Doces Conflitos

Capítulo 20 - Confusões


— Que saudades, Bella. – disse o recém-chegado assim que eu abro a porta.

Ele me puxa para seus braços e me beija sem mais nem menos. Ouço alguns gritos de exclamações ao meu redor, mas estou entorpecida demais para fazer alguma coisa. A única coisa que consigo pensar é: O que ele está fazendo aqui?

Sou puxada de seus braços de forma brusca, quem me puxou passa um de seus braços pela minha cintura de forma possessiva.

— Quem é você? – pergunta Natsume de forma ameaçadora, ainda com o seu braço ao meu redor.

— Amigo da Bella. – responde Alec sem se abalar com a expressão assustadora do ruivo.

— Que eu saiba amigos não chegam se beijando. – rebate Fuuto chegando perto de Alec.

— Mas eu e a Bella temos uma relação diferente e por isso nós nos cumprimentamos assim. – explica Alec enquanto eu fico o olhando atônita. – Bella, não vai falar nada? Eu não esperava essa reação.

— O que você esta fazendo aqui? – pergunto me recuperando do susto.

— Sempre direta. – murmura revirando os olhos - Eu estava com saudades e vim te ver. Faz dois anos que não nos vemos, não sentiu saudades?

— Mas você estava morando no Texas. Como veio para cá? – pergunto e me desvencilho do braço de Natsume, fazendo o mesmo não gostar da minha atitude.

— Estou fazendo intercâmbio. Fui aceito na universidade Tokyo Daigaku.

— Quanto tempo está aqui? – pergunto interessada.

— Vai fazer dois meses. – responde – Será que dá para conversarmos lá dentro? Aqui fora está frio.

— Oh, me desculpe. Pode entrar. – dou passagem para ele entrar.

Natsume e Fuuto o encaram quando ele passa por eles, mas o mesmo nem se importou. Alec sempre foi difícil de intimidar, se o conheço bem, ele deve estar se divertindo com isso.

— Que relação você tem com a Bella? – pergunta Tsubaki assim que Alec se senta.

— Como eu já disse para o ruivo, sou amigo dela. – responde Alec com um sorriso. Reviro meus olhos.

Ah, ele ama brincar com as pessoas.

— Como soube que eu estava aqui? – pergunto antes que Tsubaki ou mais alguém fale.

— A Diana me contou. Eu tive que entrar em contato com sua mãe para saber alguma coisa de você. – ele começa a fazer drama – Você é uma pessoa má, sabia? Nunca respondia meus e-mails, não atendia minhas ligações e nem me respondia nas redes sociais. Sua pessoa horrível, sem sentimentos.

— Para com a viadagem, Alec. – falo revirando os olhos.

— Não é viadagem, só estou dizendo que você me abandonou. Faz um ano que não recebo noticias suas. Você consegue imaginar como fiquei preocupado com você? Depois que aconteceu aquilo com a Aurora você sumiu. Eu sei que foi doloroso pra...

— Já passou Alec! – ralho com ele. Não quero me lembrar daquele acontecimento.

— Aurora? Quem é Aurora? – pergunta Ukyo que estava concentradíssimo em nossa conversa.

— Vocês não sabem que é? – estranhou Alec – Ela é...

Nesse momento salto em cima de Alec, tampando sua boca com minha mão. Todos na sala se assustam com minha reação.

— Não ouse falar uma palavra. - rosno em seu ouvido antes de lhe soltar.

— O que há com você? – pergunta Shaunee surpresa. – Estais mais estranha que o normal.

— Por que não podemos saber que é essa tal de Aurora? – Iori pergunta.

— O que você está escondendo, Bella? – Erin me olha com desconfiança.

Droga! O Alec tinha que abrir a boca. Deveria ter o colocado na rua quando podia.

— É assunto meu, vocês não precisam saber disso. – olho indignada para eles.

— Essa Aurora deve ser sua ex? Então você é lésbica. – exclama Izumi.

— Eita, peste. Você ainda está aqui? – falo ao nota-la em pé perto do sofá.

— Está mudando de assunto? – provoca Izumi.

— Chega Izumi. Não quero confusões. – repreende Ukyo.

— Ela está certa, Bella? – pergunta Kaname.

— Eu já disse que isso é assunto meu, mas que merda. – rosno irritada.

Será que não tenho mais privacidade?!

— Deixem a Bella. Ela não quer falar. – Masaomi me defende.

