Dois Mundos - Revoltosos

3-Vivendo a tediosa mortalidade.


Antes de voltar ao Brasil, demos uma passada no Acampamento, apenas para explicar o que havia acontecido e porque sumimos repentinamente.

Caroline teve um surto ao ver Douglas, enquanto descíamos a colina. Ela estava jogando vôlei na cancha de areia, com alguns irmãos, e saiu correndo em nossa direção.

–Eu pensei que você nunca mais fosse voltar! –Disse ela jogando-se no pescoço de Douglas.

–Eu estava com saudades. Mas não pude dar noticias! –Douglas abraçou-a.

Alguns não pareciam muito felizes em nos ver. Clarisse, a conselheira de Ares, deu um sorriso desdenhoso para nós, quando passamos em frente ao seu chalé.

–Quíron vai ficar muito feliz em ver vocês!

Ao longe, pude ver meus irmãos treinando, no campo de tiro. Rafaela estava com Andrew, treinando. Talvez por ser a única filha de Zeus ali, ela sempre compartilhava nossos treinamentos.

Descemos em direção a Casa grande, esperando ver Quíron em algum lugar. Nicole passou por nós e nos deu as boas vindas. Avistei Roxie treinando esgrima com Rachel na arena, mas nenhuma pareceu notar-nos. Enfim, vimos Quíron.

–Espero que tenham tido sucesso em sua missão escondida. –Disse o centauro saindo da casa.

Douglas explicou toda a história, e Quíron ouvia com atenção. Depois de alguns minutos, ele pareceu entender o porquê não poderíamos contar nada.

Passamos o resto do dia ali. Sempre é bom rever os amigos. Quíron nos advertira para ficar por ali o resto do dia. Viajar por qualquer meio mágico agora, chamaria muita a atenção.

Depois de mandar uma mensagem de Íris para minha mãe, e ela concordar em ir nos pegar de camionete mais tarde, eu fui atrás de meus irmãos.

Cheguei ao campo de arco, e vi todos eles atirando em alvos diferentes, com flechas variadas, Rafa e Roxie estavam ali. Talvez faziam companhia uma para outra, talvez e mais provável, porque seus namorados estivessem ali.

Uma flecha passou zunindo em meu ouvido e com um movimento rápido, puxei a varinha do Duat e desarmei o inimigo. Sim, eu aprendi a fazer isso em Hogwarts. Um feitiço muito útil, mas que deixou uma situação desconfortável no ar. E eu tive que explicar tudo.

–Enfim, perdi muita coisa aqui? –Perguntei ao final da história.

–Não muita. Apenas o normal, treinamos muito. –Respondeu Andrew, com o braço nos ombros de Rafa.

–Hoje é o ultimo dia das férias de inverno, não é? –Perguntou-me Rafaela um pouco receosa.

Eu confirmei com a cabeça, e ela fitou o chão.

–Minha mãe está vindo nos buscar. Uma pequena viagem pelo Duat e chegaremos no Brasil rapidinho. –Eu falei tentando animar.

No fim da tarde, como prometido, minha mãe surgiu logo abaixo da colina, na Tucson preta, que havia nos levado até ali da primeira vez. Despedi-me de meus irmãos novamente, e do acampamento. E entrei no carro.

Passei as próximas semanas, de olho nos noticiários, esperando algum sinal estranho. Algo que identificasse a invasão ao Egito, mas nada de inesperado aconteceu. Eu estava começando a achar que o plano estava dando certo. E pela primeira vez, cara, eu estava certa!

O plano de Carter era simples mas potente. Ele tentou a abordagem direta. O faraó foi direto ao ministério da magia, em Londres, e exigiu uma reunião com o ministro, e se nada havia acontecido até agora, sinal de que estava dando certo.

Em um fim de semana, que eu estava em casa, estudando, pois na segunda-feira eu teria uma prova de química (super legal, adoro química! Só que não.), recebi uma mensagem de Sadie. Que dizia mais ou menos isso: ‘O plano deu certo, Carter conseguiu explicar e convencer o ministro da magia’.

