— Tayná’s POV –

— Vamos subir! Nós temos onde dormir, e se tivermos sorte, conseguimos comida e lenha antes de escurecer totalmente! – Eu dei um pulo alegre, nós teríamos onde dormir sem que a chuva nos ataque. – A gente só precisa descer esse morrinho e... – Tarde demais. Eu não tinha visto a porcaria do galho que estava solto no chão. Tropecei, cai, rolei na lama e parei de bunda pra cima.

— TAYNÁ! – Paola e Malu dispararam em minha direção. Por sorte elas viram o galho. – Meu Deus, você está bem?

— Eu acho... Acho que sim. – Eu disse pausadamente. – Só que meu pé, não tá legal. Acho que eu torci quando tropecei na porcaria de galho. – Levantei um pouco minha calça e vi que o pé estava inchado. – ÓTIMO!

— Ah não... Você consegue se levantar? – Paola perguntou, dando apoio para que eu jogasse meu peso. Colocar o pé no chão doía.

— Que sorte! – Malu disse revirando os olhos. – Quem vai levar ela lá para dentro... Niall. – Ela apontou para Niall dando um sorriso sacana. – Você foi o escolhido.

— Você está bem? – Ele disse se aproximando.

— Como eu disse... Meu pé está meio... – Passei minhas mãos pelas pernas com lama. – Sujo.

— Acho que esse é o menor dos seus problemas, Tayná. – Ele começou a rir. – Vai, pula nas minhas costas.

— Eu estou suja... Você vai ficar...

— Cala a boca.

E lá estava eu. Indo em direção a uma casa de madeira em cima de uma árvore nas costas de um homem. Que romântico. Niall teve a sorte que a escada era inclinada, o que facilitou as coisas. Não pensei muito nas coisas ruins, pensei em como tivemos sorte de encontrar uma casa na arvore. Agora, poderíamos dormir mais tranquilamente, pois ela era alta o bastante para que nenhum bicho ‘terrestre’ nos atacasse. Nós tínhamos água suficiente para virar essa noite e só isso. Ou não. Talvez para mais uma hora. Não tínhamos certeza de nada. Comida? Quase zero. Três pacotes de bolacha, dois Doritos e três maças. Não sei se dará certo.

Chegamos dentro da casa e tivemos a surpresa de ser agradável. Pra falar a verdade, havia algumas redes penduradas em vários lugares da casa e alguns cobertores empoeirados. A pergunta que não quer calar é: quem faz uma casa na árvore no meio do nada? Ninguém! Isso indicava que nós estávamos perto de algum lugar, onde provavelmente poderíamos arranjar ajuda.

Harry foi para o “segundo” andar da casa e depois voltou animado. Segundo ele lá tinha um colchonete com um lençol branco, umas plantinhas e que por acaso era bem agradável, mas pequeno. Ainda nas costas de Niall, dei uma olhada pela janela - que tinha uma paisagem incrível - e percebi que a mais ou menos 1 km havia um tipo de montanha onde uma água caia devagar. Cachoeira... ou não. Tanto faz, era água!

— Ótimo, vai chover daqui a pouco. – Paola olhou para o céu. – E nós precisamos de um pouco de lenha pra por nesse buraco aqui. – Ela apontou para um lugar que parecia ser especialmente feito para isso. – Isso vai fazer com que a casa toca fique quente.

— Não vai queimar a madeira? – Perguntei.

— Não, ele é revestido de pedra... Ele é feito para isso, não tem perigo! – Paola respondeu. – Zayn e eu vamos atrás de lenha. Malu e Harry acho melhor procurar comida, água, ou qualquer coisa que nos mantenha vivos. E vocês dois. – Ela apontou para mim e para Niall. – Não saiam daqui, se virem alguma coisa, gritem nas janelas nossos nomes, ok?

— Sim, senhorita Duarte. – Niall disse rindo. – Dica, por aquele lado ali, tem uma montanha com água, acho que ajudaria. – Ele apontou.

— Tomem cuidado para não se perder! - Eu disse preocupada.

