Era inacreditável o fato de que estávamos brigando por uma coisa tão besta assim. O maldito ciúme, sempre atrapalhando tudo.

–Se elas eram só amigas, você tem que entender que o John também é meu amigo, não aconteceu nada, ele só veio conversar comigo Bruno!

–Ta bom Júlia, não quero mais falar sobre isso, vou dormir no outro quarto, você pode ficar com esse- Foi pegando alguns travesseiros

–É sério isso Bruno? Você vai me deixar aqui, sozinha, por uma coisa ridícula dessa?- Eu não estava acreditando naquilo, mal começamos o namoro e já estávamos daquele jeito.

–Seríssimo- Deu um sorrisinho irônico- Fica aí pensando no John que eu vou dormir, não acredito que você deu mole pra esse cara, logo na minha casa e na minha frente- Saiu do quarto, com alguns travesseiros debaixo do braço.

E pela primeira vez, estávamos brigando, por pouca coisa, mas com o Bruno, parecia ser o fim do mundo. Quanto drama para uma pessoa tão pequena.

BRUNO’S POV

Não estava aguentando olhar para Júlia, era como se ela tivesse meio que me traído, é complicado explicar. Sempre fui um cara muito ciumento, até com minha mãe, depois que ela se separou do meu pai, nunca fui com a cara de nenhum homem que aparecia em sua vida, por culpa do ciúme.

Fui para o quarto de hóspedes, e como era uma suíte, tomei banho ali mesmo. Enquanto a água caía sobre meu corpo, fiquei pensando em como eu tinha mudado. Foi uma transformação tão rápida de “pegador” para “garoto comportado” que até eu me espantava. Por um momento, achei que estivesse escutado o barulho da porta principal, batendo. Como se alguém tivesse saído, mas, deveria ser coisa da minha cabeça, afinal, eu não estava totalmente sóbrio e a Júlia com certeza não sairia àquela hora da madrugada.

Terminei o banho, me preparei para dormir, e fui deitar, preparado para a ressaca que iria ter quando acordasse. Depois de um tempo, pensando na Júlia como sempre, adormeci, um pouco culpado por não estar no quarto com ela, mas era melhor assim, pelo menos eu achava.

[...]

Acordei com a vista meio embaçada, um pouco tento e com uma dor de cabeça insuportável. Ouvi meu celular tocar, do lado da cama, em cima da mesinha, avisando que tinha recebido uma mensagem, antes de ler, fui ver a hora, uma da tarde, como eu pude acordar tão tarde?

“Você vai se arrepender muito do que fez comigo Bruno!” –Li o sms em voz alta. Era a Joyce. Essa mulher não me esquece, fala sério.

Me sentei na cama e fiquei analisando o jeito que tinha tratado a Júlia. Fui tão ignorante por uma coisa boba, ela só estava conversando com ele e eu agi assim, como um ogro. Decidi ir até o quarto onde ela estava, para conversamos e resolvermos tudo.

–Jú? Amor?- Bati na porta, mas ela não abriu, então resolvi entrar- Júlia, me desculpa, eu...JÚLIA? –Olhei ao redor, a cama estava do mesmo jeito da noite passada, então pensei que ela deveria estar no banheiro, mas, não estava.

Peguei o celular na mesma hora e liguei pra ela, mas chamava e ninguém atendia.

“Ontem, o barulho da porta batendo...FOI ELA!” –Pensei, já correndo pra me trocar e ir atrás dela, afinal, ela para as ruas de Los Angeles sozinha, de madrugada.

Peguei as chaves do carro, celular, e saí. Na porta, tive uma ideia. Voltei, peguei o violão e torci pra tudo dar certo. O único lugar que ela poderia estar era a própria casa, então, segui para lá, tentando ligar para o celular dela o caminho todo, mas, sem sucesso. Enfim, depois de uns 15 minutos, correndo que nem um louco pelo trânsito infernal de LA, cheguei a casa dela, pude perceber flashes rápidos no meu rosto. Havia uns quatro paparazzi escondidos atrás da árvore do quintal da Júlia, pelo jeito, já tinham começado as perseguições.

Apertei a campainha e Jessie veio me atender.

–Oi, boa tarde, a Júlia está?

–Oi Bruno, está sim, lá em cima no quarto- Me deu passagem- Entre!