Eu fiquei super feliz, claro, mas agora eu me pergunto: tudo aquilo que fizemos, e a solução era tão simples? Pois é, mas pelo menos, não tivemos guerra.

Todos em minha casa ficaram felizes em saber disso, principalmente minha mãe. Ela não parava de sorrir.

Os meses seguintes passaram depressa. Durante o ultimo bimestre, nas ultimas provas do ano, eu não fiz esforço algum, simplesmente não estudei para as provas, o que me rendeu muito medo depois, mas mesmo assim, eu consegui passar sem dificuldades. O que não foi o caso de metade da minha turma, que pegou provão em química ou física.

Os dias no colégio eram agradáveis, eu nunca podia treinar, mas sempre estava com meus amigos. Eu quase soltei um feitiço Há-di em uma colega, durante um momento de raiva na educação física, mas graças a Rafaela, Paloma ainda está viva.

Durante a ultima semana (a melhor semana do ano), nós não fazíamos nada. Quase ninguém ia na aula, o que era legal, portanto nós conversamos muito com os professores.

No meu aniversario de quinze anos, em novembro, fiz uma festa muito legal, e pude pela primeira vez reunir todos os meus amigos. Alugamos um salão perto da minha casa, convidei todos os meus colegas, o pessoal do acampamento veio, todo o vigésimo primeiro nomo compareceu e até as minhas amigas do Paraná vieram, depois de muito esforço e eu conseguir acomoda-las em um hotel da rede que minha mãe virou sócia. E claro, feitiços fortíssimos foram colocados no salão para evitar visitantes indesejados, como monstros ou magos inimigos. O que seria de se esperar.

Foi uma festa sem muita frescura, teve a janta, o bolo, as homenagens (chorei quando ouvi as homenagens!) e depois a festa. Mas talvez, o mais legal foi que meu pai apareceu.

Enquanto eu me arrumava para entrar na festa, um sujeito alto, loiro, bonito e bem arrumado apareceu atrás de mim.

–Olá filha.

Quase cai para trás.

–Pai... faz muito tempo que você não fala comigo. –Eu disse virando-me surpresa.

Apolo riu, ele parecia mais velho, e não mais um adolescente de dezoito anos. Parecia ter uns quarenta e alguma coisa, mas continuava bonito.

–É verdade, mas eu vi tudo o que fez. Estou orgulhoso de você. –Abraçou-me, ele estava quente e cheirava a laranjeira.

–O que aconteceu com você? Está mais velho. –Falei olhando-o.

–Você não gostaria que eu aparecesse na minha melhor forma e roubasse o coração de todas as suas amigas, não é? O pai da aniversariante deve se comportar, eu acho. –Ele riu exibindo os dentes brilhantes.

Sua forma tremulou, mostrando o mesmo adolescente que eu havia conhecido. Alto, forte, louro, lindo. E depois voltou a forma de adulto elegante, em forma, porém já mais velho, com os mesmos cabelos louros.

Eu ri.

–Você me daria a honra da primeira dança da noite? –Ele me perguntou estendendo o braço.

–É claro. –Respondi.

Entramos no salão. Os filhos de Dionísio tinham feito uma festa muito boa. Com Dj da melhor qualidade, decoração azul e dourada, doces e guloseimas. Estava perfeita.

Todas as pessoas ficaram boquiabertas quando entrei no salão de braço dado com um homem desconhecido, mas meus irmãos logo reconheceram nosso pai. Apolo piscou para eles e voltou-se para mim.

–Mais tarde converso com eles. –E nós dançamos a primeira musica, em seguida, todos invadiram a pista.

Antes de eu perder meu pai, ele puxou-me para o canto e retirou um pacote do ar. Como se o ar tivesse se dobrado e cuspido o pacote. Era uma caixa pequena, do tamanho de uma caixa de remédio.