Paola pegou uma lanterna que tinha em sua mochila e saiu da casa acompanhada de Zayn. Harry e Malu saíram de lá logo depois, carregando outra lanterna. Vi os quatro se separando em duas duplas e cada um indo para um lado. Olhei para Niall preocupada. Ele me colocou em uma rede e depois sentou em outra.

— Fique tranquila, não vai acontecer nada. – Ele disse balançando a própria rede. – O pior já passou, encontrar um lugar para passar a noite.

— Eu sei Niall, mas não é fácil assim. – Meu medo, era a porcaria da chuva. – Você sabe que árvores atraem raios, não sabe?

— O teto tem borracha. Eu olhei quando estávamos subindo. Parece que quem construiu isso é bem esperto. – Ele deu de ombros e se deitou na rede, levando um cobertor consigo. – Você já contou quantas redes tem? – Ele perguntou dando uma risada.

— Contei. – Eu disse rindo. – Três redes e um colchonete para seis pessoas. Meu pé está torcido, acho que mereço uma rede só para mim!

— Não se esqueça de que eu te carreguei nas costas! Mereço uma rede só pra mim também!

— Justo! – Respondi rindo.

Ficamos em silêncio por um tempo. Era incrível como eu tinha conseguido melhorar meu temperamento. Na realidade, eu continuo tendo parafusos a menos, ok, mas eu consegui maneirar na grossidão com as pessoas. Não posso dizer o mesmo de Paola e Malu, mas eu consegui. Tá, elas até que estavam melhores... Nós não discutimos nenhuma vez desde quando juntamos o grupo, o que já era um bom começo.

Comecei a me balançar, mexendo a cabeça de um lado para o outro. Eu devia tirar uma soneca por enquanto, mas não podia, tinha que dar meu apoio moral para as meninas.

— Um sorvete cairia bem. – Niall comentou. Pra quê fazer isso em Niall? Desnecessário. Aquilo foi para me provocar e me fazer lembrar o dia do sorvete.

— Sorvete sempre cai bem. – Comentei me fechando na rede. – Às vezes... faz bem demais.

— Faz loucuras. – Ele comentou e começou a rir. – Quem nós queremos enganar? Aposto que estamos falando da mesma coisa.

— Eu tenho certeza. Pode me pagar. – Consegui vê-lo na rede ao lado. – Você contou para alguém? – Perguntei.

— Pros meninos. – Ele respondeu sinceramente. – Eles não vão contar para ninguém. Eu juro. E você, contou para alguém?

— Pras meninas. Elas não vão contar para ninguém, eu juro! – Repeti o jeito que ele falou, fazendo-o dar risada.

— Dê vez em quando... Eu fico pensando naquele dia... – Ele começou a dizer.

Eu não estava gostando do rumo da conversa. Será que eu não sou torturada o bastante relembrando sozinha? Não. Niall tinha que vir falar disso. Eu queria enfiar minha cabeça na rede até que ele não conseguisse me ver.

— Normalmente eu não contaria isso pra ninguém... – Ele continuou. – Mas eu nunca fiquei tão fascinado por alguém antes... – Ele começou a se movimentar na rede. – Você foi ótimo, você estava ótima.

— Obrigada, mas lembra da parte de que “nada aconteceu”? – Eu dei uma risadinha fraca tentando disfarçar meu desespero. Não podia acontecer nada.

— Eu meio que deletei isso. – Ele se levantou de sua rede e começou a vir em minha direção. Calma Tayná. – Você estava tão...

— Niall, vamos mudar de assunto... – Eu comecei a tentar sair da rede, mas eu não conseguia a porcaria do pé ainda estava doendo. A sorte? Estava menos inchado, acho que até amanha melhora. – OLHA, acho que vai chover...

— Não quero mudar de assunto. – Ele estava em pé ao lado de minha rede. – Chega pra lá, vou deitar aqui.

— Não vai não! – Tarde demais.

