— Então você é uma rata revolucionária?

Agulha notara sarcasmo em Antenor. Ela ignorou a provocação e assentiu.

Por alguns minutos, o gato nada disse. Parecia reflexivo, a cauda arrastando-se pelo chão.

— Não há como evitar. — ela quebrou o silêncio. — Omar e os dedetizadores vão nos exterminar.

Estava arriscando-se. Todo o viático da revolução, pelo qual lutara tão arduamente, poderia desmoronar naquele instante após contar a Antenor.

— Traição? — Antenor indagou, mas soava como uma afirmação. — É o que você sugere?

— A fábrica será desativa. Todos os humanos, remanejados. Evitemos então mais mortes.

Antenor, mais uma vez, calou-se.

E assim, Agulha esperou.