Diário de um Khajiit

A falta de consciência das raças


Faahnu saltou por cima de um tronco que bloqueava nossos caminho, os soldados atrás de nós seguravam suas espadas erguidas enquanto outros seguravam tochas para iluminar o caminho da noite, estávamos bem a frente, mas as pegadas das patas poderosas de Faahnu na neve não estavam ajudando a despista-los.

– Oque vamos fazer? – perguntou Âlara olhando para trás

– Não sei – respondi olhando a nossa volta

Não haviam rotas alternativas, só neve em tudo em volta, eles começaram a jogar flechas em nossa direção, parecia ser o fim, até que ouvimos um som extremamente alto atrás de nós, Faahnu não parou até que não ouvimos mais os soldados, olhamos para trás e... dois gigantes e um grupo de mamutes estavam atacando os soldados.

– Achei que gigantes não fossem agressivos... – falei puxando as rédeas do cavalo

– E não são, desde que você não chegue perto demais. – disse ela

Os gigantes seguravam enormes martelos de madeia com uma pedra na ponta, e sempre que faziam uma investida com sucesso, um soldado voava para longe, até que eles desistiram e puxaram seus cavalos para fugir, apesar dos mamutes insistirem em ir atrás deles, os gigante logo voltaram para seu acampamento, que consistia em dois recipientes grande com queijo de mamute dentro, uma pedra com algumas coisas estranha desenhadas, uma fogueira do meu tamanho e um baú.

– Oque tem no baú? – perguntei

– Não sei, os gigantes são muito territoriais, então pouca gente consegue chegar perto de seus preciosos baús, e a maior parte dos que conseguem não sobrevivem para contar oque tinha. – respondeu ela rindo

– Podemos tentar! – falei

– Você está louco? – exclamou ela – não viu oque aconteceu com os soldados? Os gigantes são muito fortes.

– Não fica curiosa? – perguntei

– Não a esse ponto, vamos embora. – respondeu ela

Virei Faahnu de volta para Winterhold e terminamos a viagem, chegando lá, descemos dele e fomos para dentro, já estava até amanhecendo quando me joguei na cama extremamente cansado.

– Chegou agora? – perguntou Bazzir rindo

– Sim. – falei sem abrir os olhos

– Como foi? – perguntou ele

– Legal – respondi

Ele ficou quieto e acho que saiu do quarto, deve ter notado que eu estava com muito sono para conversar, acordei e estava de tarde, não sei o horário só percebi isso por causa da posição do Sol, me levantei da cama e fui até a janela, a cidade estava como sempre, calma, me troquei e sai do quarto, o colégio estava vazio e parado, nada acontecia, eu não tinha a mínima ideia da localização de Bazzir, Âlara ou qualquer outra pessoa, até ser surpreendido por algo me cutucando, meu virei para trás e era Bonery.

– Oi, Bonery. – falei cruzando os braços

– Você pode vir comigo? – perguntou ela

– Oque foi? Vai querer mostrar mais uma coisa heroica e única que sua raça fez? – perguntei

– Pode ou não? – insistiu ela

Ficamos nos encarando por algum segundo, até que comecei a ficar incomodado em ter que abaixar a cabeça para olhar a pequena Nórdica.

– Oque você quer? – perguntei

Ela deu as costas e saiu andando, eu a segui, andamos pelos corredores do colégio, embora eu perguntasse inúmeras vezes onde íamos, ela não respondia, andamos até estarmos em frente ao quarto de Âlara, onde ela parou e juntou as mãos na frente de seu corpo.

– Vai me dizer oque estamos fazendo aqui? – perguntei olhando a porta

– Vou sim. – respondeu ela – imagino que você esteja com um pouco de raiva de mim...

– Um pouco? – satirizei rindo

– Ok, muita raiva, por causa do aconteceu com Katrin e etc. – disse ela

Concordei com a cabeça.

– ...E talvez por que você descobriu que minha família tem um “trato” com a guilda dos ladrões. – completou ela

– Ou que vocês são os líderes dela. – falei revirando os olhos

– Eu só queria te dizer que... Skyrim é assim, você não vai encontrar uma pessoa se quer que não tenha feito algo de ruim. – disse ela

– Eu sei, todos os lugares tem suas pessoas ruins, mas oque você faz é... horrível! – falei

Ela bateu na porta de Âlara, ninguém atendeu, ela então girou a maçaneta e abriu, o quarto estava bem arrumado como sempre.

– Você não entendeu oque eu disse. – ela entrou no quarto e eu a segui – apenas olhe a sua volta.

Eu olhei, nada de interessante, apenas estatuas de Thalmors matando Nórdicos.

– Oque que tem? – perguntei

– Você não vê?! A Âlara e seus pais já mataram Nórdicos aos montes! – gritou ela jogando uma das estatuas em minha direção

Meus reflexos me fizeram desviar do objeto que se chocou contra a parede e quebrou como vidro.

– Eu... eu não entendo... – falei

– Eles são Thalmors, matam os Nórdicos que só querem sua terra de volta! – gritou a nórdica batendo a mão contra uma parede

– Mas vocês Nórdicos não gostam de outras raças. – falei

– Não, não gostamos, eu tenho que admitir que temos nosso ego elevado demais, mas acho que isso não é motivo para isso. – disse ela

Ela tinha razão, mesmo que os Nórdicos fossem individualistas e muitas vezes exibidos, me parecia errado mata-los por isso. Bonery remexeu o guarda roupa de Âlara e de lá tirou um papel que ela me entregou, era a escritura de uma casa, de um Nórdico! Os Thalmors brincavam com os Nórdicos só por terem mais poder que eles! De repente a porta se abriu novamente, era Âlara.

– Tinnaff. – ela olhou para o papel na minha mão e o pegou – oque fazem aqui?!

– É verdade? – perguntei apontando para o papel

– É claro que é. – disse ela jogando o papel de volta em seu guarda roupa – Os Nórdicos tem que ser controlados.

– Controlados? Controlados?! Você está nos matando! – gritou Bonery segurando a barra de seu vestido

Âlara revirou os olhos. Era oque me faltava, enquanto eu ouvia ela reclamar dos Nórdicos serem exibidos por causa da força, ela estava pelas minhas costas matando eles e exibindo sua habilidade mágica!

– Isso não é de seu interesse, Nórdica. – disse ela apontando seu dedo no rosto de Bonery

– Mas é dele. – Bonery disse dando um riso satisfatório – afinal não são só os Nórdicos que são “controlados” não é?

– Oque quer dizer com isso? – perguntei

– Nada! – gritou Âlara

– Khajiits também, afinal os elfos tinham que proteger suas terras e magia do que eles chamavam de “Gatos invasores” – disse Bonery

Ela matava Khajiits? Por que?! Nunca ouvi ninguém dizer algo ruim que um Khajiit já havia feito, e matava só para mostrar aos outros que não deviam se rebelar contra os elfos?! Eu passei pelas duas e fui para o meu quarto ignorando os gritos de protesto de Âlara, entrei no quarto e me sentei na cama, fiquei encarando o teto, pensando, acho que odeio Skyrim, por baixo de toda a neve, pinheiros e animais bonitos e graciosos, ele era apenas mais um pedaço da falta de consciência das raças!