Ele já estava deitado ao meu lado. A rede ficou pequena de uma hora para outra e seu peso fez com que meu corpo se apoiasse no dele. Comecei a ficar desconfortável demais até para respirar. Ele me encarava com aqueles lindos olhos azuis. Meu estomago revirou crescendo meu desespero. Nós não podíamos fazer nada. Não era certo. Ou era? Tanto faz, eu não o conhecia direito. Eu já havia namorado um cara durante um ano inteiro e depois descobri que ele era um babaca. Eu conhecia Niall há pouco tempo. O bastante para saber que ele era diferente, mas não para saber se valia a pena. Mesmo que a vontade de pular nele fosse grande.

— Sai daqui, Niall. – Eu disse tentando não olhar em seus olhos.

— Não. – Ele chegou mais perto.

— Niall, eu serei obrigada a...

— Eu só quero que você me beije. – Ele se inclinou em minha direção me dando um susto. Ele ia me beijar.

Não perdi a oportunidade de empurra-lo rapidamente da rede. Juntei todas as forças e o virei. O barulho da madeira rangendo com seu impacto foi um pouco assustador, mas esqueci disso. Puxei a rede para baixo e dei uma olhada nele. Seu corpo estava estatelado no chão. Ele levantou o rosto e me deu uma olhada logo depois se sentando. Ele pareceu pensativo, assim como eu. Na boa, eu não sei se tinha feito o certo ou não. Medo de merda. Mas era tarde demais.

— Eu só queria um beijo. – Ele disse me encarando.

— Não acho que seja certo.

— Tayná, vamos ser sinceros está bem? Nós estamos aqui, no meio do nada, sozinhos, sem nada pra fazer, esperando que caia o mundo... E você vai me dizer que não tem nenhuma vontade? – Tá, aquilo fazia sentido.

— Vontade é uma coisa. Poder é outra.

— Quem está te impedindo?

— Ninguém.

Niall puxou a rede em sua direção e juntou nossos lábios. Dessa vez eu não fugi. Afinal, nós estávamos no meio do nada, sozinhos, não é? Meus lábios frios tocaram os seus mornos. Niall me beijou como a primeira vez, delicado. Nós explorávamos a boca um do outro. Apertei sua nuca aprofundando o beijo, até que com o movimento brusco, uma dor forte veio de meu pé, fazendo com que nos separássemos.

— Ai, merda. – Levei a mão até meu pé.

— Está doendo? – Ele disse com um sorriso vitorioso no rosto.

— Tira esse sorriso do rosto! – Eu apontei em sua direção dando risada.

— Deixa que eu resolvo isso.

Isso me fez lembrar o dia do sorvete... Ele disse a mesma coisa, resolver meu frio. Sorri com a lembrança. Niall se levantou e correu seus braços para baixo de meu corpo me levantando em seus braços. Eu não sabia o que ele ia fazer, mas também não me importava muito. Em seus braços, dei uma olhada na janela e percebi que estava começando a chover bem forte. Niall se movimentou indo em direção a umas escadas e subiu até o segundo andar da casa. Dei uma olhada e fiquei encantada, era obvio que pessoas frequentavam aquele lugar.

Niall me deitou no colchonete e me deu um sorriso. Ok, eu não sei se eu continuava sendo fofa, ou se eu o atacava. Eu estava ficando sem senso. Não estava pensando nas consequências e muito pouco ligando para isso. Niall se deitou em cima de mim correndo sua mão em minha perna. Voltei a beijá-lo, passando as mãos em suas costas. Niall colocou uma mão por dentro de minha blusa apertando minha cintura fortemente enquanto se apoiava mais em mim.

— MAS QUE PORRA DE CHUVA É ESSA? – Era a voz de Paola. – Eu disse que ia chover e esses galhos não iam dar em nada Zayn!

— Pelo menos nós temos galhos! – Ele disse batendo os pés. – A Malu e o Harry estão chegando.

Eu encarei Niall. Ele parecia estar se lamentando, pois deu um soco no chão e saiu de cima de mim se deitando ao meu lado.

— Não vou falar nada. – Niall disse bufando.

— Não faltarão oportunidades, Niall.