Diane

Ela ficou parada, observando a imensa escuridão que ela tentava fugir cada vez mais, pensando em como construir um plano pra fugir daquele castelo que a fazia se sentir como uma prisioneira, sem valor nenhum. Pensou também, no que sua mãe sempre lhe falava quando ia dormir, ela achava que até a vida de uma folha era preciosa pro mundo. Todos tem um valor nesse mundo, ninguém vem aqui a toa. Como ela mesmo disse uma vez, todos aqui tinham uma missão. Diane continuou a pensar isso, até que chegou a conclusão de qual era a missão dela: ela ia ser uma revolucionária. Expor todos os vampiros maus, assim como as bruxas que viviam lá. Mas também tinha o problema de acharem que todos os vampiros e bruxos eram maus, e no final, ela acabaria morta também. Ninguém pode fugir da morte, nem mesmo Drácula pensou ela.

Estava tão concentrada naquilo que estava pensando, que não viu Sebastian chegar até que ele atirou uma pedra perto da janela dela. Quando ela reconheceu quem era, arregalou os olhos e ele esbanjou o belo sorriso que carregava. Ele estava vestido muito formalmente pra vê-la, o que poderia significar que ele estava de saída de algum jantar, ou... Veio falar com Drácula! Aquele pensamento fez com que o estômago de Diane se enchesse de nós, até que ela se viu obrigada a começar aquela conversa.

– O que está fazendo aqui? - Ela disse num tom de sussurro. - Se Drácula te ver, serás um homem morto.

– Vim ver minha princesa. - Disse ele num tom sereno que se mesclava com a noite. - O que há de mal nisso?

– Princesa? Estás maluco homem? - Ela passou as mãos no rosto, e depois olhou no fundo dos olhos dele. - No lado direito da minha janela terá uma escada, mas tenha cuidado, não sei quantos anos que ela está parada.

Ele concordou com a cabeça e começou a escalar, quando finalmente estava no quarto de Diane, os seus olhos se encheram com um brilho que ela nunca tinha visto antes, era como se ele tivesse pegado os brilhos das poucas estrelas que brilhavam, e colocado lá. Sebastian a tomou pela mão, e se ajoelhou. Aquela reação fez com que Diane arregalasse os olhos, e fizesse seu coração saltar do peito, enquanto suas mãos suavam, esperando que aquilo não fosse o que ela tinha aprendido com Rosana. Era um pedido de casamento?

– Diane, você gostaria de ser minha? Prometo que farei você feliz pelo resto dos meus dias aqui nesse imenso cenário que alguns chamam de planeta, e que eu, descobri outro nome pra isso. Vida. Eu te juro que o sentimento que eu tenho por você é o mais puro de todos, e ele atravessa qualquer barreira. Por você, eu largo da vida de caçador, e se quiser, deixo até você beber do meu sangue para não morrer de fome. Tudo que você tem que falar é um simples sim. - Ele sorriu. - O que me diz?

Ela logo retirou sua mão e virou de costas. As lágrimas queimavam seu rosto - ela estava envergonhada pelo o quê ela poderia ser, uma imortal - e parecia que todos ansiavam pro dia que ela viraria um monstro, assim como seu pai.

– Foi alguma coisa que eu disse? - Sua voz estava trêmula o bastante para que Diane percebesse que deixara o rapaz sem resposta alguma, e aquele gesto dela parecia um não.

Ela negou com a cabeça, ainda de costas. Sebastian a segurou suavemente pelo braço, fazendo-a virar para encara-lo. Os olhos dela demonstravam tudo aquilo que ela não queria que ele soubesse - medo, raiva, e talvez um pouco de tristeza -, ele enxugou as lágrimas dela e continuou a acariciar o seu rosto macio.

– Foi alguma coisa que eu disse? - Ele perguntou novamente.

– N-n-não. É que todo mundo espera que eu vire uma... Você sabe.. Uma vampira. Mas, e se eu não quiser nada disso? E se eu preferir morrer á virar esse monstro que eu vejo todos os dias? - Ela o encarou, e depois sorriu. - Estou lisonjeada com o que você me disse, mas você deveria procurar outra.

– Outra?

– Outra da sua espécie. - A voz dela falhou.

