Dinamite

Pior do que eu imaginei, com certeza.


POV Roxanne

-Eu aceito.

É, só que eu falei tarde demais. Depois que ele já tinha entrado pra me buscar um café, porque o céu estava bonito e eu queria ficar ali. Não, eu não tinha sido determinada o suficiente para dizer “eu largo tudo e fico com você”. Eu fiquei pensando por longos minutos até ele resolver ir buscar café pra mim e eu murmurar “eu aceito”. Mas não, não há coragem suficiente que me faça dizer isso a ele.

-Aceita o que, Roxanne? – e, mesmo assim, ele ouviu. E eu fiquei em silêncio, ainda olhando pro céu – Roxanne, você aceita o que?

-Eu aceito, Sirius.

-Por favor, esclarece. Eu não sou tão esperto a ponto de adivinhar certo.

Ele se sentou do meu lado e me entregou a xícara de café, mas eu ainda não olhava em seus olhos. Ao longe eu ouvia James e Dorcas jogando quadribol no quintal dela, que havia os aros que seu irmão havia posto no verão passado, segundo James. E Sirius, ao invés de me arrastar pra jogar quadribol, disse que ele mesmo precisava conversar comigo. Ele também queria saber, é óbvio! Porque, se eu dissesse não, ele ao continuar a vida dele, não ia ficar parado me esperando pra sempre, nem mesmo eu. Mas eu preciso de uma certeza hoje.

Se for pra ficar com Sirius, mesmo sem a certeza de uma família e de filhos, muito menos de dinheiro, eu fico. Mas somente se souber que ele vai ficar comigo até o fim. Não quero acabar sozinha, abandonada pela minha família toda e pela pessoa que eu ficarei. E será que ele sabe disso aos 16 anos? Será que eu sei? Mas eu preciso disso! Eu preciso dele, droga! Ser por causa de um beijo eu fiquei assim, porque eu ainda tenho dúvidas? Eu preciso dizer sim.

-Sirius, só me garante uma coisa?

-Roxie... Eu já te disse o que eu posso garantir! Se eu tivesse mais, eu oferecia mais!

-Sirius, é simples – pela primeira vez olhei nos olhos dele, e ele assentiu. – Promete pra mim que, se eu disser que abandono tudo da minha vida, você não vai me deixar sozinha.

Ele suspirou, jogou a cabeça pra trás e me olhou de novo. Eu sei que é difícil perguntar isso quando nem ele sabe como vai ser a própria vida! Mas era muita coisa pra deixar pra trás, por Merlin!

-Quer saber? – ele disse e eu dei mais um gole no café antes de olhar para ele – Tudo bem. Se você ficar comigo, eu nunca vou te deixar sozinha. Mas, Roxanne – CLARO, SEMPRE TEM QUE TER UM “MAS” – eu não posso prometer que vou te amar pra sempre baseado em um beijo. Qual é, isso é pouco até pra você, princesinha Malfoy!

Eu dei uma risada, porque é impossível não rir falando com o Sirius. Ele estava certo, estava tudo muito precipitado. Mas nós poderíamos tentar, namorar por um tempo e, quem sabe, antes do sétimo ano já saibamos!

Eu lhe disse essa ideia e ele topou, mas o problema era acobertar toda a história em Hogwarts, afinal, queríamos fazer o namoro de verdade, pra saber se daria certo. Mas, sinceramente, eu quero esquecer tudo isso agora e só ficar com ele. A gente pensa mais tarde, é!

POV Sirius Black

O QUE EU FIZ? MEU MERLIN, O QUE EU FIZ?

Okay,vamos recapitular: Roxanne disse aquilo tudo, eu disse que topo. Não! Eu não posso ter dito isso! Calma, Sirius, acalma. Aí a gente entrou, certo? E ficou se pegando no sofá, porque não tinha ninguém em casa mesmo. E então ela foi embora quando eu tava com a mão no sutiã dela, certo.

EU NÃO POSSO TER DITO QUE SIM!

