Diário de um Khajiit

Treino, treino e mais treino!


Segui Ahanu para fora da cabana onde o dragão se sentou e lambeu sua mandíbula de dentes enormes.

– Acho que você nunca tinha pensado em ser treinado por um dragão... – disse ele

– Com certeza não. – admiti

– ...mas sou tão sábio quanto Laasalun, irei te treinar fisicamente, e depois com os gritos de dragão. – completou ele

– Como vai me treinar fisicamente?! – exclamei levantando uma sobrancelha – você é um dragão, tem muito mais força que eu, é maior, mais poderoso e tem mais armas! Seria uma luta injusta.

As feições do dragão se elevaram nas extremidades da boca, como se ele tentasse sorrir, mas não conseguisse pela gravidade da situação.

– E acha que Kinza vai estar no mesmo nível que você quando forem batalhar? Além de que, você estava a ponto de me derrotar quando achou que fossemos inimigos. – explicou ele

Pensei por alguns segundos, ele tinha razão, essa luta não seria diferente da que eu provavelmente teria de ter com Kinza e nem das que tive contra os outros dragões que matei, tirei a espada da bainha e a ergui com as duas mãos.

– Estou pronto. – falei

– Então, vamos começar! – disse ele

Ele se lançou sobre mim, desviei num reflexo rápido e passei a espada sobre suas escamas causando um ferimento superficial em sua grossa pele.

– Haha! Comecei bem né! – falei observando o sangue na espada

Ahanu riu, antes que eu esperasse ele bateu sua cauda contra minha espada que voou longe.

– Hey! Como vou lutar sem minha espada – reclamei

– Kinza pode desarmar você tão fácil quanto eu fiz agora! Se quiser vencer contra ela, não poderá fazer pausas para comemorar, como acabou de fazer, e terá que usar tudo que o ambiente lhe der! – ele recuou alguns passos

Andei até a espada fincada na neve e, sem tirar os olhos do dragão, a brandi.

– Estou pronto, novamente! – falei

Em dois golpes rápidos de suas asas Ahanu me desarmou novamente, olhei a espada no chão e reclamei comigo mesmo.

– Você não me ouviu? Use tudo! Não tente vencer alguém mais forte que você usando apenas sua espada e muita força de vontade. – aposto que se Ahanu tivesse braços, ele teria os cruzado agora.

– Ok, vou tentar. – peguei a espada e a levantei

– Vamos? – perguntou meu oponente

– Vamos! – respondi com determinação

Ahanu jogou sua longa cauda em minha direção, abaixei e depois que ela passou sobre mim, usei a espada para lhe causar um pequeno corte, ele não parou, agora usou as garras na ponta de suas asas, dessa vez desviei correndo para trás e ele enfiou as unhas curvas no tronco de uma árvore.

– Está melhorando! – disse ele

– Melhorando? Eu consegui! – falei levantando os braços feliz

Mas ele tinha que cortar minha felicidade passando sua cauda por minha perna o que me fez cair de cara na neve.

– Lembra que falei para não comemorar? Terá muito tempo para isso quando vencer, se parar no meio da batalha para comemorar cada coisa que fizer certo, no final não terá mais motivos para comemorar! – ele tirou suas garras da árvore

– Desculpe, sem comemoração, usar tudo que tiver por perto. – falei

– Se lembre disso, vamos de novo! – proferiu ele

Passamos grande parte da tarde treinando, ele me derrubou muitas vezes e eu o feri algumas, eu me cansei rápido, enquanto ele parecia nunca estar cansado! Usei árvores, pedras, neve e até certos animais por ali, para distrair, atacar e me defender dos ataques de Ahanu, o dia inteiro se passou e começou a escurecer, me joguei de joelhos na neve fria respirando com dificuldade.

– Já está cansado? – perguntou o dragão rindo e se sentando

– Já, já estou sim. – respondi encarando o céu escuro – você não cansa por que é um dragão!

– É ai que você se engana – ele ficou sobre suas pernas e asas novamente e tocou minha testa com uma das garras, encolhi as orelhas com medo da enorme unha, mas o toque foi tão suave que se não estivesse vendo ele diria que foi uma folha – Você é o Dragonborn, parte de você também é um dragão, sua raça não está te deixando em desvantagem nessa luta, e sim sua falta de experiência, mas isso se adquiri com o tempo.

Sorri em resposta e ele sorriu de volta.

– Agora que tal ir ver se seus amigos já acordaram? – sugeriu ele – eu vou caçar mais alguma coisa para comer.

Arregalei os olhos e corri para a cabana, devo admitir que estava tão preocupado em decorar as lições de Ahanu e em vence-lo que esqueci dos dois lá dentro, abri a porta e depois fechei rápido para cortar a corrente fria que por ela entrava. Katrin e Bazzir continuavam desmaiados, mas suas barrigas se moviam para cima e para baixo indicando que respiravam, suspirei aliviado, os cobri com os cobertores de pele de urso que Laasalun deixava em baixo da cama e me sentei na frente da lareira, observando as labaredas vermelhas amareladas e dançantes, fiquei fazendo isso por bastante tempo, abraçado a minhas pernas e sentindo o calor do fogo.

– Obrigada. – ouvi a voz de Katrin dizer

Me virei assustado e a Imperial estava acordada.

– Meu corpo está dolorido. – prosseguiu ela

– Não deviam ter enfrentado ela. – falei

– Não estávamos esperando tudo aquilo. – ela se espreguiçou

– Estou me sentindo tão culpado. – voltei a encarar as chamas

– Não fique assim, não foi... – antes que ela terminasse levantei a mão

– Não diga que não foi culpa minha, por favor. – pedi

A vampira não disse mais nada e arrumou seu vestido enquanto se levantava, foi até a janela e encarou o clima invernal que sempre assolava Skyrim.

– Já é hora de acordar? – perguntou Bazzir abrindo os olhos devagar

Nós dois olhamos em suas direção.

– Bom dia, cachorros molhado. – disse Katrin rindo

– Só mais cinco décadas, vai! – ele se virou

– Acorda logo, vocês vão precisar treinar comigo se pretendem enfrenta-la comigo. – falei

– Vamos treinar? – disse Katrin rindo – eu e Bazzir somos bem fortes e poderosos, não vejo oque pode ser melhorado.

– Eu vi muita coisa quando Kinza simplesmente nos derrotou com pouco mover de seus dedos e se não fosse por Ahanu já estaríamos mortos. – falei

– Está bem, então vamos começar logo isso! – exclamou Bazzir se levantando