Fomos para casa e chegando lá tivemos apenas tempo de por o gelado no congelador e voltar para a sala, já que a campainha tocou, lá fui eu abrir e vi a pequenina loirinha de trancinhas com os pais, os meus primos Gale e Madge.

—Olá Gale! Olá Madge! - cumprimentei-os com dois beijos no rosto.

—Olá Katniss! - cumprimentaram de volta!

—Eu também existo, tia Katniss! - a pequenina gritou para que eu notasse nela, como se fosse preciso.

—Eu sei, não me esqueceria de ti nunca baixinha! - peguei-a ao colo que ficou toda animada.

—Sophie já te dissemos que a Katniss é prima e não tia! - repreendeu o Gale aparentemente cansado de explicar isso e eu ri com isso.

—Mas ela é a mãe dos meus primos e foi casada com o tio Peeta! - argumentou como se fosse óbvio e eu sorri.

—Deixem estar, tal como a Johanna diz, eu vou ser sempre a cunhadinha dela, assim como vou ser sempre a tia da Sophie! - expliquei com um sorriso aparentando não me incomodar com o tratamento, o que era verdade.

—A Riley e o Josh? - perguntou toda entusiasmada porque já podia fazer algumas brincadeirinhas com eles.

—Eles estão no quarto, espera aí que eu vou buscá-los! - respondi e trouxe-os no carrinho. E ela foi logo para a beira deles deixando-nos conversar em paz, o que não durou muito já que a campainha voltou a tocar revelando o casal maravilha separado e o seu filho, mais a tarada maluca da nossa amiga.

—Kat! - cumprimentou-me a Clove seguida do Cato.

—Cunhadinha! - eu revirei os olhos. - Não vale a pena revirares os olhos, além do mais, desiste porque vai ser sempre a minha cunhadinha!

—Já me rendi, conformei-me, não quero saber! - levantei os braços como rendição e ela riu.

—Não foi isso que pareceu com a cena de ciúmes há bocadinho no shopping! - provocou, ela estava muito bem informada.

—Eu só comprei chocolates porque queria dar à Sophie! - justifiquei na defensiva.

—Claro, e aquela coisa da namorada? - era isso que ele lhe tinha dito.

—Já que estás tão bem informada sobre o assunto, é necessário sublinhar que ele é que veio a minha casa ofender-me, eu só devolvi na mesma moeda! - ela calou-se pensativa e retomou logo a seguir.

—É só amor! - afirmou assim sem mais nem menos e eu virei-lhe as costas.

—Acho que está na hora de irmos comer, estou a morrer de fome! - anunciei e fomos todos para a mesa. O almoço foi bastante divertido, e a parte interessante foi que de almoço passou a lanche e o lanche a jantar, resumindo ainda tomamos uns copos depois do jantar e foi muito fixe!

Dei banho aos miúdos com a ajuda do Finn, que acabou por ir para casa logo em seguida deixando-me sozinha, apenas eu, ah e como é óbvio, o choro dos gémeos que hoje estavam piores que se sabe lá o quê! Até me arrependo de não os deixar com o Peeta mais vezes, mas também sei que se o fizesse me iriam apontar o dedo, e além disso tudo eu sentir-me-ia mal por fazer alguma coisa assim, eu falo muito, mas é só garganta, se fosse mesmo para os deixar eu não seria capaz, amo-os e afeiçoei-me demasiado a eles.

Acordei no dia seguinte definitivamente às 09:00, tomei um banho para refrescar as ideias e relaxar um bocado do stress que eles me dão, às vezes sinto que envelheci uns 20 anos por culpa daqueles monstrinhos. Vesti-me e fui tomar o meu pequeno-almoço, torradas com nutella, mais um copo de sumo de laranja natural e uma maçã.

Resolvi ir ver a novela que eu sigo mais frequentemente, chama-se “Dancin’ Days” e fala de uma miúda de 16 anos a Mariana, que me faz lembrar muito a mim, tanto em termos de estilo no que toca a roupa como em personalidade. Ela engravidou aos 16 anos, deixou o colégio, é super-parecida comigo, teve de casar-se e divorciou-se do Gui porque ele lhe mentia e a traia por vezes, mesmo o Peeta. Tem uma melhor amiga toda certinha que me lembra a Annie, mesmo fisicamente por serem as duas ruivas e super-inteligentes. Ela tem uma filha, a Carolina e vive sozinha com ela no apartamento que foi dado pelos pais do Gui quando eles casaram, o Zé Maria comprou-o e ela vive lá. É tão a minha história!

Por falar em pais, o meu acaba de me ligar, atendi a chamada na altura em que a novela acabou, e confesso que já não achei tão estranho assim ele dar sinal de vida.

—Olá filha! – saudou-me muito bem-disposto.

—Olá pai! - saudei de volta muito admirada por toda aquela felicidade.

—Queria perguntar-te se querias vir cá a casa com a Riley e com o Josh passar o dia! – convidou-me e eu considerei rapidamente obtendo uma resposta imediata.

—Claro! Vou já para aí! – aceitei e imagino que ele tenha sorrido com a minha resposta, nós estávamos muito próximos um do outro, ele e eu estávamos a construir uma relação de pai e filha como nunca tivemos.

—Eu vou buscar-te! – ofereceu-se de imediato.

—Não é preciso pai, é perto e eu prefiro ir a pé, sempre passeio um pouco com eles, faz-lhes em apanhar um pouco de sol! – recusei amavelmente.

—Pronto, sendo assim está bem! – aceitou. – Até já filha!

—Até já pai! – desliguei a chamada, dei folga à Hazelle e arranjei tudo para levar os miúdos. Saí de casa e fui com eles a pé que pareciam estar muito contentes, as pessoas na rua olhavam para eles e ficavam encantadas, mas quando olhavam para a mãe, que neste caso sou, olhavam-me de lado, provavelmente por ser tão nova, havia também aqueles que fazia comentários sussurrados, mas haviam aqueles que falavam a alto e bom som aquilo que pensavam. Cheguei finalmente a casa do meu pai, deixando aqueles comentários e olhares preconceituosos do lado de fora e sendo recebida pelo caloroso abraço da Greasy Sae toda contente por me ver e deslumbrada por os meus filhos que eu insisto que ela os trate como bisnetos e eu vou insistir que lhe chamem bisavó quando crescerem.

Fomos logo conversar sobre o que mudou este ano e os planos para o verão, pensamos em ir à Austrália e levar os miúdos, mas precisamos da autorização do imprestável do Peeta que provavelmente vai querer prendê-los aqui! Uma coisa é levá-los para o Estado aqui ao lado, outra é ir para o outro lado do mundo. Almoçámos e ficamos a planear essas férias maravilhosas, todos muito animados a imaginar o que vamos fazer e comer, porque ir à Austrália é sinal de comer bem, muito bem!

Saí de lá bastante tarde, o Finn levou-me a casa e foi embora deixando-me lá, caí na cama e foi até ao dia seguinte, aquele sim tinha sido um bom dia, um dia de família como eu nunca tinha tido!

Continua…