Ele estava pronto pra falar algo até que foi interrompido por batimentos na porta, e foi atrás da porta do banheiro. Diane limpou as lágrimas e arrumou seu vestido, que a essa altura, já estava todo amassado. Ela abriu a porta e deu de cara com seu pai esbanjando os seus grandes caninos.

– Tem alguém aqui, Diane?

– Não, senhor.

– Você tem certeza disso? - Ele arqueou uma daquelas grossas sobrancelhas.

– Sim, senhor. Você tem se alimentado direito?

– Não, acho que estou ficando louco. Preciso de sangue humano, e logo. Então, já que não tem ninguém aqui dentro, será que eu poderia entrar pra te falar algo estrondoso que me informaram?

– Não. - Ela respondeu rápido demais.

– Por que não?

– Por que está tudo desarrumado. Baguncei tudo. Agora tenho que organizar tudo, como mamãe me ensinou. Seja o que for pra falar, você pode me falar aí. Não quero que veja minha desordem.

Isso fez com que Drácula sorrisse.

– Tudo bem mocinha, mas quero que saiba que quando estiver casada com Damien você não poderá ter esses ataques, está me ouvindo bem? - Ela concordou com a cabeça. - Ótimo. O que eu vim te falar é que os Jones estão tentando uma guerra, e com certeza, com o apoio dos Brienne vamos matar todos. E olha pelo lado bom minha filha, ainda vai sobrar bastante sangue pra quando você se transformar numa vampira!

– Que notícia boa, pai! - Diane fingiu entusiasmo. - Agora, deixe-me minha bagunça e eu.

– Claro, filha. Boa noite.

Assim que ele deu as costas, Diane fechou a porta com toda a força que lhe restava e sentou no chão, com as mãos no rosto de vergonha. Entre os dedos pôde ver um vulto preto em sua frente: era Sebastian. Ela tirou as mãos do rosto e encarou o chão.

– Então você descobriu tudo da pior maneira possível, desculpe. Eu ia te contar, mas... Você é um caçador.

– Por que não me disse que era prometida a outro homem? Assim eu não teria insistido tanto em você. Já vi que a resposta da minha proposta é não. Estou indo embora, Diane. E quero que fique bem claro que não estamos querendo guerra com ninguém, estamos tentando o caminho que todos caçadores sonham: a paz. Isso é tudo que queremos. Você era o que eu queria.

Ele foi indo em direção a janela, até que Diane se levantou e o segurou pelo braço.

– Por favor, me escute. Eu não quero este homem, eu quero você. Desde aquele dia, o motivo da minha insônia fora sempre você, e ainda é. Você não pode ir embora como se eu não me importasse, por que eu me importo! E quer saber de uma coisa? Quero mais é que se dane essa guerra, tudo o que eu quero, tudo o que eu preciso, é você. Mas se for pra ir embora, vá. Vá o mais rápido que puder, para que assim eu possa me acostumar com a sua ausência, com o sentimento de perda. E não ache que eu sou tonta a ponto de esperar por você, não. A escolha é sua, Sebastian. Eu quero você, sim, sim e sim. O que eu preciso fazer pra lhe mostrar que tudo que eu sinto é real?

Ele a pegou pela cintura e a beijou. O beijo que selaria aquela proposta para sempre.

– Vamos fugir Diane. Podemos ir pra qualquer lugar que você quiser. - Ele falou ainda abraçado com ela.

– Amanhã eu vou pra cidade, e esteja lá, por favor. Vou conversar com você á respeito disso. Mas por hoje, tudo que eu tenho á oferecer é o sim, e quantos beijos você quiser.

Ele a beijou novamente.

– Eu te amo, Diane. Juro por todos os deuses mais sagrados que existem.

– Não jures por deuses, eles mudam com o passar dos tempos. Uma hora são bons outras são maus, e por outra hora, deixam de existir.

– Pelo o que devo jurar então?

– Pelas pessoas, por tudo que você mais ama nessa vida. Mas agora você tem que ir, por favor vá. Tenho medo de que você ficar, não fique só por beijos. Vá agora, Sebastian. Amanhã nos vemos.

– O amanhã pode não existir, mas jure, que será eternamente minha, independente do que aconteça.

– Eu juro.