–Feliz aniversário, Luiza. –Ele entregou o pacote embrulhado em papel dourado. Dentro da caixa, havia uma correntinha de ouro, com um pingente diferente. Olhando atentamente, pude distinguir um arco dentro de um sol em miniatura. Ele colocou em volta de meu pescoço. Eu estava emocionada de mais. Meu arco agora ficava preso junto ao pingente, mas em tamanho menor.

–Obrigada pai. –Eu disse abraçando-o.

–Agora, com licença, pois eu tenho alguns filhos para falar, e quero ver a sua mãe. –E ele afastou-se em direção a minha mesa.

Eu passei a noite toda dançando. Pedro estava muito bem no terno, e aproveitou tanto quanto eu. Varias vezes eu vi Roxie dançando com , ela parecia bem feliz. Todos estavam felizes, para falar a verdade.

O domingo após a festa, eu usei para ir atrás das gurias do Paraná, desaparecidas desde a ultima noite. Eu vi elas a noite toda, dançando com meus irmãos ou os filhos de Afrodite. Mas depois que a festa acabou, eu não havia visto elas em lugar algum.

Encontrei-as no hotel. Sã e salvas, e quando perguntei se haviam gostado da festa, elas despejaram histórias em cima de mim:

–Nossa, eu conheci um menino lindo lá! Mas ele não morava aqui, mora nos Estados Unidos. –Suspirou Mayara, com um ar sonhador.

–Nunca imaginei ver você de vestido. –Disse Ana. Ela havia passado quase uma semana no mesmo quarto que eu, então imagino que o comentário fora apropriado.

–Como você conseguiu fazer uma festa tão, tão perfeita? –Perguntou-me Sabrina.

Eu apenas ri e disse:

–Truques da gaúcha, não posso espalhar meus segredos. –E fiz cara de mistério.

O resto da tarde foi tranquilo. Levei-as para um tour por Porto Alegre, depois levei-as ao aeroporto. Infelizmente a estadia delas aqui, foi apenas de duas noites, pois as férias não haviam começado ainda, e elas prometeram voltar.

Depois de leva-las, e ver as quatro embarcando no avião, eu e minha mãe voltamos para casa. Ela parecia diferente desde a noite anterior, mais sorridente, feliz.

–O que aconteceu com você? –Perguntei.

–Nada. –Ela respondeu olhando o retrovisor.

–Meu pai foi ontem. –Falei tentando chamar a atenção dela.

–Eu sei, falei com ele. Apolo sente muito orgulho de você. –Ela disse.

Meu rosto ficou um pouco quente. O presente que eu ganhará de meu pai, estava preso junto ao meu arco no pescoço.

Seguimos o resto do caminho em silêncio. Quando estávamos passando pelo Guaíba, minha mãe perguntou-me:

–Você vai para o acampamento nesse verão?

–É claro que sim. –Respondi, talvez um pouco grossa.

–Depois do ano-novo, espero.

–Sim, e lá vai ser inverno, tenho que arrumar roupas de frio.

Ela assentiu e não falou mais nada do assunto. E assim foi nosso caminho de volta para casa.

Dezembro chegou rápido, todas as provas e trabalhos foram concluídos e aquele ar de férias começava a encher a sala de aula. Muitos alunos começaram a faltar uma semana antes de acabar de vez as aulas, o que eu achava bom, pois poucos alunos, significavam poucas aulas propriamente ditas, então os professores simplesmente sentavam-se em frente aos computadores e deixavam-nos conversando.

As férias enfim chegaram, apesar de não parecer, pois eu veria alguns amigos durante o verão. Juliana iria viajar para alguma cidade do interior, então nós não nos veríamos durante um grande período de tempo, Joana iria viajar para o Rio, ou seja, sem ver ela também, e o restante do nosso pequeno grupo ficaria na cidade.

A semana antes do natal foi tensa. Minha mãe só conseguiu tirar as férias no dia vinte de dezembro, então viajaríamos para a casa de meu avô mortal no outro dia, ou seja, vinte e um de dezembro, o suposto fim do mundo.

