Expulsão

Narrativa: Hikari

Após algum tempo de risadas soltadas por mim, voltei a calma e rapidamente me retirei daquela quadra, indo diretamente a rua em frente do colégio Kaijo. Apoio-me no muro do local e respiro fundo.

—O que ambos estão fazendo em Seirin...? – Pergunto-me em voz alta, referindo-me ao jogador mais alto que acabara de receber um passe em seu rosto e ao jogador mais baixo de cabelos longos.

Flash Back On

Eu permanecia-me deitada em minha cama, hesitando em mandar a mensagem ao Shinta sobre minha decisão: mudar-me para a Escola Mizuki. Quando fui despertada pelo som da campainha que ressoava alto por meu pequeno apartamento. Bloqueando o celular, poucos segundos após ter clicado em enviar a mensagem, coloco-a no bolso da calça jeans que vestia e fui em direção a porta.

—Posso ajudar? — Pergunto, abrindo a porta. Vendo dois indivíduos com o uniforme de Teiko: Tsubaki, o mais alto, havia cabelos curtos e esbranquiçados, destacando-se seus olhos verdes escuros; logo, sua irmã mais velha ao seu lado, Makoto, sendo próxima a minha altura, cabelos longos e escuros com olhos grandes da mesma cor do maior; solto um pequeno sorriso nos lábios e os cumprimento — Olá, Yuzuki-kun e Yuzuki-san.

Ambos os irmãos Yuzuki permaneciam inquietos com o fato de eu não ter frequentado a escola neste dia. Convidei-os para entrar e aconchegamos na sala de estar, ambos sentavam-se no sofá a frente de uma mesa de centro, enquanto eu me mantinha na poltrona ao lado dos móveis. Perguntas eram me feitas sem cerimônia, recebendo o silêncio como resposta.

A campainha tocara novamente, fazendo-me levantar e ir atende-la. A presença do indivíduo ofegante, de cabelos e olhos esverdeados me causara uma surpresa; simplesmente, não esperava-o. Seu suor escorria por seu rosto, dando indícios que viera correndo.

—Que porcaria de mensagem era aquela?! — Suas palavras impacientes logo saíram de seus lábios, fazendo-me apenas soltar um sorriso de canto e convidando-o para entrar. Sentando-se no mesmo móvel que os irmãos, faço-os esperar por alguns minutos e logo ofereço-lhes um suco, e uma toalha ao Shinta para secar-se.

A atmosfera do local não era me agradável, porém, era mais confortante do que próximo ao ar frio do capitão, com quem briguei na tarde passada. Eu um suspiro longo, recebendo a atenção de todos ali presentes, pronuncio-me explicando a situação.

—Como devem saber do ocorrido, entre eu e Akashi Seijuurou, devo-lhes informar que estou suspensa por uma semana. Porém, isso afetou meu status na escolae por fim, minha participação nos clubes esportivos que participam de torneios e campeonatos fora encerrada. Resumindo, fui expulsa do time pela gerente do clube de basquete. E em questão a algumas decisões tomadas por mim, acabarei mudando-me para a Escola Mizuki em Kyoto e minha mudança será feita nesta semana.

Tsubaki e Makoto não aceitaram minhas decisões, mas nada faria me mudar de ideia. Shinta já havia aceitado, no momento em que o rosto de seu capitão fora acertado com um soco e por Kise ter lhe avisado de minha suspensão e consequentemente de minha expulsão. Mas não o impediu de pronunciar estas palavras:

—Você está sendo hipócrita.

Flash Back Off

—Hipócrisia... – Murmuro a mim mesma, sendo desperta de meus devaneios por sons de passos chegando em minha direção. Revirando o olhar ao dono do barulho, lhe direciono um olhar pouco frio, porém, com um sorriso de canto – Está atrasado, Shinta. Vai acabar perdendo o jogo – Roubando do esverdeado, um sorriso aliviado, ao escutar-me chama-lo desta forma.

—O que houve? – Ele vai diretamente ao fato que o incomodava: eu não lhe esperaria atoa.

—Fora uma perda de tempo, virmos assistir o jogo – Respondo rapidamente, sem desviar-me do assunto – O jogo já está ganho para Seirin.

—Por que diz isso? – Pergunta curioso com minhas palavras, mas sem duvidar.

—17, 18— Estes números já haviam sido o suficiente para lhe fazer entender a situação, fazendo-o soltar um sorriso de canto e revelando que no horóscopo de hoje.

Sem nem perder um minuto do tempo que havíamos ganho, íamos em direção a uma pequena praça próxima dali para podermos jogar nosso jogo: shogi. O tempo passara rápido, sem perceber o tempo passar rapidamente, o céu já permanecia alaranjado, tendo as luzes das ruas a acender.

