Prólogo

-Você já foi chamado de "Monstro" ? - Pergunto isso,no sentido real da palavra e não no figurado. Ninguém sabe o que é ouvir isso de quem mais se ama,e quem sabe,pode afirmar, que viver por anos sobre os olhares de medo dos seus pais é a pior sensação que se pode sentir. Um misto de culpa e apreensão tomam de conta de você e da sua alma.

-Eu disse alma?

-Engraçado falar isso,meus pais falaram que eu nasci sem coração e sem alma e se "talvez" tivesse alguma, ela seria negra como a noite e ruim como a morte. Isso doeu, não tanto quanto ver eles sendo enterrados juntos, pra falar a verdade eu até que fiquei feliz no dia que eles foram soterrado cada um no seu caixão lustroso a sete palmos debaixo da terra. Pode parecer estranho ler isso,ainda pra você deva ser mais normal do que eu.

-Acho que eles estão no inferno, provando um pouco do que um monstro de verdade é capaz de fazer. Todos dizem que eu os matei, uns falam que foi de desgosto,outros dizem que foi veneno na comida. Só porquê não me sentei a mesa com eles naquele fatídico dia lindo e ensolarado. Sim, eles morreram envenenados e posso afirmar que não foi eu quem os matou, nunca provaram nada contra minha pessoa,mas garanto que quem fez isso não deixa rastros.

-Desculpa, nem me apresentei, me chamo...

-Quer saber, não importa o meu nome e não me importa saber o seu,melhor pra nos dois não termos nenhum tipo de intimidade, vai por mim, isso não é um conselho e sim um aviso.

-Outra coisa,na minha dura opinião,a morte não é algo ruim, é tão encantadora,quanto o nascimento de uma nova vida, é bela,lindo de se ver, final de um ciclo temporário. Não entendo essas pessoas que relutam contra uma coisa comum e natural. O seu fim pode estar muito perto, isso é muito interessante,não acha?

-Devia concordar comigo!