— Ora, mas se ela não quer falar é porque está escondendo algo. – provoca Izumi. – O que você fez pra essa Aurora? Não vai me dizer que ela foi uma vitima sua. Você e seu amigo são cumplices de um assassinato.

— Izumi pare com essas...

Não dou tempo para terminarem a frase, vou para cima de Izumi. Eu a acertei tão rápido que ela nem viu o meu punho chegando. Foi um murro tão forte que ela saiu rolando pelo sofá.

Foi cair de cara lá adiante no piso de assoalho, mas um segundo depois já estava de pé novamente. Eu esperava que ela revidasse, mas em vez disso Izumi deu um gemido e saiu correndo porta a fora. “Não é de nada”, falei mais para mim mesma.

Claro que ela voltaria. Eu apenas a havia assustado. Ela voltaria. Mas provavelmente quando voltasse a vê-la ela teria de adotar uma atitude ligeiramente diferente.

Livre da Izumi, eu soprei as juntas dos dedos. Aquela vadia tem o maxilar bem resistente.

— Alguém mais tem alguma pergunta? – perguntei.

Todos me olham atônitos menos Alec, que está tentado segurar as risadas. Ainda com os olhos no ponto em que Izumi estivera antes, Iori observou:

— As garotas americanas são tão... Diretas.

— Se tivermos sorte, ela pode ter perdido o bebê. – comenta Shaunee.

— E se ela realmente estiver grávida. Pois eu não acredito nela. – completa Erin.

— Meninas, não falem uma coisa dessas. – Ema se pronuncia. As gêmeas reviram os olhos para ela.

— Querida, você sabe como a Izumi é. Não sei nem por que estais defendendo-a. – comenta Erin.

— Ema isso nem é mais inocência, já é idiotice. – Shaunee revira os olhos.

— Olha o jeito que você fala com a Ema, Shaunee. Não seja grossa com ela. – fala Yuusuke com raiva.

— Lá vem o defensor dos fracos e oprimidos. – Shaunee debocha. E Fuuto começa a rir, o que deixa Yuusuke mais irritado.

— Yuusuke quando você vai perceber que não tens chance com ela? – provoca Fuuto.

— Do que você está falando seu idiota? – explode Yuusuke. Fuuto simplesmente dá de ombros.

Yuusuke parte pra cima do Fuuto e os dois começam a brigar. Ukyo e Masaomi vão até eles para apartar a briga. Eu me afasto deles, indo para a sacada.

— Essa família é bem agitada. – sussurra Alec no meu ouvido.

Viro para ele e dou um soco em seu estômago. Ninguém viu, pois estavam todos na sala prestando atenção a briga.

— Qual seu problema, maluca? Isso doeu. – ralha Alec com as mãos no estômago.

— Era para doer mesmo. O que você tinha na cabeça para falar da Aurora na frente deles? – sibilo para ele.

— Eu pensei que eles sabiam. – ele se defende.

— Ah, claro. Como se eu fosse sair por ai espalhando para Deus e o mundo sobre esse assunto. – falo com ironia. – Minha vontade é de esmagar sua cabeça na parede.

Alec passa a mão na cabeça e faz uma careta como se estivesse imaginado a cena.

— Eu não acho que meu sangue derramado pela parede e chão combinaria com a decoração.

— Idiota.

— Me desculpe. Eu não pensei direito, eu só queria saber sobre você. – se desculpa – Você simplesmente sumiu sem dar noticias. Eu fiquei agoniado com isso.

Suspiro pesadamente. Ele tem razão eu sumi sem dar explicações para ele e o ignorei durante um ano todo. Deixei meu amigo sem pensar duas vezes.

— Eu que peço perdão, foi eu que te abandonei. Eu só não estava pensando direito naquele tempo. Aquilo acabou comigo, despedaçou minha alma.

— Eu entendo minha flor. – Alec suaviza a expressão. Ele abre os braços, como um convite, enterro minha cabeça em seu peito e o abraço apertado. Ele retribui o abraço na mesma intensidade.

— Eu sinto tanta falta dela. Eu não consigo mais aguentar isso. – confesso com a voz embargada. Era só eu pensar nela que já batia a vontade de chorar e o sentimento de solidão.

— Eu sei. Eu não posso dizer que isso vai passar, porque sabemos que não vai. Mas com o tempo melhorar, a dor vai suavizar. – ele começa a passar as mãos em minhas costas, como se pudesse aliviar a minha dor.

— Eu a quero de volta. – murmuro de encontro ao seu peito. E sinto as lágrimas rolarem pelo meu rosto.

Só você consegue me fazer chorar, Aurora.