Todo mundo estava um pouco louco com essa história dos maias, de que o mundo acabaria no dia 21 de dezembro de 2012, mas quase ninguém acreditava realmente nisso, eu até ouvi falar de gente que matou-se por criar dividas enormes e não conseguir pagar, ou algo assim.

Pegamos a estrada cedo naquele dia. Como erámos apenas minha mãe, Douglas e eu, sobrava bastante espaço, então nosso cachorro Scooby dormia livremente no banco traseiro, ao meu lado.

Pedro iria encontrar conosco na praia, para passar o ano-novo, já que o natal seria comemorado em São Paulo, com sua família, em uma tentativa forçada de reconciliação com sua mãe.

Chegamos na casa de meu avô pouco antes do horário de almoço, e eu sabia que se nos atrasássemos um pouco, perderíamos a refeição, pois meu avô, além de ranzinza, é muito fiel aos horários.

Minha avó ‘emprestada’, como assim? Ela não foi traída por meu avô, apenas chegou logo após Atena ir embora deixando minha mãe ali. Enfim, minha ‘avó’ havia feito um almoço espetacular como sempre, mas ficou um pouco chateada quando soube que Bruna não viria.

–Questões da faculdade. –Disse minha mãe, convencendo a pobre velha.

Os dias antes do natal foram tediosos, pois não se pode fazer nada na casa deles. Imagine passar o dia todo, sentada em uma cama, com uma colcha que faz sua perna suar, jogando vídeo game, em volume baixo, sem internet, e com sol batendo na sua cara. Mesmo eu sendo filha de Apolo, o sol às vezes me incomodava. Eu passei alguns dias assim, acabei virando alguns jogos, e Douglas me ajudou na maioria, visitando os bastidores.

Como a cidade é muito pequena e não tem quase nada para fazer lá, eu realmente me sentia superior lá. Eu e Douglas íamos passear no lago quase todos os dias, andar de skate na mini pista que tem ao lado do cemitério ou ficávamos tomando sorvete na avenida principal, vendo os adolescentes de São Francisco treinando algumas manobras no skate novo deles, isso era muito engraçado.

Não me entenda mal, eu nasci e cresci em uma cidade grande, onde todas as tendências chegavam rápido, onde tinha tudo e você facilmente conhecia e sabia o que acontecia no mundo. Onde eu acabava conhecendo a ultima moda entre os adolescentes, e querendo ou não, eu via aquela pequena cidade como algo parado no tempo, onde as pessoas deveriam ser ignorantes. Eu não conseguia aceitar a ideia de que os adolescentes de São Francisco de Paula já conheciam e escutavam as ultimas musicas, ou andavam com o mesmo estilo de roupa da cidade grande, ou então, tinham coisas mais legais que as minhas. Por exemplo: um menino de talvez dez anos, passou por mim de skate, ouvindo musica no fone de ouvido do iPhone. Nem eu tenho um iPhone! Aquilo me deixava muito braba.

Mas por outro lado, estar ali era mais seguro. Para uma meio-sangue, quanto mais perto do mato e animais, menos monstros poderiam aparecer, apesar de eu não ter topado com nenhum em Porto Alegre durante o ano. Parecia que Quíron estava certo, meu lado maga encobria o meu cheiro de semideusa, e não chamando a atenção de monstros.

–Vamos lá. Anime-se. Hoje é natal. –Disse Douglas enquanto eu jogava FIFA 13 no quarto.

–Não tem nada para fazer aqui, e não estou afim de ir no lago hoje. –Falei sem tirar os olhos da tela.

Era uma bela tarde, ensolarada e sem nuvens no céu azul. O que me deixava ainda mais frustrada, pois eu não podia fazer muita coisa ali.

–Eu tenho um ideia: já que estamos perto do mato, poderíamos caçar. Faz tempo que não praticamos. –Ele disse sentando-se ao meu lado na cama.

Eu pausei o jogo, e virei pra ele. Douglas parecia ainda mais entediado do que eu. Querendo ou não, ele era muito mais ligado à tecnologia do que eu. O cara precisava se manter conectado em alguma coisa, e agora ali, sem internet, eu achei que ele estaria entrando em depressão.

