Doces Conflitos
Capítulo 19 - Você?
Bella Pov's
Até que enfim bateu o sinal para ir embora, eu já não aguentava mais! As pessoas ao meu redor estavam me irritando com toda aquela falaçada dentro da sala. Levanto-me da cadeira e guardo meu material. Saio da sala o mais rápido possível, não estava com vontade de conversar com ninguém. Meus amigos nem notam minha ausência. Coloco meus fones de ouvido e a música American Idiota do Green Day começa a tocar no último volume. Quando estou quase chegando ao metrô começa a chover.
“Devia ter trago o maldito guarda-chuva que o Ukyo mandou.”
— Era só o que me faltava. – murmuro olhando para um casal de namorados.
O garoto estava segurando o guarda-chuva e a menina estava com o braço enlaçado no dele, eles estavam espremidos tentando não se molhar, sem sucesso. E a garota tinha outro guarda-chuva na mochila, mas eles preferiram compartilhar o mesmo. A cena era tão fofa, dava tanta raiva!
É sério isso? Que coisa idiota! E eu aqui querendo um guarda-chuva.
Passo por eles e dou o meu melhor olhar exasperado em sua direção.
Chego ao metrô e passo meu cartão pré-pago na catraca. Dirijo-me para um dos bancos para me sentar e reconheço uma cabeleira loira a uns metros na minha frente. Tiro minha mochila do ombro e jogo na pessoa a minha frente, fazendo-a gritar em surpresa. Ela vira para trás com a mão na cabeça onde a mochila acertou.
— POR QUE VOCÊ NÃO FOI A AULA, SUA DESGRAÇADA? – grito fazendo algumas pessoas olharem feio para mim.
— Para que tanta violência, sua louca? – pergunta Inari chegando ao meu lado – Você não precisava jogar a sua mochila.
— Isso não foi nada! Você me deixou sozinha naquele inferno. – rebato irritada.
— Nossa como você ama a escola. – ironiza.
— Você gazeou aula só para ver o Subaru! – falo.
— Sinto que isso não foi uma pergunta. – murmura passando a mão no cabelo.
— Sua peste, você me trocou por um garoto!
Já fazia dois meses que eles começaram a namorar. Eles não se desgrudavam desde a festa onde eles ficaram pela primeira vez e isso é extremamente irritante.
— Você faria a mesma coisa. Então chega de drama.
— Eu posso fazer isso, você não. – comento e vou pegar minha mochila que continuava no chão – Você poderia ter pegado a mochila.
— Você que jogou. – exclama Inari.
— Chata. – murmuro, mas ela não ouve.
Uma mulher passa rapidamente ao lado de Inari e esbarra com força em seu ombro, fazendo a mesma se desequilibrar.
— Ei! Olha por onde anda – exclama Inari irritada. A mulher nem sequer a olha. – Mal-educada.
Olho para as costas da mulher e reconheço aquele andar, tentando rebolar a bunda que não tinha. Izumi, a vareta ambulante. Ela estava indo para o banheiro.
— Eu tive uma ideia. – cantarolo sorrindo.
— Lá vem. – reclama Inari.
Vamos atrás da vareta e vimo-la entrar no banheiro, depois de alguns minutos entramos no banheiro. Não tinha ninguém, só encontramos a bolsa dela em cima da pia.
— Que tipo de pessoa deixa a bolsa amostra? Ela só pode estar querendo ser roubada. – sussurra Inari em meu ouvido.
— Fica quieta! – sussurro. Vou até a pia e pego a bolsa.
— O que você está fazendo? – pergunta Inari. Eu lanço um olhar irritado em sua direção.
Pego a bolsa rapidamente assim que ouço o barulho da descarga e saio do banheiro em disparada com a Inari logo atrás de mim. Entramos correndo dentro do veículo e sentamos em dos bancos vagos.
— Você é louca? – pergunta Inari enquanto tenta recuperar o fôlego – Por que pegou a bolsa dela?
— Sei lá. – dou de ombros – Eu não sabia que ela ia aparecer do nada. Eu só ia jogar creme dentro da bolsa dela.
— Isso é uma reação infantil – fala Inari – e você não tem creme.
— Mas você tem e que é muito cheiroso por sinal. – coloco a bolsa da quenga em cima do banco.
— Você ia gastar meu precioso creme da Cle de Peau com a Izumi? Você sabe quanto custa só um batom dessa marca? – fala Inari alterada.
— Não, nem sabia que existia até agora. – respondo com tédio. Eu não estava com o melhor dos humores nas últimas semanas.