-Sirius, quer jogar? – Dorcas perguntou sorrindo, enquanto ela, James e Lene (que tinha chegado há pouco tempo) estavam nas vassouras e jogando quadribol. James era goleiro e as meninas tinham que marcar os gols nele. Se eu entrasse, dava pra fazer duplinha.

-Han, claro. – eu respondi, ainda atordoado porque eu acabei de fazer uma asneira.

-Você não tá legal, né? Cachorro tonto – Lene disse e desceu do meu lado.

Marlene é insuportável. Chata demais. Mas ela é a minha melhor amiga, ela entende coisas que os meus amigos não conseguem. E, diferente do que metade da escola pensa, ela e eu não temos um romance. Nós só nos pegamos quando estamos carentes ou com vontade, mas não tem sentimento envolvido. Captaram?

-O que você tem? – James perguntou e eu já vi que os três me olhavam. Nada disso!

-Nada! Gente, na moral, tô de boa.

-Conversou com a Malfoyzinha, né? – Lene, que inferno!

-Conversei – ela levantou a sobrancelha e eu ri – Sério, conversei. E tá tudo certo.

-Tudo certo é exatamente o que? – Dorcas perguntou, se sentando ao lado de Lene.

-A gente vai namorar.

-O QUE? – os três, comecei bem – VOCÊ?

-É! Como vocês são chatos!

Nessa hora, como se não fosse bastante, Ted chegou aparatando com Charlie nas suas costas e Lily segurando forte nele, de medo.

-E aí, gente linda? – Charlie veio sorrindo, ainda nas costas do primo dela. Folgada, como sempre.

-O Sirius vai namorar a Roxanne! – Dorcas gritou e eu revirei os olhos, enquanto ela e Ted tinham a mesma expressão: surpresa. Posso estar louco, mas acho que Charlie fechou a cara depois disso.

-Jura que vai namorar a insuportável? – ela disse, sorrindo – Sabe que ela é uma vadia, certo?

-Não fala assim dela, Charlotte.

-Falo sim, porque sei todos os podres da loirinha e ela não é lá muito confiável, Black.

-Ela vai fugir de casa por mim!

-Nossa, que linda história de amor! Se não der certo ela vai trabalhar na esquina? – ironia pouca.

-Para, Charlie, chega. – James disse e Remus saiu da casa, tirando as cinzas do Pó de Flu dos ombros.

Ótimo isso! Agora, ao invés de times de quadribol pra passar a tarde jogando, eu tenho o “Conselho Supremo de Tentativas de Colocar Juízo na Minha Cabeça”, de acordo com Lily. Parece que as dificuldades pra ficar com a Roxanne começaram antes do que eu esperava!

-Okay, Sirius, conta direito – Ted disse ao mesmo tempo em que se sentava e Remus se deitava no colo de Dorcas.

Agora estava todos calados e me olhando. Lily, Lene, Dorcas, Remus, James (ao meu lado, e talvez o único a fazer isso), Ted e Charlie. Muito brava. E estava me assustando.

-Mano, vamos jogar e...

-Sirius, isso é sério. A sua prima fez a mesma coisa, deu as costas pra família por mim. E a gente tá vivendo na casa dos meus pais e ela não consegue emprego em lugar nenhum. A gente devia ter esperado, mas ela fez até antes da formatura! Minha mãe que pagou o vestido e todas as coisas da formatura dela, sabia? – droga, o Ted tem moral pra falar isso! – Se a gente tivesse esperado até ela conseguir um emprego e eu também, até termos um apartamento... Ia ser mais fácil. Sem contar que ela está grávida!

-E eu vou ser madrinha – Charlie disse sorrindo, pela primeira vez desde o “oi, sinceramente.

-Parabéns pra vocês, Ted. – eu disse, e o pessoal também. Ele sorriu e agradeceu, mas depois se voltou pra mim.

-Sirius, você precisa pensar de verdade no que está fazendo. E ouvir seus amigos não vai te matar. Então, vai, conta pra gente.