Diferentes mas iguais

Eu durmo com quem eu quero e faço o que me apetece!


Ontem as aulas acabaram para o Finn, ou seja, agora somos só nós os dois, e os nossos pais, e os gémeos e o emplastro do Peeta a passar aqui semana sim semana não para os vir buscar.

O Finn ficou cá a dormir, uma daquelas velhas festas de pijama que fazíamos, vimos filmes e comemos pipocas, até às 04:00 da manhã, pensamos em fazer direta, mas não era muito boa ideia porque íamos almoçar com o grupo e não era boa ideia, de todo, ficarmos acordados a noite toda!

Levantamo-nos às 11:00 da manhã, deixei-o ir tomar banho primeiro e logo em seguida fui eu. Entretanto estava a vestir-me e tocaram à campainha, eu não tinha combinado nada com ninguém, penso eu!

—Finn! Vai lá tu! – gritei do quarto.

—Na boa, estou a ir! Estás à espera de alguém? – questionou.

—Não! – neguei. Tudo ficou calado muito de repente, eu fui à sala uns dois minutos após o Finn abrir a porta, já vestida. – Peeta?

—Sim, sou eu e esta és tu, a miúda que aparentemente não tem nada com o melhor amigo, não é? Mas por coincidência quando venho entregar-te os nossos filhos, encontro-o sem camisa de manhã e tu aí! Ainda mal te divorciaste e já arranjaste outro, ainda mais é ex-namorado da tua melhor amiga! – julgou-me e eu encarei-o incrédula.

—Desculpa? Quem é que raio és tu para me dar lições de moral sobre o que faço ou deixo de fazer? O que é que tens a ver com quem eu durmo ou deixo de dormir? Além do mais, tu sabes perfeitamente que eu e o Finn sempre fizemos festas de pijama, aliás quando demos o primeiro beijo foi por causa disso! Mesmo que andasse com ele, a Annie deixou-o e foi para Londres, mas esse é o código que eu nunca vou infringir, e se o fizesse falaria primeiro com ela! Por fim, eu não tenho de te dar explicações da minha vida e tu não tens o direito de me atirar à cara que eu dormi com quem quer que seja mal nos divorciamos, porque ao contrário de ti, se dormi com alguém foi quando me divorciei de ti, já tu dormiste com não sei quantas galdérias enquanto estávamos casados! – enervei-me e ele engoliu em seco.

—Eu não quero mais discutir contigo, não vale a pena, és a Katniss Everdeen, a rapariga que sabe mais que todas, a única intocável, aquela que nunca cairia na lábia do popularzinho, do Rapaz do Cesto, Peeta Mellark! Irónico é que se apaixonou por ele, caiu na lábia dele e ainda por cima engravidou dele, além de ter sido casada com ele! – eu já nem o conseguia ver à frente! – Toma os teus filhos, o pai vê-vos na próxima semana, sim? – beijou-os e foi embora batendo a porta.

—Isto não foi nada lindo! Ele tem é ciúmes de ti! – observou o Finn pegando na Riley e ela bateu palminhas.

—Ele tem é grande lata! Eu só espero que o meu menino seja mais como o tio Gale que é mais ajuizado! – desejei.

—Pensei que querias que ele fosse como o tio Finn, mas aparentemente fui trocado pelo Gale! – reclamou fazendo-se de vítima.

—Tu sabes que nunca te trocaria, além do mais, nós só o queremos tão lindo como o tio Finn porque se formos pelos comportamentos… deixas muito a desejar e tu sabes! – justifiquei rindo e ele acompanhou-me.

—Estava só a brincar, mas isso soube bem! – gabou-se. – Esperemos que a Riley seja tão encantadora como a mãe e tão ajuizada como a tia Madge!

—Achei que por momentos fosses dizer tia Johanna! – brinquei e ambos gargalhamos.

—Mais valia ser como a mãe, a tia Johanna ainda é pior! – é verdade, como a Johanna não!

—Eu tive tantas saudades deles! Porém não tive saudades nenhumas da responsabilidade! – bufei divertida e ele sorriu.

—Disso nós já sabíamos, deixaste de ser a Katniss do colégio e passaste a ser a Katniss mãe! – concluiu e eu só queria “morrer” por ele ter toda a razão do mundo. – Tu tinhas dito ao Peeta para os trazer mais cedo?

—Sim, eu tinha combinado isso porque lhe disse que íamos almoçar todos juntos e as pessoas iam gostar de os ver, portanto na próxima semana ele tem mais um dia com eles! – contei. – Mas confesso que me tinha esquecido completamente!

