Divã - As Crônicas do Cristal Vermelho
No, it's not true
– E agora, que jogo? – perguntou Dick.
– Speed Racing! – Flash gritou.
– God of War! – sugeriu Dick.
– The Sims! – gritou Canário Negro.
Os dois olharam para ela, atônitos.
– O que é? – ela ficou brava – Não posso sugerir um também?
– Ivy, - Dick me perguntou – o que você acha?
– Acho melhor jogar um jogo de multiplayers, assim todo mundo joga. – eu falei, fazendo Dick sorrir.
– Excelente escolha! – Flash se levantou e colocou o jogo de corrida de carros.
– Posso me sentar aqui? – Mulher Maravilha me perguntou.
– Claro. – eu respondi, sem olhá-la.
Ela se sentou do meu lado no sofá, enquanto Flash colocava o jogo no PS4.
– Robin me disse que você nos observa quando saímos... – ela falou, tentado começar o assunto de maneira mais delicada possível.
– É um trabalho diferente. – foi tudo o que eu disse.
– E o que você acha disso? – essa pergunta foi bem direcionada.
Canário Negro entrou em uma curva fechada, perdeu o controle e bateu seu carro, fazendo-o explodir. Ela se levantou, furiosa, e saiu do quarto de Flash.
– Não entendo muito bem, na verdade. – eu suspirei – Por que vocês precisam sair o tempo todo?
– Querida, - ela se ajeitou no sofá, de modo a olhar diretamente para mim – todos os dias as pessoas correm perigo. Seja incêndio, acidente, assalto, catástrofe, ou o que for, elas precisam de alguém que os salve. Esse alguém somos nós.
Dick e Flash estão emparelhados. Mais duas voltas e a corrida acaba.
– Sabe, Diana, - eu comecei, olhando para ela – sou do Kansas. Onde eu moro, não existem heróis. Cada um defende o outro como pode. Se houver um assalto, os vizinhos te protegem com seus rifles e espingardas. Se houver um incêndio, cada um pega um balde e todos trabalham em conjunto para apagar o fogo. Não existem super-heróis nem justiceiros para nos proteger lá. Somos nossos próprios heróis.
– Quem dera o mundo todo fosse assim. – ela se levantou e saiu, deixando-me pensativa.
Por um milímetro, Dick ultrapassa Flash, e ganha a corrida. Flash ficou com raiva, e roubou a máscara dele. Eles se embolaram no chão, numa luta boba e desesperada pela máscara negra.
– Hey bobinhos! – eu gritei – Vou trazer limonada!
– Tá bem! – os dois responderam, voltando a se embolar no chão.
Eu fui até a cozinha e preparei uma jarra cheia. Como uma malabarista, equilibrei a jarra cheia e três copos em uma bandeja, e caminhei devolta para o quarto de Flash. Mas quando passei pelo corredor, ouvi vozes exaltadas. Eu me escondi, coloquei a bandeja no chão e fiquei ouvindo a conversa.
– Você está se aproximando demais desta garota, Robin. – era a voz do Batman.
– Não vejo problema nisso. – ele cruzou os braços – Ela é um doce e esperta como ninguém.
– Ela é perigosa! – Batman retrucou – E deve ficar em quarentena!
– Por quê? – Dick perguntou – O que ela fez de tão grave assim? Nada! Foi isso que ela fez!
– Ela é procurada, não um brinquedo! Matou 5 pessoas e afundou mais de 10 carros em apenas meia hora! – ele gritou. Não, eu não posso ter feito tudo isso. – Você está proibido de falar com ela!
– Eu não sou mais uma criança! – respondeu Dick, no mesmo tom – Já sei decidir sozinho!
– Que seja. – foram as palavras finais de Batman – Mas não me peça ajuda depois.
Batman desapareceu pelo corredor, enquanto Dick bateu a porta de seu quarto com força. Eu corri, atordoada, para o meu quarto. E me tranquei lá, me recusando a acreditar que eu tinha feito tudo aquilo.
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