— Eu queria saber quando esse mau humor vai acabar! – exclama Inari levantado as mãos para o alto – Eu não aguento mais.
— Não enche. – encosto minha cabeça na janela e fecho meus olhos.
— Sabe o que é isso? Falta de sexo. – sussurra Inari para que as senhoras que estava do nosso lado não ouvirem.
— Olha quem fala – solto uma risada e abro um olho – Está só dois meses com o Subaru e já está safadinha, quem te viu quem te vê. Vê se vai com calma, pois eu não quero chegar ao meu quarto e ouvir barulhos vindo do quarto do Subaru, já que o quarto dele é em cima do meu.
— Você quer falar mais baixo! – ela ralha comigo.
— Só estou falando que você deve escolher outro lugar para fazer, pois eu não quero ouvir barulhos indesejados. – contínuo a falar.
— Fala mais baixo! – manda Inari toda vermelha – As pessoas mais próximas da gente vão ouvir.
— E o que tem? Até parece que nunca fizeram sexo. – falo um pouco mais alto e as senhoras do nosso lado me lançam olhares de reprovação.
Inari esconde o rosto vermelho com as mãos.
— Sua peste – murmura envergonhada. Solto uma risada.
— Não mandei me provocar – respondo e volto a fechar os olhos.
Quando estou quase chegando à entrada da casa à porta se abre e Ukyo aparece com uma toalha e o semblante preocupado.
— Eu avisei para você levar um guarda-chuva, mas você não me ouve. – ele ralha comigo.
— Ah, por favor, não começa. – peço e entrego minha mochila para ele e pego a toalha de suas mãos.
— Vai lá para cima e tome um banho quente, antes que você fique esfriada.
— Certo. – murmuro e tiro meus sapatos e entro.
— Você não está esquecendo nada? – pergunta ainda parado na porta. Olho para trás e o vejo apontando para o meu chinelo vermelho. Reviro os olhos e os calços.
— Melhor? – pergunto sarcástica.
— De quem é essa bolsa? – pergunta olhando para minha mão.
— A Inari esqueceu no metrô. – responde mentindo na cara dura.
— Agora vá tomar banho. – ele empurra meus ombros de leve em direção ao elevador. – E não demore muito para descer, o jantar está quase pronto.
Subo para o meu quarto e tomo banho. Coloco uma camiseta larga e um short, penteio meu cabelo e ligo para minha mãe.
Ela estava meio distante ultimamente, quase não ligava e quando ligava as ligações só duravam 5 minutos.
Ela está me escondendo alguma coisa, tenho certeza.
— Oi, mamãe. – falo.
— Oi, meu amor. Que surpresa você ligar a essa hora. – exclama minha mãe surpresa.
— Eu ligo há essa hora todo dia. – respondo seca.
— Ah, é. Que c-coisa. – gagueja.
— Mãe você quer me contar alguma coisa? – pergunto desconfiada. Ela hesita.
— Não querida. – a ouço suspirar.
— Eu conheço... – sou interrompida por barulho do outro lado da linha. – O que foi isso?
— Eu só deixei meus livros caírem. – responde ansiosa. Ouço uma voz abafada do outro lado da linha.
— Tem alguém aí com você?
— Não, não tem ninguém. – minha mãe quase atropela as palavras. – Eu tenho que desligar. Até amanhã, amor.
Ela não dá tempo de eu responder e desliga.
— Ela desligou na minha cara?! – exclamo atônita.
Coloco meu Iphone no bolso do short e desço para ir jantar. Estavam todos na sala, menos o Ukyo e a Ema. Provavelmente estavam terminando o jantar.
— Até que enfim desceu. – fala Erin. Ignoro-a e me sento ao lado do Iori. Masaomi fica me observando.
— A onee-chan não está de bom humor. – comenta Wataru vindo sentar em meu colo.
— Não vejo diferencia nenhuma de quando ela está normal – fala Fuuto – Ela sempre é esse doce de pessoa.
— Cala a boca, idiota. – retruco.
— Quem você... – Fuuto é interrompido.
— Eu não quero brigas. – repreende Ukyo chegando à sala.
Nesse momento a campainha toca e Masaomi vai atender. Era a Izumi. Ela parecia uma cadela sem dono e encharcada, sua maquiagem estava toda borrada – essa ridícula chorou - seu cabelo estava todo bagunçado. Isso só pode ser encenação. Ela se joga nos braços do Masaomi e começa a chorar. Reviro meus olhos.
