Long Beach, Califórnia

Fazia exatamente um ano desde o ocorrido. Um ano que eu tinha “fugido” de Londres para o outro lado do atlântico. Motivos? Eu não continuaria a morar naquela casa para dar de cara com Tomás meses depois, aliás eu já queria sair dali a um bom tempo por não suportar mais minha mãe me desprezando ou jogando indiretas para mim e nem suportaria continuar a mentir para meu pai, apesar dele desconfiar, é muito bobo para concluir que Tomás infelizmente é o pai da minha filha. Aproveitei que alguns parentes americanos de Harry sabiam da minha existência e de que eu era super amiga dele e tal, eles nos convidaram a passar as férias escolares por lá e acabamos ficando aqui. Harry de vez em quando vai visitar a mãe e os irmãos em Londres, eu fui apenas uma vez, mas meus motivos de ir até lá acabaram quando Harriet e Edward resolveram se mudar para Oxford por causa das boas faculdades e etc.

Eu caminhava pela areia da praia como todas as tardes, junto a Sophia (n/a: Pra quem não sabe, essa bebê é a Betina, filha de um artista aí que eu não lembro). Ela já dava alguns passos, pouco, mas boa parte do tempo eu tinha que levar ela no colo. Sophia era a mistura da coisa mais fofa com a coisa mais linda que eu já tinha visto na vida, os olhos bem azuis – mais azuis que os meus – e os poucos cabelos que tinha eram negros, demonstrando que ela seria morena, além de duas bolas na cara que insistem em chamar de bochecha. Enfim, ela parecia um anjinho. O que me preocupava mais era o fato dela nunca ter tentado falar alguma coisa. Eu á baseei em mim que comecei a falar precocemente, mas existem casos de crianças que começam a falar aos dois anos, certo? Eu não tinha com o que me preocupar.

Peguei sua mão gordinha e a coloquei de pé. Sophia deu dois pequenos passos e caiu sentada, depois olhou para mim e riu. Ri junto, não me lembro de vê-la abrir o berreiro por causa de uma queda qualquer. Novamente a coloquei de pé, e assim foi se repetindo, até ela cansar e se recusar de ficar em pé. A peguei no colo, ela pesava muito e em pouco tempo minha coluna começaria a doer. Resolvi voltar para casa antes que escurecesse. Eu morava numa casa ao lado da dos parentes de Harry, que comprei graças a um emprego que conseguiram para mim num hospital. Eu precisava urgentemente colocar uma babá para Sophia e voltar a estudar, além de conciliar os estudos com o trabalho. Entrei em casa e fui diretamente para o quarto de Sophia, ela estava super sonolenta, mas eu ainda precisava dar-lhe um banho, não ia deixá-la dormir cheia de areia nas pernas. Assim fiz e a coloquei no berço, com ela adormecendo segundos depois.

Meu celular tocava incansavelmente na sala, voltei até lá e o peguei. Era Harriet.

- Hats!

- Que apelido ridículo, Alice, tirou do lixo?

- Oi pra você também rabugenta!

- Hats me lembra Hate.

- Dane-se. Então, porque me ligaste?

- Más noticias.

- Tchau! – Fingi que ia desligar e ela berrou um ‘não’ – O que foi?

- O Tomás não acredita mais em mim. É sério, ontem eu falei que você tinha se mudado para Aberdeen, ele quase me matou com os olhos dizendo que eu estava mentindo! Não sei mais dizer para onde você foi, vou contar a verdade.

- NÃO!

- Alice, faz um ano que você foi embora e desde então o Tomás te procura por todo lugar. Eu tenho que dizer que você saiu do país, ele ta perdendo tempo.

- Eu não quero que ele saiba onde eu e Sophia estamos.

- Sophia também é filha dele, lembre-se disso. Se ele entrar na justiça pedindo a guarda dela, - Suspirou – terei pena de você.

- Ele não pode tirar ela de mim! - Falei gritando, então percebi que eu estava quase entrando num estado de pânico, nervosismo, sei lá.

- Eu vou avisar a ele, você quero ou não. – Desligou.

Joguei meu celular na parede de tanta raiva, ele se espatifou no chão e nem sei se quebrou. Me sentei no sofá enquanto via minhas mãos tremerem, fechei meus olhos esperando que lágrimas caíssem, mas nada aconteceu. Era tanta raiva de Tomás que eu não conseguia mais chorar pelo fato de só pensar em tirarem Sophia de mim, não era só mais raiva, era misturado com ódio, nojo, enfim, tudo de ruim que houver eu desejo pra ele.

Tomás

Eu juro que vasculhei a cidade de Aberdeen inteira, virei ela de cabeça para baixo, mas nada, nenhuma informação de Alice. Harriet me falou que ela estava morando em várias cidades pequenas, de vez em quando se mudava, mas em nenhuma alguém soube dizer sobre uma moradora nova. Harry também sumiu, Harriet diz que ele foi morar na Espanha, mas eu sei que tudo o que ela me diz é mentira, no começo eu até acreditava, mas ela não sabe mais mentir. Eu temia a vez que ela viesse me dizer que Alice tinha saído do país.

Eu tinha trancado a faculdade em Cardiff depois que soube que Alice tinha sumido de casa. Desde então comecei a percorrer por inúmeras cidades do Reino Unido atrás dela, ou até do Harry, talvez ele esteja com Alice. Resolvi voltar para casa, estava cansado de procurar, eu iria pressionar Harriet até ela dizer onde Alice e minha filha estão.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.