—Melhor irmos – Digo arrumando minhas coisas, levantando de meu lugar. Recebendo apenas um "sim" do indivíduo e nos retirando do local. Próximos a nos despedir, um rapaz loiro de um uniforme acinzentado, com olhos estreitos e dourados que faziam destacar o brinco em sua orelha esquerda – Há quanto tempo, Ryoutacchi.

—É bom lhe rever, Yuukicchi e Midorimacchi – Ele nos cumprimenta com um sorriso estampado no rosto. E antes mesmo de que algum de nós pudesse dizer algo, Shinta quebra o silêncio ao pronunciar:

—No horóscopo de hoje, dizia que seu signo teria um dia ruim. Mas não achei que perderia.

—Hey, Shinta – Chamo-lhe atenção – Não esqueça-se, aDupla de Prata faz parte de Seirin.

—Então vocês viram o jogo – Ryoutacchi diz com um sorriso de canto em lábios, anunciando que terá sua vingança nas Nacionais. Logo, demonstrando seu lado sarcástico ao receber respostas de nossa parte:

—Desista de vingança, os Yuzuki venceram Aomine e Kuroko.

—De acordo com meus cálculos, você tem 0.01% vencer a Nacional.

—Mas antes de mais nada, Yuukicchi – O loiro chama-me, recebendo minha atenção. Fazendo-me uma pergunta após o ocorrido naquela tarde, quando havia me transferido – Onde você esteve, todo esse tempo? Fizeram-se dois anos, sabia?

—Mantive me Kyoto, na Escola Mizuki – Respondo sem cerimônia, não podendo mais esconder.

—K.Kyoto?! – Surpreende-se – M.Midorimacchi, não está surpreso com isso?!

—Não.

—Ele sabia desde o começo, não é, "mamãe"? – Provoco-o com um sorriso debochado em meus lábios. Ryoutacchi manteve-se inconformado, fazendo-me explicar o que havia acontecido em minha casa naquele dia. Após isso, um largo sorriso surgiu-se em seu rosto, perguntando-me se me manteria contato com o mesmo e em apenas um rápido ato, virando-me para despedir-me dos rapazes, digo – Pegue meu novo número com Shinta, Ryoutacchi. Mande lembranças ao Daiki caso encontre-o.

—O que quer dizer com isso, Yuuki? – Shinta interrompe-me, apenas lhe respondendo em poucas palavras.

Narrativa: Autora

Após deixar os jogadores pasmos com a resposta, retira-se e vai embora. E caminhando pelas ruas pouco movimentadas naquele horário, pega o celular que manteve no bolso da saia e disca o número da pessoa que realmente precisava encontrar neste momento.

As horas passaram-se, mas nada. O jogador prometera retornar a ligação quando não estivesse ocupado, mas nada, apenas aguardava em uma cafeteria qualquer, apreciando um delicioso petit gateau do local. Desistindo, levanta-se de seu lugar, deixando o dinheiro sobre a bancada e direcionando-se para fora do local; e sem ao menos desviar o olhar a outro lugar, avista no outro lado da rua, a pessoa com quem gostaria de falar.

—Tetsuya, por favor, avise-me quando irá me ligar da próxima vez – Hikari pede ao se aproximar do jogador azulado de Seirin, que estava acompanhado por três jogadores, sendo dois deles: Tsubaki e Makoto, e o outro, um jogador ruivo e alto de bastante presença.

—Desculpe-me, Yuuki-san – Kuroko desculpa-se ao vê-la.

—Não, eu que lhe peço perdão por aquela noite e por duas semanas atrás– Ela diz, abaixando-lhe a cabeça e logo fitando os irmãos Yuzuki – E peço perdão a ambos por minha grosseria naquele momento na quadra e naquela tarde.

Recebendo o perdão de todos ali, Hikari pede ao Kuroko conversamos a sós. Despedindo-se dos irmãos e do jogador que identificara-se como Kagami Taiga, ambos permaneceram a uma praça ao lado de uma quadra de rua.

—Tetsuya... – Hikari chama-o hesitante – Sabe o verdadeiro motivo de minha expulsão? – Sem receber respostas do jogador a sua frente, sente uma brisa bater forte e balançar seus cabelos – A gerente de ambos os times titulares de Teiko, era a Satsuki. Ela é a causa de minha expulsão, não o Seijuurou – Não acreditando nas palavras da garota a sua frente, Kuroko demonstra curiosidade e pede-lhe detalhes – Ela convenceu-o de fazer com que eu parasse de treinar com vocês, Geração Milagrosa; sabendo que eu não aceitaria.

—E acabou que você foi suspensa por causa do soco e consequentemente, por causa das normas escolares, fora expulsa do time.

—Sim – Ela concorda, mas com um sorriso gentil nos lábios, diz – Mas não fique brava com ela, está bem?

"Satsuki ainda se arrependerá"