— O que houve Izumi? – pergunta Masaomi colocando as mãos em seus ombros.
— Eu fui roubada. – fala e começa a chorar.
— Como? Onde? – pergunta Ukyo e entrega uma toalha para ela.
— Foi no metrô, eu estava no banheiro e deixei minha bolsa na pia e quando eu voltei, ela não estava mais.
— Você também foi idiota – comenta Fuuto – Onde já viu largar a bolsa em qualquer lugar.
Izumi olha feio pare ele e depois me olha como se só percebesse minha presença agora.
— Aposto que foi você – ela aponta para mim.
— Mas que cheiro... É esse? – falo fingindo cheirar o ar – Cheiro de... Galinha?
Todos na sala riem até mesmo o Ukyo e o Masaomi. Izumi fica vermelha de raiva.
— Olha aqui sua... – a interrompo.
— Esse cheiro de galinha não é de uma galinha comum. É de galinha de macumba. Você vai ser útil pelo menos – aproximo-me dela – Porque vou usar seu corpo pra mandar sua alma para o inferno.
Ela dá um passo para trás, se distanciando de mim.
— Cara, como alguém mal humorada pode ser tão engraçada?! – exclama Kaname rindo feito uma hiena.
— Só a Bella consegue isso – comenta Tsubaki também rindo.
— Bella chega. – Ukyo me repreende – Acho que você tem algo para entregar a ela.
Droga! Ele descobriu que a bolsa é da Izumi.
— Eu já ia entregar – murmuro – só não ia ser agora.
— Então foi você que pegou minha bolsa – fala Izumi grudando no Masaomi.
— Minha intenção era fazer outra coisa não pegar sua bolsa. – digo batendo meu dedo em meu queixo.
— É por isso que ela não pode ficar sozinha – Shaunee se pronuncia – Sempre faz esses tipos de coisa.
— Eu posso virar a sombra dela, aonde ela for eu irei – propõem Tsubaki animado.
— Você não vai ficar grudado nela – bufa Iori irritado.
— Fiquem quietos – mando – Não vou ter ninguém me seguindo.
— Vocês querem deixar ela de lado e me dar atenção! – fala Izumi.
— Não gosto de perder meu tempo com puta. – comenta Erin enquanto limpa sua unha.
— Eu não vou perder meu tempo com você – Fuuto a olha com desdém.
— Seu problema já foi resolvido – disse Azusa - Agora você já pode ir embora.
— É assim que vocês tratam um membro da sua família? – pergunta Izumi fazendo se de coitada.
— Quando você vai aceitar que seu relacionamento com o Masa-nii-san já acabou? – rebate Yuusuke.
— Bem podemos não estar juntos agora – Izumi passa um braço pela cintura de Masaomi – mas vamos reatar.
— Eu já disse para você tirar essa ideia da cabeça – Masaomi sai do abraço dela – Eu e você não temos mais nada.
— Vamos reatar ou você quer que nosso filho cresça sem pai? – pergunta Izumi passando a mão em sua barriga.
— O QUE? – gritamos em uníssono.
— Isso que vocês ouviram, eu estou grávida de dois meses. – ela disse convencida.
Eu caio sentada no sofá com a notícia. O Masaomi vai ser pai! Como assim?
— Isso é impossível. Eu não estive com você, a última vez que a vi foi na festa e... – Masaomi passa a mão em seu cabelo – Porra.
— Isso mesmo querido, na última vez que ficamos foi na festa, à dois meses.
— Você dormiu com ela? – Ukyo da um tapa na cabeça do mais velho. – Existe proteção, sabia?
— Eu estava bêbado! – Masaomi se defende.
— Então quer dizer que eu vou ser tio? – disse Fuuto confuso.
— É seu jumento. – retruca Yuusuke.
— Jumento é você, idiota – rebate Fuuto irritado.
Desligo-me da falaçada que se alastra na sala. Eu não conseguia falar nada, estava atônita. Eu não conseguia acreditar que aquilo era verdade.
Saio do meu estado de estupor e me levanto, indo em direção ao meu quarto. Quando estou quase chegando ao elevador à campainha toca novamente. Como eu estou mais perto decido atender.
— Que saudades, Bella. – disse o recém-chegado assim que eu abro a porta.
Ele me puxa para seus braços e me beija sem mais nem menos. Ouço alguns gritos de exclamações ao meu redor, mas estou entorpecida demais para fazer alguma coisa. A única coisa que consigo pensar é: O que ele está fazendo aqui?
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