Não queira conhecer de perto a ira de cinco caras chapados e sem noção. Não mesmo.


POV Mariana.

Eu acordei amarrada em uma cadeira, numa sala malcheirosa e bem velha. Ainda estava meio tonta, mas já tinha consciência que estava totalmente fodida. Não tinha jeito daqueles caras me soltarem, sem antes acabarem com o resto de dignidade que eu ainda tinha. Pensei imediatamente em começar a gritar, mas eu estava amordaçada também. Merda.

– Eei, que bom que tu acordou gracinha – um dos homens disse, entrando pela porta – nós temos muito o que fazer hoje.

Eu comecei a falar todos os palavrões que eu conhecia, que deixariam até um caminhoneiro bêbado de cabelo em pé. O canalha só se deu o trabalho de sorrir, e chegou tão perto que eu estava tendo náuseas com seu hálito podre.

– Fica quieta ai gracinha, não vai acontecer nada de ruim com você.

Os idiotas grandalhões haviam esquecido de amarrar as minhas pernas, então eu aproveitei o momento e dei-lhe um belo chute. O filho da puta caiu no chão se contorcendo de dor, foi ai que eu percebi o meu erro. Mesmo tendo acabado com aquele idiota, eu não tinha como fugir. E ainda por cima havia deixado-o com ódio mortal de mim.

– John, vem aqui e amarra essa cadela direto – ele falava – Ela quase estourou minhas bolas, caralho!

John amarrou minhas canelas bem forte, e o outro homem levantou e esbofeteou minha cara

– Isso é pra você aprender a me respeitar, sua vadia – ele sacou uma faca da cintura e rasgou minha blusa alem de fazer um profundo corte no meu braço, que me fez berrar de dor. – e isso, é por você ser tão gostosa.

Lágrimas de pavor rolavam pelo meu rosto, enquanto aquele canalha tirava o cinto.

Eu estava sozinha.

Não havia como os outros me encontrarem.

Era de foder.


POV. Steven

Depois que Axl desligou o telefone, eu percebi que alguma merda tinha acontecido.

– Quem era Axl? – perguntei.

– Eu não sei – ele respondeu, pálido.

– E o que eles queriam, caralho?

– Eles estão com a Mari, Stev.

Naquele momento eu senti ódio e medo ao mesmo tempo. Eu não sabia quem eram esses filhos da puta, mas eles teriam que devolver a Mari, e depois pagariam bem caro por isso. Sentei no sofá e comecei a pensar em alguma coisa para tirar a Mari dessa.

– O que eles querem em troca dela Axl?

– 500 mil em verdinhas – ele respondeu – até o final da semana.

Eu estremeci, e um tempo depois percebi que estava chorando.

– Avisa a Larissa Axl – Duff disse.

Ele assentiu e pegou o telefone.

Algumas horas depois Lari e Izzy chegaram. Ela estava pálida, e não parava de chorar um minuto sequer. Eu a abracei.

– Vai ficar tudo bem Lari.

– Como você pode ter tanta certeza disso Stev? Esses filhos da puta não estão pra brincadeira.

– Eu sei, mas eu não vou deixar que façam nada com ela.

O telefone tocou.

– Alô? – Larissa atendeu, desesperada.

– Passa pro Steven sua cadela

– O QUE? CADÊ A Mari SEU FILHO DA PUTA? O QUE VOCÊ FEZ COM ELA?

– Passa pro namorado dela ou eu atiro nessa vagabunda, caralho!

Lari me entregou o telefone e começou a caminhar pela sala, aos nervos.

– Devolve a Mari, caralho! – eu disse

– tua namorada tem uns peitos bem gostosos hein cara? Ela daria uma boa prostituta

O filho da puta estava rindo.

– NÃO ENCOSTA DELA CARALHO? EU TE MATO SEU FILHO DA PUTA, EU JURO.

– Tarde demais seu idiota

Eu explodi de raiva nesse momento

– SEU FILHO DA PUTA! DESGRAÇADO

E o canalha soltava gargalhadas.

– Tu vai ter que me dar 500 mil até o final da semana, ou a vagabunda gostosinha aqui morre.

E desligou o telefone.

Aquilo tinha acabado comigo, e eu me sentia impotente. Não havia nada que qualquer um de nós pudesse fazer, a não ser entregar a grana e esperar pela boa vontade dos caras. Mas aqueles vagabundos teriam que pagar bem caro por tudo que fizeram com a Mari. E só se passava uma palavra na minha cabeça: vingança.


POV Mariana.

Eu estava desesperada. Sentia medo, frio e acima de tudo nojo. Aqueles filhos da puta me trataram como uma boneca inflável, e depois beberam até cair. Minhas roupas estavam jogadas no chão, e eu tremia.

– EU TÔ COM FRIO CARALHO! DESSE JEITO EU CONGELO ATÉ AMANHECER! AI VOCÊS PODEM ESQUECER ESSA GRANA TODA – eu gritei.

O tal de John abriu a porta e jogou uns farrapos velhos que eles chamavam de cobertor.

– Agora vai dormir sua vadia – ele disse.

– Não tem como eu me cobrir seu idiota, minhas mãos estão amarradas.

Ele pegou o cobertor e jogou em cima de mim.

– seu idiota, desse jeito o cobertor vai cair, deixa de ser imprestável e faz o serviço direito.

Ele devia estar realmente bêbado, porque se aproximou e começou a colocar o cobertor sobre mim. Eu senti alguma coisa gelada passando na minha mão, e quando eu olhei vi que a faca que estava na cintura dele estava ao meu alcance. Não pensei duas vezes e puxei a faca sem que ele percebesse e enfiei de qualquer jeito dentro do cobertor.

– Pronto agora vadia? – ele disse, passando a mão no meu rosto

– pronto – eu disse, mordendo-o com toda a força que eu ainda tinha.

Ele uivou de dor e começou a me xingar. Eu fingi que não era comigo e ele ficou mais puto ainda.

– É hoje que tu morre vadia.

– Ai tu fica pobre, seu retardado. Vai dormir vai, e me deixa em paz nesse inferno.

Ele saiu pisando duro e bateu a porta. Eu sorri. Meu talento de irritar as pessoas era bem útil de vez em quando. Peguei a faca e comecei a cortar as cordas. Eu não tinha ideia de onde estava, mas foda-se. Eu tinha que sair daquele lugar.