Eu vi alguma coisa diferente no seu olhar. Por alguns momentos, pareceu que vi fogo nas suas íris castanhas. Como se ele estivesse transbordando poder, e comecei a ficar com medo.

–Tudo bem, vamos lá. –Eu disse largando o controle em cima da cama.

A casa estava silenciosa. Meu avô estava cuidando da lavoura, no terreno ao lado. Minha avó estava lá em baixo preparando a ceia, e minha mãe provavelmente estaria ajudando-a. Meu tio Luís, havia chegado na noite anterior, mas agora não estava ali, provavelmente estava na casa da sogra, com meus primos.

Minha mãe era a mais velha de cinco irmãos, apesar de não parecer. Ela era a única de mãe diferente, mas eu acho que ninguém sabia disso, além dela, meu avô e minha avó, já que elas não eram parecidas.

Meu tio Luís, o segundo irmão, era um ano mais novo, tinha um filho de vinte e sete anos, e uma filha de vinte e quatro.

O terceiro irmão era o Paulo, que tinha apenas uma filha de trinta e poucos anos. Era talvez meu tio preferido, ou talvez o mais próximo de minha mãe, ele era três anos mais novo que ela, tinha um restaurante, e era rico, não tanto quanto José, mas bem rico.

O quarto irmão era o José, o mais bem sucedido e rico dos cinco. Ele morava em uma cidade vizinha a nossa, Canoas, junto com a esposa, as duas filhas, a sogra e o enteado. Mas também era o mais afastado dos meus avós. E por ultimo, vinha a mãe de Douglas, tia Jéssica, sete anos mais nova que minha mãe. Ninguém tocava no assunto Jéssica, pois era meio doloroso para eles.

Minha tia era a caçula. Todos gostavam dela, tinha tudo para se dar muito bem na vida. Havia se formado em engenharia mecânica e física. Até se apaixonar por Hefesto, o que não foi muito bem aceito pela família. E quando ela morreu, foi um choque para todos. Até hoje eles não falam no assunto. Meus tios apenas toleram Douglas, e não gostam muito dele. Coitados, esperem até descobrirem os poderes do meu primo!

Saímos sem ninguém perceber, se minha mãe sentisse nossa falta, ela teria uma vaga ideia do que estaria acontecendo. Seguimos para o mato da frente de casa, que ficava em cima de uma encosta, ao lado de uma fábrica abandonada. Entramos mata a dentro mas não vimos muita coisa.

Meu arco estava em posição. Era bom segura-lo de novo, dava a sensação que algo sempre poderia dar errado, e me deixava alerta. Douglas havia puxado a espada flamejante dele, que agora estava mais aperfeiçoada. Não podíamos usar nossas armas em casa, porque algum vizinho poderia ver, então eu só pegava o arco de noite, na tranquilidade do meu quarto. Mas estar com ele em posição era muito melhor.

Depois de quase duas horas andando de um lado ao outro, eu já estava cansada e entediada de novo. O sol não estava mais tão forte, portanto eu me sentia mais fraca. Fiquei com raiva quando percebi que não havia colocado algumas garrafas de água no Duat, e até pensei em convocar alguns shabtis para lutar. Ali no meio do mato, ninguém iria ver a luta, mas seria muito arriscado mesmo assim.

–Acho que devíamos voltar. –Disse Douglas sentando-se pesadamente em baixo de um pinheiro.

–Eu não queria dizer isso, mas acho que estamos perdidos. –Respondi olhando para os lados.

Ele assentiu.

–Você não tem GPS no arco? –Ele perguntou.

–Bem lembrado. –Eu mexi na tela do arco até aparecer nossa localização, estávamos mais ou menos, uns dois quilômetros mato a dentro, e já eram cinco e meia da tarde.

Comecei a nos guiar pelo caminho de volta, nós conversávamos pouco, mas Douglas estava distraído o suficiente para quase cair no poço.