–Obrigado, posso subir?- Senti um alívio percorrendo meu corpo, que bom que minha garota estava bem.

–Claro, pode sim, vai lá- Sorriu.

Subi meio receoso, sabia que ela não iria me receber bem, na verdade, nem eu me receberia se fosse ela.

–Júlia? É o Bruno, abre a porta!- Esperei uns trinta segundos e ela não respondeu- Jú? Amor, por favor, abre a porta, não faz isso- Ouvi a tranca da porta se abrindo e pude vê-la, com os olhinhos vermelhos, de tanto chorar. Acho que nunca tinha me sentido tão culpado, como me senti nessa hora.

JÚLIA’S POV

Pois é, depois que saí da casa do Bruno, de madrugada, peguei um táxi e resolvi vir pra minha casa. Não consegui dormir direito, chorei um pouco, mas nada tão exagerado, uma coisa que eu estava começando a aprender era isso, não chorar por qualquer coisa boba, como essa. Minhas lágrimas valem muito mais que isso, e foi o que a Mel me disse, nessa madrugada, quando liguei pra ela desabafando tudo o que o Bruno tinha feito desnecessariamente.

Estava deitada na cama, lendo um livro chamado “Apaixonei-me pelo meu ídolo”, quando ouvi o Bruno batendo e me chamando da porta. Pensei em não atender, mas logo mudei de ideia, isso era um tanto infantil pra minha idade, eu deveria começar a encarar essas brigas de relacionamentos, que eu quase nunca tive.

–Oi, posso entrar?- Perguntou-me. Não respondi, apenas coloquei meu sorriso irônico no rosto e dei passagem- Olha, me desculpa por isso, eu agi como uma criança, você não fez nada e eu a tratei mal, como se estivesse me traído e...

–Bruno- O interrompi- Você confia em mim?- Ele ficou me olhando, parecia pensar na resposta.

–Claro, claro que confio, por que?

–Eu acho, que quando uma pessoa confia na outra não tem necessidade de fazer isso. Você sabe o quanto quero ficar com você, o quanto você me faz bem, eu não te trocaria por ninguém, meu coração é seu e nada, nunca, vai mudar isso, eu só queria que você entendesse- Meus olhos ficaram marejados, mas consegui controlar.

–Eu...Espera, já volto- Saiu do quarto, praticamente correndo. Não entendi nada, mas, ele é o Bruno Mars, é cada ideia mirabolante.

Depois de alguns minutos ele voltou, agora, com um violão nas mãos.

–Não diga nada, apenas ouça. Por favor- Se sentou na minha frente e começou a tocar

“Heart beats fast
[O coração acelerado]

Colors and promises
[Cores e promessas]

How to be brave
[Como ser corajoso?]

How can I love when I'm afraid to fall
[Como posso amar quando tenho medo de me apaixonar?]

But watching you stand alone
[Mas ao ver você na solidão]

All of my doubt suddenly goes away somehow

[Toda minha dúvida de repente se vai, de alguma maneira]

One step closer
[Um passo mais perto]

I have died every day waiting for you

[Eu morri todos os dias esperando você]

Darling don't be afraid

[Amor, não tenha medo]

I have loved you for a thousand years

[Eu te amei por mil anos]


I'll love you for a thousand more”

[Eu te amarei por mais mil]

E nesse momento, as lágrimas caíam dos meus olhos, não podia me controlar. Bruno cantava e tocava, olhando no fundo dos meus olhos.

"Time stands still
[O tempo fica parado]

Beauty in all she is
[Há beleza em tudo que ela é]

I will be brave
[Terei coragem]

I will not let anything take away
[Não deixarei nada levar embora]

What's standing in front of me
[O que está na minha frente]

Every breath

[Cada suspiro]

Every hour has come to this
[Cada momento trouxe a isso]

One step closer
[Um passo mais perto]

I have died every day waiting for you

[Eu morri todos os dias esperando você]

Darling don't be afraid

[Amor, não tenha medo]

I have loved you for a thousand years

[Eu te amei por mil anos]


I'll love you for a thousand more”

[Eu te amarei por mais mil]

E ele parou de tocar. Nossos olhos diziam mais do que palavras. Um silêncio tomou conta do quarto, até ser quebrado, pelas palavras que eu mais queria ouvir, toda minha vida.

–Júlia...Eu te amo- Me beijou