - Recuperei o ar - Mas foi muito engraçado, Harry, não tem como não rir.

- Tudo bem. - Se apoiou na cama e deitou ao meu lado - O que tava fazendo?

- Pondo meu celular para carregar, inclusive vou pegá-lo. - Inclinei meu corpo para levantar-me, mas ele me impediu e se levantou.

- Deixa que eu pego. - Foi lá e o pegou - Uma mensagem! - Riu - Hmm, do Tomáááás. - Imitou uma voz feminina.

- Me dá isso aqui, Harry! - Sai 'correndo' na direção dele. Harry esticou o braço com o celular na mão, e como era maior, não consegui alcançar. Ele abriu a mensagem e o sorriso que tinha no rosto murchou - O que foi?

- Nada não. - Pôs o meu celular no bolso e me abraçou - Besteira da operadora.

- Você falou que era do Tomás.

- Tava brincando.

Harry voltou a se deitar na cama. Deite-me ao seu lado, já planejando pegar meu celular. Eu sei que ele está mentindo. Comcei a fazer carinho em seus cabelos, em pouco tempo ele estaria dormindo. E assim aconteceu, não se passou nem dez minutos quando eu vi seus olhos se fecharem. Calmamente peguei meu celular e corri até o banheiro, eu não correria o risco de abrir a mensagem do lado dele. Abri. E me arrependi de fazer isso.

Tomás

Abri meus olhos lentamente, minhas pálpebras pesavam e parecia que tinham passado um caminhão por cima de mim. Olhei para o teto, aquele não era meu quarto. Senti um peso sob meu corpo, paredes rosas me cercavam e eu sabia muito bem onde estava. Levei meu olhar para meu peitoral até encontrar Collet ali. Me levantei rapidamente da cama e percebi que estava só de cueca, a morena acordou desnorteada, mas sorriu quando me viu.

- Bom dia meu amor! - 'Meu amor', essas palavras só eram nojentas vindo da boca de Collet.

- O que aconteceu aqui?

- Você ainda tem dúvidas? - Riu maléficamente.

- E eu achando que você tinha mudado! - Sai catando minhas roupas e as vesti - O que você me deu para que eu chegasse a esse ponto?

- Nossa, você fala como se fosse algo ruim.

- E é algo ruim, é péssimo! - Fui em direção a porta do quarto dela - Nunca mais fale comigo.

Antes de fechar a porta pude ouvir um 'Alice já sabe!'. Respirei fundo, não sabia bem do que ela falva. Resolvi entrar novamente no quarto e tirar satisfações, como ela avisaria a Alice se nem tem o número da mesma? Chantagem, só pode.

- O que você falou?

- Sua namoradinha de merda já sabe.

- Cala a boca sua ridícula! Você nem tinha como fa... - Gelei quando ela mostrou o meu celular em sua mãos - O que você fez? - Ela riu - ME FALA!

- Calma querido. - Veio até mim de uma forma vulgar só com peças intímas - Simples, eu tirei uma foto nossa e mandei!

Peguei o celular de suas mãos e fui direto as mensagens. Lá estava a mensagem que ela enviou para Alice, com uma foto de mim com ela e dizia algo como se eu estivesse feliz por dormir com Collet. Eu juro, se bater em mulher não fosse crime, eu dava uma surra nela agora.

- Eu te odeio, Collet, odeio!

- Já que a Alice não vai mais te querer, você fica comigo.

- Coitada! Eu nunca vou ficar com você. Além disso, se eu fosse louco de ficar com você, eu ainda teria que ter contato contigo. Isso não adiantou de nada.

- Duvido que a Alice queira te ver depois disso! - Ela apontou o dedo na minha cara como se tivesse toda a razão do mundo.

- A Alice está grávida, eu vou ser pai. - Sorri de uma forma mais maléfica que ela e deixei aquele quarto.

Pela primeira vez eu senti medo do que iria acontecer nas próximas horas. Medo de perder Alice, medo de nunca mais vê-la e de nunca ver a minha própria filha. Medo de Alice já ter visto essa foto, medo da reação dela, enfim, medo de tudo. No caminho de volta a meu quarto já disquei o número de Alice para o meu celular, comecei a ficar nervoso quando a voz de um homem atendeu.

- O que você quer? - Era Harry, tenho certeza.

- Deixa eu falar com a Alice.

- Não!

- Pelo amor de Deus, é sério, preciso falar com ela.

- Você acha mesmo que ela vai querer falar contigo? - Suspirei. Eu sabia que ele estava falando a verdade. Antes de falar alguma coisa Harry desligou.

Me joguei na cama enterrando a cabeça no travesseiro, que em breve estaria encharcado. Eu tinha perdido o amor da minha vida, e nunca mais conseguiria recuperá-lo.

Alice

Eu encostei minhas costas na parede do banheiro e escorreguei até o piso. Ainda não acreditava na imagem a minha frente. Como Tomás teve coragem de fazer isso comigo? Mal foi embora aqui e já foi me traindo. Aliás, ele sempre esteve com essa garota, desde quando chegou à Cardiff, e todo aquele ódio que sentia por ela que ele me disse era mentira. Meu celular começou a tocar, era ele. Esqueci completamente do volume do toque e a porta do banheiro foi aberta, com um Harry deseperado entrando por ela. Ele me abraçou o mais forte possível, pegou o celular de minhas mãos e o colocou em algum lugar que não vi. Após alguns minutos apenas abraçada à ele, escutavamos o toque do celular, eu sabia que era Tomás.

- Atende e fala que eu não quero falar com ele. - Harry assentiu, pegou o celular e saiu do banheiro.

Ali mesmo, prometi a mim mesma que nunca mais veria Tomás. Como naquela vez que eu lhe disse que ia sumir, eu realmente iria fazer isso.