—Ele gosta de ti, tu ainda mexes com ele, e muito! Eu sei que nós não temos um relacionamento, não gostamos assim um do outro, só demos uns beijinhos e acabou, também não queremos mais que isso. No entanto, continuamos a ser amigos e irmãos, conhecemo-nos melhor que todos os outros juntos, e é por isso que eu sei que tu sabes que eu ainda não esqueci a Annie e também é por essa mesma razão que eu sei que tu ainda não esqueceste o Peeta e que ele ainda mexe bastante contigo, o que é normal. Vocês têm dois filhos juntos, casaram, divorciaram-se, partilham família e amigos, é natural que para vocês seja mais difícil esquecerem-se um do outro! – eu duvido que ele ainda não me tenha esquecido, já se deve atracado a um montão delas e anda aí, a tentar fazer-me sentir culpada e a tentar fazer com que eu não siga a minha vida, eu não gosto que me controlem, nunca o fizeram, já tentaram é verdade, mas nunca tiveram resultados muito produtivos, pelo contrário! Se nem o meu pai e a minha tia conseguiram, não é ele que vai conseguir!

—Queres ir comprar um gelado para comer à hora do almoço? A Hazelle já fez uns doces, mas eu queria mesmo um gelado! Sei lá, apetecia-me! – pedi.

—Wow, estás com desejos? Vê lá se estás grávida outra vez, queres ir comprar o teste para tirar as dúvidas? – gozou comigo e eu dei-lhe um soco no peito.

—Cala-te! Não digas parvoíces! Nunca mais na minha vida que tenho mais filhos, nem pensar numa coisa dessas, esquece isso, já tens dois sobrinhos, tu é que podes pensar em dar-me um a mim! – defendi-me e ele arregalou os olhos.

—Ok, talvez quando tiver 30 anos, eu não sou como tu, uma apressada! – rimos, se fosse outra pessoa a dizer-me aquilo eu passava-me, mas é o meu melhor amigo de todo o universo, portanto, isso já vem incluído na nossa amizade!

—Pronto, vá lá! Vamos comprar o gelado! – implorei com uma carinha fofinha.

—Tudo bem, convenceste-me, vou só vestir uma t-shirt! – concordou e eu fiz uma mini-festa.

Levamo-los connosco porque a Hazelle já tinha trabalho suficiente com aquele almoço, deixá-los lá ia ser mais uma coisa para fazer e consequentemente mais uma distração.

Chegando ao shopping fomos à loja Gourmet e chegando lá encontro a Mags, a velha senhora bastante simpática que me adorava a mim, ao Finnick, ao Peeta e aos gémeos, consequentemente. Pegámos no gelado e fomos pagar.

—Olá Mags! – cumprimentamo-la muito sorridentes.

—Olá Katniss! Olá Finnick! Olá dentes de leão! – era assim que ela chamava a Riley e o Josh, porque eles eram muito branquinhos e muito calminhos.

—Olá Mags! – peguei nas mãozinhas deles e acenei-as enquanto eles sorriam, fazendo também uma voz fininha.

—E então? Como vão os meus meninos favoritos? – ela era muito simpática e por isso todos os clientes gostavam dela.

—Vamos bem, com algum trabalho a tomar conta deste nenucos, mas bem! – ri fracamente assim como ela.

—Se soubessem quem esteve aqui ainda há uns 5 minutos não iam acreditar! Por pouco nem se cruzaram! – porque é que eu tinha uma ideia de quem era e tinha o pressentimento de não querer saber? – O Peeta saiu agorinha mesmo!

—Nós já nos vimos hoje quando ele veio entregar-me as coisinhas fofas aqui! – contei e ela assentiu. Pagamos e fomos embora, resolvemos beber um café, mas quando olhamos para a frente vemos o idiota parado todo sorridente a falar com a Glimmer da loja dos doces! – E depois ainda fala de mim! Que descarado! Sabes? Deu-me uma vontade de comer chocolates tão grande!

—No que é que estás a pensar? – eu ouvi-o dizer aquilo, mas pouco mais porque já estava a ir naquela direção. Ela viu-me e meio que congelou, mas recuperou poucos segundos depois.

—Bom dia! – cumprimentou sorridente, falsa e ladra de maridos! Nesse momento o Peeta virou-se para trás e viu-me.

—Bom dia! Eu queria uma caixa de chocolates daquele com recheio de chocolate também! – pedi e o Finnick apareceu com os miúdos atrás de mim.

—Então? Vieste comprar chocolate para deixares de ser tão amarga? – ironizou o Peeta.

—E tu? Vieste comprar chocolates ou vieste arranjar namorada? – falei no mesmo tom e a Glimmer engasgou-se, prendi o riso com isso.

—Não te diz respeito, não é o que me dizes sobre o teu amiguinho? – não quero saber!

—Aqui tem! – entregou-me a caixa e eu paguei. – Volte sempre.

—Obrigada! – agradeci com um sorriso irónico quanto a ele e fui embora com o Finnick e os bebés. Escusado será dizer que o ouvi dar-me um raspanete e uma lição de moral até casa, mas o que entrou num ouvido saiu imediatamente pelo outro!

Continua…