Ele caminhou para o lado de fora, esfregando o rosto dolorido. De repente, parou, com um sorriso no rosto. Parecia ter tido uma ideia.

– Hey, quer ver um lugar incrível? – ele olhou para mim.

– Se eu puder sair do meu quarto... – eu disse, meio sem jeito.

– Anda, vem comigo! – ele segurou minha mão.

Caminhamos pelos corredores vazios, com sorrisos nos nossos rostos. Eu me sentia uma criança sapeca que vai roubar doces do pote da prateleira mais alta. Paramos em frente a uma porta dupla. Então ele se virou para mim.

– Espere aqui um pouco. – e ele entrou no quarto.

Esperar ele voltar agora era mais divertido do que esperar ele voltar no meu quarto. Ouvi um barulho de metal e me escondi em um canto escuro. As portas se abriram, e dois homens fortes e uniformizados saíram. O rapaz disse de lá de dentro: “Rápido, precisam de reforços na zona de pesquisa!”, e eles ativaram suas armas e correram, desaparecendo pelo corredor extenso.

– Sério? – eu saí de meu esconderijo – Mentiu pra eles?

– Não exatamente... – ele fez cara de sapeca – Sempre precisam de ajuda por lá. Entra aí!

Eu entrei naquele quarto, e as portas se fecharam. Era realmente um lugar incrível. O chão era de mármore negro, bem espelhado. As paredes tinham prateleiras de vidro, com luz de LED, e nelas haviam lâminas de arremesso com formato de morcego, lançadores de cabos super-resistentes, pequenas bolinhas explosivas, cápsulas de gás, e todo tipo de armas pequenas e portáteis, todas cobertas com uma resistente pintura negra.

– Diz pra mim, esse lugar não é incrível? – ele gritou, fazendo eco nas paredes.

– Não grite, podemos arrumar problemas... – eu falei, apreensiva.

– Não se preocupe, estão todos em missão. – ele tornou a gritar – Só tem nós dois aqui!

Ele caminhou para mais atrás do quarto, enquanto eu me ative a analisar as armas que tem aqui. São tantas coisas tão delicadas, e tão poderosas. Faz pensar que gastaria tanto tempo afiando cada uma destas lâminas de morceguinho, ou montando cada uma destas pistolas negras de choque.

Ele bateu em uma das prateleiras com um bastão comprido de madeira, fazendo-me dar um pulo para trás.

– Sabe lutar? – ele girou aquele bastão comprido nas mãos.

– Não... – eu peguei um bastão e comecei a girá-lo, assim como ele – Mas aprendo rápido.

Ele me golpeou com força, mas eu ergui minha arma, e ele acertou o bastão. Ele desferiu diversos golpes contra mim, e eu me defendia de todos. Então ele tentou me dar uma rasteira, mas perdeu o equilíbrio e caiu.

– Touché! – eu falei, encostando a ponta do meu bastão em sua garganta.

– Você é boa! – ele riu.

– Que nada! – eu disse, sentando do seu lado no chão. – Não sei nada de artes marciais!

Eu respirei, exausta. Devo admitir, esse lugar realmente é inacreditável. Quem me dera poder ter acesso a tantas armas! Deve ser muito legal.

– Você tinha razão, garoto. – eu suspirei. – Esse lugar é demais.

– Você precisava sair daquele lugar. – ele falou, mais pra si mesmo do que pra mim.

– Por que me confinaram lá? – eu mandei essa na lata.

– Não posso te contar. – ele foi firme – Vai ter que confiar em mim.

– Talvez eu confie... – eu cruzei os braços – Mas não posso confiar em estranhos...

– Peraí, eu não sou estranho, não! – ele olhou para mim.

– Até hoje, eu nunca conheci alguém mais estranho que você! – eu ri.

Ele abaixou a cabeça, rindo. Acho que ele estava analisando seu uniforme, e vendo o quanto ele é estranho. Mas é a verdade, sabia? Alguém tinha que dizer isso a ele.

– Sou Dick. Richard Grayson. – ele falou, sem olhar pra mim. – Mas o pessoal me chama de Robin.

– Sou Ivy. Evelyn McMillian. – eu estendi minha mão direita para ele, e ele apertou. – Dick... soa muito melhor do que “garoto colorido”.

– Como é que é?! – ele riu.

Desde então, todos os dias ele vinha me visitar, e fazíamos alguma coisa diferente juntos. Ele até conseguiu uma espécie de liberdade condicional para mim, que me permitia transitar pela nave sem medo, e só retornar para meu quarto quando eu quisesse. Era muito divertido.

Aos poucos fui conhecendo umas pessoas bem curiosas, como: Flash, Lanterna Verde, Mulher-Maravilha, Zatanna (não fui muito com a cara dela), Canário Negro, e até o temido Batman, mentor de Dick, mas ele eu só via de relance. Mas eu nunca vi Super-Man, nem Super-Girl. Os outros eram muitos legais comigo, principalmente o Flash, que era fascinado por vídeo-games.