Dinamite

Só um pé na bunda, afinal.


POV Sirius

É uma droga quando seus amigos estão certos e você está errado. E, como sempre, Ted estava certo e estava me convencendo que eu ia ferrar a vida dela e a minha. Eu sei! Eu nem sei se quero abrir mão da minha liberdade assim, mas eu quero tanto a Roxanne, que inferno! Eu olho pra ela e, cara, eu PRECISO dessa menina! Só não acho justo magoá-la. Achei que ela fosse como eu, James, Charlie... Não se apaixonasse, vivesse de casos. Considerando que James está amando a Lily, acho que só sobra a Charlie de comparação. E ela é um caso para estudo.

Finalmente eles tinham ido jogar, mas eu não estava no humor pra isso. Só peguei uma das cervejas trouxas de James e me sentei na calçada, pensando seriamente em pegar uma mochila e fugir. Da escola, de tudo. Arrumo um emprego qualquer, com quadribol numa mecânica trouxa ou no Beco Diagonal. Ou bem longe! E vou viver por mim mesmo, sem Roxanne, sem nada que possa me matar de tanto pensar.

-Posso? – e falando em algo que me faz pensar, vem pro meu lado essa doida com cerveja na mão.

-Charlie, você está odiando essa história da Roxanne, não é? – olhei pra ela, que não olhou pra mim e continuou fitando o horizonte, com a blusa contraída contra o peito.

-Estou. Isso está muito errado, Black.

-Por que estaria errado, Tonks? – falei, com um sorriso de canto, mas ela não sorriu como costuma. Olhou pra mim depois de dar mais um gole na cerveja e falou, encartando meus olhos de um jeito que até dava medo.

-Você não é um romântico, Black. Nunca foi e nunca será. Essa menina quer uma história de amor, ela uma rebelde sem causa que quer alguém pra sustentá-la caso ela saia do conforto da mansãozinha dela. Ela pode até estar gostando de você, amando se você quer falar de amor. Mas você percebeu que ela só ficará com você se for pro resto da vida? Por que ela não deixa você ser um caso, um namoro, como o Collin ou o Jason? – ela parou, suspirou e quem olhava pro horizonte agora era eu, tentando digerir isso – Você vai abrir mão da liberdade que você acabou de conseguir pra transar com a Malfoy. E sustentá-la. Isso não é muito ridículo? Nem mesmo pra você, Black? Eu sou sua amiga, só quero ajudar – e, depois disso, ela se levantou e me deixou ali pensando em tudo aquilo. Era realmente estúpido.

E era ainda mais que eu, Sirius Black, estava bebendo uma cerveja trouxa, sentado no meio-fio da casa do meu melhor amigo, para onde eu tinha fugido de casa, mas ainda tinha rejeitado um jogo de quadribol com meus amigos e estava sem conseguir dormir por causa de uma loira mimada que eu sempre desprezei durante todos os jantares e cerimônias que eu fui arrastado pela minha mãe. Eu não amo a Roxanne. Eu não a amo, eu a desejo, é totalmente diferente. E, por mais que eu odiasse isso, a Charlie estava certa. Abominavelmente certa.

(...)

Droga de expresso e droga de Roxanne que me deixou assim.

-Vai falar com ela hoje? – Prongs perguntou assim que me larguei na cabine e eu assenti. – E vai falar exatamente o que?

-Que não. Não vamos passar a vida juntos e muito menos namorar, casar e ter filhos.

-Agora você soa como o Sirius que eu conheço! – Moony disse enquanto pegava um livro qualquer – Na boa, Padfoot, o que você estava pensando?

-Eu... Sei lá. Só queria poder ficar com ela sem tudo isso, mas ela é tão, sei lá! Ela quer um futuro e eu não!

-Vira-lata, fica numa boa... É só dar um pé na bunda, você já fez isso várias vezes! Nenhum caso tomou esse tamanho, mas você já fez isso! – ele estava certo, Prongs e Moony estavam certos.

E, nesse momento, ela e Emma pararam na porta da nossa cabine. Em abriu a vidro, desejando bom dia e bom ano novo, sentou ao lado de James e começou a falar sobre como eles deveriam voltar a sair e ele deveria desistir de fazer a cabeça da ruiva, rindo, é claro, porque os dois sabiam que ele não iria fazer nenhuma dessas coisas. Roxie olhou pra mim e sorriu, mas eu não retribuí.

-O que foi, Sirius? – ela perguntou, sentando ao meu lado – Tudo bem?

-Roxanne, não vai dar. – e eu comecei a falar ali mesmo, com todos olhando, eu não queria conversar a sós mais, porque ela sempre me ganhava assim.

-Não entendi, Sirius...

-Nós dois, sabe? Não vai dar, desculpa. Eu não me sinto do mesmo jeito que você, eu não posso te dar certeza, por mim a gente podia ser um caso de uma noite e não um casamento. Eu acabei de fugir de casa, de ganhar liberdade e eu não posso assumir isso, Roxanne, desculpa!

-Sirius... – os olhos dela começaram a marejar e eu me tornei um monstro por dentro – Mas eu achei que você...

-Eu não queria te magoar, droga! Isso foi demais pra mim, desculpa, Roxie! A gente pode ficar, mas sem namorar, sem todo esse compromisso...

-Sirius, a gente pode ficar, mas vão comentar e aí eu estou ferrada!

-Roxanne – ela parou e me olhou, eu realmente nem percebi as reações alheias – Ninguém nunca soube dos seus outros romances, não é? Se não fosse eu ter ouvido a maçaneta ranger numa noite dessas, nem eu saberia que você era dessas! Então, por favor, é só a gente se encontrar escondido!

-É que com você eu nunca quis que fosse escondido – ela falou de cabeça baixa e se levantou.

-Desculpa, Roxie – eu disse antes que ela saísse – Eu nunca tive a intenção de fazer diferente.

Então ela saiu, batendo a porta da cabine e me deixando com a pior sensação possível. Nunca foi bom desiludir uma menina que dá o mundo por você. Mas com a Roxanne doía mais, porque ela estava fazendo planos de, realmente, abrir mão do seu mundo todo por mim. E isso era ainda pior.

-Sirius, – olhei pra Emma – Obrigada por fazer isso. Por ter desiludido a menina antes de ela abrir mão de tudo. Eu até tentei.

E ela também saiu, criando mais confusão.